quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Criticou o PAC e dançou

BRASÍLIA - Em plena efervescência gerada pela decisão do Supremo Tribunal a respeito da reserva Raposa-Serra do Sol, quem continuou impertinente foi o relator das Nações Unidas para Assuntos Indígenas, James Ayala. Primeiro porque, dias atrás, visitando a região, disse não dispor de tempo para conversar com os grupos contrários à extensão continuada da reserva. Só conversaria com os índios, ONGs e entidades religiosas favoráveis à manutenção do enclave contínuo nas fronteiras do Brasil com a Venezuela e a Guiana.

Pois se não encontrou uma hora para ouvir o contraditório, demonstrando sua parcialidade em favor dos que pretendem transformar tribos em nações e pregar sua independência do estado brasileiro, como depois teve tempo para vir a Brasília e aqui ficar pelo menos até ontem? Teria tido a pretensão de influenciar o Supremo? Se for por isso, quebrou a cara.

Nossa maior corte nacional de Justiça é independente, mesmo diante das Nações Unidas. E se tentou encontrar-se com o presidente Lula, pior ainda, porque no palácio do Planalto ninguém gostou das suas declarações, no sentido de que o PAC prejudica os interesses dos índios, que não são consultados sobre as obras públicas em andamento.

Mais parece um elefante passeando numa loja de louças, esse gringo que deveria, no mínimo, ter sido obrigado a tirar os sapatos no aeroporto. Pelo menos veríamos se em vez de pés, tem patas...
Escorregou

Até que o ministro Nelson Jobim vinha bem, na difícil tarefa de compor as forças armadas e evitar atritos gerados por alguns de seus companheiros de ministério, a começar por Tarso Genro, da Justiça.

Eis porém que, de repente, não mais do que de repente, Jobim teve uma recaída. Declarou, em plena solenidade pela passagem do Dia do Soldado, que parte do faturamento do petróleo do pré-sal, ainda enterrado no fundo do mar, dever ser utilizada para reequipar nossas instituições militares.

Ora, quantos anos se passarão até que o Brasil possa beneficiar-se dessa surpreendente riqueza descoberta em nosso litoral? Dez quinze anos? Se ainda nem sabemos quem ficará com a gestão das operações, se a Petrobras ou uma nova estatal a ser criada, se ignora de onde tirar recursos para tamanho investimento, como ficar contando com o ovo ainda na barriga da galinha?

Quer dizer que até aquele futuro ensolarado nossos militares continuarão sobrevivendo a conta-gotas, submetidos os recursos orçamentários insuficientes e, não raro, contingenciados?

O ministro da Defesa quis agradar, mas despertou sorrisos de incredulidade e até um pouco de ceticismo por parte dos comandantes militares. Porque as necessidades das forças armadas são urgentes. O tal submarino nuclear, por exemplo, só poderá navegar depois que diversas plataformas estiverem funcionando a plena carga? Nessa hora, estaremos a muito à mercê da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos...
Uns discursam, outros trabalham

Ainda sobre o tema, ou seja, a etérea discussão a respeito de que instituição irá gerir o petróleo do pré-sal, um fato concreto: a Petrobrás, sem esperar remotas definições, já começou a encomendar equipamento para a operação. Porque não se encontra da noite para o dia, para receber horas depois no mercado internacional, plataformas submarinas, sondas e toda a parafernália destinada a extrair petróleo das profundezas. Encomendas precisam ser feitas com antecedência, recursos necessitam de aporte e pessoal técnico, de atualização.

Pois a Petrobras já se antecipou. Na hora em que essa suposta nova empresa estatal tiver sido escolhida, se é que vai ser, voltará sua atenção para coisas práticas e verificará que só receberá o equipamento dali a dez anos. Será hora de a Petrobras entrar na sala e replicar: "Já temos tudo pronto, basta recebermos a autorização...". Assim andam as coisas no reino da companheirada. Uns discursam. Outros trabalham.
Reconhecimento de justiça

Apenas um adendo no texto de dias atrás a respeito das preliminares que acabaram redundando na decretação do AI-5, há quarenta anos. Na véspera da sessão em que a Câmara dos Deputados negou licença para que Marcio Moreira Alves fosse processado por crime de opinião, subiu á tribuna o vice-líder do MDB, deputado Bernardo Cabral. Foram suas palavras:

"(...) é preferível que esta casa seja fechada a funcionar sem honradez e dignidade". O MDB não quer ser partícipe da dilapidação do respeito ao princípio da inviolabilidade, nem conviva do triste banquete em que querem transformar esta casa.

Não acredito na lei que não garanta o meu adversário, hoje, porque ela não me garantirá amanhã. (...) Se esta Câmara for impedida de funcionar, como anunciam as cassandras, porque manteve inatingível o princípio da inviolabilidade, que se mande erigir à sua entrada um monumento com esta inscrição: "Visitante, esta casa se encontra fechada porque a maioria de seus integrantes decidiu defender-lhe a honradez, a dignidade e a decência."

E a lei celerada, o AI-5, não garantiu ninguém, mesmo. Bernardo Cabral foi cassado, entre dezenas de outros deputados, obrigado a dez anos de ostracismo político, quando voltou à profissão de advogado em tempo integral. Retornou com a entrada do País no regime democrático, foi relator-geral da Constituinte de 87-88, senador e ministro da Justiça. Tudo com dignidade, decência e honradez.
O primeiro teste

Será sábado, no Jardim Helena, em São Paulo, o primeiro teste para se confirmar se voto se transferem mesmo. Ou não. O presidente Lula acompanhará pela manhã a candidata Marta Suplicy, numa passeata de dois quilômetros, seguida de comício com direito a discurso.

É claro que Marta vem subindo nas pesquisas, ultrapassou de muito a Geraldo Alckmin e até, nas simulações para o segundo turno, consegue vencer o adversário. Evidência de ser desnecessária a presença do Lula a seu lado? Vamos aguardar a próxima pesquisa. Se a candidata der outro salto, sem dúvidas votos se transferem. Caso mantenha os índices atuais, terá o presidente perdido excelente oportunidade de ficar descansando.

(Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

sábado, 23 de agosto de 2008

A Veneza do gelo (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)

Boris Kolesnikov, menino asiático, vivia com o pai, a mãe e três irmãs no sul da Sibéria, abaixo do lago Baikal, fronteira com Mongólia e China. Em 1946, morre o pai e ele decide fazer a grande aventura.

Pôs um saco nas costas, ganhou mundo, pegou o rio Angara, depois o Enissei e foi parar no Pólo Norte (o Grande Norte, como eles chamam, que se estende da fronteira da Finlândia até o Estreito de Behring, no Alasca), onde mora, todo vestido de branco, o gelo eterno.

Foi lá que o encontrei, em janeiro de 1981, como diretor-geral do complexo industrial da Norilsk, o mais importante de todo o Pólo Norte mundial, na península de Taymir, na Sibéria. Ele era testemunha e personagem de uma das mais fantásticas histórias da aventura humana.
Sibéria

Norilsk, a Veneza do gelo, acima do Paralelo 69, já tinha então mais de 200 mil habitantes. Antes, acreditava-se que era impossível, a quem chegasse de fora, como eu, suportar a insuficiência de vitaminas e de raios ultravioleta, oprimido pelas longas noites polares e os dias curtos, muito curtos, pois durante 47 dias, a cada ano, não há dia. É a noite eterna.

É impossível sair caminhando, porque o vento furioso das tempestades de neve, capaz de derrubar gente grande, sopra sem parar, cortando fino como navalha. Nos nove meses do inverno (e eu estava lá em pleno inverno), mais de 100 milhões de metros cúbicos de neve caem sobre a cidade. Os ventos árticos sopram a 30 metros por segundo e o frio era de 55 graus abaixo de zero, chegando às vezes a 70 graus negativos.
Norilsk

Construída no gelo e na neve, sobre a merzlota, em cima de pilotis de cimento armado, com edifícios altos, Norilsk derrotou a neve e o gelo. Tem tudo de uma cidade normal, excelente hotel, escolas, biblioteca de milhões de volumes e uma vida e uma atividade de trabalho como qualquer outra.

Com o sul, está ligada através do rio Enissei, navegável. Com o extremo norte, por uma ferrovia eletrificada de 120 quilômetros, que vai até o porto de Doudinka, o maior do Pólo Norte, portão de saída para o mundo.

Toda essa enorme infra-estrutura foi montada por causa das riquezas da península de Taimyr: petróleo, gás, os diamantes de Yakoutie, as apatitas de Khibiny, ouro, minérios, metais, caça, pesca e criação de hienas.
Trudeau

O complexo industrial nasce da central hidrelétrica de Oust-Khantai e um gasoduto de 263 quilômetros e imensas uisinas metalúrgicas, com suas torres metálicas espetando o branco infinito, como brinquedos de Deus.

No primeira noite, no hotel, lembrei que estava sobre um colchão eterno de gelo. Se aquele mundo fluido se abrisse, eu afundaria na eternidade. Desci à portaria, pedi um conhaque duplo (por sinal da Geórgia, aquele que Stalin mandava para Churchill), para conseguir dormir.

Passando por lá antes de mim, Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, deixou escrito: "Isto é uma lição, um exemplo. Mas sobretudo um milagre".
Um livro

Era o final de uma longa viagem de dois meses (dezembro e janeiro), escrevendo meu livro sobre a Sibéria ("Sibéria e outros mundos", Ed. Codecri, 1982). Já passara por Novosirbiski, capital da Sibéria Ocidental, Irkutski, capital da Sibéria Oriental, lago Baikal, península de Amur, Vladivostok (última fronteira leste, com a China, Coréia do Norte e Japão).

Os russos já estavam com pena de mim. E voltei, já agora vadiando, por Stalingrado (hoje Volgogrado), Baku no Azerbaijão, à beira do Mar Cáspio, Tblisi, capital da Geórgia, terra de Stalin, e Batum, também na Geórgia, no Mar Negro. De lá, Atenas e Roma, que ninguém é de ferro.
Geórgia

Um povo que construiu tudo aquilo a ferro, fogo e gelo não vai entregar de barato a nenhum idiota como Bush, que resolveu fazer um teste. Mandou o playboy Mikhail Saakashvili, presidente da mixuruca Geórgia, testar a Rússia, invadindo a Ossétia do Sul, província aliada da Rússia.

