Uniglobo
O trabalho do Caco Barcelos, à frente do "Profissão Repórter", sempre mereceu deste espaço o maior apoio e consideração. É um programa que surgiu com a missão de buscar o outro lado da notícia. O bastidor da reportagem funciona como um laboratório de telejornalismo.
Não sei como será o de hoje, mas em suas últimas edições, ficou tudo muito em cima do Caco. E parece que não é este o objetivo. A participação dos estudantes foi inexplicavelmente diminuída, dando a impressão que sem ele, não haveria reportagem ou mesmo programa.
TV Tudo
Separando a coisa
Link, monitor, switcher, teleprompter e outras do gênero são palavras muito próprias dos bastidores das emissoras. O telespectador comum não tem nada a ver com elas, muito menos a obrigação de saber o que significam. O uso freqüente dessas expressões, como tem ocorrido com alguns apresentadores, não é a maneira mais lógica e correta de se comunicar.
Monstro
Os últimos capítulos de "A Favorita", mais uma vez, demonstram aquela coisa: quem é, é. Show do Mauro Mendonça.
Automobilismo
Neste próximo domingo, vai acontecer a grande final do "Itaipava Trofeo Maserati", em Interlagos. O autódromo abre as dez da manhã para a primeira bateria e, às duas da tarde, vai acontecer a grande final, com transmissão ao vivo da Record News. É um dos pegas mais charmosos das nossas pistas. A busca por lugares nos camarotes é concorrida.
É aquilo
Notícia do blog da Canal 1 (Canal1) na sexta-feira: a Bandeirantes decidiu acabar com os programas "Terra Nativa", "Atualíssima", "Bem Família" e "No coração do Brasil".
Aproveitamento
Esses programas não estarão na grade de 2009, mas vários profissionais que hoje deles participam serão aproveitados. Caso da Rosana Hermann, por exemplo. E nem poderia ser diferente.
Coisa maluca
Informação segura: o primeiro capítulo de "Revelação", levado ao ar ontem à noite pelo SBT, recebeu seis edições diferentes. Isto, antes de tudo, revela a insegurança que está existindo.
E por fim
Sobraram duas versões deste primeiro capítulo: o que foi editado inicialmente, começava com um menino correndo atrás de um coelho; outro, mais recente, tinha o protagonista acordando de sonho em uma noite chuvosa.
Posição perigosa
É uma situação delicada. Se "Revelação" não alcançar bom resultado de audiência, algo que possa superar a casa de 6 ou 7 pontos, o "Olha você" já estará correndo risco maior ainda de sair do ar. Dificilmente, serão mantidos dois produtos, na mesma faixa de horário, com índices baixos e que não possam ser compensados por "Pantanal". A corda, claro, vai arrebentar do lado mais fraco.
Privilégio
Jô Soares gravou todos os seus programas deste ano e já entrou em férias na Globo. Como de praxe, ele só voltará aos estúdios a poucos dias do lançamento da nova programação, em abril.
Orlandinho
Consultada na manhã de ontem sobre a possibilidade de o autor João Emanuel Carneiro fazer uma referência à conquista do São Paulo nos próximos capítulos de "A Favorita", a Globo informou que, pelo menos até o capítulo do próximo dia 20, não consta qualquer cena no roteiro. Em tempo: Carneiro criou uma polêmica recentemente, quando Orlandinho (Iran Malfitano), homossexual assumido, disse que gostaria que seu filho fosse são-paulino.
Estréia
Divulgação/TV Globo A Globo estréia hoje a microssérie "Capitu", segunda obra do Projeto Quadrante, lembrando que "A Pedra do Reino" abriu a série. Para o diretor Luiz Fernando Carvalho, trata-se de uma grande oportunidade para empatar o jogo, uma fez que "A Pedra" foi fracasso de crítica e audiência. Maria Fernanda Candido está no elenco.
Bate-Rebate
...Inédita na televisão aberta, a série "O Anel dos Nibelungos" será exibida em duas partes, na Bandeirantes, dias 25 e 26, na faixa das 22 horas.
...Rolando Boldrin recebe no seu "Sr. Brasil" de hoje, na Cultura, a dupla Chitãozinho e Xororó.
...Luis Antonio Pilar, diretor de "Malhação", revela que a próxima temporada da novela terá em seu elenco 10 lançamentos.
...Na transmissão da Stock Car, o narrador Luis Roberto atropelou meio mundo.
...E fez a maioria sentir saudades do Galvão Bueno.
...Na "virada cultural", em São Paulo, carros de diretores e produtores do SBT usaram irregularmente as vagas dos deficientes no Teatro Sérgio Cardoso.
...Domingo à tarde, 30 graus em São Paulo, tinha um apresentador usando malha na Espn Brasil.
...Malha bonita, mas não muito própria para um calor daquele tamanho.
..."Dois Irmãos", de Milton Hatoun, e "Dançar Tango em Porto Alegre, de Sérgio Faraco são os próximos trabalhos do Projeto Quadrante.
