Lincoln, Al Capone, Obama
Por que Chicago é tão amplo na citação da História dos EUA? A partir de 1860, travou-se a mais sangrenta guerra civil de todos os tempos. Começou contra a ESCRAVIDÃO, transformou-se em luta SEPARATISTA. A Confederação só continuou existindo por causa do presidente da República, que chegou a dar a impressão de que mudava de posição e de convicção.
Esse presidente, Abraham Lincoln, um dos primeiros grandes líderes americanos contra a SEGREGAÇÃO, chegou a propor aos negros que formasem um país independente na Ilha de Granada. Lincoln garantiria a eles um orçamento que cobrisse todas as despesas deles nos próximos 50 anos.
Os líderes negros não aceitaram. Lincoln, entre a SEGREGAÇÃO e o SEPARATISMO, ficou integralmente pela integração da Confederação. Chegou a ser criticado por favorecer os negros. Na verdade defendia a eternidade do país. Lincoln, presidente, veio de Chicago.
Em 1920, foi aprovada a emenda constitucional número 19, que criava a famigerada Lei Seca. Os Estados Unidos inteiro, 60 anos depois do início da mais terrível guerra civil de todos os tempos (até mesmo a de 1917/18, que terminaria com a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, acabando com 300 anos dos Romanov), passaram a beber desesperada e aloucadamente.
Bebiam dia e noite. Pobres, classe média, ricos e riquíssimos se entregaram à bebida, em massa e de forma inacreditável. Mas o apogeu dessa bebedeira tresloucada foi Chicago, criando o gangsterismo, que dominou o país inteiro. Mas nada como aconteceu em Chicago. Na capital do Estado de Illinois, ninguém ligava para o banditismo, queriam mesmo era beber. Parecia não ter fim.
Mas assumindo o governo em 1933, com os EUA em plena DEPRESSÃO, Roosevelt criou o "New Deal", que salvou o país da crise econômica e em 2 anos diminuiu os 16 milhões de desempregados.
Roosevelt tinha visão geral e global, e já tomou posse preocupado com o gangsterismo e com a Lei Seca. Mandou então para o Congresso a Emenda Número 20, acabando com essa Lei Seca. (Criada em 1920 como Emenda 19, veio essa, a primeira aprovada em 14 anos). Subitamente o país parou de beber, como se dissessem: "É só entrar num bar, pedir uma bebida e só parar quando caísse", não havia mais prazer ou satisfação.
Num relâmpago o crime que dominava Chicago, liquidado. E seu chefe intocável, Al Capone, preso e nunca mais solto. Preso por sonegação de impostos, ninguém imaginava isso. Assim, com uma simples EMENDA CONSTITUCIONAL, desaparecia a bebedeira nacional, liquidavam os gangsters que se matavam em batalhas diárias, o mais famoso e mais poderoso de todos, Al Capone, não resitia a um coletor de impostos.
Agora, de Chicago (lógico não a cidade onde nasceu, mas onde vive há anos, se casou, se elegeu senador, teve filhos e surpreendentemente se candidatou a presidente), surge um outro personagem que já fez história, antes mesmo de assumir. Aos 47 anos, com uma ascendência complicada, negro num país ainda fortemente racista, se transformou numa das esperanças do mundo.
Não apenas dos Estados Unidos, mas de todos os países. Não somente dos 280 milhões de americanos, mas dos 6 bilhões de habitantes do planeta. Estamos torcendo para que ele dê certo, perdão, isso não basta, tem que dar CERTÍSSIMO.
PS - Ele foi eleito e tomará posse dentro de 67 dias, na mais terrível crise de jogatina que já se conheceu. Obama tem que criar (inventar) um mecanismo que impeça as bolsas de se transformarem em cassinos. Sem esquecer dos "derivativos", trilhões por dia.
PS 2 - Se as coisas se agravarem e as soluções ficarem dificultadas, duas providências.
1 - Fechar as bolsas.
2 - Deixar que quem jogar assuma os prejuízos ou fique com os lucros sem favorecimento dos governos.
Amanhã
Parque Lage: TOMBADO legalmente. DESTOMBADO ilegalmente. DESAPROPRIADO constitucionalmente. Roberto Marinho GANHOU 150 MILHÕES.
Mino Carta
Numa entrevista ao excelente Jornal da ABI, afirmou: "Eu jamais quis ser jornalista". Coerência é isso.
A riqueza faz milagres. Ricardo Teixeira que mal sabe ler e escrever assinou artigo em O Globo. É lógico que com a fortuna sonegada, desviada para o exterior (e considerando que é legítima, pois agora tem residência na Suíça) pode pagar quem escreve para ele. E no artigo, com paixão e veemência, defende entusiasmadamente a ÉTICA. Que não praticava antes da CPI que o MASSACROU, e que continua sem praticar depois.
Curiosidade que não consegui satisfazer: quem teria escrito para o presidente da CBF? Entre os seus íntimos, não conheço ninguém que tenha capacidade ou credibilidade para escrever 10% do que saiu.
(O jornalão pede desculpas, era para sair "informe publicitário", esqueceram).
Quinta-feira é feriado nacional, homenagem a Zumbi dos Palmares. Ele merece toda consideração, mas não feriado. Conclusão: os governadores Serra e Aécio decretaram "ponto facultativo" na sexta.
Sérgio Cabral, que não gosta de trabalho, copiou Serra e Aécio de São Paulo e de Minas, fez o mesmo no Estado do Rio. Que República.
Apoiando contraditoriamente Eduardo Paes, Vladimir Palmeira esperava uma secretaria, como os outros estão ganhando.
Não ganhou nada, já rompeu com o prefeito eleito (?), virou "oposicionista". Impressionante o retrocesso da carreira do grande líder quando tinha 20 anos. Parece FHC no governo, pelo menos FHC chegou lá.
Como "justificativa", diz: "Vou apoiar Lindemberg Farias para governador em 2010". Ha! Ha! Ha! Ninguém sabe como ficará 2010. Poderá haver reeeleição? Se puder, Cabral não perde no cargo.
Anderson Adauto, ex-deputado, prefeito de Uberaba (uma potência), candidato à reeeleição, recebeu declaração do ministro Jobim apoiando seu nome. Todos na campanha foram contra a aceitação.
Mas Adauto conseguiu uma comunicação do próprio Lula referendando seu nome, resolveu juntar também a de Jobim.
Assim mesmo ganhou. Responde a inquéritos, com o voto de Jobim, que treve que se aposentar "expulsoriamente", que palavra, e venceu.
Comentário obrigatório e final: pra que eleição, se a "representatividade" concedida pelo povo não "representa" coisa alguma?
Sérgio Cabral procura copiar o presidente Lula em tudo. Por exemplo: as viagens. O governador não pára aqui, imitando o presidente. Acontece que esse é o grande trunfo e triunfo de Lula.
Quanto a Cabral, vai e volta, não conhece ninguém, lógico, não é recebido em lugar algum. Lula é abraçado com respeito e demonstração de prestígio e importância pelas maiores personalidades.
O alcaide-factóide-debilóide, por onde anda? No início do ano disse na televisão: "A Cidade da Música será a minha glorificação. Vou sair de braços abertos, como o Cristo do Corcovado".
Para desgraça dos servos, submissos e subservientes, deu a essa Cidade da Música o nome de Roberto Marinho. Pois foi O Globo que liquidou a irrealidade. Denunciando que custou mais de 600 MILHÕES. Quem irá RESPONSABILIZÁ-LO?