Merval Pereira, correspondente do "Globo" nos Estados Unidos e correspondente dos Estados Unidos no "Globo", contou a verdade verdadeira:

1 - "O presidente da Geórgia, Saakashvili, atacou a cidade de Tskhinvali, capital da separatista Ossétia do Sul, com uma barragem de foguetes que causou total devastação, com 80% dos edifícios civis destruídos. O objetivo seria reforçar a idéia de a Geórgia entrar para a Otan, o que é apoiado pelos Estados Unidos. A Rússia aproveitou a agressão aos separatistas russos para invadir a Geórgia" (que pôs o rabo entre as pernas).
Merval

2 - "O oleoduto Baku-Tbilisi-Cayan (através da Geórgia), construído pelos Estados Unidos, e que tem nada menos de 27 companhias ocidentais associadas a uma empresa de exportação de petróleo, é uma tentativa americana de criar na região uma alternativa ao petróleo do Oriente Médio, forçando uma nova perspectiva econômica no Cáucaso".

3 - "A partir da decisão dos Estados Unidos de privilegiar a importação de petróleo no seu plano de energia, os Estados Unidos aumentaram sua presença militar na Ásia Central, Cáucaso e na região do Mar Cáspio, áreas tradicionalmente vistas sob a influência da Rússia e Irã".

Enquanto de manhã, no "Globo", o Merval contava a verdade, de noite o "Jornal nacional" e o "Jornal da Globo" mentiam deslavadamente, dizendo que a Rússia queria "ocupar a Geórgia".

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Com o voto e o povo, IBGE derrota a FGV (Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa)

A pesquisa que o Vox Populi realizou para a Associação dos Magistrados do Brasil, publicada nos jornais de 13/08 - melhores edições foram de "O Estado de S. Paulo", matéria assinada por Mariângela Galucci, e desta TRIBUNA DA IMPRENSA, sem assinatura - revela que para nada menos que 82 por cento da opinião pública os políticos no poder não cumprem as promessas da campanha eleitoral. Uma atitude sempre intoxicante que leva à farsa. Na interpretação de 73 por cento, os eleitores votam com medo de perder o emprego.

A parcela de 68 por cento tem esperança que o voto em um candidato possa mudar sua vida. Os resultados são plenamente lógicos. Vivemos em um país de carências enormes, no qual o destino da população e das comunidades está na razão direta de uma forte dependência do poder público. Os políticos sem compromisso com qualquer esforço de mudança para melhor jogam com esta realidade social. De uns tempos para cá, inclusive, utilizam a palavra mágica do marketing na tentativa ilusionista de substituir ações concretas.

Infelizmente, têm conseguido êxito. A abstenção é muito baixa no Brasil, a taxa de votos nulos e brancos também. Mas eu analisava os resultados do Vox Populi com base nas carências sociais. Pois é. Fui à livraria do IBGE no centro do Rio, adquirir Anuário Estatístico de 2007, que circulou há duas semanas. As escalas salariais dos trabalhadores e servidores públicos brasileiros estão na página 47. Quem desejar vê-las não há como errar o caminho. Vinte e um milhões de pessoas figuram como sem rendimento. Vivem de biscates, pequenas tarefas esporádicas, portanto.

Doze milhões e 900 mil, para ser exato, ganham por mês até um salário mínimo. Quinze milhões e 400 mil têm remuneração de 1 a 2 pisos. Entre 2 e 3 salários são 6 milhões e 500 mil. Cinco milhões de assalariados percebem de 3 a 5 salários mínimos. Quatro milhões entre 5 e 10 mínimos. Um milhão e quatrocentos mil entre 10 e 20 pisos. Ou 4.150 a 8.300 reais.

Estes últimos sim estão na classe média. Além do teto de 20 mínimos, apenas 0,5 por cento da mão-de-obra ativa. A força de trabalho brasileira é formada, também de acordo com o IBGE, por 95 milhões de pessoas, praticamente metade da população total. Os números do IBGE colidem com os da Fundação Getúlio Vargas anunciados pelo economista Marcelo Neri.

O IBGE derrotou a FGV, título deste artigo. Está dando mais Ibope. Aliás, seria interessante que o Ibope levasse a efeito levantamento para saber como a opinião pública recebeu o trabalho da Getúlio Vargas e qual o reflexo da renda no comportamento do eleitorado. Afinal de contas, a FGV traçou um perfil chamando de classe média os que percebem por mês de 1.064 a 4.591 reais. O IBGE focaliza o quadro social por um ângulo completamente diverso.

Inclusive, é essencial chamar atenção para um aspecto: para o IBGE, 20 milhões e 900 mil ganham até um salário mínimo mensal. As faixas percentuais localizadas pelo IBGE são totalmente diferentes das encontradas pela FGV. Basta comparar. As carências e esperanças repousam no poder, convergem para ele. É um movimento natural. Nada mais legítimo do que querer melhorar de vida, fortalecer a família, encaminhar os filhos e netos. São aspirações legítimas, respeitáveis. Devemos respeitar.

Há alguns anos, quando ainda chefiava o departamento mercadológico da Rede Globo, o bruxo Homero Icaza Sanches, afastado em 82 quando denunciou a tentativa de fraude da Proconsult, elaborou um estudo socialmente importante. Especialista em pesquisas, principalmente nas de mercado, traçou um paralelismo sobre as classes sócio-econômicas e as aspirações ou sonhos de cada uma delas. Pesquisou a fundo.

Concluiu que, pelo menos, a vontade de cada grupo é galgar sempre pelo menos um patamar acima. Impulso natural. Mas como conseguir? Os degraus estão na escada do poder, seja ele público ou privado. O principal lance está na política. Que, aliás, encontra-se presente em tudo, não só na urna. Mas na vida, no cotidiano de cada um de nós. Por isso, acho graça quando alguém diz que não suporta política. Pode não suportar no sentido de não gostar. Mas tem de suportar porque a política está eterna e profundamente embutida na realidade humana.

Quem disser que não age politicamente está mentindo. Há limites para tudo. Mas esta é outra questão. Na peça Ricardo III, num momento crítico de uma batalha decisiva, Skakespeare colocou a frase meu reino por um cavalo. Era um combate mortal de segmentos militares que a obra de arte focaliza. Traduzindo-se na vida cotidiana, pode-se dizer, penso eu: meu reino por uma caneta. Sim. Porque a luta toda, de todos nós, é pela caneta do saber, pela caneta da nomeação, da escolha que muda o destino, da que preenche cheque, que sintetiza a nossa capacidade de pagar as contas.

E também - para alguns - a possibilidade de investir. Para se chegar à caneta, para se atingir ou participar do poder, seja em que escala for, só há dois caminhos: o das urnas e o das armas. O das armas deixou uma triste história no país de 64 a 85, quando José Sarney assumiu a presidência da República. O das urnas, simbolizando a democracia e a liberdade, é pelo menos um milhão de vezes melhor e mais factível. Mas falei de esperança, portanto de perspectiva.

Cada um tem a sua. Por isso, quanto maior for a carência, maior será também a presença do poder público no voto. Nos Estados Unidos, nação de renda alta, esta influência pesa muito menos que no Brasil. Num universo tão carente, como o nosso, o que esperar do eleitor e da eleitora? Que resistam às promessas? É pedir demais ao ser humano. O pior, sobretudo, não é ceder a elas, mas o fato de seus autores não cumpri-las.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A fugacidade moderna (Fato do Dia - Tribuna da Imprensa)

Mauro Braga e Redação

Com a morte do cantor e compositor Dorival Caymmi na manhã do último sábado, mais uma lacuna se abre no cenário brasileiro. A importância do seu trabalho no contexto musical, ao descrever de forma quase ímpar a sua terra, teve tamanha representatividade que, qualquer tentativa de adjetivação parecerá ainda menor que a sua própria grandeza.

A partida de ícones ao longo das últimas décadas e a diminuição cada vez mais contínua de bons trabalhos no segmento demonstram que os tempos modernos talvez tenham trazido consigo uma fugacidade e uma admiração pelos sucessos de 15 minutos, sem propósito ou conteúdo, que para os de mais idade seja difícil de se compreender. Letras e musicalidades são sobrepostas por coreografias sensuais recheadas pela abundância de jovens sem qualquer talento.

São as "meninas cachorras" que se envaidecem por assim serem, rapazes que tentam compor em mal traçadas cinco linhas experiências sexuais ao som de um batidão repetido, e um público que exige cada vez menos. Evidentemente, o resumo da ópera não pode se generalizar a tanto. O mercado ainda tem muita gente de talento, e muito dos ouvintes sabem bem selecionar o que querem.

Entretanto, uma verdade seja dita, o fator "qualidade musical" precisa ser estimulado, voltar a ser peça fundamental. Para isso, as demandas devem ser exigentes. Atualmente, principalmente nos grandes centros urbanos, qualquer um pensa que pode ser MC, DJ ou mesmo cantor e compositor. Vestem suas calças largas ou seus vestidos mínimos e se investem de pretensões ao subir em palcos. E só o fazem porque tem gente aplaudindo e pedindo mais. E tome "créu, créu, créu". Que desastre! Caymmi já faz falta, entre tantos outros...
Crítica

O candidato do PDT à prefeitura do Rio, deputado Paulo Ramos, fez campanha, entre outros, em Realengo, na Zona Oeste, onde nasceu e foi criado. Em seu pronunciamento, criticou duramente o poder do dinheiro na campanha carioca, e afirmou que a situação tem distorcido o acesso dos candidatos com menos recursos.
Excesso

"Há um claro excesso na campanha dos candidatos que as pesquisas estão privilegiando. (...) O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) já apreendeu mais de 600 placas de certo candidato e não toma as providências adequadas. Estas apreensões de materiais dos candidatos que estão despejando fortunas na campanha já indicam excesso de gastos. Por que o TRE não adota as punições adequadas?", reclamou o pedetista.
Toma lá...