C´est fini
A equipe de redatores do "Zorra Total" e o diretor Mauricio Sherman farão um almoço de confraternização, hoje, num restaurante da zona sul do Rio, para comemorar os bons resultados obtidos em 2008. Mais uma vez, o programa não sairá do ar no período de férias. Continuará exibindo quadros inéditos. E é isso. Amanhã tem mais. Tchau
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Parque de diversão - Por Flávio Ricco - colaborou José Carlos Nery
Não tem como esconder que nessa luta de todos os dias, existem momentos curiosos, inexplicáveis e até divertidos. Na semana passada, foram feitas críticas ao comportamento do SBT e à demora em resolver o caso da Hebe Camargo. Entre outras coisas, reclamou-se da falta de respeito a esta apresentadora.
Ela deveria, no mínimo, receber um tratamento diferenciado, algo que só aconteceu na sexta-feira, por ocasião do encontro direto com Silvio Santos. Depois reclamam que ele não delega. Quando delega, pelo que se viu, os seus segundos não resolvem.
No meio disso, houve uma crítica também ao responsável pelas contas do dinheiro da emissora, estrago em forma de gente e causador de muita coisa ruim que aconteceu nesses últimos tempos. Alguém de extrema insensibilidade.
Não foi dado o seu nome, mas, curiosamente, vieram me contar, a carapuça serviu pra mais de um.
Agora quem está curioso sou eu: quem serão esses outros?
TV Tudo
Ponto 1
As vitórias do Gugu Liberato sobre o "Fantástico" têm se tornado mais freqüentes e hoje não acontecem apenas em São Paulo, mas em outros pontos importantes, inclusive no Rio, onde a Globo sempre passou por cima de todo mundo.
Ponto 2
O problema é que o "Fantástico" perdeu a sua essência. Não adianta trocar de apresentador, enfeitar o cenário e se utilizar desses incríveis recursos que o mundo moderno oferece. O bom "Fantástico" era aquele que surpreendia a todos, com as suas novidades jornalísticas e musicais.
Ponto 3
O mundo avançou tecnologicamente, só que o gosto de quem vê televisão não se alterou de forma tão radical. Se o "Fantástico" voltar com a sua base do passado, também terá o público de volta. Gugu tem um programa popular e sabe usar muito bem o que agrada boa parcela do público. A Globo, no caso, tem que fazer um pouco disso. Ir ao encontro do telespectador e não achar que só o telespectador deve correr atrás dela.
Ponto 4
O "Fantástico" totalmente entregue ao Jornalismo vai perder cada vez mais. Tem que recuperar a fórmula bem temperada de antes, com jornalismo sim, mas não esquecendo das matérias de entretenimento. Agora resta saber quando vai cair essa ficha.
Faixa nobre
A Globo conseguiu classificação livre para o especial "Xuxa e as Noviças", porém o programa, que irá ao ar dia 24, será apresentado logo depois da novela "A Favorita".
Mais um, não.
O SBT também vai entrar nessa dos vampiros. Vem aí o seriado norte-americano "Moonlight", produção da Warner. A boa notícia: nos EUA, "Moonlight" já virou pó.
Sessão naftalina
A Globo tem o "Vale a pena ver de novo", espaço muito próprio para reapresentar as suas novelas antigas. Não precisa de outro. Mais uma vez absurda essa idéia de remontar "Paraíso" às 6 da tarde. Com certeza não vão fazer melhor que a vez anterior, então que produzam uma coisa nova.
Natpe
A feira Natpe, de Las Vegas, em janeiro, já mexe com o mundo. As redes brasileiras estarão representadas. A Globo, por exemplo, vai com duas equipes, uma - comandada por Roberto Buzoni, encarregada de comprar; e outra, liderada pela área internacional, que pela primeira vez irá negociar formatos produzidos por ela.
Beira mar
No "Bom Dia Brasil", de sexta-feira, a moça do tempo, batizou uma nova praia em Santos. Falou em Praia de Aparecida, quando a imagem era da José Menino. Coisas do catecismo.
Bandida da história
Divulgação/TV Record
Juliana Silveira, ainda às voltas com as gravações de "Chamas da Vida", será a vilã da próxima novela de Ana Maria Moretzsohn na Record: "Corpos Partidos".
Bate–rebate
...O SBT tem coisas interessantes. O "Chaves", por exemplo. Um pronto socorro. Atende qualquer emergência.
...Nas novelas é a mesma coisa, mas com personagem vivo e diferente.
...David Grinberg saiu, mas não saiu. Ele fica ali, na espera, depois volta pra arrumar o estrago.
...Osmar Prado é o ponto de apoio de muitos atores em começo de carreira da Globo.
...Está sempre pronto para atender e passar um pouco da sua experiência a todos.
...Os diretores Luis Antônio Piá e Rodolfo Silot, que trabalharam com Del Rangel na Bandeirantes, desembarcam no SBT em janeiro.
...E as demissões não param.