Arminio Fraga, obrigatório reconhecer: é um gênio. Senão do conhecimento e cultura, pelo menos na capacidade de articulação e ultrapassar obstáculos. Trabalhava com o maior gangster financeiro do mundo (George Soros), veio ser presidente do Banco Central.
Ontem, na televisão, disse textualmente: "Os governos precisam ajudar o mercado e salvar os fundos". Ele é individualmente o maior controlador de fundos do Brasil. Notável discernimento.
Não param de me escrever sobre o major Passarinho, que passou para a reserva como coronel. É um dos grandes farsantes da História do Brtasil. De extrema direita confessado (e precisava?), se fingia de democrata. Suas contradições, famosas nos quartéis.
Defensor da tortura e fazendo qualquer coisa para aparecer, deu entrevista e escreveu artigo defendendo o coronel Brilhante (?) Ustra. Exibicionista, não tinha nada a fazer ou dizer.
Foi sempre contraditório mas não conseguia iludir ninguém. Na reunião da manhã de 13 de dezembro no Laranjeiras (o AI-5 sairia à noite), incentivou o "presidente" Costa e Silva a assinar o ATO.
Como Costa e Silva resistia (passou a noite e a madrugada de 12 para 13 sem receber ninguém, vendo "faroestes" com amigos), Passarinho resolveu incentivá-lo, com a frase: "Presidente, às favas com a consciência".
Golbery, que tinha sido afastado do SNI, lógico, deixou lá muitos amigos. Gravaram a sessão inteira, Golbery deu cópia ao jornalista Elio Gaspari, que publicou na Veja, onde trabalhava na época.
Até hoje Passarinho tem ódio do Gaspari. Do que adianta?
XXX
Venus Williams conquistou a Copa do Mundo de Tênis, vencendo as melhores jogadoras do mundo. E ganhou sempre com extrema facilidade.
XXX
A Copa do Mundo de Xangai foi de Djokovic, por simples coincidências e circunstâncias eventuais.
Como Nadal não pôde jogar nem a Davis (contra a Argentina, dentro de uma semana) e Federer teve crise estomacal, que o eliminou mas comprovou seu espírito esportivo (entrando em quadra sabendo que perderira), o sérvio, número 3, ficou praticamente absoluto.
Mas como é um tremendo exibicionista, quase ia jogando o título fora. Ganhou de um Davydenko descuidado (foi o melhor jogador da fase não eliminatória), na final nem parecia o mesmo. De qualquer maneira, Djokovic só chegará a número 1 do mundo quando Federer e Nadal pararem.
O escocês Andy Murray "mascarou" muito cedo, vai fazer 22 anos. Tem enormes qualidades, mas, quando está por baixo, descontrola inteiramente. Tirando a Davis, 2008 acabou para o tênis. Nadal número 1, Federer 2, e Djokovic 3, que é, por enquanto, sua posição no ranking.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Pau neles! (Carlos Chagas)
BRASÍLIA - Parece não ter fim a sucessão de crimes bárbaros acontecidos no País, sejam ou não classificados como hediondos pela lei. Muitos dirão tratar-se de coisa antiga, desde tempos imemoriais, mas a verdade é que com o avanço das telecomunicações a sociedade toma conhecimento dos crimes logo depois deles acontecerem.
Tivesse o Congresso coragem bastante e nossas leis penais já teriam sido modificadas de forma a condenar severamente os autores desse horror permanente. Falando claro: que tal um plebiscito para saber se a população aprova a pena de morte para crimes abomináveis, como ainda agora o estupro e o assassinato de meninas de oito anos? Ou para o gesto de um animal que há pouco atirou na cabeça de duas jovens reféns, uma delas morta?
O que dizer do casal que matou a própria filha ou dos animais que no alto das favelas julgam e condenam seus próprios companheiros a ser queimados vivos? Ninguém se iluda. O resultado desse plebiscito seria favorável à pena de morte. E mesmo se por razões humanitárias fosse afastada a hipótese, a prisão perpétua encabeçaria a relação.
O que não dá é para ficar alegando que só com a melhoria do sistema de educação o país se livrará da sombra de haver-se tornado um dos mais violentos do planeta. Parece claro que muito da criminalidade desapareceria, mas educação ampliada resolveria a questão apenas a médio e longo prazos. E lembrando que sem emprego o cidadão melhor educado apenas se conscientizará mais rápido da impossibilidade de continuar passivamente aceitando o inferno à sua volta.
Muita gente critica, e com razão, o tempo cada vez maior que telejornais, radiojornais e diários impressos dedicam ao crime, à violência e à desgraça do semelhante. Sem dúvida, isso acontece por conta da disputa pela audiência e a circulação, mas basta subir um degrau para a conclusão: cresce o número de telespectadores, ouvintes e leitores atraídos pela animalidade exposta nas telinhas, microfones e folhas. A maioria por indignação, alguns para constarem a existência de agruras maiores do que as suas.
A hora seria, pelo menos, de aproveitar essa tendência para correções fundamentais no combate ao crime. Menos para estimular Bopes e sucedâneos a subir morros atirando e matando, mais para aprimorar o arcabouço legal destinado tanto a reparar o passado quanto a prevenir o futuro. Em matéria de criminosos de todos os tipos que se vem multiplicando, só haverá que enfrentá-los aplicando o mote popular: pau neles! Claro que também investindo pesado na educação.
Não soube perder
Dona Marta faz o dia seguinte ficar pior do que a véspera. Perdeu feia a disputa pela prefeitura paulistana, deveria tirar lições da derrota, como a de que não se faz campanha com base na presunção. Pois não é que em vez de ficar quieta, curtindo a experiência para aplicá-la em outras eleições, a candidata acaba de entrar na Justiça pedindo a cassação da vitória de Gilberto Kassab?
A acusação é de que antes de iniciado o período eleitoral o prefeito apoiou a edição de uma revista exaltando suas obras na capital do estado. Coisa pueril, insignificante, destinada apenas a tomar o tempo de juízes eleitorais. Não soube perder, a companheira.
Munição para os defuntos
A ditadura passou, dela recorda-se apenas como forma de evitar por todos os meios que o passado se repita. Pois não é que o governo Lula vem fornecendo pretextos para alguns defuntos cultores do antigo regime argumentar como tudo eram melhores e diferentes?
Essa disputa entre a Polícia Federal e a Abin transcende as raias do ridículo, ouvindo-se aqui e ali que nos tempos do abominável SNI isso não acontecia. Omitem, é claro, ter sido o SNI um monstro, nas palavras de seu próprio criador. Não se recordam, também, que a Polícia Federal era mero apêndice do sistema então vigente encarregada de executar tarefas consideradas indignas pelos que vestiam farda.
Agora, aceitar passivamente que as duas instituições se digladiem, ofendendo-se e invadindo as atribuições, uma da outra, torna-se mais do que lamentável. Chega a ser perigoso, por demonstrar completa falta de autoridade por parte de quem deveria exercê-la. Um murro na mesa bastaria, mas não há quem se disponha a executá-lo. Possivelmente nem existe mesa.
Dia de compras
Terça-feira foi dia de compras para os seis ministros e seus acompanhantes e assessores que integram a comitiva do presidente Lula, em viagem a Roma. Como na véspera não houve programa para eles, e no dia seguinte, ontem, era facultativa sua presença na reunião com empresários italianos, a conclusão surge clara: o presidente Lula está financiando férias de luxo à parte do ministério. Espera-se que nem todos sigam hoje para Washington na companhia do chefe, que participará da nova reunião do G-20 sem direito a aspones nem a papagaios de pirata.