O candidato da coligação "Unidos pelo Rio" (PMDB-PP-PSL-PTB), Eduardo Paes, selou um pacto com os dirigentes de clubes do Rio para, caso eleito, seja feita uma permuta da dívida municipal que eles têm com a prefeitura. A idéia é fazer com que esses centros cedam seus espaços nos horários ociosos aos alunos da rede pública de ensino, permitindo a prática de atividades esportivas e culturais quando estivessem fora da sala de aula
...Dá cá

"O que proponho aos clubes é a cessão de suas instalações em horários ociosos para que os alunos pratiquem esportes. A contrapartida da prefeitura será trabalhar para que o custo do IPTU, bem como as dívidas que esses clubes eventualmente tenham com a prefeitura, possam ser pagas através da prestação de serviços sociais às comunidades que vivem em seu entorno", destacou Paes.
Ausência

O presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Átila Nunes (DEM), aceitou a sugestão do vice-presidente da comissão, deputado Wilson Cabral (PSB), e convidou o secretário estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, para discutir, durante audiência pública que acontecerá, amanhã, a questão da ausência médica em hospitais públicos do Rio.
Denúncias

De acordo com os parlamentares, o "Alô, Alerj" tem encaminhado aos seus gabinetes denúncias constantes sobre o mau atendimento em diversas unidades hospitalares fluminenses. "A população tem reclamado que faltam médicos nas mais diversas áreas. Queremos discutir o que pode ser feito para mudar este quadro que torna cada vez mais caótica a Saúde no Rio", afirmou Nunes.
Negócios

Com o objetivo de proporcionar, pela primeira vez, aos grupos produtivos nacionais a oportunidade de fechar negócios com compradores brasileiros e estrangeiros, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio (Sebrae/RJ) promoverá nos dias próximos dias 19 e 20 o "I Encontro Internacional de Comércio Justo e Solidário", no Museu de Arte Moderna (MAM), na Avenida Infante Dom Henrique, nº 85, no Parque do Flamengo, na Zona Sul do Rio.
Debates

Serão realizados painéis e palestras com especialistas nacionais e internacionais do setor que debaterão os rumos e o crescimento desta prática no Brasil e no mundo. Cerca de 100 grupos de produtores de 10 estados estarão distribuídos em estandes para apresentar seus artigos, desde produtos agrícolas a artesanato, entre outros. Para participar basta se inscrever gratuitamente no site www.sebraerj.com.br.
Frase do dia

"Ter sido educado por essa coisa tão despojada de ambição, tão cheia de amor, tão mulherengo, tão criativo, tão acreditando que este país é o país, sem até tempo para se decepcionar com as grandes falcatruas que acontecem... Ter sido educado por este homem me fez tão bem, me faz tão mal". (De Dori Caymmi, no enterro do pai, ontem, no São João Batista)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Desagradou os dois lados (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - O assunto que estava encerrado na véspera ressuscitou no dia seguinte. Porque segunda-feira, em Brasília, o presidente Lula obrigou o ministro da Justiça a recuar na tentativa de revisão da lei de Anistia e disse que a questão era do Judiciário, não do Executivo. Na terça-feira, porém, ao entregar à diretoria da União Nacional dos Estudantes o terreno de sua antiga sede, no Rio, exortou quantos pretendem levar torturadores ao banco dos réus a apenas cultuarem seus heróis, deixando de considerá-los vítimas e, assim, abandonando a hipótese de ver o governo empenhado na abertura de processos contra os responsáveis.

Desagradou os dois lados, conforme se ouvia ontem nos corredores do Congresso. Os agastados militares não gostaram de ver transformados em heróis aqueles que continuam rotulando como adversários caídos no auge da confrontação. Não tem como considerar heróis quantos se empenharam na luta armada, assaltaram, seqüestraram, assassinaram e dedicaram-se a atos de terrorismo.

Já os familiares dos torturados, assassinados e desaparecidos não se conformaram com o resultado final das palavras do presidente, que será a omissão do governo diante da possibilidade de punição aos torturadores.

De qualquer forma, os militares aferram-se ao que lhes favorece, nos conceitos do Lula: o assunto está encerrado. Do outro lado, aos que clamam por justiça, resta celebrar a mudança de rótulo de seus entes queridos, de vítimas para heróis. Aguardam-se iniciativas para que virem nomes de rua ou ganhem bustos em praça pública...

Dessa história, sai todo mundo mal, começando pelo governo. Sem esquecer os responsáveis pela tortura e aqueles que buscaram renascer velhas feridas com óbvios objetivos políticos, esquecidos de que aceitaram a lei de Anistia como solução negociada para a volta do País à democracia.
Desafio

Em Mato Grosso e outros quatro estados, a Polícia Federal desafiou o Supremo Tribunal Federal quando algemou e convocou a imprensa para assistir à prisão de 32 servidores públicos e despachantes acusados de corrupção. Não eram seqüestradores, narcotraficantes, assassinos ou bandidos ligados à violência física, mas ladrões de dinheiros públicos, chantagistas e supostos criminosos de colarinho branco. Mereceram a prisão imagina-se, mas jamais as algemas e a exposição pública, de vez que a Justiça poderá considerá-los inocentes.

O superintendente da PF em Mato Grosso sustentou que depois de alguém ser preso fica difícil saber qual sua reação. Assim, algemar a todos foi medida de cautela.

Não há como deixar de concluir tratar-se o episódio de um desafio dos agentes da lei a mais alta corte nacional de Justiça, que dias antes proibiu o uso de algemas a não ser em casos de periculosidade óbvia do preso, ou seja, a possibilidade dele reagir, fugir ou atacar os policiais.

Em boa coisa não vai dar esse confronto, tendo em vista que o Supremo não pode deixar de reagir. Desmoraliza-se caso permaneça de braços cruzados. Se não aconteceu ontem, acontecerá hoje manifestação veemente. Tomara que não seja a concessão de montes de habeas-corpus aos presos, que no fim parecerão os maiores beneficiados das algemas...
Racha no PMDB

Em Fortaleza, um racha de razoáveis proporções: o presidente de honra do PMDB, Paes de Andrade, emprestou apoio público à senadora Patrícia Saboya, do PDT, candidata à prefeitura local. Como o PMDB fecha com Luziane Lins, inclusive o genro do ex-presidente da Câmara, Eunício Oliveira, a briga passa também a familiar.

No fundo, a questão é mais aguda. Paes tem pretensões de voltar a presidir de fato o PMDB, com o afastamento do presidente Michel Temer no fim do ano, candidato que será à presidência da Câmara. Existem outros candidatos, desde o secretário-geral do partido, Eliseu Padilha, à vice-presidente, Íris de Araújo.

Michel lava as mãos, espera a poeira assentar e aparecer um nome de consenso, já que parece difícil seguir o exemplo do dr. Ulysses e acumular a presidência do partido com a presidência da Câmara.
Mais um que se vai

Cria problemas no Palácio do Planalto a assinatura de Márcio Thomaz Bastos no manifesto de eminentes juristas e advogados em favor da reabertura de processo contra supostos torturadores durante o regime militar. Porque o ex-ministro da Justiça, mesmo afastado do governo, é dos poucos conselheiros que o presidente Lula consulta.

Cada vez mais isolado na burocracia de seu gabinete, o chefe do governo compreendeu mas não gostou do apoio de Márcio à corrente que por motivos jurídicos desconhece as razões políticas da anistia. Se prescreveram ou não os crimes de tortura, é outra história, mas o que o Lula não quer é ver os militares em ebulição, agora com a ajuda de seu ex-ministro da Justiça. Além do que, a assinatura em questão reforça a posição do atual ministro, Tarso Genro, que já havia recuado e sido posto em silêncio...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A verdade à luz da técnica e da falta de ética - De Steinbruch na CSN (Helio Fernandes)

É impossível que com tanta denúncia, do enriquecimento ilícito do barão Steinbruch e do empobrecimento da CSN, do desespero de mais de 500 mil pessoas em Volta Redonda e outras cidades que dependem dessa siderúrgica, continue a IMPUNIDADE, o dinheiro acumulado ilegalmente compre sua IMUNIDADE, sua falta de CREDIBILIDADE não tenha provocado nenhuma ação pessoal contra STEINBRUCH.

Existem mais de 10 MIL AÇÕES contra ele, mas não andam. Ele não paga impostos, pratica abertamente a sonegação, e com esse dinheiro vai ficando cada vez mais majoritário na CSN. E joga com essa situação, praticando a mais absurda especulação.

Steinbruch acumulou para a CSN uma dívida de quase 10 BILHÕES (exatos 9 BILHÕES e 400 MILHÕES de reais) com um patrimônio líquido pouco acima de 7 bilhões. Ninguém consegue entender o fato, se a análise for feita em termos econômicos, financeiros, de despesa e receita, de custos e faturamento.

Além do mais, a CSN está cada vez mais velha e obsoleta. Há anos Steinbruch vem anunciando a construção de uma usina em Itaguaí e outra em Congonhas do Campo (Minas Gerais). "Planta" notícias em jornais amigos, que a produção de cada uma dessas unidades seria de 4,5 milhões de toneladas de aço/ano. Com isso sua produção de aço passaria de 5,3 milhões para 14 milhões anuais.

Acontece que depois da amaldiçoada privatização, a produção da CSN permanece nos mesmos 5,3 milhões de toneladas/ano. E até agora não existe nem sinal das duas siderúrgicas prometidas e altamente necessárias. E além de não construir usinas novas, Steinbruch não fez o menor investimento para modernizar a sua única usina produtora de aço que é Volta Redonda.

As grandes siderúrgicas brasileiras: Usiminas, Arcelor-Mittal e o Grupo Gerdau, há muito tempo, já ultrapassaram a produção de aço da CSN, e, mesmo assim, as suas ações não dispararam e não tiveram uma valorização próxima à da CSN em 2007, mistério difícil de entender, pois a USIMINAS produziu mais de 8,8 milhões de toneladas de aço em 2007. A Arcelor-Mittal mais de 7,5 milhões de toneladas de aço nesse mesmo ano. E o Grupo Gerdau produziu mais de 9 milhões de toneladas de aço também em 2007. Essas gigantescas e modernas siderúrgicas ultrapassaram, cada uma, a produção de aço da CSN, ou 5,3 milhões de toneladas de aço/ano.

Em 2007 as ações da CSN, misteriosamente, valorizaram 157% na BOVESPA, e nesse mesmo ano e bolsa as ações da Usiminas, Arcelor-Mittal e do Grupo Gerdau tiveram valorização inferior.

