segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rui Falcão diz que FHC tem problema de entendimento

DAIENE CARDOSO - Agência Estado

O presidente interino do PT, deputado estadual Rui Falcão, que substitui José Eduardo Dutra na presidência nacional da sigla, ironizou hoje o fato de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estar afirmando que sua legenda não é elitista. "Acho que tanta explicação que ele está dando é porque tem algum problema de entendimento. Ele que continue a se explicar, pois nós vamos continuar do lado do povão", alfinetou o deputado, após participar de reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre reforma política.
Depois de escrever artigo na revista "Interesse Nacional", em que defendeu que o PSDB deve buscar diálogo com a nova classe média e deixar o povão de lado, o tucano disse hoje, em entrevista para a Rádio Cultura FM, que Lula "mama na elite".
"O Lula, que era contra a privatização, agora está em Londres falando para a Telefónica e ganhando US$ 100 mil. O filho dele é sócio de uma empresa de telefonia. Eles aderiram totalmente às transformações que nós provocamos e ainda vêm nos criticar dizendo que estamos a favor da elite contra o povo, enquanto eles estão mamando na elite. Cabe isso?", disse o ex-presidente.
A troca de farpas começou com os comentários de Lula sobre o artigo de seu antecessor. "Não sei como alguém que estudou tanto depois diz que quer esquecer do povão", ironizou Lula. Rui Falcão questionou também a postura do PSD, legenda que está sendo recriada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por não ser nem de direita, nem de esquerda, nem de centro.



sábado, 16 de abril de 2011

"Plano Cohen”, a “Carta Brandi” e o dossiê do Serra. A perna da mentira ficou mais curta (Paulo Henrique Amorim)



     
    CONVERSA AFIADA 
    Publicado em 01/09/2010

Na foto, Fernando Henrique (D) tenta salvar o jenio (E)
O Conversa Afiada tem o prazer de publicar os principais trechos de excelente artigo do amigo navegante Rogério Mattos Costa:

Receita Federal afirma que Verônica Serra autorizou abertura de seu sigilo fiscal. E a FOLHA é desmascarada. Mais uma vez.

Rogério Mattos Costa, Madrid, 01.09.2010

A Receita Federal afirmou ontem ter um documento, uma procuração da filha de Serra, com assinatura reconhecida em Cartório, autorizando a abertura de seu sigilo fiscal em 2008.

Mas a FOLHA, transformada em panfleto de campanha tucana, não disse nada sobre isso em sua matéria apócrifa de hoje, que não vem assinada por nenhum jornalista.

Algo que foi noticiado ontem até pelo próprio ESTADÃO no corpo de matéria publicada hoje.

É claro que, na manchete do combalido jornal dos Mesquita aparece apenas a denuncia de que “O sigilo da filha de Serra foi violado”, sem esclarecer que existiu o pedido da própria contribuinte, o que aparecerá apenas para os leitores que acessarem o corpo da matéria.

O Estadão faz uso de uma velha técnica de desinformação, retirada do manual do jornalismo de esgoto, que diz


“Se for impossível mentir, omita a verdade na manchete e mostre-a só no corpo da matéria. O efeito é quase o mesmo, pois grande parte do público, apesar de só ler a manchete, sai contando por você a mentira que você queria contar”.


Basta comparar a matéria da FOLHA aqui que coloca a filha de Serra e o próprio candidato como “vítimas”, com a matéria do ESTADAO, aqui para ver a má-fé de ambos, mas em especial, da FOLHA.

Segundo a Receita, a abertura foi feita a pedido de um homem, portando a autorização assinada, com firma reconhecida.


Falsificação: velha prática da direita e da sua imprensa.


Muito antes de Getúlio Vargas, os partidos de direita e famílias como os Marinho,  os Frias, os Mesquita e outros donos dos maiores meios de comunicação, acostumaram-se a fabricar “cartas” e “dôssies” para justificar golpes militares e enganar a população.


Especialmente, nas vésperas das eleições.

A novidade é apenas o tempo que leva para a mentira ser descoberta.

Foi assim com a célebre “Carta Brandi”, uma montagem de Carlos Lacerda, um jornalista que iniciou a carreira cobrindo crimes sanguinolentos e que no dia das eleições de 3 de outubro de 1955,que elegeram o presidente Juscelino, leu pela televisão uma carta de um deputado provincial argentino que dava detalhes de uma pretensa revolta para implantar a “república sindicalista do Brasil”.

Segundo Lacerda, que mais tarde virou governador da Guanabara, a carta havia sido escrita por um deputado argentino aos seus comparsas no Brasil e provava que a “sangrenta revolução”seria executada através de um levante de operários, realizado com armas contrabandeadas do país vizinho.

