sexta-feira, 27 de junho de 2008

A emoção-emocionada na morte de Dona Ruth (Hélio Fernandes)

Deliberadamente longe do Poder, recebe a solidariedade do povo

Posso dizer, com segurança, que nunca vi um velório tão emocionante e emocionado como o de Dona Ruth Cardoso. E a repercussão no Brasil inteiro da morte de uma mulher que nunca usou o Poder para aparecer ou se aproveitar, altamente positiva e significativa. O fato de ter merecido a admiração do País inteiro, veio mostrar que esse reconhecimento existia, só não ganhava manchetes e holofotes porque ela mesma fugia disso. Ou impedia que acontecesse.

E é preciso registrar e ressaltar que é o velório (e o enterro no dia seguinte) e as centenas e centenas de personalidades que passaram horas comovidas, olhando seu rosto que parecia cada vez mais sereno, não tinham nada a ver com a participação política do marido.

É evidente que o fato dele ter sido presidente da República durante 8 anos, atraiu muito mais atenção. Mas não se notava em nenhuma presença, como aconteceu e tem acontecido, a vontade de aparecer, de se mostrar, de estar presente num acontecimento acompanhado pelo Brasil inteiro.

E não foi um momento de pura emoção apenas para as elites e grupos intelectuais, mas para o povo mesmo. Já se disse, "que muitos que morreram, ficariam altamente surpreendidos se pudessem ler seus obituários publicados nos órgãos de comunicação". É evidente que a definição tem conteúdo negativo, pois o comum e rotineiro é glorificar os que morrem, qualquer que tenha sido a sua trajetória na vida.

Se Dona Ruth Cardoso a exemplo do conceito famoso, pudesse ler e ouvir o que se escreveu ou falou sobre ela, ficaria positivamente surpreendida, embora discretamente como viveu sempre. Mas não poderia deixar de reconhecer e comentar: "Então viver com grandeza, com dignidade, com generosidade, sem pensar que a ocupação do Poder tem que ser o objetivo de uma vida?"

Intelectual completa, com o domínio do conhecimento, da cultura e até da sabedoria, Dona Ruth se manteve em todas e em quaisquer oportunidades, inteiramente separada do Poder. É lógico que foi durante 8 anos mulher de um presidente da República e sabia muito bem o que isso significava.

E aí reside a maior demonstração de dignidade, generosidade, demonstração de que essa realidade palaciana não a atraía nem a seduzia em nada. Solitária não pelo gosto da solidão, mas pela desvinculação que fazia questão de manter com o Poder, continuou a se manter da mesma forma como se mantinha antes de ser "primeira-dama". Denominação que detestava, outra manifestação altamente positiva. Dona Ruth nunca foi vista com guarda-costa, apesar da exigência do protocolo. E nunca aconteceu coisa alguma.

PS - Nunca estive sequer perto de Dona Ruth, o que não me impediu de acompanhar seus encargos profundamente sociais, sem que propagasse nenhum deles. Ou misturasse o social verdadeiro, com a falsidade exibicionista dos "socialaites".

PS 2 - A tristeza foi mais do que aparente, transitória ou momentânea. Era o sentimento de perda verdadeira. Como disse Líbero Badaró ao ser morto em 1831: "Morre um liberal mas não morre a Liberdade". Para Dona Ruth, basta a constatação de que ela foi morta pelo coração, depois de ter vivido dominada por ele.

Roberto Dinamite
Tem agora nova tarefa dificílima: fazer gols para o Vasco, só que na administração. Corretíssimo, grande vantagem. Além de competente.

O IBOPE de São Paulo, que faz pesquisa praticamente diária, garante: "Dona Marta está na frente de Alckmin, mas perde para ele num possível segundo turno. E o prefeito Kassab está em terceiro". É um festival de lugar-comum. Venho repetindo isso muito antes das convenções. Já disse: Dona Marta não se reeelegeu no cargo, não ganha fora dele. E como são apenas 3 candidatos, Kassab vem em terceiro. Essa eleição vale tanto para 2008 quanto para 2010.
Dona Marta Suplicy, que foi prefeita e perdeu a reeeleição estando no cargo, isolamento completo. Achava que o apoio do presidente Lula seria o suficiente, foi convencida do contrário, começou a "trabalhar" para aumentar o tempo de televisão.

Conseguiu apenas o apoio de Aldo Rebelo (do PC do B), o que é muito pouco. Tem procurado conversar com o presidente Lula, não tem tido sucesso. Como ministra, era mais fácil.
Fora desse "círculo" Serra-Alckmin contra Kassab e Dona Marta, surge a incógnita Lutfalla Maluf. Ninguém sabe o que significa. Na ditadura, os "presidentes" escolhiam os "governadores", os generais não queriam Maluf, ele venceu.