E isso com produção muito maior, administração correta e não dominada pela bandalheira como ocorre com a CSN. Em comparação com aquelas siderúrgicas, a CSN não evoluiu, só retrocedeu, pois não aumentou a produção de aço e não se modernizou nesses últimos 15 anos. A CSN, além de se endividar, empobreceu, mas enriqueceu a família Steinbruch. A privatização da CSN ocorreu em abril de 1993, portanto há mais de 15 anos.

De 2004 a 2006, a CSN distribuiu quase 6 bilhões de reais como dividendos. Mas como ele foi comprando ações da CSN usando o dinheiro da própria CSN, e com isso ficando altamente majoritário, esses dividendos numa escandalosa maioria foram para o próprio Steinbruch. Desses quase 6 bilhões, mais ou menos 4 bilhões ficaram com ele.

Não é possível que uma siderúrgica construída a partir de 1941 (depois do famoso encontro Roosevelt-Vargas em Natal) seja privatizada, e o grande BENEFICIÁRIO de tudo, que era um pobretão, enriquecesse (aqui e lá fora) de forma alucinante.

PS - Vou parar por aqui, é tanta coisa que precisaria que o Ministério Público, a Polícia Federal e a Bovespa, interligados, investigassem esse crime de lesa-pátria contra a única siderúrgica existente no Brasil.
Amanhã

A Guerra de Dossiê Sérgio Cabral-Marcelo Alencar. O então presidente da Alerj VETOU a privatização da Cedae, abriu luta com o governador. Hoje é ferrenho defensor da DOAÇÃO dos aeroportos brasileiros. O agora governador se acertou com o Imposto de Renda, mas o dossiê ainda assusta.

Paulo Skaf
Ninguém sabia seu nome até ser presidente da Fiesp. Continua desconhecido, não sabem nem soletrar seu nome. Mas quer ser governador.

Aos 81 anos, com uma formidável biografia na ditadura, Delfim Netto esperava tudo no governo Lula, não conseguiu nada. Então, se volta contra o presidente, ataca mas sem citá-lo pessoalmente: "Quem faz o crescimento de um país é o empresário, é o trabalhador. O que o governo faz bem é discurso". Delfim nunca foi bom analista, Lula gosta de quem o atinge, mas com sinceridade. Delfim não será mais nada.
Biografia ditatorial de Delfim.

1 - Ministro da Fazenda de Costa e Silva.

2 - Ministro da Fazenda de Médici.

3 - Embaixador na França com Geisel.

4 - Ministro da Agricultura com João Figueiredo.

5 - Ministro da Fazenda com Figueiredo. 6 - Acusadíssimo de corrupção na Europa, não aconteceu nada. 7 - O brilhante coronel Saraiva, que o acusou com provas incontestáveis, morreu agora, esquecido.
Os desembargadores Luiz Felipe Haddad e Bernardo Garcez continuam muito cumprimentados. Motivo: tomando conhecimento do escândalo do concurso para a magistratura, pediram DEMISSÃO IRREVOGÁVEL dos cargos.

Renata Lo Preta, na "Folha" (onde já foi ombudsman), informa que Michel Temer está num programa de "queimar calorias". Pode ser, fisicamente. Mas para presidente da Câmara, precisa aumentar calorias.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, desmente que seja candidato ao governo de São Paulo em 2010. "Menas" verdade, é candidatíssimo, a não ser que não obtenha legenda. Seu antecessor era mais ambicioso. E competente.

No Rio, o presidente da Firjan "foi candidato da renovação contra um presidente que estava no quarto mandato". Gouveia Vieira já está no quinto. Em matéria de eleição, tem autocrítica.
Quer ser suplente dos candidatos ao Senado Picciani e César Maia. Não tem preferência. Mas também nenhum dos dois se elege. Picciani na hora vai desistir, prefere o feudo da Alerj. Maia não pode nem desistir.

Fernando Collor fez 59 anos ontem. 1989? Parece que foi ontem.
Os 40 réus do mensalão vibraram com o meu artigo, interpretando a decisão do Supremo sobre as elegibilidades como favoráveis a eles. E é mesmo. Roberto Jefferson, presidente do PTB, tem até legenda.

E se ele pode ser presidente de partido, sendo réu e estando cassado, muito mais lógico e garantido a inscrição como candidato. Todos os 40 estão incluídos na PRESUNÇÃO da inocência.
Chico Alencar e Fernando Gabeira, sempre grandes amigos, defendiam as mesmas idéias, lutavam pelo interesse nacional, qualquer que fosse ele. Agora são candidatos a prefeito, em legendas diferentes.

Fazem campanha praticamente juntos, afinal o Rio não é tão grande. E ainda existem as "zonas proibidas", dominadas pelas milícias, narcotraficantes, policiais corruptos. Confundem o eleitor, dividem os votos. Dois grandes nomes não vão para o 2º turno.
O presidente do Supremo, Gilmar Mendes, fez conferência em São Paulo que deixaria orgulhosos o Inspetor Clouseau e o Agente 86. Misturou tanta coisa, que no fim explicou: "Em suma, o que eu quis dizer ERA isso".

A propósito: o Supremo anular uma decisão condenatória antiga, porque o réu estava de algemas durante o julgamento, é invasão da privacidade do Tribunal do Júri. O princípio humano alegado, respeitável.
Mas não existia nada em relação aos réus estarem ou não estarem algemados. Concordo inteiramente que é um absurdo. Mas desde quando o Supremo pode "REFORMAR" sentenças por piedade ou generosidade?

Nenhum governador se desgastou tanto em tão pouco tempo quanto o do Amazonas, Eduardo Braga. Ia eleger todos, pode perder tudo.
E como acontece no Rio, também lá existe uma "guerra de dossiê". Dizem que nenhum provoca a preocupação do que foi feito contra Eduardo Braga. Faltam 2 anos para verificar.

A seleção masculina de vôlei conseguiu a segunda vitória. Ao contrário da primeira, contra o fraco Egito, ontem foi em cima da Sérvia, poderosa. Perdemos o primeiro set (27 a 25), ganhamos muito bem, 3 a 1.
No futebol feminino, nova vitória e a classificação. Agora é mata-mata. O que se esperava: Brasil e Alemanha passaram. Cristiane fez 3 gols, ganhamos por 3 a 1. Descansaram depois do resultado garantido.

A dupla Renata-Talita, depois de conseguir a vaga quase no final, vem honrando o fato. Dois jogos, duas vitórias duríssimas. Podia ser a final com Larissa-Ana Paula, ouro e prata, que maravilha viver.
A terceira medalha de bonze no judô (por enquanto as únicas do Brasil) foi de Tiago Camilo. Mas os jogos com expectativas de medalhas só a partir do dia 16. Os judocas aconselham e ensinam: "Não briguem, lutem".

Amargurado por não terem ganho o ouro, os EUA levaram para Pequim a seleção da NBA. Mas ontem ganharam de Angola apenas por 21 pontos. Angola fez 76.
No vôlei de praia, ninguém esperava: Marcio e Fabio Luiz perderam para os austríacos. Não estão eliminados, jogam a última chance contra os russos.
XXX

O motorista de Osama bin Laden foi condenado a 66 meses de prisão. Tudo planejado e aceito pelos "juízes". Por que 66 meses? Elementar. Como ele já cumpriu 5 anos de prisão (60 meses), estará livre dentro de 6 meses. A "justiça" de Guantánamo é essa, os "juízes" da total confiança de Bush.

E este, sem o menor constrangimento, afirmou: "Fiquei satisfeito, foi feita justiça".

XXX

ACM neto deve surgir como grande liderança na Bahia. E por ele mesmo, o avô potência está morto, outros já desapareceram. Muita gente quer saber: como o mandato de prefeito agora é de 15 meses, ACM neto será candidato a governador em 2010?

Mão Santa espiando os acontecimentos no Piauí. Muitos queriam que fosse candidato a prefeito, não aceitou nem conversar. Sua grande jogada tem que ser 2010. Mas todos que acreditam eleitoralmente nesse 2010 têm um problema praticamente insolúvel pela frente. Existem no Congresso muitos projetos sobre reeeleição. Contra e a favor. Se a reeeleição for mantida (não acredito), vantagem para os governadores que estão no cargo. Se acabar, melhora para quem pretende se candidatar.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O maior avanço na História dos julgamentos de homicídios - O Tribunal do Juri (Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa)

O Tribunal do Júri

No ano de 1100 (mil e cem Depois de Cristo), tudo o que aconteceu de importante no mundo e na História passou a ser AC (Antes de Cristo) ou DC (Depois de Cristo), o Rei João Sem Terra, um dos mais populares da Inglaterra, decidiu democratizar os julgamentos por crime de morte. E criou o Tribunal do Júri.

Na Inglaterra só havia o Tribunal dos Lordes, que condenava sempre. Convencido de que alguns homicídios tinham atenuantes e eram passíveis até de absolvição, modificou os julgamentos. Segundo ele mesmo explicou e determinou, esse Tribunal "era para julgar com o coração e não com a razão".
Estipulou várias condições taxativas.

1 - Os membros desse novo e revolucionário tribunal seriam 12.

2 - Só poderiam decidir por unanimidade.

3 - O presidente seria um juiz togado, que não decidia, apenas presidia e disciplinava o julgamento.

4 - A composição do Tribunal seria a mais democrática possível.

5 - Poderiam funcionar como jurados os que tivessem títulos conquistados (médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, etc.) além de funcionários públicos, ou cidadãos de formação as mais humildes.

6 - Não poderiam participar os que tivessem títulos herdados ou doados (lordes, barões, viscondes).

7 - O julgamento não teria tempo determinado, ficariam reunidos até decidirem. 8 - Se confessassem ao juiz que seria impossível chegar à unanimidade, o juiz dissolveria o júri, dispensaria os jurados.

Esse Tribunal do Júri foi sucesso total, se espalhou pelo mundo inteiro, nenhuma contradição ou injustiça gritante. O julgamento mais longo de toda a História aconteceu nos EUA. O réu era Clarence Darrow, também o maior e o mais famoso advogado da história americana. Bem sucedido defensor de empresas ferroviárias poderosas, em 1894 deixou de ser advogado delas para defender seus funcionários em greve. Foi uma revolução e uma reviravolta, conquistou grandes vitórias para os trabalhadores. Mas passou a ser perseguido de todas as formas.