Mas tudo fora uma armação da UDN ( como se chamava o DEM naquela época) e do Carlos Lacerda,

A tal Carta do deputado peronista Antonio Brandi era falsa, como ficou comprovado em um Inquérito Policial Militar realizado pelo Ministério do Exército, presidido pelo General Emilio Maurell Filho, como descreve Edmar Morel em “Confissões de Um Repórter”.
Um depoimento do próprio deputado Antonio Brandi, um picareta que confessou ter ganho dois mil pesos para escrever a tal carta, mostrou que foi o próprio Lacerda que foi lá no interior da Argentina, numa cidadezinha chamada Goya, na fronteira do Brasil com a Argentina e  o Paraguai, produzir a tal carta com fotos e tudo.

Já na época, os golpistas e o “experto” Lacerda foram traídos por um pequeno detalhe: a máquina de escrever em que havia sido batida a tal “carta” tinha o “til” em separado, para usar sobre o “a” e sobre o “o”, como ocorre no português e no Brasil.

Ora, na Argentina e nos países de fala castelhana, só existe o “til” sobre o “n”, que é o “ñ” ( “enhe”)…

Lacerda havia levado uma máquina daqui do Brasil para escrever a carta na Argentina…e se deu mal nessa. O golpe não colou e JK foi eleito.

Os golpistas haviam superestimado o alcance da TV naquele tempo e deixado para “divulgar o plano dos sindicalistas” no dia das eleições. E afinal, nem todo mundo é bobo, como a direita sempre pensa.

Além do mais, essa não havia sido a única vez que golpistas tinham recorrido a “cartas secretas” e “dossiês” falsificados. O povo estava acostumado, como agora, com essas maluquices e pirotecnias da direita e seus jornais.

Já em 1921, duas cartas falsificadas, que teriam sido manuscritas, haviam sido publicada poucos dias antes das eleições pelo jornal “Correio da Manhã”, com grande destaque.

Elas continham pretensos insultos de Arthur Bernardes, então candidato, ao ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca, presidente e aos militares, e ao candidato do governo, Nilo Peçanha, para prejudicar seu partido e indispô-lo com o Exército.

Mas Bernardes contratou peritos e provou na Justiça, que as cartas haviam sido falsificadas.

Outra vez um detalhe derrubou a tese do jornal e dos golpistas: os peritos mostraram que elas haviam sido escritas não por um, mas por dois falsários, chamados Jacinto Guimarães e Oldemar Lacerda e Bernardes era só um…

Em 1937, em outra empulhação, o Plano Cohen”, um pretenso plano criminoso para os comunistas tomarem o poder, escrito na verdade pelo general Olímpio Mourão Filho, do serviço secreto do Exército, havia sido usada para justificar o golpe que criou a ditadura do Estado Novo.

No dia 30 de setembro, o general Goes Monteiro, chefe do estado maior, leu, na Voz do Brasil, no dia 30 de setembro de 1937, a denuncia sobre o “plano tenebroso” em que estudantes, operários e presos políticos libertados iriam seqüestrar e fuzilar imediatamente os ministros militares e civis, os presidentes da câmara e do senado, para implantar a “republica comunista” no Brasil, justificando uma ;época de repressão, censura, torturas e morte de opositores.

A fraude só foi descoberta oito anos mais tarde, em 1945, o próprio Goes Monteiro, reconheceu a fraude e pôs a culpa em Mourão Filho, que confessou ter escrito o documento a pedido do líder nazista brasileiro Plínio Salgado, apenas como uma simulação de como poderia ser um golpe comunista e ficou tudo por isso mesmo, nada tendo sofrido os falsários e impostores que tanto mal causaram ao Brasil.

O pior é que em 1964, o tal Mourão Filho foi um dos articuladores e executores do golpe militar de abril, que nos levou a 21 anos de ditadura, não só com censura, prisões, torturas e mortes, mas à dependência extrema, para tudo, do governo dos Estados Unidos da América. ,

Afinal, o golpista e falsário, em vez de ser punido e expulso das forças armadas como manda o regulamento, havia sido promovido a general e nomeado pelo próprio Jango  comandante do IV Exército em Minas Gerais…

O fabricante de histórias Frias, José Serra, derrotado pela internet e por você.

Serra é um impostor, a começar pelo próprio diploma de economista, que ele nunca apresentou ao público, mas ostenta em seu currículo no TRE.

Tal como Lacerda e os demais golpistas, Serra acredita firmemente que o povo é burro.

Foi assim também com o “Diploma que Serra recebeu na sede da ONU” de “melhor ministro  da saúde do mundo”, concedido por uma ONG corrupta sediada a poucos passos da sede do DEM em Curitiba.

Foi assim com o caso da Lunus, contra Roseana Sarney quando ela queria ser a anti-Lula em 2002, no lugar de Serra.

Foi assim com “o dossiê contra os gastos do cartão de FHC e da Dona Ruth”, vazado por um funcionário do gabinete do ex-governador tucano Álvaro Dias.

Foi assim no “dossiê dos aloprados”.

A especialidade de Serra agora é a de fabricar dossiês contra ele mesmo, para, com sua divulgação, fazer-se de vítima, como no caso do dossiê do sigilo.