1 ano antes da eleição, Maluf foi preso e exibido algemado, (com cobertura total e exclusiva da TV-Globo) ficou numa cela com o filho. Veio a eleição federal, foi deputado de mais de 500 mil votos. Alguém pode "comprar" tudo isso?
Pergunto a muita gente em SP, até pesquisadores, me dizem: "Maluf é imprevisível. Tecnicamente está fora do jogo pela prefeitura". Mas quem garante? (Estou apenas noticiando e revelando, nada a favor ou contra.)

O senador Cristovam Buarque está coberto de razão a respeito do aumento da contribuição do "bolsa família". O aumento, para cada família, será de 6 reais. Concordando ou não, é muito pouco.
Depois da derrota de Djokovic na primeira rodada, ontem, surpresa total com a eliminação de Sharapova. Perdeu para uma ranqueada como 154. Sempre o que registrei muito: perde saques, duplas faltas irrecuperáveis.

Nas preocupações eleitorais do governo, entre os principais estados, se coloca sempre o Amazonas. A importância é derrotar o senador Artur Virgilio, que pode se reeleger, o que o governo não deseja.
A 17ª Câmara Cível derrubou ontem, decisão que permitia que Eurico Miranda continuasse residindo no imóvel por ele adquirido com dinheiro emprestado pelo Banco Bradesco. O apartamento, em Laranjeiras, foi comprado por cerca de 140 mil cruzados, a serem restituídos em 180 prestações.

Em razão do não pagamento, o imóvel foi leiloado e o próprio credor o arrematou. Mas Eurico Miranda entrou com duas ações para evitar o despejo. As partes estão brigando desde 1997 e nesse novo processo o devedor afirmou ter quitado a dívida e não ter sido intimado do leilão.
Os desembargadores, no entanto, descobriram que o saldo devedor ainda é grande e que Eurico Miranda se recusou a assinar a notificação da execução extrajudicial promovida pelo Banco. Se a situação não mudar, o devedor terá, ainda, que pagar 1% mensal do valor do apartamento. Desde dezembro de 2006 até sua entrega a título de taxa de ocupação.

O que todos me perguntam, resposta difícil: "Crivela perdeu muito voto com o desgaste do "Cimento Social?" Na verdade a repercussão contra ele foi terrível. Mas saber o que representa em voto, só esperando mais um pouco.
A Academia se complicou com 4 ou 5 candidatos e nenhum vencedor. Inventaram então (com 4 embaixadores e um jornalista) o nome da professora Cleonice Berardinelli, apresentada como filha e neta de acadêmicos.

Tem 91 anos, esteve na Academia anteontem. Como chuviscava, Afonso Arinos filho lhe dava proteção do voto e do guarda-chuva. (Continua amanhã com "crivelice literária".)
Agora, sim, o Fluminense tem tudo para ganhar a Libertadores, quarta-feira no Maracanã. Parece contradição, dizer isso depois da QUASE eliminação do time nos 2.850 metros de altura do Equador.

Pois foi esse QUASE que praticamente garantiu a chance enorme que sobrou para o Fluminense. Sofrendo um gol no primeiro minuto, indo para o vestiário goleado por 4 a 1 (e não por méritos do adversário e sim por deficiência do time carioca) tudo parecia perdido.
Mas os equatorianos resolveram "jogar para a arquibancada", acreditavam que estavam vitoriosos, facilitaram para o Fluminense. Este também não reagiu com competência e sim com muita sorte.

Ganharam o segundo tempo por 1 a 0, escaparam da goleada mas não fizeram grande exibição. O gol de Tiago Neves e a bola que aos 40 minutos, perto do final, bateu praticamente dentro do gol de Fernando Henrique, acabou "milagrosamente" na mão dele.
Esses dois lances permitem ao Fluminense ganhar com um resultado não impossível nem mesmo difícil. Com 2 gols vai para a prorrogação, com 3 ganha imediatamente. Curiosidade: a LDU "sentiu a altura", isso não influiu no Fluminense.
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Hoje, no Conselho, Roberto Dinamite será eleito presidente do Vasco, no segundo tempo, é da regra do jogo. Eurico Miranda sempre foi "eleito" assim. E sempre sufocando a oposição, e destroçando o grande clube. E melhor ainda: Eurico diz que NUNCA MAIS será candidato a presidente, "quero ver meus netos crescerem". Apesar de tudo, felicidade.

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A Nova Fronteira está lançando um novo livro de Vilma Guimarães Rosa, com um bom título, "Relembramentos". Será no dia 7 de julho, uma segunda-feira, na Academia.

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No Diário Oficial de anteontem, Sérgio Cabral prorrogou o prazo para que 1.240 fornecedores do Estado, se inscrevam no programa especial de "restos a pagar". Isso é uma vergonha, o TCU já se manifestou, contra o governo federal. E chamando a atenção para os prejuízos.

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O governador Blairo Maggi, não está nem um pouco preocupado com multas ou apreensão de gado. Na sua opinião, "o ministro Minc não resiste ao Natal e Ano Novo". Quem "contou" a ele? Ou é pura adivinhação?

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