Em 1911, Darrow era advogado contra empresários poderosos numa questão importantíssima. Como o julgamento se estendia por semanas, 5 ou 6 dias antes do Natal, o juiz suspendeu o julgamento por 15 dias e dispensou os jurados. No dia de Natal, Darrow foi visitar um amigo, que por coincidência morava num edifício onde morava também um jurado.

Acusado de ter tentado corromper esse jurado, foi acusado e levado a julgamento. Não sabia quem contratar para defendê-lo. Um amigo comentou que ele era o maior advogado dos EUA, podia fazer a própria defesa. Resposta (que ficou famosa) de Clarence Darrow: "Um advogado que defende a si mesmo tem um idiota como cliente".

Seu julgamento levou 91 dias, o mais longo de toda a História. Absolvido, o povo foi ao delírio. Quando criaram o Tribunal do Júri no Brasil, fizeram modificações que alteraram sua formação. Passaram a ser apenas 7 jurados e não era necessária unanimidade. Assisti muitos julgamentos com resultados de 4 a 3, contra ou a favor. O advogado Leopoldo Heitor, acusado de assassinar Dana de Tefé, foi a julgamento 3 vezes, sempre absolvido pois o corpo não aparecia.

Meus primeiros advogados a partir de 1953 (Raul e Evandro Lins e Silva) ganharam e perderam por 4 a 3. (Raul morreria muito moço, em 1968, agora portanto completando 40 anos de sua morte). Esses julgamentos passionais quando a mulher mata o marido ou vice-versa deixaram de existir por causa da permissividade, a camisinha e a pílula do dia seguinte. Hoje ninguém mata pelo que Evandro Lins e Silva marcou com a frase imortal: "Defesa putativa da honra".

PS - Se trato do assunto agora (e sem qualquer consulta, apenas de memória) poderia ter ido mais longe. Por causa do assassinato da menina Isabella. E das acusações ao casal Nardoni.

PS 2 - Será um julgamento sensacional. Como há muito não acontece outro, dominará a opinião pública. E como os réus estão presos, não irá demorar muito a ocorrer. Não deveria demorar. Mas estão presos há 5 meses, perderam 3 habeas-corpus pedindo libertação.
Amanhã

Quando acontecerá com STEINBRUCH (que recebeu a DOAÇÃO da CSN) o que ocorreu com Daniel Dantas, Nahas e Eike Batista? Falido, STEINBRUCH ENRIQUECEU fabulosamente, e a empresa está praticamente falida (como ele estava), hoje EMPOBRECIDA.


Evo Morales
Grande vitória. Precisa ter serenidade para administrar a vitória mais difícil do que aceitar a derrota.

O acontecimento político-eleitoral do fim de semana foi a vitória de Evo Morales. Não foi apenas vitória, foi arrasadora demonstração de força. No plebiscito, 8 governadores contestavam o presidente. E nas pesquisas, os "institutos" davam apenas 45 por cento para Morales. "Prevendo que ele ficaria bem abaixo do que obteve quando foi eleito". Pois Morales chegou a 60 por cento, se fortalecendo visivelmente.
Além da vitória, Morales mostrou que tem o apoio do povo, como tinha o presidente eleito há 50 anos. Mas não custa lembrar que não conseguiu governar, foi derrubado pelo estanho.

As circunstâncias são outras, a Bolívia não tem apenas estanho e cassiterita como há 50 anos. Se pensar apenas no seu povo e no seu país, Morales pode levar a Bolívia a uma Era de progresso e prosperidade.
Excelente a reportagem de Carlos Newton, ontem, aqui mesmo nesta Tribuna. A Funarj não aceita a privatização das atividades culturais. Isso é ditadura, é autoritarismo, é tortura a mando da mediocridade.

O grande culpado inconsciente é Sérgio Cabral. (Culpado e inconsciente é redundância em se tratando de Sérgio Cabral). Ele sabia que Adriana Rattes não podia fazer qualquer coisa no setor de cultura.
O secretário da Fazenda, Joaquim Levy (não ia deixar o cargo?), afirmou: "Não estão pagando o IPVA". Motivo: no primeiro semestre de 2007 arrecadou 824 milhões, agora em 2008, 920 milhões. Subiu 9%.

Acha muito pouco. Considera que com o aumento de 25% na circulação de carros e a inflação, deveria ter subido mais. E os salários?
Apesar das máquinas, a candidatura Eduardo Paes não sai do lugar. Na frente do governador, fica em silêncio, não diz coisa alguma.

Mas por trás, não perde oportunidade: "De que adianta o Sérgio Cabral dizer que me apóia? Está sempre viajando, nem consigo falar com ele". Ingrato. Deve tudo ao governador e se queixa.
Há muito tempo não havia tanta satisfação entre os auditores fiscais e toda a Receita Federal. Um pouco pela nomeação de uma mulher. Mas a festa mesmo foi pela saída de Jorge Rachid.

Falam muito num livro do general Venturini, que foi ligadíssimo ao general Figueiredo, antes e depois de "presidente". Pode na verdade mostrar muita coisa. Mas tem que ter isenção e contar tudo.
O que ele sabe e sabe que eu sei, e as coisas que se passaram em alta velocidade, com os dois como personagens. Nada a ver com tortura, o general Figueiredo era totalmente contra isso.

Impressionante a capacidade de autodestruição de Tarso Genro. Era prefeito de Porto Alegre, o governador do Rio Grande do Sul, também do PT. Este ia se reeeleger, Tarso se jogou contra ele, perderam os dois. Agora, criou um tumulto que só prejudicou o próprio Lula.
O desgaste do ministro da Justiça (é inacreditável que Tarso ocupe esse cargo), total e absoluto. Não serviu a ninguém nem ao País. No assunto, pouca gente tem a participação e a isenção deste repórter.

Edson Lobão e José Antonio Muniz, a dupla da desgraça, que desgraçadamente caiu em cima do Ministério de Minas e Energia e da Eletrobrás. (Holding do poderoso sistema de energia).
Por causa da incompetência dupla e interligada, a construção da usina de Jirau não começa. E pode acabar na Justiça.

Na tentativa de dar como superada essa crise (a solução seria a demissão dos dois), dizem que hoje darão licença para as obras.
Um pedregulho jogado pelo "ministro" Lobão em cima da consciência nacional: "Não importa onde a usina de Jirau será construída". Como não tem importância? Afinal, a licitação foi feita na base de um projeto definido. Que República.

O objetivo do Brasil em Pequim é bater a conquista de ouro. O máximo que obtivemos, 5, pelos cálculos anteriores poderia chegar a 6 ou 7.
4 medalhas no vôlei. Praia de homens e de mulheres, e de quadra, também masculino e feminino. Mas aconteceram fatos duvidosos, diferentes.

Apesar de estarmos invictos na praia e na quadra, os obstáculos inesperados. O problema de Juliana, que teve que ser substituída em cima da hora por Ana Paula. Já obtiveram duas vitórias, estão nas oitavas.
Na quadra, a seleção do Bernardinho ainda não perdeu, mas vem de dois problemas. O quarto lugar no Mundial, surpreendente.

E a discussão pública de Bernardinho com o próprio filho, craquíssimo. Houve intervenção de companheiros, neutralizarão os fatos?
A seleção feminina que vem ganhando bem fez o mesmo em outras competições, mas perdendo no final. E agora na bela Pequim?

Além dessas 4 medalhas, a quinta, previsível, era de Diego Hipolito. Confirmou a classificação magistralmente, temos que esperar.
E finalmente a sexta medalha, garantida (?) era dada para o futebol. Ganhamos 2 jogos, contra Bélgica e Nova Zelândia. Nada surpreendente. Mas de qualquer maneira, esperança.
XXX

Em plena Olimpíada, o Brasileirão terminou a primeira fase. Com muitas surpresas, adversidades, fracassos, mudanças de técnicos, ameaça de outras modificações. Apesar da esperança de ouro, que se vierem serão em dose mínima, a disputa aqui no Brasil segue animadíssima. A Olimpíada dura 15 dias (e para alguns ficará na eternidade), o Brasileirão vale o futuro de times, jogadores e treinadores.

No momento, 8 clubes disputam as 4 vagas da Libertadores dificilmente fugirão disso. Quanto ao campeão, só mesmo adivinhando. O Flamengo que já foi líder com 5 pontos na frente está fora do G-4, empatado com o Botafogo. Este, tendo trocado de treinador em pleno campeonato, deu uma virada magnífica, está entre os 8 com 31 pontos, a 3 pontos do terceiro (Palmeiras) e a 2 do quarto (São Paulo), faltando um turno inteiro.

Fora do Rio-São Paulo, as surpresas se localizam no Grêmio, Cruzeiro, Vitória e no Coritiba, com campanhas excelentes em 5º empatados e a 1 ponto do São Paulo. Na Era dos pontos corridos é o mais acirrado. E Vasco, Santos e Fluminense deixam entrever uma bela seria B para 2009.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ressuscitando Marx (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - Qual a maior estrela do espetáculo de abertura das Olimpíadas em Pequim, sexta-feira? Antes que algum desavisado responda ter sido o inefável Galvão Bueno, vamos antecipar: foi à China. Não adiantaram as tentativas de sabotagem dos jogos, como forma de minimizar a assustadora presença daquele país nos corações e mentes de quatro bilhões de telespectadores que assistiram ao vivo a cerimônia inicial.

Porque se a China é uma ditadura a merecer críticas, nem haverá que duvidar. Regime de partido único, sem oposição, de imprensa censurada, com leis que mandam dissidentes para a cadeia, restrições aos direitos individuais e dezenas de nacionalidades sufocadas na composição de um mosaico geográfico disforme - tudo é negativo.

O problema é que a sabotagem e a tentativa de desacreditar a China não se faz por nada disso. Ninguém protestou quando, através de peculiar abertura para o capitalismo, os chineses deram de ganhar, ainda dão, e mais darão a quantas multinacionais especuladoras e governos do Ocidente se disponham a investir em seu território, aproveitando-se da mão-de-obra baratíssima, da ausência de legislação trabalhista e do bilhão e trezentos milhões de possíveis consumidores.

