sábado, 14 de junho de 2008

A "falácia" da decadência dos Estados Unidos e Juros, bancos e montadoras engarrafam ruas e avenidas (Hélio Fernandes)

Cumprindo seu contrato "não escrito", que começou no Brasil em 1968, nos anos mais duros da ditadura (e que chegaria ao apogeu logo depois, ainda em 1968, com a entrada em vigor do famigerado AI-5, sob o alto patrocínio do "ministro" várias vezes e do "senador" também várias vezes Jarbas Passarinho), a Veja não descumpre o "combinado". E na capa do último número, defende "os patrões americanos" duas vezes.

1 - No alto, uma linha grande, a frase que já diz tudo: "A falácia da decadência americana". A Veja tenta deslocar ou desmentir os que mostram e demonstram que o "Império Romano" desta época caminha para o fim. Impossível é dizer quanto tempo resistirá.

2 - Substancial, mas referendando a "falácia da derrocada", a afirmação: "Barack Obama pode ser o homem mais poderoso do mundo". Primeiro precisa vencer, eu até gostaria que vencesse.

Se ocupar a Casa Branca, Obama terá que impedir a ascensão do euro (e nisso terá, surpreendentemente, o apoio da China, do Japão, da Rússia, dos árabes e do resto), que pode suplantar o dólar papel pintado, que está completando 64 anos de existência.

E finalmente terá que impedir que a cotação do petróleo seja feita não mais em dólares e sim em euros. Mas a Veja estará firme, defendendo formidáveis interesses mútuos, que palavra.

Publicidade colossal e avassaladora da indústria automobilística: "Em 5 meses de 2008, vendemos mais carros do que nos 12 meses de 2007". Isso é progresso, desenvolvimento, sinal de crescimento e prosperidade? Nem pensar nisso, são números enganadores, divulgados exatamente para provocar esse efeito. Perguntinha ingênua, inócua, inútil: então por que a chamada indústria automobilística vendeu tanto, mais do dobro do ano passado? Elementar.

O fator do aumento alucinante das vendas das montadoras tem uma explicação e várias conseqüências. Bancos e indústria automobilística resolveram financiar a compra de carros em mais de 60 meses. O cidadão não olha nem liga para o juro, a única pergunta que ele faz: "Quanto pagarei por mês?". Recebendo a resposta (200, 300, 500 reais), indaga de si mesmo e responde na hora, "isso eu posso pagar".

Restringe ou comprime todas as outras despesas, o carro é um meio de transporte indispensável nas cidades onde os governos não criaram meios coletivos de deslocação. No Rio e em São Paulo (para ficar nas duas grandes capitais), os transportes coletivos vivem na "idade da pedra".

Na Rússia dos Romanov (quando ninguém pensava na Revolução Soviética), antes do Século 20, em Moscou era inaugurado um dos metrôs mais luxuosos do mundo. Ainda no século 19, um dos crimes e processos mais divulgados, conhecido como o "Crime de Saco e Vanzetti", começou com a prisão deles num metrô em Boston.

Com isso, além da visível dificuldade do cidadão pagar as prestações, surge o formidável ENGARRAFAMENTO no Rio e em São Paulo. Lá tentaram tudo, aqui nem tentaram nada. Dados oficiais dizem que em SP 800 carros são licenciados por dia, o que é uma coisa assombrosa. E que nos leva a crer que dentro de alguns anos ninguém sairá de casa.

PS - Dizem, "a indústria automobilística é a segunda criadora de empregos". Mas são empregos ameaçados, os milhares de trabalhadores dessa indústria estão sempre perto de serem demitidos.

PS 2 - Os lucros crescem (o Deus do capitalismo é o lucro), mas não há equilíbrio nem participação dos que trabalham e produzem com os que apenas capitalizam e enriquecem. E tornam intransitáveis ruas e avenidas, com bilhões de prejuízos para a coletividade.


Aécio Neves
É o segundo grande negócio que aparece nos últimos 6 meses "incorporado" ao governador. Está agindo.

Lula não tem candidato para 2010. Isso, que ele mesmo deixou entrever ou até afirmou, abre uma série enorme de hipóteses e possibilidades, políticas e eleitorais. E pode até modificar o relacionamento entre a dita oposição e a realidade do Planalto-Alvorada. O fato de tudo agora ser jogado em cima da ministra-chefe da Casa Civil tem que ter uma explicação e tem mesmo. Nessa cúpula precaríssima do PT-PT, quem se destaca por um momento é Dona Dilma.
Mas assim mesmo, Dona Dilma está longe de "ter luz própria e irradiar calor". No Planalto-Alvorada, todos sabem que dependem, para a sobrevivência diária, do oxigênio fornecido pelo presidente.

Se precisam para o dia-a-dia, imaginem para uma trajetória ainda mais longa, que só terminará dentro de 28 meses, ou seja, em 2010. O trabalho no Planalto-Alvorada é inquietante.
Lula já demitiu ministros pelo telefone, "esqueceu" inteiramente durante os últimos 6 anos senadores eleitos com grande votação, como Paulo Paim e Mercadante. Como ter confiança?

