BRASÍLIA - Parece não ter fim a sucessão de crimes bárbaros acontecidos no País, sejam ou não classificados como hediondos pela lei. Muitos dirão tratar-se de coisa antiga, desde tempos imemoriais, mas a verdade é que com o avanço das telecomunicações a sociedade toma conhecimento dos crimes logo depois deles acontecerem.
Tivesse o Congresso coragem bastante e nossas leis penais já teriam sido modificadas de forma a condenar severamente os autores desse horror permanente. Falando claro: que tal um plebiscito para saber se a população aprova a pena de morte para crimes abomináveis, como ainda agora o estupro e o assassinato de meninas de oito anos? Ou para o gesto de um animal que há pouco atirou na cabeça de duas jovens reféns, uma delas morta?
O que dizer do casal que matou a própria filha ou dos animais que no alto das favelas julgam e condenam seus próprios companheiros a ser queimados vivos? Ninguém se iluda. O resultado desse plebiscito seria favorável à pena de morte. E mesmo se por razões humanitárias fosse afastada a hipótese, a prisão perpétua encabeçaria a relação.
O que não dá é para ficar alegando que só com a melhoria do sistema de educação o país se livrará da sombra de haver-se tornado um dos mais violentos do planeta. Parece claro que muito da criminalidade desapareceria, mas educação ampliada resolveria a questão apenas a médio e longo prazos. E lembrando que sem emprego o cidadão melhor educado apenas se conscientizará mais rápido da impossibilidade de continuar passivamente aceitando o inferno à sua volta.
Muita gente critica, e com razão, o tempo cada vez maior que telejornais, radiojornais e diários impressos dedicam ao crime, à violência e à desgraça do semelhante. Sem dúvida, isso acontece por conta da disputa pela audiência e a circulação, mas basta subir um degrau para a conclusão: cresce o número de telespectadores, ouvintes e leitores atraídos pela animalidade exposta nas telinhas, microfones e folhas. A maioria por indignação, alguns para constarem a existência de agruras maiores do que as suas.
A hora seria, pelo menos, de aproveitar essa tendência para correções fundamentais no combate ao crime. Menos para estimular Bopes e sucedâneos a subir morros atirando e matando, mais para aprimorar o arcabouço legal destinado tanto a reparar o passado quanto a prevenir o futuro. Em matéria de criminosos de todos os tipos que se vem multiplicando, só haverá que enfrentá-los aplicando o mote popular: pau neles! Claro que também investindo pesado na educação.
Não soube perder
Dona Marta faz o dia seguinte ficar pior do que a véspera. Perdeu feia a disputa pela prefeitura paulistana, deveria tirar lições da derrota, como a de que não se faz campanha com base na presunção. Pois não é que em vez de ficar quieta, curtindo a experiência para aplicá-la em outras eleições, a candidata acaba de entrar na Justiça pedindo a cassação da vitória de Gilberto Kassab?
A acusação é de que antes de iniciado o período eleitoral o prefeito apoiou a edição de uma revista exaltando suas obras na capital do estado. Coisa pueril, insignificante, destinada apenas a tomar o tempo de juízes eleitorais. Não soube perder, a companheira.
Munição para os defuntos
A ditadura passou, dela recorda-se apenas como forma de evitar por todos os meios que o passado se repita. Pois não é que o governo Lula vem fornecendo pretextos para alguns defuntos cultores do antigo regime argumentar como tudo eram melhores e diferentes?
Essa disputa entre a Polícia Federal e a Abin transcende as raias do ridículo, ouvindo-se aqui e ali que nos tempos do abominável SNI isso não acontecia. Omitem, é claro, ter sido o SNI um monstro, nas palavras de seu próprio criador. Não se recordam, também, que a Polícia Federal era mero apêndice do sistema então vigente encarregada de executar tarefas consideradas indignas pelos que vestiam farda.
Agora, aceitar passivamente que as duas instituições se digladiem, ofendendo-se e invadindo as atribuições, uma da outra, torna-se mais do que lamentável. Chega a ser perigoso, por demonstrar completa falta de autoridade por parte de quem deveria exercê-la. Um murro na mesa bastaria, mas não há quem se disponha a executá-lo. Possivelmente nem existe mesa.
Dia de compras
Terça-feira foi dia de compras para os seis ministros e seus acompanhantes e assessores que integram a comitiva do presidente Lula, em viagem a Roma. Como na véspera não houve programa para eles, e no dia seguinte, ontem, era facultativa sua presença na reunião com empresários italianos, a conclusão surge clara: o presidente Lula está financiando férias de luxo à parte do ministério. Espera-se que nem todos sigam hoje para Washington na companhia do chefe, que participará da nova reunião do G-20 sem direito a aspones nem a papagaios de pirata.
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