Tivesse o Congresso coragem bastante e nossas leis penais já teriam sido modificadas de forma a condenar severamente os autores desse horror permanente. Falando claro: que tal um plebiscito para saber se a população aprova a pena de morte para crimes abomináveis, como ainda agora o estupro e o assassinato de meninas de oito anos? Ou para o gesto de um animal que há pouco atirou na cabeça de duas jovens reféns, uma delas morta?
O que dizer do casal que matou a própria filha ou dos animais que no alto das favelas julgam e condenam seus próprios companheiros a ser queimados vivos? Ninguém se iluda. O resultado desse plebiscito seria favorável à pena de morte. E mesmo se por razões humanitárias fosse afastada a hipótese, a prisão perpétua encabeçaria a relação.
O que não dá é para ficar alegando que só com a melhoria do sistema de educação o país se livrará da sombra de haver-se tornado um dos mais violentos do planeta. Parece claro que muito da criminalidade desapareceria, mas educação ampliada resolveria a questão apenas a médio e longo prazos. E lembrando que sem emprego o cidadão melhor educado apenas se conscientizará mais rápido da impossibilidade de continuar passivamente aceitando o inferno à sua volta.
Muita gente critica, e com razão, o tempo cada vez maior que telejornais, radiojornais e diários impressos dedicam ao crime, à violência e à desgraça do semelhante. Sem dúvida, isso acontece por conta da disputa pela audiência e a circulação, mas basta subir um degrau para a conclusão: cresce o número de telespectadores, ouvintes e leitores atraídos pela animalidade exposta nas telinhas, microfones e folhas. A maioria por indignação, alguns para constarem a existência de agruras maiores do que as suas.
A hora seria, pelo menos, de aproveitar essa tendência para correções fundamentais no combate ao crime. Menos para estimular Bopes e sucedâneos a subir morros atirando e matando, mais para aprimorar o arcabouço legal destinado tanto a reparar o passado quanto a prevenir o futuro. Em matéria de criminosos de todos os tipos que se vem multiplicando, só haverá que enfrentá-los aplicando o mote popular: pau neles! Claro que também investindo pesado na educação.
Não soube perder
Dona Marta faz o dia seguinte ficar pior do que a véspera. Perdeu feia a disputa pela prefeitura paulistana, deveria tirar lições da derrota, como a de que não se faz campanha com base na presunção. Pois não é que em vez de ficar quieta, curtindo a experiência para aplicá-la em outras eleições, a candidata acaba de entrar na Justiça pedindo a cassação da vitória de Gilberto Kassab?
A acusação é de que antes de iniciado o período eleitoral o prefeito apoiou a edição de uma revista exaltando suas obras na capital do estado. Coisa pueril, insignificante, destinada apenas a tomar o tempo de juízes eleitorais. Não soube perder, a companheira.
Munição para os defuntos
A ditadura passou, dela recorda-se apenas como forma de evitar por todos os meios que o passado se repita. Pois não é que o governo Lula vem fornecendo pretextos para alguns defuntos cultores do antigo regime argumentar como tudo eram melhores e diferentes?
Essa disputa entre a Polícia Federal e a Abin transcende as raias do ridículo, ouvindo-se aqui e ali que nos tempos do abominável SNI isso não acontecia. Omitem, é claro, ter sido o SNI um monstro, nas palavras de seu próprio criador. Não se recordam, também, que a Polícia Federal era mero apêndice do sistema então vigente encarregada de executar tarefas consideradas indignas pelos que vestiam farda.
Agora, aceitar passivamente que as duas instituições se digladiem, ofendendo-se e invadindo as atribuições, uma da outra, torna-se mais do que lamentável. Chega a ser perigoso, por demonstrar completa falta de autoridade por parte de quem deveria exercê-la. Um murro na mesa bastaria, mas não há quem se disponha a executá-lo. Possivelmente nem existe mesa.
Dia de compras
Terça-feira foi dia de compras para os seis ministros e seus acompanhantes e assessores que integram a comitiva do presidente Lula, em viagem a Roma. Como na véspera não houve programa para eles, e no dia seguinte, ontem, era facultativa sua presença na reunião com empresários italianos, a conclusão surge clara: o presidente Lula está financiando férias de luxo à parte do ministério. Espera-se que nem todos sigam hoje para Washington na companhia do chefe, que participará da nova reunião do G-20 sem direito a aspones nem a papagaios de pirata.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
148 anos depois da guerra civil contra a escravidão Um negro é eleito presidente dos EUA (Helio Fernandes)
Em nenhum momento da campanha eleitoral que terminou esta madrugada tive qualquer dúvida sobre a vitória de Obama. Mas o que pode parecer contradição mas era apenas o conhecimento da realidade: em nenhum momento da campanha eleitoral, nem de longe tive a certeza de que Obama seria o vencedor. Meu receio é que tirassem a vitória de Obama, como em 2000 com a "vitória" de Bush.
Bush tirou a vitória de Al Gore. O vice de Clinton não representava o mínimo que fosse que Obama representa agora. Pelo menos em tese, em expectativa, em esperança, a partir de 20 de janeiro de 2009, quando ele chegar à Casa Branca, como presidente eleito.
Al Gore foi esbulhado (leiam: política e eleitoralmente roubado), mas se esse esbulho se repetisse, que foi sempre o meu temor, não seria apenas mais uma demonstração de preconceito, hipocrisia e puritanismo da classe média americana. Nesse conjunto estaria incluído o pior de todos os itens, a SUPREMACIA DO RACISMO SOBRE A RAZÃO PURA.
Obama ganhou a eleição na campanha eleitoral. O recorde de votantes num país onde votar não é obrigatório se deve ao carisma de Obama. Tirando os militares (e Washington, o primeiro presidente eleito em 1788, junto com a promulgação da Constituição), são quase sempre senadores ou governadores. Obama é senador, mas no início da campanha poucos acreditavam nele.
Só que à medida que a campanha ia se desenvolvendo, Obama foi crescendo, assumindo uma posição que poucos acreditavam que fosse dele. A ponto de aparecer em todas as pesquisas em primeiro lugar, bem na frente de McCain. Expectativa dos institutos que se confirmaram inteiramente.
Para satisfação dos EUA, da Europa, África, Américas e do mundo todo, Obama, que começou praticamente como desconhecido, terminou como estadista, antes mesmo de fazer qualquer coisa. Perdão, Obama passou a ser considerado não apenas carismático, mas um verdadeiro estadista, com o discurso da vitória pronunciado diante de mais de 1 milhão de pessoas, frente a frente, mais os milhões que viam e ouviam pela televisão.
De 1840 a 1860, apenas três países do mundo ocidental mantinham a escravidão: EUA, Cuba e Brasil. Com a mais terrível guerra civil de todos os tempos (1860-1864), os EUA não conseguiram acabar com o racismo mas colaboraram para assassinar um dos seus estadistas, o presidente Lincoln.
Desinformados, os jornalões dizem que "o racismo nos EUA acabou por iniciativa do presidente Lyndon Johnson". Nem a iniciativa, nem a conclusão foram dele. Quem pediu em 1962 à Corte Suprema o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL foi Kennedy. E quem concedeu em 1964 (com Kennedy já assassinado) foi a Corte Suprema. Revolução que levou 44 anos para produzir seu primeiro resultado emocionante e mais revolucionário ainda do que o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL, a eleição de um negro para a Casa Branca. E Obama não é um negro qualquer.
Um "negro qualquer" não faz aquele discurso quase inacreditável, provocando choro e emoção em pelo menos dois terços dos que o ouviam. Que discurso, que palavras, que pregação, que reafirmação da união, começando pela família e empolgando o país.