E não se pode deixar de falar nos poderosos que mandavam mais do que Lula no primeiro mandato (Dirceu, Palocci, Gushiken e outros) e foram trucidados política e eleitoralmente.
Para terminar por hoje, por hoje: Lula diz que Dona Dilma não é candidata à sua sucessão. Pode dizer o que quiser, vai acabar como FHC, que pediu que "esquecessem tudo que falei ou escrevi".

No caso de Lula não é por falta de credibilidade ou excesso dessa mesma credibilidade. O que acontece é que tudo que for dito nestes 28 meses que faltam até a eleição de 2010 cai no vazio. Pode ser dito pela oposição ou pelo Planalto-Alvorada, como confirmar ou desmentir?
Na Primeira República (também chamada de "República Velha", como se as outras tivessem qualquer coisa de novo), os presidentes tomavam posse sabendo a quem passariam o mandato. Prudente, Campos Salles, Rodrigues Alves, sem qualquer problema ou dificuldade.

Isso só foi interrompido porque o primeiro presidente mineiro, Afonso Pena, eleito em 1906 por exigência de Minas, morreu no Poder, veio o vice Nilo Peçanha, modificou tudo.
Ninguém está seguro com o que vai acontecer. Ao contrário, no Planalto-Alvorada, todos estão inseguros. E na chamada cúpula da oposição, também ninguém sabe de nada. Têm até dois candidatos, que não é um fato positivo e sim negativo.

Quanto ao já famoso e esvoaçante terceiro mandato, pode acontecer tudo e não acontecer nada. Para a oposição, é uma forma de se manter nas manchetes. Para Lula, é um desafio.
Que ele pode cumprir em 2014 com a mesma satisfação.

Para a mídia (rádios, jornais, a boateira televisão e a insuperável internet) é um assunto, por que abandoná-lo?
O estranho e mais escondido negócio jornalístico dos últimos 50 anos parece concretizado, depois de 2 meses de conversas as mais prolongadas. Um negócio desses não se faz rapidamente.

Mas a surpresa, que poucos sabem ou explicam: não é só um negócio entre COMPRADOR e VENDEDOR, como habitualmente. Falam que Aecio é um dos "interlocutores", precisa penetrar em SP.
É impressionante a altura atingida pela corrupção no País. Agora, pela segunda vez, o prefeito de Juiz de Fora é preso pela prática de várias, algumas, muitas irregularidades. Itamar está desolado. Foi prefeito corretíssimo.

O Brasil fez questão de vencer a Espanha e jogar com a Bielorússia e não Cuba. A Espanha ganhou fácil de Cuba, o Brasil perdeu.
Estivemos 13 pontos atrás, botamos 5 na frente, não mantivemos. Fomos para a prorrogação inteiramente desconcentrados. Mas ainda temos chance.

A Amazônia continua preocupando o governo. Mais pela pressão e a omissão (contra) do que a votação (a favor) no Supremo.
Não querem que a questão seja julgada no mais alto Tribunal do País, aí o resultado para um lado ou outro, irreversível.

Revelei aqui há mais de 1 mês, no dia 4 de junho. Depois de um estudo exaustivo, o ministro Ayres Brito terminou seu voto como relator da questão da Amazônia. No dia seguinte entregou ao presidente Gilmar Mendes, pedindo pauta para votação.
Ficou praticamente combinado que DEVERIA ser votado no plenário na quarta-feira, 21 de maio. (Quinta-feira também há sessão plenária, mas 22 era feriado nacional, Corpus Christis). A partir daí, começou a pressão, o processo desapareceu.

Agora, 11 de junho, ninguém mais fala na importante votação. O presidente Lula trocou um ministro (Dona Marina) por dois (Mangabeira Unger e Carlos Minc), mas no Supremo é perigoso falar em Amazônia. Quem fala, diz: "Votação? Pode ser em 2009".
Está caminhando com inesperada velocidade o acordo das esquerdas com Jandira Feghali. Se sair no primeiro turno, se deve aos governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Nunca se viu indecisão igual.
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Faltando 3 jogos para a final em 7 partidas, o Boston Celtics já festeja o título da NBA. Ganhou os 2 primeiros em casa, perdeu 1 em Los Angeles. Ontem, no segundo, o Los Angeles, em casa, arrasou o primeiro quarto com 21 pontos de vantagem. No segundo, o Boston recuperou apenas 4 pontos. Mas no terceiro e quarto destruiu o Los Angeles e ganhou o jogo, surpresa geral.

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Agora, das 3 partidas, o Boston precisa vencer apenas uma, sendo que as duas últimas em casa.

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Amanhã o Brasil jogo com o Paraguai, em Assunção. Jogo difícil, sempre foi. Um repórter do Globonews perguntou ao Dunga: "Quantos pontos você espera conseguir no jogo com o Paraguai e depois com a Argentina?".

E o Dunga, sério mas gozando o repórter que fez a pergunta tola: "Eu sempre entro em campo para vencer, é lógico que tentaremos conseguir 6 pontos". O repórter, envergonhado, não disse mais nada.

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