domingo, 19 de fevereiro de 2012


Vinho Tinto e Saúde

Neste Artigo:

- O Deus Baco
- O que é, afinal, o Vinho?
- Vinho tinto – Que benefícios traz?
- O que, no Vinho, pode ser benéfico?
- Vinho tem hora?

"O vinho é uma bebida extraída da uva, conhecido há milhares de anos. Por sua causa, muitos já escreveram livros, compuseram versos e em sua homenagem entoaram cânticos. A paixão pelo vinho é um sentimento amplamente compartilhado pelo mundo todo, desde os mortais até os deuses nas lendas gregas. Uma bebida tão curiosa que ganhou adeptos nos mosteiros, nos templos e nas tabernas. Mas qual é a relação do vinho com a saúde? Qual é a melhor hora para ele ser tomado? Quanto de vinho se deve beber com o objetivo de se manter saudável? Vamos conhecer um pouco sobre o assunto, a partir do qual se pode escolher: alegria ou embriaguez?"

O Deus Baco
Baco (nome latino) ou Dioniso (nome grego) é bastante conhecido das pessoas que apreciam o vinho, sendo reconhecido como deus do vinho e da embriaguez, da colheita e da fertilidade. A lenda conta que Baco era filho de Júpiter e Sêmele e que, quando já era adulto, descobriu as vinhas e seu uso. Instruído pela deusa Cibele, andou pelo mundo a ensinar aos homens o trato da videira e a arte de fabricar o vinho. Andou pela Trácia e pela Índia, montando um carro puxado por panteras e enfeitado com ramos de videira. Foi ele quem introduziu em Tebas as Bacanais, festas regadas a vinho e muita orgia. Os gregos tendem a considerar Baco protetor das belas-artes, mais especialmente do teatro, a partir das representações que faziam ao darem festas em honra ao deus do vinho.

Já a Bíblia diz que o vinho, desde o princípio, foi criado para a alegria, e não para a embriaguez. Esse princípio pode ter ocorrido há seis mil anos, desde quando o homem aprendeu a transformar a uva em vinho.

O hábito de tomar vinho foi se disseminando pelo mundo graças ao estado de bem-estar que ele produz, quando tomado em pequenas doses. Até mesmo pessoas que não bebem regularmente outras bebidas apreciam e reconhecem no vinho uma ‘bebida saudável’.

A Igreja elegeu o vinho a bebida que tem a função, durante o ritual da missa, de significar ‘o sangue de Cristo’. Para os cristãos, o vinho tomado pelo sacerdote durante a missa o santifica e o prepara para distribuir a comunhão aos fiéis. O vinho é, portanto, uma bebida ‘bendita’. Para compreender melhor o porquê, basta saber como ele é feito e quais são as propriedades da uva, seu principal componente.

O que é, afinal, o Vinho?
O processo de obtenção do vinho é, na verdade, bastante longo e sofisticado, passando por várias etapas. O vinho é uma bebida transformada em suco pela maceração da uva e, em seguida, fermentada alcoolicamente.

Nesse processo, a glicose se transforma em álcool etílico pela ação de microorganismos que existem na película que reveste a fruta.

Dizem os conhecedores que o vinho ‘tem alma’, pois é possível encontrar, na mesma bebida, sabor e aromas diferentes de uma safra para a outra e de uma marca para outra mais ainda.

A razão dessas diferenças é que a qualidade do vinho pode ser modificada dependendo de condições tais como: o ponto exato de maturação, o teor de açúcar e acidez, a coloração, o sabor, o aroma.

Essas condições, por sua vez, também dependem do tipo de solo em que as vinhas são plantadas, além da quantidade de sol, de chuva e do adubo. Para os conhecedores, a uva de uma mesma região, plantada em diferentes encostas, pode produzir vinhos diferentes, o que confere ao vinho um caráter original.

