Em nenhum momento da campanha eleitoral que terminou esta madrugada tive qualquer dúvida sobre a vitória de Obama. Mas o que pode parecer contradição mas era apenas o conhecimento da realidade: em nenhum momento da campanha eleitoral, nem de longe tive a certeza de que Obama seria o vencedor. Meu receio é que tirassem a vitória de Obama, como em 2000 com a "vitória" de Bush.
Bush tirou a vitória de Al Gore. O vice de Clinton não representava o mínimo que fosse que Obama representa agora. Pelo menos em tese, em expectativa, em esperança, a partir de 20 de janeiro de 2009, quando ele chegar à Casa Branca, como presidente eleito.
Al Gore foi esbulhado (leiam: política e eleitoralmente roubado), mas se esse esbulho se repetisse, que foi sempre o meu temor, não seria apenas mais uma demonstração de preconceito, hipocrisia e puritanismo da classe média americana. Nesse conjunto estaria incluído o pior de todos os itens, a SUPREMACIA DO RACISMO SOBRE A RAZÃO PURA.
Obama ganhou a eleição na campanha eleitoral. O recorde de votantes num país onde votar não é obrigatório se deve ao carisma de Obama. Tirando os militares (e Washington, o primeiro presidente eleito em 1788, junto com a promulgação da Constituição), são quase sempre senadores ou governadores. Obama é senador, mas no início da campanha poucos acreditavam nele.
Só que à medida que a campanha ia se desenvolvendo, Obama foi crescendo, assumindo uma posição que poucos acreditavam que fosse dele. A ponto de aparecer em todas as pesquisas em primeiro lugar, bem na frente de McCain. Expectativa dos institutos que se confirmaram inteiramente.
Para satisfação dos EUA, da Europa, África, Américas e do mundo todo, Obama, que começou praticamente como desconhecido, terminou como estadista, antes mesmo de fazer qualquer coisa. Perdão, Obama passou a ser considerado não apenas carismático, mas um verdadeiro estadista, com o discurso da vitória pronunciado diante de mais de 1 milhão de pessoas, frente a frente, mais os milhões que viam e ouviam pela televisão.
De 1840 a 1860, apenas três países do mundo ocidental mantinham a escravidão: EUA, Cuba e Brasil. Com a mais terrível guerra civil de todos os tempos (1860-1864), os EUA não conseguiram acabar com o racismo mas colaboraram para assassinar um dos seus estadistas, o presidente Lincoln.
Desinformados, os jornalões dizem que "o racismo nos EUA acabou por iniciativa do presidente Lyndon Johnson". Nem a iniciativa, nem a conclusão foram dele. Quem pediu em 1962 à Corte Suprema o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL foi Kennedy. E quem concedeu em 1964 (com Kennedy já assassinado) foi a Corte Suprema. Revolução que levou 44 anos para produzir seu primeiro resultado emocionante e mais revolucionário ainda do que o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL, a eleição de um negro para a Casa Branca. E Obama não é um negro qualquer.
Um "negro qualquer" não faz aquele discurso quase inacreditável, provocando choro e emoção em pelo menos dois terços dos que o ouviam. Que discurso, que palavras, que pregação, que reafirmação da união, começando pela família e empolgando o país.
PS - O recorde no número de votantes foi que deu a vitória a Obama. E foi ele sozinho, não pela cor da pele, sim pela clareza do raciocínio, do comportamento e da esperança que provocava e consolidava, que levou mais de 130 milhões a votarem voluntariamente.
PS 2 - De agora até 20 de janeiro, toda a emoção e curiosidade se transformarão em aplauso à medida que forem surgindo os nomes dos que trabalharão com ele. E por que não esperar um New Deal com outro nome, 75 anos depois de Roosevelt?
Presidente Obama
Já apareceu aqui durante a campanha. Mas logicamente é a primeira como PRESIDENTE. Espero que por todo o mandato.
Vi e ouvi a primeira notícia sobre a vitória definitiva de Obama às 2,40 da madrugada já da quarta-feira, horário de Brasília. Foi na CNN. Às 2,55, 15 minutos depois, era a Fox News (do gangster Rupert Murdoch) que confirmava o fato. Tentei descobrir qualquer coisa na Globo ou nas suas estações a cabo, mas estavam todas em MANUTENÇÃO.
Com uma multidão de repórteres, correspondentes, analistas, enviados especiais (80 por cento do primeiro time), a Globo só foi "ter a honra" de informar os telespectadores às 6,40 da manhã, já com o sol brilhando mais forte por causa da vitória de Obama.
A notícia foi dada pelo "Bom dia, Brasil", que pretende ser, pela manhã, o que o "Jornal Nacional" acredita que representa à noite. E foi uma cobertura medíocre, monótona, repetitiva.
Tudo o que já havia sido publicado no "Jornal Nacional" da véspera (e nos canais a cabo) foi mostrado sem constrangimento e sem o mínimo de requentamento. Deram as filas enormes, além de dois resultados estaduais que já se conhecia de véspera, nada mais.