Desde os anos oitenta, quando tudo começou, a China não teve seu regime contestado. Deng Tsiau Ping decidiu que os chineses gostavam de ganhar dinheiro e todos concordaram. Só agora, às vésperas das Olimpíadas, perceberam os potentados do lado de cá do mundo estar o parceiro crescendo mais do que deveria.

Importava, assim, contestar o crescimento chinês em sua hora mais expressiva, as Olimpíadas. Daí surgirem estímulos a rebeliões no Tibet e em várias regiões onde se faz sentir o punho de chumbo de Pequim. Mobilizaram a mídia internacional e boa parte do espaço nos jornais e nas telinhas, utilizadas agora na exposição das contradições amarelas.

O que assusta os donos do poder ocidental é que o planeta possa unir as duas parcelas da equação: a China corre para ocupar a liderança mundial e é, apesar de todas as concessões, um país comunista. Estaria a doutrina de Marx ressuscitando, mesmo adaptada aos tempos modernos? Vão ter que decifrar esse enigma situado dentro de um mistério e envolto por vasta charada...
Não adianta ignorar

Ainda que realizada com cautela e dentro de verdadeira ordem unida, a reunião conjunta dos clubes Militar, da Aeronáutica e da Marinha, sexta-feira, no Rio, fez acender a luz amarela no semáforo localizado defronte ao Palácio do Planalto. Lá estavam ex-ministros, generais e coronéis da reserva, e até alguns do serviço ativo, todos demonstrando inconformismo diante da iniciativa do governo de rever a Lei de Anistia.

Do governo? Claro, porque Tarso Genro, responsável pela proposta, é ministro da Justiça do Brasil, não de Bangladesh ou do Burundi. São bobagem e sinal de fraqueza imaginar que tenha agido por conta própria, "como cidadão, jamais como integrante do governo". Se foi precipitado, reacendendo velhas brasas sem respaldo do presidente Lula, deve ser demitido. Lançou-se o polêmico desafio autorizado pelo chefe, pior ainda, porque sua atitude marca o início de um confronto que se presumia ultrapassado.

Houve tortura, durante o regime militar? Houve, por mais lastimável que seja a constatação. Do outro lado registrou-se atos de terrorismo, vandalismo, seqüestros e assaltos reunidos no denominador comum da luta armada. Claro que tortura promovida por agentes do poder público significa a inversão completa dos valores da Humanidade. Mas não ficam atrás as tentativas de mudança do regime por métodos violentos, em especial em se tratando do propósito de trocar uma ditadura por outra.

A fórmula encontrada pelos líderes da época, da transição negociada, equivaleu à democracia de Winston Churchill, ou seja, o pior dos regimes, "depois de todos os outros". Se verificada através do confronto, a volta do País à democracia teria gerado seqüelas de horror até hoje, provavelmente sem democracia.

Foi através da negociação que Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola e outros puderam assentar as bases que nos transformaram numa democracia. Quer o que o ministro da Justiça? Revanchismo? Promover-se, credenciando-se para a próxima sucessão? Os militares deram o troco. Tomara que não haja réplica, porque a tréplica poderá ser bem diferente.
No País dos excessos

O Brasil parece mesmo o País dos excessos. Durante anos, com a Polícia Federal à frente, os órgãos de segurança exageraram no uso das algemas. Constrangeram gente que, embora acusada de cometer crimes, não oferecia o menor perigo à segurança de seus captores.

Pois agora vem o reverso da medalha, igualmente desproporcional: decidiu o Supremo Tribunal Federal pela nulidade das condenações feitas quando os réus eram julgados com algemas. Quer dizer, o maior monstro poderá beneficiar-se da alegação de que o júri foi influenciado pela imobilização do criminoso.

Aqui para nós, nem tanto nem tão pouco.

domingo, 10 de agosto de 2008

Parceria necessária (Mauro Braga e Redação da Tribuna da Imprensa)

Os problemas que afligem a população do Rio no âmbito da competência municipal afloram nos discursos políticos. A campanha está nas ruas e no momento todos os candidatos sabem muito bem pontuar as demandas da cidade. Com tantas soluções que requerem mais competência no direcionamento da verba pública, paira no ar a dúvida sobre os motivos pelos quais a atual gestão deixou tanto a desejar.

Ontem, em mais um encontro do reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Vieiralves, da série promovida com os candidatos à prefeitura, foi apresentada ao prefeitável Marcelo Crivella (PRB) várias sugestões de parcerias entre o governo municipal e a universidade, entre as quais através do Hospital Pedro Ernesto.

Vieiralves citou a integração do Rio às tecnologias de ponta, a capacitação de profissionais de saúde, além da disponibilidade de outros projetos que tiveram excelentes resultados, capazes de contribuir na qualidade da saúde com promoções preventivas, e a criação de um potencial de emprego e renda para áreas periféricas.

A instituição foge aos seus aparentes limites educacionais e oferece uma gama imensa de possibilidades para a progressão social do coletivo através do trabalho conjunto. O prefeito atual pecou, em muito, por não olhar com mais boa vontade e melhor aproveitamento para todo esse universo, provocando uma irresponsável subutilização de tais viabilidades. Perdeu o Rio, perdeu o cidadão-contribuinte. Que a partir de janeiro, a história mude. Radicalmente.
Candidatura

O candidato à prefeitura do Rio Chico Alencar (PSOL-PSTU) participou, ontem, do lançamento das transmissões em HDTV da "Rede Bandeirantes", ocorrido no Copacabana Palace durante a abertura da Olimpíada de Pequim e defendeu a candidatura do Rio aos jogos de 2016. O candidato disse que já votou favoravelmente à destinação de R$ 85 milhões pelo governo federal para o projeto.
Transparência

No entanto, Chico destacou a necessidade de haver total transparência nos recursos que forem empregados para fazer da cidade a sede do evento: " (...) só será viável se, desde já, tivermos políticas sociais fortes na redução de desigualdades e transparência na aplicação de cada centavo. O que, infelizmente, não ocorreu com o Pan-Americano", ressaltou.
Intervenção

Já o candidato petista, Alessandro Molon, afirmou, ontem, durante corpo-a-corpo no Largo da Carioca, Centro da cidade, que, caso eleito, fará uma grande intervenção na Zona Portuária para transformar a em um centro de convenções, com rede hoteleira no entorno e ainda um complexo de gastronomia e entretenimento para dinamizar a economia da região.
Saúde

Eduardo Paes, da coligação "Unidos pelo Rio" (PMDB-PP-PSL-PTB), lançou seu programa para a área de saúde e anunciou um aumento de, no mínimo, 33% nos investimentos de recursos próprios do município no setor, o que significaria saltar dos atuais 15% para 20% a verba do orçamento para a saúde.
Isolamento

"(...) um movimento para melhorar a saúde do Rio só vai se dar quando a prefeitura sair de seu isolamento. Não é admissível ver a população sofrendo do jeito que sofre, e a cidade (...), entre todas as capitais das regiões Sul e Sudeste, ser a que menos investe na área de saúde. Acabou a era do prefeito sabe-tudo", observou. Indireta?
"Ficha suja"

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido acabar com o filtro sugerido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir as candidaturas de pessoas com "ficha suja", empurrando a decisão para o Congresso Nacional, o deputado federal democrata Índio da Costa (RJ) anunciou que irá apresentar um projeto de lei sobre o tema na Câmara de Deputados.
Legalidade

"Assim, virando lei, o TSE terá apoio legal para não deixar com que pessoas julgadas e condenadas em 1ª e 2ª instâncias, participem do pleito eleitoral", afirmou o parlamentar, acrescentando que haverão ressalvas, uma vez que as condenações que merecem o veto de candidaturas devem ser vinculadas aos crimes contra a coisa pública, ou os que coloquem em dúvida a honra do Congresso Nacional.
Seminário

A Ação da Cidadania realiza, hoje, das 9h às 18h, em seu centro cultural, o "1º Seminário Nacional de Educação", que tem como tema principal a "Educação Cidadã pelo Fim do Analfabetismo e da Miséria". Segundo a coordenadora de Ações Sociais do grupo, Valeska Xavier, a intenção é quebrar o ciclo da miséria em suas raízes.
Excluídos

"É inadmissível que ainda existam 37 milhões de brasileiros excluídos do direito de compreender o mundo através da leitura", afirma. O encontro acontece na Avenida Barão de Tefé nº 75, no bairro da Saúde, Zona Portuária do Rio, e tem inscrição gratuita.
Preservação

Aproveitando a ocasião do Dia dos Pais, o especialista em reprodução humana Marcello Valle irá falar, hoje, sobre preservação da fertilidade, na "IV Jornada de Ginecologia da 28ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia". A jornada será das 9h às 13h, no Auditório Amil localizado na Avenida das Américas 4200, Bloco 3, Edifício São Paulo, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Frase do dia

"A decisão do Supremo foi correta, pois delegou ao agente verificar a periculosidade da pessoa custodiada, a necessidade real das algemas e não fez nenhuma distinção funcional ou originária referente a pessoa. Isto é importante, porque a lei será aplicada para todos". (Do ministro da Justiça, Tarso Genro, ao elogiar a decisão do Supremo Tribunal Federal de restringir o uso de algemas)

sábado, 9 de agosto de 2008

Herança gaúcha (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)

Antonio Carlos de Andrada, presidente (governador) de Minas em 1930, juntou-se ao Rio Grande do Sul, na Aliança Liberal, para derrubar o paulista Washington Luís e entronizar o gaúcho Getulio Vargas. Pedro Aleixo, correligionário de Antonio Carlos, desconfiava da jogada:

- Por que o senhor está se unindo aos gaúchos?
- Na vida, a gente tem que saber escolher as companhias na hora certa. Para brigar num bar, chamo os filhos do Mendes Pimentel. Para ir ao teatro, vou com o Ataulfo de Paiva. Para tomar o poder, tomo com os gaúchos.