PS - O recorde no número de votantes foi que deu a vitória a Obama. E foi ele sozinho, não pela cor da pele, sim pela clareza do raciocínio, do comportamento e da esperança que provocava e consolidava, que levou mais de 130 milhões a votarem voluntariamente.
PS 2 - De agora até 20 de janeiro, toda a emoção e curiosidade se transformarão em aplauso à medida que forem surgindo os nomes dos que trabalharão com ele. E por que não esperar um New Deal com outro nome, 75 anos depois de Roosevelt?
Presidente Obama
Já apareceu aqui durante a campanha. Mas logicamente é a primeira como PRESIDENTE. Espero que por todo o mandato.
Vi e ouvi a primeira notícia sobre a vitória definitiva de Obama às 2,40 da madrugada já da quarta-feira, horário de Brasília. Foi na CNN. Às 2,55, 15 minutos depois, era a Fox News (do gangster Rupert Murdoch) que confirmava o fato. Tentei descobrir qualquer coisa na Globo ou nas suas estações a cabo, mas estavam todas em MANUTENÇÃO.
Com uma multidão de repórteres, correspondentes, analistas, enviados especiais (80 por cento do primeiro time), a Globo só foi "ter a honra" de informar os telespectadores às 6,40 da manhã, já com o sol brilhando mais forte por causa da vitória de Obama.
A notícia foi dada pelo "Bom dia, Brasil", que pretende ser, pela manhã, o que o "Jornal Nacional" acredita que representa à noite. E foi uma cobertura medíocre, monótona, repetitiva.
Tudo o que já havia sido publicado no "Jornal Nacional" da véspera (e nos canais a cabo) foi mostrado sem constrangimento e sem o mínimo de requentamento. Deram as filas enormes, além de dois resultados estaduais que já se conhecia de véspera, nada mais.
Em matéria de jornalismo, a Organização acumula o mais retumbante, que palavra, fracasso. Como é a única, poucos perceberam. Nos EUA, vários canais se revezavam a noite toda disputando a notícia.
Desinformação geral da mídia.
1 - Não foi semana passada que Orestes Quércia se atrelou a José Serra. Tem mais de 1 ano. E o próprio Quércia revelou a "convicção": apóia Serra e será apoiado para o Senado.
2 - Jarbas Vasconcellos não trabalha para que 40 por cento do PMDB apóiem Serra. O ex-governador trabalha para si mesmo. Em 2002 foi convidado pessoalmente por Serra para vice. Não pôde aceitar.
3 - Agora quer aparecer logo como vice, antes que qualquer outro aventureiro o faça. 4 - Muitos apostam que Aécio já desistiu da legenda do PSDB. Por que desistiria, se a legenda não tem certeza de nada?
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: Franklin Martins tem dito a amigos: "Estou na lista dos presidenciáveis da preferência do presidente Lula".
Como dizem que o impossível acontece, o vice do ex-jornalista seria Sérgio Cabral. Ha! Ha! Ha!
Eduardo Paes está nomeando todos que trabalharam com Cesar Maia. Quem sabe não arranja "um bico" para o próprio ex-ídolo?
Enquanto isso, Crivela, Vladimir Palmeira, Dona Jandira, Molon ficam sem nada depois de tanta dedicação? Paes não pode ser tão injusto.
O que é que adianta Dona Dilma abandonar o chocolate para emagrecer? Na campanha para ver qual o poste das preferências de Lula, ela levará um "chocolate" tão grande, ficará "magrinha".
Lula estava feliz com o fato de ter "recomendado Obama para presidente" e ele ter ganho mesmo. Muitos criticaram Lula por ter tomado partido. Os EUA sempre "massacraram" a América, por que o silêncio?
Foi Theodore Roosevelt, em 1903, como vice que assumiu a Casa Branca, que chamou os países da América de "banana republic". Eles podem intervir e explorar o Brasil, não podemos torcer por um presidente?
No Brasil a vitória de Obama não teve muito efeito na jogatina das bolsas. Abriu em baixa, quase às 2 da tarde continuava caindo. O Dow abriu em alta, pequena mas alta, acreditaram mais do que nós.
A propósito: o presidente Lula disse textualmente "que é preciso providências enérgicas para impedir que as bolsas continuem como cassino". Obrigado, Lula, escrevo isso há mais de 30 anos.
Há 6 meses revelei aqui: em dezembro não existirão as tradicionais promoções de generais-de-divisão a generais-de-exército. Quer dizer: de 3 Estrelas para 4 Estrelas, o último ponto da carreira.
Concluí: essas promoções não se realizariam em dezembro por falta de vagas. Mas seriam retomadas em março, quando existirão duas vagas. Uma delas será preenchida pelo brilhante e competente general Rui Monarca, atual comandante da Vila Militar.
Agora posso anunciar para os próximos dias duas movimentações de generais de 4 Estrelas (exército). O general José Elito Carvalho Siqueira será transferido para o Ministério da Defesa.
Comanda atualmente o Exército Militar do Sul, antigo III Exército. Para o seu lugar irá o general José Carlos de Nardi. O general Elito, muito amigo do ministro Nelson Jobim, ainda não tem cargo designado.
Os convites ainda não estão confeccionados, mas a passagem do comando será no dia 28 deste novembro, a última 6ª feira do mês.
O outro 4 Estrelas de março ainda não está decidido. Mas é possível que essas duas promoções possibilitem e permitam movimentação mais ampla.
XXX
O Diário Oficial de ontem publica na primeira página: o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, assinando contrato de financiamento, no valor de 40 milhões de reais. Com a Caixa Econômica Federal, para construção de uma nova sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. Justificativa, a de sempre: reunir toda a empresa e acabar com o pagamento espalhado de aluguéis.
Governador em exercício? Pois é. Mais uma vez, a vigésima que o Pezão assume. Hoje, não se sabe onde está o governador Sérgio Cabral. Como suas sucessivas viagens são menores do que 15 dias, ele não precisa, para cada uma, pedir licença à Alerj.
Vai em frente, vivendo seus momentos de turista à custa do tesouro público. Que República.
XXX
Muita gente me telefonando sobre o artigo que prometi para amanhã, da INCORPORAÇÃO e não FUSÃO ou VENDA do Itaú sobre o Unibanco.
Agora os amestrados já decidiram (ou "descobriram") que o Itaú mais a incorporação do Unibanco exercerão grande importância na América Latina. Ha! Ha! Ha! Só que ninguém informa desinteressadamente o que é que o cidadão-contribuinte-eleitor ganhará.
Minha grande preocupação: que Roberto Setubal, que não tem formação intelectual, feche a revista "Piauí".
(Amanhã, texto integral e verdadeiro, incorporação e não fusão.)
Bush tirou a vitória de Al Gore. O vice de Clinton não representava o mínimo que fosse que Obama representa agora. Pelo menos em tese, em expectativa, em esperança, a partir de 20 de janeiro de 2009, quando ele chegar à Casa Branca, como presidente eleito.
Al Gore foi esbulhado (leiam: política e eleitoralmente roubado), mas se esse esbulho se repetisse, que foi sempre o meu temor, não seria apenas mais uma demonstração de preconceito, hipocrisia e puritanismo da classe média americana. Nesse conjunto estaria incluído o pior de todos os itens, a SUPREMACIA DO RACISMO SOBRE A RAZÃO PURA.
Obama ganhou a eleição na campanha eleitoral. O recorde de votantes num país onde votar não é obrigatório se deve ao carisma de Obama. Tirando os militares (e Washington, o primeiro presidente eleito em 1788, junto com a promulgação da Constituição), são quase sempre senadores ou governadores. Obama é senador, mas no início da campanha poucos acreditavam nele.