Em matéria de jornalismo, a Organização acumula o mais retumbante, que palavra, fracasso. Como é a única, poucos perceberam. Nos EUA, vários canais se revezavam a noite toda disputando a notícia.
Desinformação geral da mídia.
1 - Não foi semana passada que Orestes Quércia se atrelou a José Serra. Tem mais de 1 ano. E o próprio Quércia revelou a "convicção": apóia Serra e será apoiado para o Senado.
2 - Jarbas Vasconcellos não trabalha para que 40 por cento do PMDB apóiem Serra. O ex-governador trabalha para si mesmo. Em 2002 foi convidado pessoalmente por Serra para vice. Não pôde aceitar.
3 - Agora quer aparecer logo como vice, antes que qualquer outro aventureiro o faça. 4 - Muitos apostam que Aécio já desistiu da legenda do PSDB. Por que desistiria, se a legenda não tem certeza de nada?
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: Franklin Martins tem dito a amigos: "Estou na lista dos presidenciáveis da preferência do presidente Lula".
Como dizem que o impossível acontece, o vice do ex-jornalista seria Sérgio Cabral. Ha! Ha! Ha!
Eduardo Paes está nomeando todos que trabalharam com Cesar Maia. Quem sabe não arranja "um bico" para o próprio ex-ídolo?
Enquanto isso, Crivela, Vladimir Palmeira, Dona Jandira, Molon ficam sem nada depois de tanta dedicação? Paes não pode ser tão injusto.
O que é que adianta Dona Dilma abandonar o chocolate para emagrecer? Na campanha para ver qual o poste das preferências de Lula, ela levará um "chocolate" tão grande, ficará "magrinha".
Lula estava feliz com o fato de ter "recomendado Obama para presidente" e ele ter ganho mesmo. Muitos criticaram Lula por ter tomado partido. Os EUA sempre "massacraram" a América, por que o silêncio?
Foi Theodore Roosevelt, em 1903, como vice que assumiu a Casa Branca, que chamou os países da América de "banana republic". Eles podem intervir e explorar o Brasil, não podemos torcer por um presidente?
No Brasil a vitória de Obama não teve muito efeito na jogatina das bolsas. Abriu em baixa, quase às 2 da tarde continuava caindo. O Dow abriu em alta, pequena mas alta, acreditaram mais do que nós.
A propósito: o presidente Lula disse textualmente "que é preciso providências enérgicas para impedir que as bolsas continuem como cassino". Obrigado, Lula, escrevo isso há mais de 30 anos.
Há 6 meses revelei aqui: em dezembro não existirão as tradicionais promoções de generais-de-divisão a generais-de-exército. Quer dizer: de 3 Estrelas para 4 Estrelas, o último ponto da carreira.
Concluí: essas promoções não se realizariam em dezembro por falta de vagas. Mas seriam retomadas em março, quando existirão duas vagas. Uma delas será preenchida pelo brilhante e competente general Rui Monarca, atual comandante da Vila Militar.
Agora posso anunciar para os próximos dias duas movimentações de generais de 4 Estrelas (exército). O general José Elito Carvalho Siqueira será transferido para o Ministério da Defesa.
Comanda atualmente o Exército Militar do Sul, antigo III Exército. Para o seu lugar irá o general José Carlos de Nardi. O general Elito, muito amigo do ministro Nelson Jobim, ainda não tem cargo designado.
Os convites ainda não estão confeccionados, mas a passagem do comando será no dia 28 deste novembro, a última 6ª feira do mês.
O outro 4 Estrelas de março ainda não está decidido. Mas é possível que essas duas promoções possibilitem e permitam movimentação mais ampla.
XXX
O Diário Oficial de ontem publica na primeira página: o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, assinando contrato de financiamento, no valor de 40 milhões de reais. Com a Caixa Econômica Federal, para construção de uma nova sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. Justificativa, a de sempre: reunir toda a empresa e acabar com o pagamento espalhado de aluguéis.
Governador em exercício? Pois é. Mais uma vez, a vigésima que o Pezão assume. Hoje, não se sabe onde está o governador Sérgio Cabral. Como suas sucessivas viagens são menores do que 15 dias, ele não precisa, para cada uma, pedir licença à Alerj.
Vai em frente, vivendo seus momentos de turista à custa do tesouro público. Que República.
XXX
Muita gente me telefonando sobre o artigo que prometi para amanhã, da INCORPORAÇÃO e não FUSÃO ou VENDA do Itaú sobre o Unibanco.
Agora os amestrados já decidiram (ou "descobriram") que o Itaú mais a incorporação do Unibanco exercerão grande importância na América Latina. Ha! Ha! Ha! Só que ninguém informa desinteressadamente o que é que o cidadão-contribuinte-eleitor ganhará.
Minha grande preocupação: que Roberto Setubal, que não tem formação intelectual, feche a revista "Piauí".
(Amanhã, texto integral e verdadeiro, incorporação e não fusão.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário