terça-feira, 17 de junho de 2008

Nada a ver com 1958, 62, 70, 74, 78, 1982, 1986, 1998 - Ganhando ou perdendo, era a seleção brasileira (Hélio Fernandes)

Ganhando ou perdendo, era a seleção brasileira

Enquanto nada acontece de positivo no plano nacional (só denúncias que jamais chegam a algum resultado), ou o importante mesmo, as eleições para prefeito em 5 mil e 500 municípios (aí já totalizadas as 27 capitais e mais o Distrito Federal) esperam as convenções sem povo, sem urna e sem povo, aprofundemos as análises e observações a respeito da seleção brasileira de futebol.

Não por causa da derrota inesperada contra a inexistente Venezuela e logo a seguir a plácida e platônica atuação contra o Paraguai, que resultou na segunda derrota seguida. Fora da globalização, da corrupção que surge da falta de autenticidade do voto, do desprezo do Brasil pela Amazônia, do desinteresse dos governos (todos eles em 508 anos, Império ou República), não há nada mais empolgante e emocionante para o cidadão do que a sua seleção. Toda vez que se aproxima a Copa do Mundo, o País fica na expectativa do que vai acontecer, quem o treinador (qualquer um) vai convocar, escalar e colocar em campo.

Já estamos em pleno início da Copa. Ontem contra o Paraguai, amanhã contra a Argentina. É bem verdade que o Brasil jamais ficou fora da classificação, a situação é sempre confortável. A América do Sul tem 5 vagas para 10 países, e destes 10, pelo menos 3 não contam ou são contabilizados. Portanto não é o medo de ficar de fora que nos motiva. O medo é que a população se revolte se o resultado de amanhã ficar parecido com o do Paraguai.

Dois extraordinários observadores, Nelson Rodrigues e Millor Fernandes (que não tinham nem têm maiores ligações com o futebol, assistido ou praticado), definiram magistralmente o relacionamento futebol-emoção-povo. Nelson Rodrigues: "A seleção é a Pátria de chuteira".

Millor, parecendo que foi ontem antes do jogo com o Paraguai: "A seleção é muito bem comportada, não BEBE, não FUMA, não JOGA". A impressão é de que Millor falava da seleção que está aí nas manchetes negativas. E com a foto do Dunga desolado, cabeça baixa, expressão corporal de vencido, e isso durante o jogo.

Agora com dados, números, anos, derrotas e vitórias, depois da inimitável seleção de 1970, não só inimitável mas inesquecível.

1974 - Era uma boa seleção, chegamos à semifinal contra a Holanda, a famosa "laranja mecânica". Perdemos em Dortmund e não ganhamos o terceiro lugar, derrotados pela Polônia.

1978 - Não chegamos à final, perdemos para os generais torturadores. Naquele tempo as regras eram outras.

1982 - A maior injustiça de todos os tempos, estaríamos classificados com o empate (hoje não vale mais), saímos em 0 a 0, 1 a 1, 2 a 2 e perdemos com a extraordinária seleção.

1986 - O fato praticamente se repetiria, o jogo Brasil-França foi dos melhores que já vi. Perdemos nos pênaltis.

1990 - A seleção, fraquíssima, estreava Ricardo Teixeira no comando.

1994 - A pior Copa de todos os tempos, fomos campeões (?) nos pênaltis.

1998 - Chegamos à final, era uma grande seleção, poderia ter sido glorificada, não fosse a convulsão do Ronaldo e a confusão do "comando".

2002 - Ganhamos inesperadamente, a seleção era mais forte fora do que dentro do campo. Mas o comando influenciou os jogadores.

2006 - Foi a seleção Garcia Marquez ("100 anos de solidão"), a arrogância foi a maior de todos os tempos. Os jogadores brasileiros admitiam que as outras 31 seleções estavam a seus pés. Ainda não estamos nesse estágio, mas a caminho.

Essa não é a seleção do Brasil, nada a ver. Com exceção de 2 ou 3, os outros nem deviam ter sido convocados. Só por jogarem no exterior? Por aqui existe gente melhor.

PS - Ramalho Ortigão, o grande articulista português de "As farmas", escreveu artigo sem identificar ninguém. Um escritor menor respondeu, como se o artigo fosse dirigido a ele.

PS 2 - E Ramalho Ortigão, no dia seguinte: "Saia do meu espaço, você não é meu personagem". O povo brasileiro poderia imitá-lo, protestando: "Essa não é a seleção brasileira, vocês não têm nada a ver com o nosso histórico futebol". (Podem ganhar ou perder amanhã, isso continua valendo).


Delfim Netto
Na ditadura, processava jornalistas na polícia, mandava dar surras em homens como Oliveira Bastos, era o dono de tudo. Hoje é o "queridinho" da mídia.
Pouco antes da explosão da maldição do AI-5, já se sabia que o regime endurecera. Desde 1965/66 (1964 só vale pela tomada do Poder, quase sem objetivo ditatorial) se travava dura luta entre os que queriam mais ditadura e um grupo sensato, que achava que o regime autoritário não deveria nem poderia durar muito. Por mais surpreendente que possa parecer, Costa e Silva tentava conter os mais exaltados.

Um civil e um militar estavam entre os que consideravam que as coisas estavam muito "doces e suportáveis". Eram o major Passarinho e o ministro da Fazenda, Delfim Netto. No momento, só este me interessa.
Hoje tido e havido como "democrata", leiam e relembrem a ameaça de Delfim contra jornais e jornalistas, genérico, sem explicitação. (Isso em 1967, 1968 e seguintes).

Textual: "O governo vai processar os jornais que vêm alarmando o País com boatos infundados sobre aumento do dólar".
E a seguir: "Não podemos tolerar esses abusos, tomaremos medidas enérgicas para acabar com esses boatos, recorreremos até a processo policial". Não falou em processo judicial ou jornalístico. E está aí, prestigiado, depois de 3 vezes ministro da ditadura. Um autêntico democrata.

Dona Ieda compromete o PSDB ao dizer, não oficialmente mas verdadeiramente: "Não renunciarei nem sofrerei impeachment". Citou nomes, mas minha fonte só liberou isso. Não conheço Dona Ieda, mas gosto de quem resiste, mesmo envolvidíssimo.
Ninguém será PUNIDO no caso da venda da histórica Varig a uma subsidiária dela mesma, chamada Varilog. E isso ocorrerá por uma razão muito simples: ninguém é CULPADO, as coisas acontecem.

Além do mais, a Varig agora é multinacionalizada, globalizada e internacionalizada, como é que poderão punir os "SÓCIOS"?
Mas não há perplexidade que chegue para analisar o caso. Ganharam 420 milhões e ficaram com uma das históricas empresas de aviação. Que República.

Conforme contei ontem e anteontem, o PMDB se fixou definitivamente no que deveria ser obrigatório: candidato próprio para prefeito do Rio. Mas como a divisão é muito grande, aumenta a tensão.
Todos querem que o candidato PRÓPRIO seja escolhido na convenção. Em princípio não tem data marcada, mas pode ser no dia 22. (A convenção do PC do B talvez seja no dia 28).

A fita do "Jornal nacional" é mais contundente do que o Diário Oficial "esquentado por Pezão". E liquida Eduardo Paes como candidato a prefeito pelo PMDB de Sérgio e Pezão.
Nessa fita, no dia 6, de Atenas, ele fala como secretário de Esportes. E como secretário, entusiasmado com a Olimpíada de 2016, possivelmente no Rio capital. Está lá, ninguém tira.

Mas há mais e muito mais grave. O próprio Eduardo Paes declarou que não "se desincompatibilizou, por ser candidato a vereador".
Pretendia puxar uma grande bancada. Aí passou recibo na irregularidade. Para vereador o secretário tem que sair 6 meses antes e não 4, como os candidatos a prefeito.

O prefeito de Juiz de Fora renunciou. Renunciou? Ha! Ha! Ha! Foi preso no palácio, por ordem da Justiça gravaram suas imagens. Ele apareceu com 70 milhões em cima de sua mesa.
E a fala do prefeito Bejane: "70 milhões, vou ganhar 7 milhões de comissão, 7 milhões". Ele mesmo estava deslumbrado. Permanece a dúvida: por que RENUNCIA?

Existe uma vaga de desembargador no quinto constitucional. O Órgão Especial do TJ escolheu a lista tríplice a ser enviada ao governador.
Encabeçada por Marco Aurelio Bezerra de Mello, candidato do governador, não preciso dar os outros 2 nomes. De acordo com a hora em que receber a comunicação do tribunal, Sérgio Cabral fará logo a nomeação.

O ditador Garrastazu Medici ressurge 36 anos depois com a frase que ditaram para ele. Que marcou o seu "governo" junto com a tortura, que foi mais brutal e revoltante no seu "reinado".
A frase, irrefutável: "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Lula poderia repetir, palavra por palavra, sem decorar.

Única diferença: Lula é um extraordinário marqueteiro de si mesmo, principalmente no exterior. Onde vai é aplaudido por reis, rainhas, presidentes, primeiros-ministros.
Lula deveria mudar a sede do seu governo para Nova Iorque ou Paris, estaria diariamente na mídia do mundo.

Lula é o presidente mais EXALTADO e mais ACUSADO de toda a lamentável vida política do Brasil. Mas EXALTADO ou ACUSADO, é o único que não foi atingido nem de raspão.
E a própria oposição insiste e não desiste de falar no TERCEIRO MANDATO. Que, lógico, só pode ser conseguido em 2010 por quem já está no segundo mandato. Queira ou não queira, a oposição quer. Pelo menos é quem "alimenta e mantém o assunto".
XXX

Além da arrogância, da indisciplina e da tolice, a incompreensão de Iziani, jogadora do basquete feminino: "Sou estrela, não fico no banco e sim na quadra". O basquete é um dos esportes onde a importância e influência dos treinadores é mais visível e modificadora do jogo.

No basquete, nem os maiores astros ficam 40 ou 48 minutos em atividade, têm que entrar e sair para descansar. Um só exemplo para a "estrela" Iziani. Na Copa do Mundo de 1990, na Itália, faltando 3 minutos, o Brasil perdia para a Argentina. O treinador colocou em campo Renato Gaúcho. (Ele mesmo, hoje treinador). Entrou tranqüilamente.

Logo depois do jogo, amigos disseram a ele: "No teu lugar eu não entraria, 3 minutos". E a resposta: "Eu não posso desobedecer o treinador. E para mim, nada desastroso. Se não acontecesse nada, como não aconteceu, normal. E se eu faço um gol? Seria a glória".

XXX

Injustiça gritante: o Equador dominou a Argentina, ganhava por 1 a 0 até quase o final. Aos 45 cravados, Veron se machucou, entrou Palacio, que aos 48 e meio (4 minutos de descontos) empatou o jogo.

(Tribuna da Imprensa)

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