Só que à medida que a campanha ia se desenvolvendo, Obama foi crescendo, assumindo uma posição que poucos acreditavam que fosse dele. A ponto de aparecer em todas as pesquisas em primeiro lugar, bem na frente de McCain. Expectativa dos institutos que se confirmaram inteiramente.
Para satisfação dos EUA, da Europa, África, Américas e do mundo todo, Obama, que começou praticamente como desconhecido, terminou como estadista, antes mesmo de fazer qualquer coisa. Perdão, Obama passou a ser considerado não apenas carismático, mas um verdadeiro estadista, com o discurso da vitória pronunciado diante de mais de 1 milhão de pessoas, frente a frente, mais os milhões que viam e ouviam pela televisão.
De 1840 a 1860, apenas três países do mundo ocidental mantinham a escravidão: EUA, Cuba e Brasil. Com a mais terrível guerra civil de todos os tempos (1860-1864), os EUA não conseguiram acabar com o racismo mas colaboraram para assassinar um dos seus estadistas, o presidente Lincoln.
Desinformados, os jornalões dizem que "o racismo nos EUA acabou por iniciativa do presidente Lyndon Johnson". Nem a iniciativa, nem a conclusão foram dele. Quem pediu em 1962 à Corte Suprema o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL foi Kennedy. E quem concedeu em 1964 (com Kennedy já assassinado) foi a Corte Suprema. Revolução que levou 44 anos para produzir seu primeiro resultado emocionante e mais revolucionário ainda do que o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL, a eleição de um negro para a Casa Branca. E Obama não é um negro qualquer.
Um "negro qualquer" não faz aquele discurso quase inacreditável, provocando choro e emoção em pelo menos dois terços dos que o ouviam. Que discurso, que palavras, que pregação, que reafirmação da união, começando pela família e empolgando o país.
PS - O recorde no número de votantes foi que deu a vitória a Obama. E foi ele sozinho, não pela cor da pele, sim pela clareza do raciocínio, do comportamento e da esperança que provocava e consolidava, que levou mais de 130 milhões a votarem voluntariamente.
PS 2 - De agora até 20 de janeiro, toda a emoção e curiosidade se transformarão em aplauso à medida que forem surgindo os nomes dos que trabalharão com ele. E por que não esperar um New Deal com outro nome, 75 anos depois de Roosevelt?
Presidente Obama
Já apareceu aqui durante a campanha. Mas logicamente é a primeira como PRESIDENTE. Espero que por todo o mandato.
Vi e ouvi a primeira notícia sobre a vitória definitiva de Obama às 2,40 da madrugada já da quarta-feira, horário de Brasília. Foi na CNN. Às 2,55, 15 minutos depois, era a Fox News (do gangster Rupert Murdoch) que confirmava o fato. Tentei descobrir qualquer coisa na Globo ou nas suas estações a cabo, mas estavam todas em MANUTENÇÃO.
Com uma multidão de repórteres, correspondentes, analistas, enviados especiais (80 por cento do primeiro time), a Globo só foi "ter a honra" de informar os telespectadores às 6,40 da manhã, já com o sol brilhando mais forte por causa da vitória de Obama.
A notícia foi dada pelo "Bom dia, Brasil", que pretende ser, pela manhã, o que o "Jornal Nacional" acredita que representa à noite. E foi uma cobertura medíocre, monótona, repetitiva.
Tudo o que já havia sido publicado no "Jornal Nacional" da véspera (e nos canais a cabo) foi mostrado sem constrangimento e sem o mínimo de requentamento. Deram as filas enormes, além de dois resultados estaduais que já se conhecia de véspera, nada mais.
Em matéria de jornalismo, a Organização acumula o mais retumbante, que palavra, fracasso. Como é a única, poucos perceberam. Nos EUA, vários canais se revezavam a noite toda disputando a notícia.
Desinformação geral da mídia.
1 - Não foi semana passada que Orestes Quércia se atrelou a José Serra. Tem mais de 1 ano. E o próprio Quércia revelou a "convicção": apóia Serra e será apoiado para o Senado.
2 - Jarbas Vasconcellos não trabalha para que 40 por cento do PMDB apóiem Serra. O ex-governador trabalha para si mesmo. Em 2002 foi convidado pessoalmente por Serra para vice. Não pôde aceitar.
3 - Agora quer aparecer logo como vice, antes que qualquer outro aventureiro o faça. 4 - Muitos apostam que Aécio já desistiu da legenda do PSDB. Por que desistiria, se a legenda não tem certeza de nada?
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: Franklin Martins tem dito a amigos: "Estou na lista dos presidenciáveis da preferência do presidente Lula".
Como dizem que o impossível acontece, o vice do ex-jornalista seria Sérgio Cabral. Ha! Ha! Ha!
Eduardo Paes está nomeando todos que trabalharam com Cesar Maia. Quem sabe não arranja "um bico" para o próprio ex-ídolo?
Enquanto isso, Crivela, Vladimir Palmeira, Dona Jandira, Molon ficam sem nada depois de tanta dedicação? Paes não pode ser tão injusto.
O que é que adianta Dona Dilma abandonar o chocolate para emagrecer? Na campanha para ver qual o poste das preferências de Lula, ela levará um "chocolate" tão grande, ficará "magrinha".
Lula estava feliz com o fato de ter "recomendado Obama para presidente" e ele ter ganho mesmo. Muitos criticaram Lula por ter tomado partido. Os EUA sempre "massacraram" a América, por que o silêncio?
Foi Theodore Roosevelt, em 1903, como vice que assumiu a Casa Branca, que chamou os países da América de "banana republic". Eles podem intervir e explorar o Brasil, não podemos torcer por um presidente?
No Brasil a vitória de Obama não teve muito efeito na jogatina das bolsas. Abriu em baixa, quase às 2 da tarde continuava caindo. O Dow abriu em alta, pequena mas alta, acreditaram mais do que nós.
A propósito: o presidente Lula disse textualmente "que é preciso providências enérgicas para impedir que as bolsas continuem como cassino". Obrigado, Lula, escrevo isso há mais de 30 anos.
Há 6 meses revelei aqui: em dezembro não existirão as tradicionais promoções de generais-de-divisão a generais-de-exército. Quer dizer: de 3 Estrelas para 4 Estrelas, o último ponto da carreira.
Concluí: essas promoções não se realizariam em dezembro por falta de vagas. Mas seriam retomadas em março, quando existirão duas vagas. Uma delas será preenchida pelo brilhante e competente general Rui Monarca, atual comandante da Vila Militar.
Agora posso anunciar para os próximos dias duas movimentações de generais de 4 Estrelas (exército). O general José Elito Carvalho Siqueira será transferido para o Ministério da Defesa.
Comanda atualmente o Exército Militar do Sul, antigo III Exército. Para o seu lugar irá o general José Carlos de Nardi. O general Elito, muito amigo do ministro Nelson Jobim, ainda não tem cargo designado.
Os convites ainda não estão confeccionados, mas a passagem do comando será no dia 28 deste novembro, a última 6ª feira do mês.
O outro 4 Estrelas de março ainda não está decidido. Mas é possível que essas duas promoções possibilitem e permitam movimentação mais ampla.
XXX
O Diário Oficial de ontem publica na primeira página: o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, assinando contrato de financiamento, no valor de 40 milhões de reais. Com a Caixa Econômica Federal, para construção de uma nova sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. Justificativa, a de sempre: reunir toda a empresa e acabar com o pagamento espalhado de aluguéis.
Governador em exercício? Pois é. Mais uma vez, a vigésima que o Pezão assume. Hoje, não se sabe onde está o governador Sérgio Cabral. Como suas sucessivas viagens são menores do que 15 dias, ele não precisa, para cada uma, pedir licença à Alerj.