(Esse Mendes Pimentel, de filhos valentes, foi um ilustre e também valente jurista de Minas. Quando Getulio deu o golpe de novembro de 37, Mendes Pimentel era diretor da Faculdade de Direito de Minas. Telegrafou a Francisco Campos, mineiro e ministro da Justiça, propondo que, em lugar da Polaca, a Constituição por ele fabricada à semelhança da Constituição fascista polonesa, bastava Getulio assinar um decreto de dois artigos:

Art. 1º - Fica revogada a lei que aboliu a escravatura no Brasil.
Art. 2º - Os brancos passam a ser também escravos.)
Antidemocracia

Os gaúchos que me perdoem, até porque são tantas as exceções, como o nunca assaz louvado senador Pedro Simon. Mas o currículo da maioria dos líderes e dirigentes políticos do Rio Grande do Sul, no último século, nada tem a ver com democracia. Pelo contrário. Consideram-na incômoda, descartavel e às vezes até desprezível. Não preciso citar muitos:

1 - Julio de Castilhos, fundador, em 1879, do Partido Republicano Riograndense, com Assis Brasil e Pinheiro Machado. Positivista, militarista e florianista, proclamada a República, redigiu o projeto da Constituição gaúcha e "instaurou no Estado um Executivo forte, em detrimento do Legislativo, que tinha sua ação limitada ao setor orçamentário".
De Castilhos a Brizola

2 - Pinheiro Machado, discípulo, aliado e braço direito de Julio de Castilhos, foi senador durante décadas, comandando do Rio o Rio Grande.

3 - Borges de Medeiros sucedeu Julio de Castilhos no governo gaúcho, onde ficou 30 anos, de 1898 a 1928, com pequenas interrupções.

4 - Getulio Vargas todo mundo sabe. Foi 15 anos ditador.

5 - João Goulart acabou contribuindo para o golpe de 64, querendo sabotar as eleições de 1965, com medo de que Carlos Lacerda vencesse:

- Ao Lacerda não passo o governo. Não vou trair o velho Getulio.

6 - Discípulo de Vargas, Brizola era contra a existência do Congresso:

- Basta uma Comissão Legislativa, com 10% deles. Nenhum deles foi um democrata. Pagaram ou o País pagou por isso.
Tarso Genro

Muita leviandade de Lula pôr, logo no Ministério da Justiça, o ministério da ordem, da lei e das instituições, o Tarso Genro, um ministro da desordem, visceralmente antidemocrata e, disfarçado atrás de uma linguagem pedante, tortuosa, defendendo seu "fascismo de esquerda".

Ministro da Justiça, cuja tarefa fundamental é dar segurança jurídica e política ao governo, é exatamente Tarso Genro quem provoca, a toda hora, turbulências institucionais, com suas teses esdrúxulas e mal formuladas. O País acabou com saudades do mestre Marcio Thomaz Bastos.
"El caudillo"

Ainda não vi nem li. Mas tem boa, ótima origem. Leite Filho é um veterano jornalista cearense, há décadas em Brasília. Sério, estudioso, competente, conhece muito bem a alma da República. E dos homens.

O título do livro que escreveu e o PDT do Rio lançou esta semana no Museu da República, onde foi o Palácio do Catete, diz tudo: "El caudillo". Uma biografia de Leonel Brizola, "caudilho" como "caudilho" foram seus mestres, da mesma linhagem, todos filhos e netos de Julio de Castilhos.

De 45, ajudando a fundar o PTB na Ala Moça do partido, e 47, já eleito para a Constituinte gaúcha, depois deputado federal, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul, comandante da Cadeia da Legalidade e da resistência à tentativa de golpe de 61, deputado pela Guanabara, até a pregação das reformas sociais em 63, exilado pelo golpe de 64, a volta para o Rio, a derrota para a presidência da República pelo sistemático isolamento político, é toda a história da vida pública de Brizola.
Cacau de Brito

No momento em o PDT lança a biografia de seu saudoso líder e o País pede, exige, candidatos de biografia e ficha limpa, o partido do Rio teve a bela idéia de lançar, esta semana, presentes centenas de pessoas na Estrela do Sul, na Tijuca, uma grande candidatura a vereador, que já chega trazendo extensa bagagem de ações profissionais, políticas e sociais: o advogado e presidente do Movimento "O Rio Pede Paz", Cacau de Brito.

Experiente líder das lutas sociais da Igreja Metodista há mais de 20 anos, ex-dirigente da OAB do Rio, advogado, defensor, líder e pioneiro em numerosas ações sociais diretas com a população, nas áreas de saúde, educação, habitação, saneamento, segurança pública, o candidato traz antigas propostas que agora pretende implantar na Câmara de Vereadores, como abertura e disponibilidade pública, através da internet, dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do prefeito e vereadores, em todo o mandato.

Seu programa de trabalho na Câmara foi preparado em dois anos de debates com sindicatos, associações, bairros, comunidades, favelas, comércio de rua, camelôs, sacoleiros. Como transformar os Cieps em centros de esporte e lazer nos fins de semana. Um vereador ficha-limpa.
Sebastião Nery

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Os torturados, os torturadores, a anistia (Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa)

O debate político aberto entre os ministros Tarso Genro e Nelson Jobim sobre a extensão da anistia também aos militares, policiais e sombrios voluntários da ditadura que praticaram torturas durante os anos de chumbo se, sob o prisma legal é inócuo, pelo ângulo moral leva a uma análise da filosofia da própria lei.

O ministro da Defesa quer evitar problemas nos quartéis, portanto impedir que um sentimento de culpa aflore mais de vinte anos depois como no romance da Dumas pai. O da Justiça deseja debater algo que precisamente não se identifica. Mas o confronto entre as duas correntes que representam remete à análise a que há pouco me referi. Vamos por etapas. Em primeiro lugar, só pode haver torturador se houver torturado. A tortura, ninguém nega, é o que de mais hediondo e covarde pode existir. Não se trata de luta. Trata-se de martirizar os que estão presos e absolutamente subjugados.

Não há abertamente quem possa defender uma coisa dessas. Lembro a definição magistral de Santiago Dantas para as situações indefensáveis: nenhuma posição é legítima, dizia ele, quando aquele que a ocupa não pode dizer seu verdadeiro nome. Os torturadores estão neste caso. Processos contra os que praticaram torturas não creio que produzam reflexos concretos, a não ser uma condenação política do passado recente. A lei de anistia, como colocou Jobim, homem sempre envolvido em contextos difíceis, abrange os torturadores, já que anistia (leio no Houaiss) significa tornar impuníveis os criminosos. Mas a questão não é tão simples.

Pode se tornar inoportuna para o presidente Lula, mas para o País não é tão fácil. Vamos por partes. Quais são os diplomas legais que se referem à anistia depois do golpe de 64 que derrubou o presidente João Goulart? São apenas dois. A Lei 6.683, originária de mensagem do presidente João Figueiredo ao Congresso, aprovada pelo Legislativo e sancionada por ele a 28 de agosto de 79, e o artigo 8º das Disposições Transitórias da Constituição de 88. Nenhum outro.

Em setembro de 2002, surgiu o Regime do Anistiado Político, transformado na Lei 10.559 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Porém aí é o estatuto, não trata de anistia em si. Refere-se a indenizações, o que deu margem a reparações verdadeiras, mas também a igual número de fraudes. Voltemos à anistia. Diz o Dicionário Enciclopédia que leva o nome de Antonio Houaiss: "Ato do poder constituído que declara impuníveis ações praticadas por motivos políticos, anula condenações e suspende diligências. Diferente do indulto, que suprime a execução da pena, sem suprimir a condenação. A anistia anula a punição e o fato que a causou".

Agora passemos ao artigo 1º da Lei 6.683: "É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 61 a 15 de agosto de 79 (data da mensagem ao Congresso), cometeram crimes políticos ou conexos, crimes eleitorais, ou tiveram seus direitos políticos suspensos". Vejam os leitores, agora, o que diz o artigo 8 das Disposições Transitórias da Carta de 88. No parágrafo 2º: "Estende a anistia (de 79, portanto) aos funcionários públicos, trabalhadores particulares, servidores das empresas estatais e aos representantes sindicais".

Logo em seguida, no artigo 9º, é facultado aos abrangidos pela anistia requererem ao Supremo Tribunal Federal o reconhecimento de direitos e vantagens interrompidos pelas punições. O que se deduz logicamente de tudo isso? Que a anistia, de fato, não se aplica automaticamente aos torturadores, no sentido de impedir que sejam processados judicialmente, a menos que os acusados se declarem incursos na prática de crime. Se houver tal reconhecimento explícito, aí sim, passam a ter direito à impunidade com base no artigo primeiro da Lei 6.683, assinada pelo general João Figueiredo. Não pode haver dúvida quanto a isso.

Se não praticaram crime, não podem escudar-se na anistia. Pode ser uma redundância, algo que colide com a lei de menor esforço, mas na realidade a filosofia do conjunto legal que manda esquecer a alucinada aventura da guerrilha e os sórdidos porões do passado conduz o raciocínio a este panorama. Está na lei, está na Constituição. Encontra-se na consciência brasileira, sintetizada na obra monumental "Tortura Nunca Mais".

A tese de Tarso Genro é polêmica, sustentada em termos genéricos destinada a separar o comportamento dos agentes públicos da conduta daqueles que se lançaram a uma aventura desesperada contra o poder das armas. Não compreenderam, inclusive, que, quanto mais atentados praticassem, maior seria - como foi - a repressão.

Conduziam o debate e o impasse que durou quinze anos (de 64 a 79) a um plano absolutamente crítico de ruptura. Só contribuíram para fortalecer a ditadura militar, o ciclo dos generais no poder. A longa noite de arbítrio, da exceção, do abalo à democracia brasileira. Mas estas são outras questões. A anistia, pelo que se encontra na lei e na Constituição, leva a um ensaio jurídico sob vários de seus aspectos.

Anistia, como também se referiu Houaiss, conduz à amnésia, portanto ao esquecimento, ao ato de virar a página, encerrar o capítulo. Mas nem por isso, penso eu, deve deixar de merecer um enfoque atual, objetivo, concreto e inteligente. Pena que não haja mais juristas como Afonso Arinos de Melo Franco, Nelson Hungria, Santiago Dantas, Miguel Reale. Deixo o tema para Aires de Brito, Celso Melo e Elen Gracie

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O lamento desesperado da história (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa)

Quanto valia a Vale com FHC? Quanto vale a CSN com Steinbruch?