...Na sua convenção em Gramado, a Bandeirantes anunciou o desejo de ter a próxima Copa do Mundo na África e a Copa das Confederações.
...A implantação da TV Digital em várias praças também foi um assunto discutido durante a convenção.
...O programa da Hebe, hoje à noite, como não poderia deixar de ser, terá muita coisa da novela "Revelação".
...Aliás, esta é a esperada estréia do SBT, nesta segunda-feira, depois do capítulo de "Pantanal".
C´est fini
Eli Halfoun sempre foi um dos craques no colunismo da nossa tevê. Amigo de velhas e boas jornadas, que em breve estará de volta. Ele mandou o seguinte: "fala-se muito em A Favorita, mas não se toca no bom trabalho do Iran Malfitano, que faz um Orlandinho perfeito como gay "engavetado".
Não transformou o personagem em caricatura, como costuma acontecer e muito menos em um viadinho de piada. É para mim um dos melhores trabalhos da novela na qual destacam-se a Patrícia Pillar - só ela com a carinha de anjo conseguiria fazer uma vilã tão dissimulada e a Cláudia Raia que vive seu melhor momento de atriz na televisão".Assino embaixo, Eli. Absss. E é só. Tchau!
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Ela deveria, no mínimo, receber um tratamento diferenciado, algo que só aconteceu na sexta-feira, por ocasião do encontro direto com Silvio Santos. Depois reclamam que ele não delega. Quando delega, pelo que se viu, os seus segundos não resolvem.
No meio disso, houve uma crítica também ao responsável pelas contas do dinheiro da emissora, estrago em forma de gente e causador de muita coisa ruim que aconteceu nesses últimos tempos. Alguém de extrema insensibilidade.
Não foi dado o seu nome, mas, curiosamente, vieram me contar, a carapuça serviu pra mais de um.
Agora quem está curioso sou eu: quem serão esses outros?
TV Tudo
Ponto 1
As vitórias do Gugu Liberato sobre o "Fantástico" têm se tornado mais freqüentes e hoje não acontecem apenas em São Paulo, mas em outros pontos importantes, inclusive no Rio, onde a Globo sempre passou por cima de todo mundo.
Ponto 2
O problema é que o "Fantástico" perdeu a sua essência. Não adianta trocar de apresentador, enfeitar o cenário e se utilizar desses incríveis recursos que o mundo moderno oferece. O bom "Fantástico" era aquele que surpreendia a todos, com as suas novidades jornalísticas e musicais.
Ponto 3
O mundo avançou tecnologicamente, só que o gosto de quem vê televisão não se alterou de forma tão radical. Se o "Fantástico" voltar com a sua base do passado, também terá o público de volta. Gugu tem um programa popular e sabe usar muito bem o que agrada boa parcela do público. A Globo, no caso, tem que fazer um pouco disso. Ir ao encontro do telespectador e não achar que só o telespectador deve correr atrás dela.
Ponto 4
O "Fantástico" totalmente entregue ao Jornalismo vai perder cada vez mais. Tem que recuperar a fórmula bem temperada de antes, com jornalismo sim, mas não esquecendo das matérias de entretenimento. Agora resta saber quando vai cair essa ficha.
Faixa nobre
A Globo conseguiu classificação livre para o especial "Xuxa e as Noviças", porém o programa, que irá ao ar dia 24, será apresentado logo depois da novela "A Favorita".
Mais um, não.
O SBT também vai entrar nessa dos vampiros. Vem aí o seriado norte-americano "Moonlight", produção da Warner. A boa notícia: nos EUA, "Moonlight" já virou pó.
Sessão naftalina
A Globo tem o "Vale a pena ver de novo", espaço muito próprio para reapresentar as suas novelas antigas. Não precisa de outro. Mais uma vez absurda essa idéia de remontar "Paraíso" às 6 da tarde. Com certeza não vão fazer melhor que a vez anterior, então que produzam uma coisa nova.
Natpe
A feira Natpe, de Las Vegas, em janeiro, já mexe com o mundo. As redes brasileiras estarão representadas. A Globo, por exemplo, vai com duas equipes, uma - comandada por Roberto Buzoni, encarregada de comprar; e outra, liderada pela área internacional, que pela primeira vez irá negociar formatos produzidos por ela.
Beira mar
No "Bom Dia Brasil", de sexta-feira, a moça do tempo, batizou uma nova praia em Santos. Falou em Praia de Aparecida, quando a imagem era da José Menino. Coisas do catecismo.
Bandida da história
Divulgação/TV Record
Juliana Silveira, ainda às voltas com as gravações de "Chamas da Vida", será a vilã da próxima novela de Ana Maria Moretzsohn na Record: "Corpos Partidos".
Bate–rebate
...O SBT tem coisas interessantes. O "Chaves", por exemplo. Um pronto socorro. Atende qualquer emergência.
...Nas novelas é a mesma coisa, mas com personagem vivo e diferente.