Vai em frente, vivendo seus momentos de turista à custa do tesouro público. Que República.
XXX
Muita gente me telefonando sobre o artigo que prometi para amanhã, da INCORPORAÇÃO e não FUSÃO ou VENDA do Itaú sobre o Unibanco.
Agora os amestrados já decidiram (ou "descobriram") que o Itaú mais a incorporação do Unibanco exercerão grande importância na América Latina. Ha! Ha! Ha! Só que ninguém informa desinteressadamente o que é que o cidadão-contribuinte-eleitor ganhará.
Minha grande preocupação: que Roberto Setubal, que não tem formação intelectual, feche a revista "Piauí".
(Amanhã, texto integral e verdadeiro, incorporação e não fusão.)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
O PT poderá reagir (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Como regra, o PT costuma tomar decisões através de sua Executiva Nacional, em São Paulo. Quinze ou dezesseis pessoas, como rotina. Claro que quase sempre de comum acordo com o presidente Lula. Como está marcada para sexta-feira, em Brasília, reunião do Diretório Nacional do partido, com mais de cem companheiros, a pergunta que se faz é se anda acontecendo coisa grave ou, mesmo, explosiva, nos corredores petistas.
Divulga-se que no encontro será examinada e quem sabe decidida à questão das presidências da Câmara e do Senado. Porque o acordo anterior entre PT e PMDB era para a alternância nas presidências das casas do Congresso. Arlindo Chinaglia, do PT, seria sucedido por Michel Temer, do PMDB, na Câmara, enquanto no Senado Garibaldi Alves, do PMDB, cederia o lugar a Tião Viana, do PT.
Menos pela vitória nas eleições municipais, mais pela observação das preliminares da sucessão presidencial de 2010, senadores do PMDB decidiram-se fazer valer o regimento interno do Senado, estabelecendo a presidência para a maior bancada. O PMDB dispõe de vinte senadores, o PT de treze, mantida proporção parecida na Câmara.
Em pé-de-guerra, propriamente, o PT não está, mas as escaramuças começaram. Se os peemedebistas não cumprem o acordo no Senado, os petistas sentem-se desobrigados de cumpri-lo na Câmara. Em vez de votar no deputado Michel Temer, votariam no deputado Ciro Nogueira, avulso, ou em outro nome a aparecer. Seria a réplica pelo fato de o PMDB não escolher Tião Viana e lançar um dos seus, quem sabe até José Sarney.
No começo o presidente Lula procurou obter o compromisso dos peemedebistas, depois vacilou um pouco, não querendo briga com o partido fundamental para a preservação do poder em 2010. Parece que de segunda-feira para cá, o chefe do governo engrossou de novo, exigindo a alternância. Poderá oscilar outra vez, até sexta-feira, tudo dependendo da capacidade de resistência do PMDB, ao qual também não interessam entreveros com o palácio do Planalto. Afinal, o partido tem seis ministros e montes de dirigentes de estatais e sucedâneos.
A solução poderá estar na convocação do Diretório Nacional do PT, pretensamente quem dá a última palavra. Se foram apenas os dirigentes petistas a programá-la, sem participação do presidente Lula, será sinal de turbulências no relacionamento entre eles. Como o presidente não é ingênuo, quem sabe partiu dele a iniciativa, mesmo encoberta, de reunir o dito órgão máximo das decisões?
Um fechamento de questão pela alternância no Senado, tendo como reação o abandono do acordo na Câmara, levaria a iniciativa ao PMDB. Como reagiriam seus caciques? Mesmo sabendo que Lula não rasga dinheiro e não demitirá os ministros do maior partido nacional, um curto-circuito faria mal a todos. Estaria nessa pressão a chave para a vitória de Tião Viana?
O que nos leva à última consideração: os motivos para os senadores do PMDB reivindicarem a presidência da casa transcendem questões regimentais e até a idiossincrasia verificada entre Tião Viana e o ex-presidente Renan Calheiros. Atingem diretamente a sucessão presidencial de 2010. Dispondo das duas presidências do Congresso, o partido balizaria a disputa.
Primeiro, evitando manobras para a mudança nas regras do jogo, ou seja, impedindo a votação de emendas constitucionais capazes de gerar o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Como, também, obrigando o presidente a desistir da candidatura de Dilma Rousseff, se a chefe da Casa Civil não decolar.
Dirigindo os trabalhos na Câmara e no Senado, tudo favorecerá os interesses do PMDB. Só que esses formam um arco-íris: apoiar Dilma, se ela emplacar, indicando o candidato a vice-presidente; forçar o presidente Lula a aceitar Aécio Neves, se ele ingressar no partido, ou bandear-se para José Serra. São complicados os desígnios do PMDB...
Logo no estado natal de Lula
Divulgou-se esta semana a primeira pesquisa, mesmo restrita a Pernambuco, a respeito da sucessão presidencial. Senão um espectro das tendências nacionais, a consulta confirmou velhos números, conhecidos antes da campanha pelas eleições municipais. Deu José Serra na frente, seguido por Ciro Gomes, Aécio Neves e Heloísa Helena. Fechando a raia ficou Dilma Rousseff, com minguados 4%.
Com o maior respeito, fica evidente que Pernambuco não é o Brasil, mas se sinais idênticos começarem a ser colhidos em outros estados e outras regiões estará aceso o sinal amarelo no semáforo postado defronte ao palácio do Planalto. Contaria o presidente Lula com outras opções petistas? Dificilmente, pelo menos analisando o quadro com os fatores de hoje. Para ele, será insistir na chefe da Casa Civil através de mecanismos bem superiores aos adotados até agora ou...
Ou curvar-se ao abominável apelo que se faz sentir cada vez mais forte no PT e adjacências: o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Aliás, a esse respeito, é bom esclarecer que por falar de bruxas a gente tem que entrar no caldeirão. Pelo contrário, levantando com freqüência essa hipótese execrável porque golpista, estamos alertando, jamais estimulando. O esclarecimento vai para o leitor e ouvinte Ari Marques, de São Paulo, capital.
Alckmin não recua
Desabafo de Geraldo Alckmin, ouvido por quem esteve com ele faz pouco: "Eu sou feito o Zagalo. Vão ter que me engolir...".
O ex-governador e candidato derrotado à prefeitura paulistana mantêm duas disposições paralelas: não sair do PMDB e colocar-se como candidato à sucessão de José Serra.
Alckmin sabe não contar com a menor simpatia do atual governador, com quem, aliás, ainda não se encontrou desde o domingo 5 de outubro, quando da realização do primeiro turno das eleições municipais. Mas sabe, também, que um PSDB rachado em São Paulo não constituirá propriamente uma boa rampa de lançamento para a candidatura de Serra à presidência da República.
Divulga-se que no encontro será examinada e quem sabe decidida à questão das presidências da Câmara e do Senado. Porque o acordo anterior entre PT e PMDB era para a alternância nas presidências das casas do Congresso. Arlindo Chinaglia, do PT, seria sucedido por Michel Temer, do PMDB, na Câmara, enquanto no Senado Garibaldi Alves, do PMDB, cederia o lugar a Tião Viana, do PT.
Menos pela vitória nas eleições municipais, mais pela observação das preliminares da sucessão presidencial de 2010, senadores do PMDB decidiram-se fazer valer o regimento interno do Senado, estabelecendo a presidência para a maior bancada. O PMDB dispõe de vinte senadores, o PT de treze, mantida proporção parecida na Câmara.