Em 1996, quando a maior mineradora do mundo, a Vale do Rio Doce, foi doada-privatizada, escrevemos exaustivamente sobre esse crime hediondo. Os cálculos mais baixos concluíam: a Vale, por mais que sejamos burros, displicentes ou incoerentes, tem um valor patrimonial acima de 3 TRILHÕES. Vendemos por 3 BILHÕES hipotéticos, sem dinheiro algum. O dinheiro indispensável foi "dado ou emprestado" pelo BNDES.

Agora, já deveríamos estar em pleno processo de retomada do que doamos miseravelmente, não se vê o menor movimento de DESPRIVATIZAÇÃO. Existe algum movimento, é verdade, mas na Argentina. Temos que reaver esse fabuloso patrimônio da Vale, alguns outros, além de recuperar o monopólio da Petrobras, que existiu quando O PETRÓLEO ERA NOSSO, corre o risco de deixar de ser.

Para que não se percam as esperanças e que não se mergulhe no medo, vamos repetir números de 1996, cada vez mais lancinantes, atingindo nosso coração e nossa mente.

1 - Preparando o terreno, o ministro Serra afirmou o óbvio: "Não podemos vender a Vale sem entregar também os minérios de sua propriedade".

2 - O próprio ministro reafirmou: "Venderemos a Vale por 20 bilhões de reais, amortizaremos a dívida interna e pagaremos muito menos juros".

Por que então não reduzem logo os juros à metade e deixam a Vale em paz?

3 - Reservas da Vale em minérios, e quanto tempo durarão essas reservas, num levantamento que está ainda muito aquém da verdadeira realidade.

4 - FERRO - Reservas para 540 anos.

5 - BAUXITA - Reservas para 187 anos.
MANGANÊS - Reservas para 185 anos.
OURO - Reservas para 25 anos.
COBRE - Reservas para 24 anos.
CAOLIM - Reservas para 350 anos.

6 - Entregar tudo isso e receber em troca (se é que receberemos) apenas 20 bilhões é o chamado crime hediondo. Pois estaremos condenando todo o povo brasileiro à miséria mais terrível e mais duradoura.

7 - Vender a Vale, entregar a Vale, privatizar a Vale é o primeiro passo para a internacionalização da Amazônia. Todos estão de olho na Amazônia.

8 - Doar a Vale é doar Carajás, o Porto de Itaqui, a Baía de São Marcos, entregar todas as riquezas estratégicas dos estados do Maranhão e do Pará.

A Vale tem minérios pelo menos para 150 anos, a Petrobras, se resistir a todas as ofensivas, tem petróleo para 150 anos, temos assunto para 150 artigos, no mínimo. Usemos um pouco desse espaço para continuar escrevendo sobre o roubo da CSN, era potência estatal, do povo, passou a ser potência pessoal, de um homem só, Steinbruch.

Foi outra DOAÇÃO-PRIVATIZAÇÃO, das maiores, ficando apenas um pouco abaixo da Vale. E caiu nas mãos de um escroque, desonesto, corrupto, sem moral, sem ética e sem caráter que se chama Benjamin Steinbruch. Não tinha nada, a família possuía um banco falido, a CSN caiu nas suas mãos enlameadas. Por mistérios indecifráveis, a poderosa CSN corre o risco de ir à falência.

Pelo menos 500 mil pessoas em Volta Redonda, Barra Mansa e outras cidades estão apavoradas de perderem o emprego e o Brasil ficar sem uma das suas maiores fontes de riqueza. O presidente Lula precisa mandar tomar providências urgentes para salvar a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

PS - A investigação pode começar pela fortuna do senhor Steinbruch, saber como começou e a razão de ter chegado ao ponto que chegou.

PS 2 - E depois, verificar porque está respondendo a mais de 10 mil ações e já teve mais de 3 BILHÕES PENHORADOS. Steinbruch costuma dizer, como Daniel Dantas: "Sou inatingível e intocável". Pelo jeito parece que é mesmo. A não ser que aconteça alguma coisa.

Solange Amaral
Simpática mas sem votos, e sempre prejudicada pelo "apoio" de César Maia. Por que não se liberta?

Não foi por acaso que o presidente do Banco Central aumentou os juros em 0,75%. Contrariou todas as expectativas (e até palpites), os mais pessimistas não passavam de 0,50%. Talvez não devêssemos chamar de pessimistas e sim de bem informados os que achavam que os juros subiriam para valer. Os lucros do capital-financeiro especulativo (que não produz nada) ficaram altíssimos, a DÍVIDA sobe a jato.

Parecia impossível: pois na Argentina, Dona Cristina é muito pior que o incompetente Menem. Este ainda conseguiu a reeeleição. Lá mesmo dizem que Dona Cristina não demora perde o cargo e o casamento.
No Estado do Rio ninguém tem a menor dúvida: Zito, que foi prefeito de Caxias, voltará ao cargo sem fazer campanha, sem gastar nada.

Curiosidade: a maior força eleitoral da Baixada, Zito queria ser governador. Aconteceu um fato espantoso: o próprio partido vetou seu nome. Motivo: "É muito provinciano". E os outros?
Lindemberg Farias, que foi para Nova Iguaçu ser prefeito e depois governador, está no mais completo ostracismo. Não era provinciano, diziam. Mas não é lembrado para coisa alguma.

Dona Dilma, se continuar inteiramente desconhecida para 2010, pode disputar o governo do Rio Grande nesse mesmo ano. Mas ela ainda continua na lista de Lula para sua sucessão.
Já Tarso Genro não tem uma chance em 1 milhão para disputar o lugar de Lula. E no Rio Grande do Sul, tem rejeição ainda maior. Foi prefeito, derrotado para governador.

Dona Marta tenta incorporar o espírito galhofeiro dos filhos (principalmente do Supla), fica longe da austeridade do sobrenome, e diz: "Estou trabalhando para ser eleita no primeiro turno". Ha! Ha! Ha!
Só vai para o segundo turno porque existem 9 candidatos é só dois verdadeiros. Assim, inevitavelmente chega junto com Alckmin e perde folgadamente. Perdeu no Poder, por que venceria agora que não é nem governo nem oposição? É o "kassabismo" feminino.

Mais óbvio do que a derrota de Dona Marta é a manchete da "Folha" de ontem: "Sonho de jovem é emprego e casa própria".
É o "sonho" de todos. Roosevelt percebeu isso quando assumiu em 1933, primeiro mandato. Obrigou os bancos a financiarem casa própria através da hipoteca. Dura até hoje, apesar dos bancos.

É uma injustiça impedir a candidatura de Gilberto Kassab à reeeleição, "pelo uso da máquina". Ha! Ha! Ha! Se ele for usar a máquina será soterrado por ela, não tira nem terceiro.
Curitiba é uma das poucas capitais onde o prefeito será reeeleito tranqüilamente. Seu nome: Beto Richa. Ganhou a prefeitura com o nome do pai, mas vai permanecer por causa dele mesmo.

Em Salvador, ACM neto, que estava em quarto lugar, deu um salto e já encostou nos dois primeiros, pode ganhar sem muito esforço. E se ganhar, inaugura nova Era, longe do avô.
Orestes Quércia continua espalhando que será senador em 2010. Tão longe, mas tão perto do "disque Quércia para a corrupção". E o autor da frase (genial), Requião, vai apoiá-lo.

Ontem revelei que a Academia faria um apelo a Antonio Candido para que aceitasse ser eleito para a vaga de Zelia Gattai. O maior intelectual vivo do País, jamais quis se candidatar.
Ontem havia um clima de satisfação e a impressão: o grande crítico (a Academia sempre teve os maiores críticos, desde José Veríssimo) aceitaria. Se não aceitar terá que ser marcada outra data. Os 23 candidatos inscritos não se elegerão.

Federer, ontem, deixou de ser o tenista número 1 do mundo. Em Toronto perdeu no primeiro jogo, agora em Cincinatti, no segundo. Federer não conseguiu ganhar do Karlovic. Vem jogando mal há muito.
Durante todo o governo de Dona Rosinha Mateus revelei escândalos enormes na Secretaria de Saúde, dominada pela quadrilha de Gilson Cantarino. Mostrei tanta corrupção no Hemorio, que a diretora foi transferida mas não demitida ou responsabilizada.

Enriqueceu tanto que mudou de um apartamento de 2 quartos na Ilha do Governador para um de 300 metros na Rua Almirante Guilhem. (Onde moram vários personagens enriquecidos pela corrupção).
Agora a polícia prende todos, a começar pelo próprio Cantarino. Dona Rosinha, "muito atarefada", disse que não sabia de nada.

8 deles entraram com habeas-corpus, julgado anteontem na 2ª Câmara Criminal TJ-RJ. Todos perderam por unanimidade, 3 a 0. Relator: desembargador Antonio José de Carvalho. E mais: desembargadores José Augusto de Araujo Neto e Eunice Ferreira Caldas.
Vão tentar agora no STJ. Desfilando na tribuna, grandes advogados, desses que cobram fortunas para defender réus de peculato, corrupção, formação de quadrilha.
XXX

O que estará acontecendo com os clubes do Rio no Brasileirão? O Flamengo estava disparado na ponta, o treinador, Caio Junior, perto de se transformar num ídolo.

Inesperadamente surge do Qatar aquela proposta indecente, perdão, irrecusável. O Flamengo cobriu em dinheiro e em elogios, Caio Junior ficou.

Depois disso, o Flamengo jogou 5 vezes, não ganhou nenhuma, perdeu 3 e empatou duas. Em 15 pontos, ganhou apenas 2, está no limite de sair do G-4.

O Fluminense empolgou o Rio na final da Libertadores, perdeu, Renato Gaúcho afirmou: "Não faz mal, vamos disputar todas as próximas Libertadores, ganharemos". No Brasileirão não ganha nada. Em 16 jogos, 48 pontos, somou apenas 13 pontos.

O Santos, um dos grandes na história do Brasil, também na zona do rebaixamento. Jogou 17 vezes, 51 pontos, ganhou apenas 16.

E finalmente o Vasco, jogou 15 vezes (completou a rodada ontem, muito depois do meu horário), em 45 pontos tem 15. Os três na zona de rebaixamento, que atração. É possível que saiam. Por enquanto, decepção tripla.