...David Grinberg saiu, mas não saiu. Ele fica ali, na espera, depois volta pra arrumar o estrago.
...Osmar Prado é o ponto de apoio de muitos atores em começo de carreira da Globo.
...Está sempre pronto para atender e passar um pouco da sua experiência a todos.
...Os diretores Luis Antônio Piá e Rodolfo Silot, que trabalharam com Del Rangel na Bandeirantes, desembarcam no SBT em janeiro.
...E as demissões não param.
...Na sua convenção em Gramado, a Bandeirantes anunciou o desejo de ter a próxima Copa do Mundo na África e a Copa das Confederações.
...A implantação da TV Digital em várias praças também foi um assunto discutido durante a convenção.
...O programa da Hebe, hoje à noite, como não poderia deixar de ser, terá muita coisa da novela "Revelação".
...Aliás, esta é a esperada estréia do SBT, nesta segunda-feira, depois do capítulo de "Pantanal".
C´est fini
Eli Halfoun sempre foi um dos craques no colunismo da nossa tevê. Amigo de velhas e boas jornadas, que em breve estará de volta. Ele mandou o seguinte: "fala-se muito em A Favorita, mas não se toca no bom trabalho do Iran Malfitano, que faz um Orlandinho perfeito como gay "engavetado".
Não transformou o personagem em caricatura, como costuma acontecer e muito menos em um viadinho de piada. É para mim um dos melhores trabalhos da novela na qual destacam-se a Patrícia Pillar - só ela com a carinha de anjo conseguiria fazer uma vilã tão dissimulada e a Cláudia Raia que vive seu melhor momento de atriz na televisão".Assino embaixo, Eli. Absss. E é só. Tchau!
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sábado, 6 de dezembro de 2008
Até quando? (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa Online)
BRASÍLIA - Os números agora são oficiais: grandes empresas, em especial mineradoras, montadoras e siderúrgicas, colocaram 140 mil operários em férias coletivas. Perto de dez mil trabalhadores já foram demitidos, esperando-se para janeiro o início do processo de demissões em massa. Pelas regras do sistema vigente, trata-se de uma das primeiras iniciativas a adotar, quando há crises econômicas. Se o consumo cai, a produção também, e, como conseqüência, dispensa-se parte dos que produzem.
O problema é que quem demite, salvo raras exceções, continua muito bem, obrigado. Empresários e dirigentes empresariais não deixarão de freqüentar restaurantes de luxo, morando em mansões ou apartamentos espetaculares, viajando para o exterior e mantendo os filhos nos melhores colégios. Sem falar nos régios salários, vencimentos e participações, mesmo quando o lucro diminui.
No reverso da medalha, o trabalhador demitido vai passar fome. Sairá em busca de um novo emprego inexistente, verá a família enfrentando necessidades e não acreditará no vergonhoso salário-desemprego, aliás, entre nós, limitado a cinco meses.
Convenhamos, mais do que a falta de sintonia, é flagrante o esbulho, em termos humanitários. E não adianta confiar nas ações do poder público, pois os governos, de novo com raras exceções, só se tornaram governos por concordar e agir de acordo com as concepções daqueles que demitem. Sem esquecer que em vez de atender as necessidades dos desempregados, preferem liberar bilhões para as empresas, a título de manutenção do crédito e do consumo.
Dá para seguir nessa abominável teoria? Tem dado, apesar de certas explosões registradas ao longo dos séculos. Uns sobrevivem, outros festejam, todos se acomodam. Até quando?
A festa do Bigode
Decidiu a bancada do PMDB no Senado que terá candidato próprio à presidência da casa. José Sarney repetiu não aceitar a candidatura.
Fica difícil imaginar que essas duas paralelas, contrariando a Física, não venham a encontrar-se bem antes do infinito. Mesmo que não quisesse, mas quer, Sarney não teria como saltar de banda. Porque só ele une o PMDB e dispõe de condições para compor Legislativo e Executivo. Mesmo fazendo cara feia, o presidente Lula aceitará a investidura do ex-presidente da República no lugar de Garibaldi Alves. O PT pode estrilar, mas a começar pelas oposições, trata-se de um nome de consenso, já que Tião Viana, do PT, divide mais do que une.
Até o final do ano continuará esse jogo de cabra-cega, mas em janeiro tudo se arrumará, sob a aquiescência do senador José Sarney. Ou não?
Sem limites
Em certos momentos da vida nacional, a imprensa parece não ter limites. Na ânsia de agradar aos poderosos do dia, a grande parte dos jornais chega a distorcer os fatos. O general Garrastazu Médici, por exemplo, era ditador. Jamais se censurou tanto a mídia como naqueles tempos. Pois como gostava de futebol e havia acertado o placar da final entre Brasil e México, era saudado como “o presidente, gente como a gente”.
Por que essa referência? Porque o presidente Lula é popularíssimo, caiu no gosto de todo mundo, de banqueiros a sindicalistas e a beneficiados com o Bolsa-Família, mas na terça-feira, em Brasília, chegou uma hora e meia atrasado na solenidade de abertura de um congresso internacional de engenheiros. Ao entrar no salão, recebeu sonora vaia, aliás, muito justa, já que atrasou todos os trabalhos.
Alguém leu, ouviu ou assistiu qualquer referência ao episódio?
E o vice, quem será?
O líder do governo no Senado, Romero Jucá, vem costurando faz muito o apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff, do PT, à Presidência da República. Esta semana, em reunião da bancada de seu partido, anunciou haver recebido do presidente Lula a promessa de que o candidato à vice-presidência deve ser indicado pelo PMDB. Se essas previsões se realizarem, quer dizer, se a chefe da Casa Civil emplacar, se não houver terceiro mandato e se o PMDB não lançar candidato próprio, a pergunta surge de imediato: quem será o candidato à vice?
Muita gente aposta no governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fiel servidor do presidente Lula. Há, no entanto, quem aposte no governador do Paraná, Roberto Requião, o que daria uma certa independência à decisão do partido. Convém aguardar.
O problema é que quem demite, salvo raras exceções, continua muito bem, obrigado. Empresários e dirigentes empresariais não deixarão de freqüentar restaurantes de luxo, morando em mansões ou apartamentos espetaculares, viajando para o exterior e mantendo os filhos nos melhores colégios. Sem falar nos régios salários, vencimentos e participações, mesmo quando o lucro diminui.
No reverso da medalha, o trabalhador demitido vai passar fome. Sairá em busca de um novo emprego inexistente, verá a família enfrentando necessidades e não acreditará no vergonhoso salário-desemprego, aliás, entre nós, limitado a cinco meses.
Convenhamos, mais do que a falta de sintonia, é flagrante o esbulho, em termos humanitários. E não adianta confiar nas ações do poder público, pois os governos, de novo com raras exceções, só se tornaram governos por concordar e agir de acordo com as concepções daqueles que demitem. Sem esquecer que em vez de atender as necessidades dos desempregados, preferem liberar bilhões para as empresas, a título de manutenção do crédito e do consumo.
Dá para seguir nessa abominável teoria? Tem dado, apesar de certas explosões registradas ao longo dos séculos. Uns sobrevivem, outros festejam, todos se acomodam. Até quando?
A festa do Bigode
Decidiu a bancada do PMDB no Senado que terá candidato próprio à presidência da casa. José Sarney repetiu não aceitar a candidatura.
Fica difícil imaginar que essas duas paralelas, contrariando a Física, não venham a encontrar-se bem antes do infinito. Mesmo que não quisesse, mas quer, Sarney não teria como saltar de banda. Porque só ele une o PMDB e dispõe de condições para compor Legislativo e Executivo. Mesmo fazendo cara feia, o presidente Lula aceitará a investidura do ex-presidente da República no lugar de Garibaldi Alves. O PT pode estrilar, mas a começar pelas oposições, trata-se de um nome de consenso, já que Tião Viana, do PT, divide mais do que une.
Até o final do ano continuará esse jogo de cabra-cega, mas em janeiro tudo se arrumará, sob a aquiescência do senador José Sarney. Ou não?
Sem limites
Em certos momentos da vida nacional, a imprensa parece não ter limites. Na ânsia de agradar aos poderosos do dia, a grande parte dos jornais chega a distorcer os fatos. O general Garrastazu Médici, por exemplo, era ditador. Jamais se censurou tanto a mídia como naqueles tempos. Pois como gostava de futebol e havia acertado o placar da final entre Brasil e México, era saudado como “o presidente, gente como a gente”.
Por que essa referência? Porque o presidente Lula é popularíssimo, caiu no gosto de todo mundo, de banqueiros a sindicalistas e a beneficiados com o Bolsa-Família, mas na terça-feira, em Brasília, chegou uma hora e meia atrasado na solenidade de abertura de um congresso internacional de engenheiros. Ao entrar no salão, recebeu sonora vaia, aliás, muito justa, já que atrasou todos os trabalhos.
Alguém leu, ouviu ou assistiu qualquer referência ao episódio?
E o vice, quem será?
O líder do governo no Senado, Romero Jucá, vem costurando faz muito o apoio do PMDB à candidatura de Dilma Rousseff, do PT, à Presidência da República. Esta semana, em reunião da bancada de seu partido, anunciou haver recebido do presidente Lula a promessa de que o candidato à vice-presidência deve ser indicado pelo PMDB. Se essas previsões se realizarem, quer dizer, se a chefe da Casa Civil emplacar, se não houver terceiro mandato e se o PMDB não lançar candidato próprio, a pergunta surge de imediato: quem será o candidato à vice?