Em pé-de-guerra, propriamente, o PT não está, mas as escaramuças começaram. Se os peemedebistas não cumprem o acordo no Senado, os petistas sentem-se desobrigados de cumpri-lo na Câmara. Em vez de votar no deputado Michel Temer, votariam no deputado Ciro Nogueira, avulso, ou em outro nome a aparecer. Seria a réplica pelo fato de o PMDB não escolher Tião Viana e lançar um dos seus, quem sabe até José Sarney.
No começo o presidente Lula procurou obter o compromisso dos peemedebistas, depois vacilou um pouco, não querendo briga com o partido fundamental para a preservação do poder em 2010. Parece que de segunda-feira para cá, o chefe do governo engrossou de novo, exigindo a alternância. Poderá oscilar outra vez, até sexta-feira, tudo dependendo da capacidade de resistência do PMDB, ao qual também não interessam entreveros com o palácio do Planalto. Afinal, o partido tem seis ministros e montes de dirigentes de estatais e sucedâneos.
A solução poderá estar na convocação do Diretório Nacional do PT, pretensamente quem dá a última palavra. Se foram apenas os dirigentes petistas a programá-la, sem participação do presidente Lula, será sinal de turbulências no relacionamento entre eles. Como o presidente não é ingênuo, quem sabe partiu dele a iniciativa, mesmo encoberta, de reunir o dito órgão máximo das decisões?
Um fechamento de questão pela alternância no Senado, tendo como reação o abandono do acordo na Câmara, levaria a iniciativa ao PMDB. Como reagiriam seus caciques? Mesmo sabendo que Lula não rasga dinheiro e não demitirá os ministros do maior partido nacional, um curto-circuito faria mal a todos. Estaria nessa pressão a chave para a vitória de Tião Viana?
O que nos leva à última consideração: os motivos para os senadores do PMDB reivindicarem a presidência da casa transcendem questões regimentais e até a idiossincrasia verificada entre Tião Viana e o ex-presidente Renan Calheiros. Atingem diretamente a sucessão presidencial de 2010. Dispondo das duas presidências do Congresso, o partido balizaria a disputa.
Primeiro, evitando manobras para a mudança nas regras do jogo, ou seja, impedindo a votação de emendas constitucionais capazes de gerar o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Como, também, obrigando o presidente a desistir da candidatura de Dilma Rousseff, se a chefe da Casa Civil não decolar.
Dirigindo os trabalhos na Câmara e no Senado, tudo favorecerá os interesses do PMDB. Só que esses formam um arco-íris: apoiar Dilma, se ela emplacar, indicando o candidato a vice-presidente; forçar o presidente Lula a aceitar Aécio Neves, se ele ingressar no partido, ou bandear-se para José Serra. São complicados os desígnios do PMDB...
Logo no estado natal de Lula
Divulgou-se esta semana a primeira pesquisa, mesmo restrita a Pernambuco, a respeito da sucessão presidencial. Senão um espectro das tendências nacionais, a consulta confirmou velhos números, conhecidos antes da campanha pelas eleições municipais. Deu José Serra na frente, seguido por Ciro Gomes, Aécio Neves e Heloísa Helena. Fechando a raia ficou Dilma Rousseff, com minguados 4%.
Com o maior respeito, fica evidente que Pernambuco não é o Brasil, mas se sinais idênticos começarem a ser colhidos em outros estados e outras regiões estará aceso o sinal amarelo no semáforo postado defronte ao palácio do Planalto. Contaria o presidente Lula com outras opções petistas? Dificilmente, pelo menos analisando o quadro com os fatores de hoje. Para ele, será insistir na chefe da Casa Civil através de mecanismos bem superiores aos adotados até agora ou...
Ou curvar-se ao abominável apelo que se faz sentir cada vez mais forte no PT e adjacências: o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Aliás, a esse respeito, é bom esclarecer que por falar de bruxas a gente tem que entrar no caldeirão. Pelo contrário, levantando com freqüência essa hipótese execrável porque golpista, estamos alertando, jamais estimulando. O esclarecimento vai para o leitor e ouvinte Ari Marques, de São Paulo, capital.
Alckmin não recua
Desabafo de Geraldo Alckmin, ouvido por quem esteve com ele faz pouco: "Eu sou feito o Zagalo. Vão ter que me engolir...".
O ex-governador e candidato derrotado à prefeitura paulistana mantêm duas disposições paralelas: não sair do PMDB e colocar-se como candidato à sucessão de José Serra.
Alckmin sabe não contar com a menor simpatia do atual governador, com quem, aliás, ainda não se encontrou desde o domingo 5 de outubro, quando da realização do primeiro turno das eleições municipais. Mas sabe, também, que um PSDB rachado em São Paulo não constituirá propriamente uma boa rampa de lançamento para a candidatura de Serra à presidência da República.
sábado, 1 de novembro de 2008
A Disney eleitoral (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)
Uma tarde de 1970, o governador do Paraná, Paulo Pimentel, conversou longamente com o deputado da Arena, Haroldo Leon Peres, no escritório da representação do Estado, na esquina da Rua da Assembléia com a Avenida Rio Branco, no Rio. Saiu Peres, Pimentel estava furioso:
- Nery, esse Haroldo é um idiota. Imagina que veio aqui me dizer que vai ser o próximo governador. Já está escolhido, mas gostaria de ter o meu apoio. Em troca, assegura para mim o Ministério da Agricultura. Mal conseguiu eleger-se deputado, não tem prestígio, eu não o quero, o Ney não o aceita, como é que ele vai ser governador e negociando ministério?
Uma semana depois, ao fim de um jantar, em Brasília, o general presidente Médici dizia à mulher do deputado Haroldo Leon Peres:
- A senhora está de parabéns. Amanhã, saberá.
Leon Peres
No dia seguinte o governador Paulo Pimentel e o senador Ney Braga foram chamados ao Palácio do Planalto pelo presidente Médici:
- Quero comunicar aos senhores que o próximo governador do Paraná vai ser o deputado Leopoldo Peres.
Ney, pálido, baixou os olhos e suou frio. Pimentel sorriu amarelo:
- Mas, presidente, o deputado Leopoldo Peres, secretário-geral da Arena, é do Amazonas. Não tem nada a ver com o Paraná.
- Não é esse não. É o outro, de Maringá, no Paraná, o Haroldo Peres. Paulo saiu do palácio para o aeroporto. Ney, para uma casa de saúde. Leon Peres foi nomeado. Um ano depois, foi demitido por corrupção demais.
Londrina
Cada país tem a Disney que merece. Os Estados Unidos têm duas: a Disneylândia, em Orange, na Califórnia, e a Disneyworld, em Orlando, na Flórida. A França tem a Eurodisney, perto de Paris. O Brasil tem a Justiça Eleitoral. É o maior parque de diversões do País. Uma terapia ocupacional:
1 - "O Tribunal Superior Eleitoral anulou a vitória de Antonio Belinati, do PP, no segundo turno, com 51,735% dos votos válidos. Teve a candidatura impugnada pela rejeição de suas contas no Tribunal de Contas da União em 1999 (há nove anos!), quando cumpria seu terceiro mandato".
2 - "Em 2000, Belinati teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Londrina, sob a acusação de desviar R$ 100 milhões dos cofres públicos e de usar indevidamente recursos públicos para sua promoção pessoal" (A Polícia Federal o indiciou, o Ministério Público Federal o denunciou, a Justiça o condenou e ele foi preso.) "Mesmo assim, Belinati conseguiu anular na Justiça Eleitoral a suspensão de seus direitos políticos e disputou a Prefeitura de Londrina em 2004" ("Folha").