Paula Beatriz, engenheira agrônoma paulista, lembra que para chegar à nossa mesa, o vinho passa antes (na verdade, muitos anos antes) pela vindima, que é a colheita da uva, pela fermentação, que é a transformação do mosto (suco) da uva em vinho, depois ele é trasfegado (retirada das borras), clarificado, filtrado, e só então é colocado em tonéis ou pipas para a primeira fase do envelhecimento. Na segunda fase, o vinho é levado a envelhecer já engarrafado, em local escuro (adegas).

Vinho Tinto – Que benefícios traz?
A paixão pelo vinho desperta a motivação pelo estudo dessa bebida, existindo no mundo várias escolas dedicadas ao ensino da enologia (estudo do vinho). Dentre esses estudiosos está o professor de vinho Marcelo Copello, membro das associações brasileira e italiana de sommeliers (ABS e AIS). Copello considera o vinho um amigo do coração, e explica: "Além de nos proporcionar excelente prazer, tomar vinho é um grande aliado do coração. O resveratrol, um dos componentes do tanino, é uma substância encontrada na casca das uvas tintas. Esta substância aumenta o bom colesterol, reduzindo a quantidade do mau colesterol".

Que quantidade de vinho é recomendável, então? Embora amante e estudioso do vinho, Copello não aconselha a exceder na bebida. Ele dá a receita: Uma taça de vinho no jantar é o suficiente. E dá uma dica: "Recentemente, descobriram que os vinhos chilenos, pelas características das uvas, são os melhores para o colesterol", diz ele.

Para os estudiosos do vinho, a contra-indicação fica apenas por conta do excesso, que leva à embriaguez e a seus efeitos, como toda bebida. Um mau vinho, ou a combinação de vinho com outra bebida, pode ocasionar também fortes enxaquecas e a famosa ressaca do dia seguinte. Mas em matéria de vinho e dos efeitos benéficos para a saúde, há muito ainda que descobrir.

O que, no Vinho, pode ser benéfico?
Em seu livro "O Vinho Para Quem Tem Estilo", Marcelo Copello relata que há um capítulo dedicado ao vinho e a saúde, que foi submetido e aprovado por dois médicos. Segundo ele, "O vinho possui cerca de 400 substâncias e é uma bebida ainda pouco conhecida quimicamente. É virtualmente bom para quase tudo em nossa saúde". E acrescenta: "A lista é grande. Do coração à calvície. Do câncer e ao fígado. E na prevenção ao alcoolismo".

Uma questão que fica para ser investigada é se as propriedades benéficas estão exatamente na uva ou na composição da uva com o álcool. Caso a primeira hipótese seja a mais provável, isso mudaria a característica tão disseminada do vinho tinto, porque, neste caso, um simples suco de uva (sem álcool) poderia fazer o mesmo efeito. Mas não é bem assim. Copello diz que algumas das propriedades benéficas do vinho vêm da uva. "Mas para ter este benefício comendo uva", ele lembra, "uma pessoa teria que comer quilos de uvas todos os dias".

Ele ainda explica que "a maioria das propriedades benéficas do vinho advém da mistura de substâncias (álcoois, ácidos, taninos, etc.)" e que os taninos, por exemplo, bastante benéficos, são encontrados nas cascas das uvas tintas, bem como em diversas outras frutas e vegetais.

Vinho tem hora?
Para bom entendedor, vinho tem hora e lugar. Mas, em matéria de saúde, as opiniões variam muito de acordo com o costume de cada comunidade. Na Itália e no Chile, por exemplo, para citar apenas dois países, toma-se vinho a qualquer momento. Nos países tropicais, o recomendado é que se tome um cálice de vinho ao jantar.

Já na antiga Pérsia, pode-se vislumbrar os costumes em relação a tomar vinho, que incluíam o almoço e o café da manhã, pelos versos dos poetas:
A tulipa não vês, que da hora matinal
absorve da atmosfera o vinho celestial?
Faze com crença o mesmo, até que o céu um dia
te inverta para o chão, feito ânfora vazia.