Muita gente aposta no governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fiel servidor do presidente Lula. Há, no entanto, quem aposte no governador do Paraná, Roberto Requião, o que daria uma certa independência à decisão do partido. Convém aguardar.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Questão de investimentos (Mauro Braga e Redação - Tribuna da Imprensa Online)
Para a maior parte dos problemas que assolam a sociedade brasileira, esta coluna sempre defendeu que a solução deva ocorrer a partir de um conjunto de políticas governamentais eficientes, contínuas e voltadas para a população, claro. Afinal, os representantes públicos foram escolhidos justamente para trabalhar em prol do coletivo. Por mais óbvio que isso seja, o que se percebe é justamente o oposto. As ações que têm o cidadão-contribuinte como alvo são raras e, muitas, no meio do caminho acabam por se desvirtuar. Em conseqüência, imensos prejuízos são registrados, por mais que a realidade esteja exposta e clame por soluções.
Ontem, entretanto, parte dessa história foi lembrada publicamente pelo presidente Lula, durante o lançamento do programa de segurança "Território de Paz", no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O presidente disse que o Estado tem culpa de o jovem pobre virar bandido, e que o Brasil se descuidou dos mais pobres ao deixar de lado o crescimento, a geração de emprego e a distribuição de renda nas políticas adotadas nas últimas décadas.
Certamente, as responsabilidades atingem também outros níveis e núcleos, sem que se possa isentar o grau de culpa daqueles que agem na ilegalidade. Mas, é notório que a aplicação de programas sociais e atividades culturais que resgatem do seio do tráfico e da criminalidade o jovem desamparado pode e surte efeitos tremendos. Além disso, aliada a uma política de segurança pública inteligente, os investimentos em ações educacionais e preventivas saem muito mais em conta do que os gastos em armamentos. Isso, sem contar com os danos irreparáveis das centenas de vítimas dos confrontos. Quando as autoridades definirem bem a diferença entre gasto e investimento, boa parte dos problemas será sanada. Não é tão difícil.
Autorizado
A Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou, esta semana, em discussão única, o projeto de lei que autoriza o Poder Executivo, autor da proposta, a assumir as obrigações da Previ-Banerj com os participantes, pensionistas e dependentes que não tenham aderido ao Contrato de Assunção de Obrigações em Negócio Jurídico celebrado entre o estado e a instituição, que está em liquidação extrajudicial.
Reabertura
O projeto autoriza o governo a reabrir o prazo para adesão ao contrato. "Esta medida agilizará a conclusão do processo de liquidação da Previ-Banerj, que já se arrasta há anos", resumiu o líder governista na Casa, deputado Paulo Melo (PMDB). O texto será encaminhado para a sanção do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Adesões
De acordo com o texto, a adesão poderá acontecer ou através do pagamento de uma renda mensal nos moldes da suplementação devida, cujo valor inicial será calculado em função do último salário de contribuição para a Previ-Banerj corrigido, ou pelo pagamento, em uma vez, do crédito titularizado pelo aderente.
Pedra
O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), ontem divulgou nota a respeito da inauguração da Cidade da Música, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, anunciada para o próximo dia 18. Pelo jeito, está de dedos cruzados, torcendo para que o monumental projeto não venha a trazer dor de cabeça. A tirar pelo tamanho da obra, se for uma pedra no sapato, será daquelas bem grandes. Herança de Cesar.
Liquidadas
"Tendo em vista a falta de dados relativos a esta obra, a equipe de transição só poderá se manifestar quando tiver o conjunto total destas informações. Esperamos que todas as despesas relativas a esta obra sejam financeiramente liqüidadas ainda neste exercício", afirma.
"Marolinha"
Até em tempos de crise financeira, o brasileiro não perde o humor. Faz piada até com possíveis tragédias. Circula na internet que, com a falta de crédito na praça, a queda do preço dos automóveis novos e usados, e todo mundo vendo o possível tamanho do rombo da tal "marolinha" anunciada pelo presidente Lula, logo as montadoras e revendedoras entregarão o veículo de graça e ainda darão como brinde um posto de gasolina. O pior é que pouca gente vai aceitar. Pode?
Excesso
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) criticou, ontem, o excesso de sessões especiais para homenagear personalidades e instituições e marcar datas comemorativas realizadas durante o horário do expediente, que oficialmente vai das 14h às 16h. Segundo o tucano, isso estaria prejudicando o funcionamento do Legislativo, impedindo o início da ordem do dia e estendendo demasiadamente os trabalhos.
Rigor
"Não temos tido ordem do dia mais; estamos realizando 'ordem da noite'", disse o senador, em pronunciamento durante sessão do Congresso Nacional. É só uma questão de a comissão que está tratando da reforma do Regimento Interno do Senado tratar tudo isso com mais rigor. Produtividade é primazia. Usar o tempo hábil para negociar visibilidade não dá!
"Brasil, brasis"
A Academia Brasileira de Letras (ABL) encerra, no próximo dia 11, às 17h30, o seu seminário "Brasil, brasis"/2008 . Essa última versão do ano, cujo título é "Alcance e significado da Declaração Universal dos Direitos Humanos", terá como debatedores Flávia Piovesan, Francisco Whitaker, Giancarlo Summa, Hughes Goisbault e Patrus Ananias. O coordenador e expositor será o acadêmico Celso Lafer.
Homenagens
Participantes do encontro farão homenagens especiais ao acadêmico Austregésilo de Athayde, falecido em 1993 e que presidiu a ABL por 34 anos. O evento será realizado no Teatro R. Magalhães Jr. da academia, na Avenida Presidente Wilson, nº 203, no Centro do Rio. A ABL fornecerá certificados de freqüência aos interessados. Entrada franca.
Homens dão vexame
As mulheres já atingiram a meta de vacinação contra rubéola. Ao todo, 33,7 milhões, 95,3%, de mulheres foram imunizadas contra a doença. Já entre os homens, ainda restam 5,1 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. Agora, os homens são o principal foco da campanha. Isso porque, dos 8.684 casos de rubéola confirmados no país, no ano passado, 70% corresponderam a pacientes do sexo masculino.
Frase do dia
"Desfrutou de fácil acesso ao governo Fernando Henrique Cardoso, incluindo encontros com o presidente. Influência que migrou para o governo Luiz Inácio Lula da Silva." (Da revista britânica "The Economist", ao comentar na edição desta semana a "condenação" do banqueiro Daniel Dantas)
Ontem, entretanto, parte dessa história foi lembrada publicamente pelo presidente Lula, durante o lançamento do programa de segurança "Território de Paz", no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O presidente disse que o Estado tem culpa de o jovem pobre virar bandido, e que o Brasil se descuidou dos mais pobres ao deixar de lado o crescimento, a geração de emprego e a distribuição de renda nas políticas adotadas nas últimas décadas.
Certamente, as responsabilidades atingem também outros níveis e núcleos, sem que se possa isentar o grau de culpa daqueles que agem na ilegalidade. Mas, é notório que a aplicação de programas sociais e atividades culturais que resgatem do seio do tráfico e da criminalidade o jovem desamparado pode e surte efeitos tremendos. Além disso, aliada a uma política de segurança pública inteligente, os investimentos em ações educacionais e preventivas saem muito mais em conta do que os gastos em armamentos. Isso, sem contar com os danos irreparáveis das centenas de vítimas dos confrontos. Quando as autoridades definirem bem a diferença entre gasto e investimento, boa parte dos problemas será sanada. Não é tão difícil.
Autorizado
A Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou, esta semana, em discussão única, o projeto de lei que autoriza o Poder Executivo, autor da proposta, a assumir as obrigações da Previ-Banerj com os participantes, pensionistas e dependentes que não tenham aderido ao Contrato de Assunção de Obrigações em Negócio Jurídico celebrado entre o estado e a instituição, que está em liquidação extrajudicial.
Reabertura
O projeto autoriza o governo a reabrir o prazo para adesão ao contrato. "Esta medida agilizará a conclusão do processo de liquidação da Previ-Banerj, que já se arrasta há anos", resumiu o líder governista na Casa, deputado Paulo Melo (PMDB). O texto será encaminhado para a sanção do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Adesões
De acordo com o texto, a adesão poderá acontecer ou através do pagamento de uma renda mensal nos moldes da suplementação devida, cujo valor inicial será calculado em função do último salário de contribuição para a Previ-Banerj corrigido, ou pelo pagamento, em uma vez, do crédito titularizado pelo aderente.
Pedra
O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), ontem divulgou nota a respeito da inauguração da Cidade da Música, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, anunciada para o próximo dia 18. Pelo jeito, está de dedos cruzados, torcendo para que o monumental projeto não venha a trazer dor de cabeça. A tirar pelo tamanho da obra, se for uma pedra no sapato, será daquelas bem grandes. Herança de Cesar.
Liquidadas
"Tendo em vista a falta de dados relativos a esta obra, a equipe de transição só poderá se manifestar quando tiver o conjunto total destas informações. Esperamos que todas as despesas relativas a esta obra sejam financeiramente liqüidadas ainda neste exercício", afirma.
"Marolinha"
Até em tempos de crise financeira, o brasileiro não perde o humor. Faz piada até com possíveis tragédias. Circula na internet que, com a falta de crédito na praça, a queda do preço dos automóveis novos e usados, e todo mundo vendo o possível tamanho do rombo da tal "marolinha" anunciada pelo presidente Lula, logo as montadoras e revendedoras entregarão o veículo de graça e ainda darão como brinde um posto de gasolina. O pior é que pouca gente vai aceitar. Pode?
Excesso
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) criticou, ontem, o excesso de sessões especiais para homenagear personalidades e instituições e marcar datas comemorativas realizadas durante o horário do expediente, que oficialmente vai das 14h às 16h. Segundo o tucano, isso estaria prejudicando o funcionamento do Legislativo, impedindo o início da ordem do dia e estendendo demasiadamente os trabalhos.
Rigor
"Não temos tido ordem do dia mais; estamos realizando 'ordem da noite'", disse o senador, em pronunciamento durante sessão do Congresso Nacional. É só uma questão de a comissão que está tratando da reforma do Regimento Interno do Senado tratar tudo isso com mais rigor. Produtividade é primazia. Usar o tempo hábil para negociar visibilidade não dá!