Belinati
3 - "O Ministério Público pediu a impugnação da candidatura dele porque as contas da época em que foi prefeito, de 97 a 2000, foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. O Tribunal Regional Eleitoral atendeu ao pedido do Ministério Público, mas Belinati recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ganhou (sic) liminar do ministro Marcelo Ribeiro. Quarta, por 5 votos a 2, o TSE cassou a liminar e o registro" (Mas Belinati já havia disputado o primeiro turno e o segundo turno e sido eleito) ("O Globo").
4 - "Cabe agora à Justiça Eleitoral de Londrina decidir se haverá nova eleição, se será empossado o segundo colocado - Luiz Carlos Hauly, do PSDB - ou se haverá novo segundo turno entre o segundo e o terceiro colocados. A Justiça ainda não se manifestou" ("Folha").
Quando a Justiça Eleitoral de Londrina "se manifestar", haverá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Quando o Tribunal Regional Eleitoral decidir, haverá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral. Quando o Tribunal Superior Eleitoral decidir, haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal.
Justiça Eleitoral
Como se passaram 10 anos desde a cassação e prisão dele, no mínimo serão necessários mais dez anos para a decisão final da Justiça Eleitoral. Ninguém sabe se Belinati ainda estará vivo e sobretudo se a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral já terá morrido.
E Londrina, com 500 mil habitantes, a segunda maior cidade do Paraná, ficará mais 10 anos com seu prefeito corrupto "sub judice", sua prefeitura "sub judice", seu povo "sub judice" e os alegres ministros do Tribunal Superior Eleitoral "doando" liminares na Disney Eleitoral.
Diz "O Globo" que há "um mistério" nisso tudo. Por que o Tribunal Superior Eleitoral deixou para decidir só depois do segundo turno, se esta semana cassou a liminar, cassou o registro e cassou a eleição por 5 a 2%?
É a terapia ocupacional. É a Disney Eleitoral. Querem é se divertir.
Mídia da paz
Na internet, leio um texto primoroso de meu velho companheiro de Rádio Mundial, Paiva Neto, presidente da LBV (Legião da Boa Vontade), a única ONG brasileira que faz parte do Conselho de Assistência Social da ONU. Analisando a tragédia da jovem e bela Eloá de Santo André, ele cita o presidente do Conselho Nacional de Propaganda, Hiran Castello Branco:
"A mídia hoje se constitui no espaço público no qual a sociedade discute os seus problemas e tem uma grande influência na formação das crianças e dos jovens. E lamentavelmente a violência é talvez um dos produtos mais promovidos desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais. É possível obter grandes audiências construindo a cultura da paz".
- Nery, esse Haroldo é um idiota. Imagina que veio aqui me dizer que vai ser o próximo governador. Já está escolhido, mas gostaria de ter o meu apoio. Em troca, assegura para mim o Ministério da Agricultura. Mal conseguiu eleger-se deputado, não tem prestígio, eu não o quero, o Ney não o aceita, como é que ele vai ser governador e negociando ministério?
Uma semana depois, ao fim de um jantar, em Brasília, o general presidente Médici dizia à mulher do deputado Haroldo Leon Peres:
- A senhora está de parabéns. Amanhã, saberá.
Leon Peres
No dia seguinte o governador Paulo Pimentel e o senador Ney Braga foram chamados ao Palácio do Planalto pelo presidente Médici:
- Quero comunicar aos senhores que o próximo governador do Paraná vai ser o deputado Leopoldo Peres.
Ney, pálido, baixou os olhos e suou frio. Pimentel sorriu amarelo:
- Mas, presidente, o deputado Leopoldo Peres, secretário-geral da Arena, é do Amazonas. Não tem nada a ver com o Paraná.
- Não é esse não. É o outro, de Maringá, no Paraná, o Haroldo Peres. Paulo saiu do palácio para o aeroporto. Ney, para uma casa de saúde. Leon Peres foi nomeado. Um ano depois, foi demitido por corrupção demais.
Londrina
Cada país tem a Disney que merece. Os Estados Unidos têm duas: a Disneylândia, em Orange, na Califórnia, e a Disneyworld, em Orlando, na Flórida. A França tem a Eurodisney, perto de Paris. O Brasil tem a Justiça Eleitoral. É o maior parque de diversões do País. Uma terapia ocupacional:
1 - "O Tribunal Superior Eleitoral anulou a vitória de Antonio Belinati, do PP, no segundo turno, com 51,735% dos votos válidos. Teve a candidatura impugnada pela rejeição de suas contas no Tribunal de Contas da União em 1999 (há nove anos!), quando cumpria seu terceiro mandato".
2 - "Em 2000, Belinati teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Londrina, sob a acusação de desviar R$ 100 milhões dos cofres públicos e de usar indevidamente recursos públicos para sua promoção pessoal" (A Polícia Federal o indiciou, o Ministério Público Federal o denunciou, a Justiça o condenou e ele foi preso.) "Mesmo assim, Belinati conseguiu anular na Justiça Eleitoral a suspensão de seus direitos políticos e disputou a Prefeitura de Londrina em 2004" ("Folha").
Belinati
3 - "O Ministério Público pediu a impugnação da candidatura dele porque as contas da época em que foi prefeito, de 97 a 2000, foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. O Tribunal Regional Eleitoral atendeu ao pedido do Ministério Público, mas Belinati recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ganhou (sic) liminar do ministro Marcelo Ribeiro. Quarta, por 5 votos a 2, o TSE cassou a liminar e o registro" (Mas Belinati já havia disputado o primeiro turno e o segundo turno e sido eleito) ("O Globo").
4 - "Cabe agora à Justiça Eleitoral de Londrina decidir se haverá nova eleição, se será empossado o segundo colocado - Luiz Carlos Hauly, do PSDB - ou se haverá novo segundo turno entre o segundo e o terceiro colocados. A Justiça ainda não se manifestou" ("Folha").
Quando a Justiça Eleitoral de Londrina "se manifestar", haverá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Quando o Tribunal Regional Eleitoral decidir, haverá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral. Quando o Tribunal Superior Eleitoral decidir, haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal.
Justiça Eleitoral
Como se passaram 10 anos desde a cassação e prisão dele, no mínimo serão necessários mais dez anos para a decisão final da Justiça Eleitoral. Ninguém sabe se Belinati ainda estará vivo e sobretudo se a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral já terá morrido.
E Londrina, com 500 mil habitantes, a segunda maior cidade do Paraná, ficará mais 10 anos com seu prefeito corrupto "sub judice", sua prefeitura "sub judice", seu povo "sub judice" e os alegres ministros do Tribunal Superior Eleitoral "doando" liminares na Disney Eleitoral.
Diz "O Globo" que há "um mistério" nisso tudo. Por que o Tribunal Superior Eleitoral deixou para decidir só depois do segundo turno, se esta semana cassou a liminar, cassou o registro e cassou a eleição por 5 a 2%?
É a terapia ocupacional. É a Disney Eleitoral. Querem é se divertir.
Mídia da paz
Na internet, leio um texto primoroso de meu velho companheiro de Rádio Mundial, Paiva Neto, presidente da LBV (Legião da Boa Vontade), a única ONG brasileira que faz parte do Conselho de Assistência Social da ONU. Analisando a tragédia da jovem e bela Eloá de Santo André, ele cita o presidente do Conselho Nacional de Propaganda, Hiran Castello Branco:
"A mídia hoje se constitui no espaço público no qual a sociedade discute os seus problemas e tem uma grande influência na formação das crianças e dos jovens. E lamentavelmente a violência é talvez um dos produtos mais promovidos desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais. É possível obter grandes audiências construindo a cultura da paz".
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