Omar Khayyam, en O Rubaiyat
Copyright © 2005 Bibliomed, Inc.                 19 de Dezembro de 2005.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


Corregedora comemora decisão do STF que reforçou poderes de investigação do CNJ

Jornal do BrasilLuiz Orlando Carneiro, Brasília  

A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiçae pivô da crise entre as associações de juízes e o Conselho Nacional de Justiça, declarou-se “muito feliz” com adecisão provisória do Supremo Tribunal Federal que reforçou a competência do CNJ para abrir processos disciplinares contra magistrados à revelia das corregedorias dos tribunais. E admitiu que esse entendimento — ao reforçar “amplos poderes” para o CNJ — terá “repercussão” no julgamento futuro do mandado de segurança em que a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contesta o ato em que ela determinou a quebra do sigilo bancário e declarações de renda de magistrados, servidores e seus familiares, em 22 tribunais, sem autorização judicial prévia.
No entanto, a corregedora fez questão de esclarecer que a decisão do STF sobre a “competência concorrente” e não apenas “subsidiária” do CNJ, em face das corregedorias estaduais “ainda é provisória”. Assim, a liminar do ministro Marco Aurélio continua “em plena eficácia” até a publicação do acórdão do julgamento. Além disso, ela lembrou que o plenário do STF só vai concluir o julgamento referente ao referendo da liminar na próxima quarta-feira, já que ainda serão analisados quatro artigos da Resolução 135/11, atacada na ação de inconstitucionalidade da AMB. 
Eliana Calmon declarou-se “muito feliz” com a decisão provisória do STF que reforçou a competência do CNJ
Eliana Calmon declarou-se “muito feliz” com a decisão provisória do STF que reforçou a competência do CNJ
Justiça engrandecida
Em entrevista coletiva na sede do CNJ, na tarde desta sexta-feira, Eliana Calmon disse inicialmente que queria “agradecer ao povo brasileiro à sociedade, que acompanharam todo esse movimento de cidadania”.
“Tudo isso foi ocasionado pelo próprio STF que, numa atitude de vanguarda e de prudência, adiou 13 vezes a votação, para que fosse possível à sociedade discutir e amadurecer as ideias. Só depois disso é que o STF começou a julgar a tese que tem grande importância e relevância social. Dai porque acho que a justiça brasileira está engrandecida com essa maturidade e com essa posição do Supremo. Em 32 anos de magistratura, nunca vi, no Brasil, uma discussão tão ampla e tão participativa da sociedade como um todo, das pessoas mais simples aos juristas mais renomados”, afirmou a ministra-corregedora do CNJ.
Apoio da magistratura
Eliana Calmon espera que eventuais “mágoas” e “questionamentos de ordem pessoal” fiquem “zerados” ao final dos julgamentos pelo STF das ações sobre os limites dos poderes investigativos do CNJ.
“Vamos todos — as corregedorias todas e as associações de juízes — dar as mãos, para fazer a justiça que o Brasil precisa. Tenho tido muito apoio da magistratura brasileira que, em sua grande maioria, comunga com o entendimento de que é necessário fiscalizar, o que engrandece os bons juízes, que trabalham sem que alguém fiscalize seus procedimentos” - disse ainda a ministra.
Ela reafirmou não existir nenhuma “devassa ou caça às bruxas” no âmbito do CNJ, e explicou que a maioria das representações que chegam à Corregedoria Nacional são encaminhados para as corregedorias dos tribunais estaduais. “Só tomamos a iniciativa de agir originariamente quando se trata de representações contra desembargadores - casos em que é mais difícil a apuração pelos próprios tribunais - ou quando o juiz reclamado tem algum problema com os próprios colegas. Isso não significa, como dizem alguns, que fazemos uma seleção de “processos midiáticos”. Basta dizer que, hoje, tenho em tramitação da Corregedoria, parados, 56 processos. E sabem vocês de algum nome que está sob investigação? Não sabem, porque, nessa primeira fase, os processos são sigilosos, já que não temos ainda uma base para saber se são verdadeiros os fatos apresentados”, comentou Eliana Calmon.  
Tags: amb, cnj, corregedoria, eliana calmon, julgamento