Mas as coisas estão mudando, graças à internet e aos blogs, uma ferramenta ágil e acessível, que acabou com o monopólio dos jornalões.

Se você não sabia nada sobre o Plano Cohen, a Carta Brandi e as Cartas Falsas de Arthur Bernardes, agradeça às famílias Frias, Marinho, Mesquita e Civita, pois “eles” nunca falam nada sobre seus próprios crimes…

Se você gostou desse artigo, se achou que ele trouxe mais informação, espalhe-o na rede.

Faça sua parte na divulgação da História do Brasil que os donos da grande mídia comercial, o falso economista Serra e o PSDB não querem que o nosso povo conheça.


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os imigrantes, órfãos da globalização (Emir Sader)


Os imigrantes, órfãos da globalização

A situação dos trabalhadores imigrantes é das mais significativas do mundo contemporâneo.              A desregulamentação promovida pelo neoliberalismo permitiu o deslocamento dos capitais para qualquer parte do mundo que, por sua vez, pôde engajar força de trabalho nas melhores condições para eles.

Para tomar casos concretos de países que mais exportam mão-de-obra no nosso continente, El Salvador e Equador dolarizaram suas moedas, com as correspondentes consequências dramáticas que introduziram. Seguiram as indicações do FMI e se tornaram vitimas privilegiadas do livre comércio. Suas economias foram abertas, sua economia dolarizada, com um empobrecimento acelerado de toda a população e imigração maciça dos seus trabalhadores, buscando emprego e fontes de renda para envio às suas famílias.

El Salvador exportou maciçamente mão-de-obra para os EUA, o Equador para a Espanha. Trabalhadores que passaram a ser submetidos à superexploração da sua força de trabalho, seja por estar em condições de absoluta ilegalidade ou sem possibilidades de acolher-se às proteções possíveis do trabalho: legislação do trabalho, Justiça do Trabalho, sindicatos.

Eles se tornaram chave do ponto de vista econômico, porque as taxas de exploração da sua força de trabalho alimentam fortemente o processo de acumulação de capital. No caso dos EUA, se concentram – junto aos mexicanos e a outros imigrantes latino-americanos – no setor de serviços, que ganhou peso cada vez maior nesse país, conforme a estrutura produtiva foi em parte deslocada para outros países, com mão de obra muito mais barata – como México, China, entre outros.

No caso da Espanha, os trabalhadores equatorianos – junto a outros latino-americanos – alimentaram o boom da construção civil, motor do ciclo expansivo que explodiu recentemente por suas fragilidades na expansão do crédito, de forma similar ao que aconteceu nos EUA -, assim como se concentram nos trabalhos domésticos. Como sempre, trabalhos desqualificados, que não interessam aos trabalhadores espanhóis.

Esses trabalhadores são os mais fragilizados do ponto de vista da garantia dos seus direitos, em primeiro lugar, do emprego. Quando chegou a crise, foram os primeiros a perder seus postos de trabalho, com todas as consequências, antes de tudo a suspensão do envio de recursos para suas famílias nos seus países originários. Eles compõem o grosso das enormes taxas de desemprego nesses países – mais de 20% na Espanha e de mais de 45% entre os jovens, mesmo se uma parte deles não está computada, por estar em condições de absoluta informalidade.

Além da dimensão econômica do fenômeno, há as dimensões sociais e culturais. São submetidos a formas de marginalização, são discriminados, quando não diretamente criminalizados. Concentram assim os trabalhadores imigrantes alguns dos principais problemas do mundo contemporâneo.

Mas um caso ainda mais grave tornou-se um dos exemplos mais escandalosos de catástrofe humanitária. Se os trabalhadores latinoamericanos são aceitos em um país como a Espanha, mesmo com todas as limitações apontadas e outras mais, os africanos nem sequer conseguem chegar ao país. Fazem todos os esforços para tratar de chegar às costas espanholas, mas são simplesmente rejeitados. Semanalmente chegam nos mais diferentes tipos de embarcação, o que faz com que uma proporção alta não resista à travessia. Os outros são presos e devolvidos para os países de onde saíram.

Não há sequer estatísticas confiáveis sobre sua quantidade, mas são vários milhares, rejeitados ou mortos. Não existem como cidadãos, ninguém os representa, não possuem nenhum direito, são invisíveis. Os espanhóis se acostumaram a pequenas notas nos jornais sobre mais uma embarcação apreendida e o numero de prováveis mortos. Mesmo dispostos a trabalhar em quaisquer condições, nem sequer quando a economia espanhola crescia eram aceitos, menos ainda agora que o país tem uma economia literalmente falida.

São todos órfãos da globalização neoliberal. No caso dos africanos, os casos mais extremos, mais graves, mais desamparados. O livre comércio vale para as mercadorias e os serviços, mas não para os trabalhadores, os seres humanos.

Postado por Emir Sader às 02:27