"Brasil, brasis"
A Academia Brasileira de Letras (ABL) encerra, no próximo dia 11, às 17h30, o seu seminário "Brasil, brasis"/2008 . Essa última versão do ano, cujo título é "Alcance e significado da Declaração Universal dos Direitos Humanos", terá como debatedores Flávia Piovesan, Francisco Whitaker, Giancarlo Summa, Hughes Goisbault e Patrus Ananias. O coordenador e expositor será o acadêmico Celso Lafer.
Homenagens
Participantes do encontro farão homenagens especiais ao acadêmico Austregésilo de Athayde, falecido em 1993 e que presidiu a ABL por 34 anos. O evento será realizado no Teatro R. Magalhães Jr. da academia, na Avenida Presidente Wilson, nº 203, no Centro do Rio. A ABL fornecerá certificados de freqüência aos interessados. Entrada franca.
Homens dão vexame
As mulheres já atingiram a meta de vacinação contra rubéola. Ao todo, 33,7 milhões, 95,3%, de mulheres foram imunizadas contra a doença. Já entre os homens, ainda restam 5,1 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. Agora, os homens são o principal foco da campanha. Isso porque, dos 8.684 casos de rubéola confirmados no país, no ano passado, 70% corresponderam a pacientes do sexo masculino.
Frase do dia
"Desfrutou de fácil acesso ao governo Fernando Henrique Cardoso, incluindo encontros com o presidente. Influência que migrou para o governo Luiz Inácio Lula da Silva." (Da revista britânica "The Economist", ao comentar na edição desta semana a "condenação" do banqueiro Daniel Dantas)
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
A importância de Chicago na história dos EUA (Helio Fernandes)
Lincoln, Al Capone, Obama
Por que Chicago é tão amplo na citação da História dos EUA? A partir de 1860, travou-se a mais sangrenta guerra civil de todos os tempos. Começou contra a ESCRAVIDÃO, transformou-se em luta SEPARATISTA. A Confederação só continuou existindo por causa do presidente da República, que chegou a dar a impressão de que mudava de posição e de convicção.
Esse presidente, Abraham Lincoln, um dos primeiros grandes líderes americanos contra a SEGREGAÇÃO, chegou a propor aos negros que formasem um país independente na Ilha de Granada. Lincoln garantiria a eles um orçamento que cobrisse todas as despesas deles nos próximos 50 anos.
Os líderes negros não aceitaram. Lincoln, entre a SEGREGAÇÃO e o SEPARATISMO, ficou integralmente pela integração da Confederação. Chegou a ser criticado por favorecer os negros. Na verdade defendia a eternidade do país. Lincoln, presidente, veio de Chicago.
Em 1920, foi aprovada a emenda constitucional número 19, que criava a famigerada Lei Seca. Os Estados Unidos inteiro, 60 anos depois do início da mais terrível guerra civil de todos os tempos (até mesmo a de 1917/18, que terminaria com a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, acabando com 300 anos dos Romanov), passaram a beber desesperada e aloucadamente.
Bebiam dia e noite. Pobres, classe média, ricos e riquíssimos se entregaram à bebida, em massa e de forma inacreditável. Mas o apogeu dessa bebedeira tresloucada foi Chicago, criando o gangsterismo, que dominou o país inteiro. Mas nada como aconteceu em Chicago. Na capital do Estado de Illinois, ninguém ligava para o banditismo, queriam mesmo era beber. Parecia não ter fim.
Mas assumindo o governo em 1933, com os EUA em plena DEPRESSÃO, Roosevelt criou o "New Deal", que salvou o país da crise econômica e em 2 anos diminuiu os 16 milhões de desempregados.
Roosevelt tinha visão geral e global, e já tomou posse preocupado com o gangsterismo e com a Lei Seca. Mandou então para o Congresso a Emenda Número 20, acabando com essa Lei Seca. (Criada em 1920 como Emenda 19, veio essa, a primeira aprovada em 14 anos). Subitamente o país parou de beber, como se dissessem: "É só entrar num bar, pedir uma bebida e só parar quando caísse", não havia mais prazer ou satisfação.
Num relâmpago o crime que dominava Chicago, liquidado. E seu chefe intocável, Al Capone, preso e nunca mais solto. Preso por sonegação de impostos, ninguém imaginava isso. Assim, com uma simples EMENDA CONSTITUCIONAL, desaparecia a bebedeira nacional, liquidavam os gangsters que se matavam em batalhas diárias, o mais famoso e mais poderoso de todos, Al Capone, não resitia a um coletor de impostos.
Agora, de Chicago (lógico não a cidade onde nasceu, mas onde vive há anos, se casou, se elegeu senador, teve filhos e surpreendentemente se candidatou a presidente), surge um outro personagem que já fez história, antes mesmo de assumir. Aos 47 anos, com uma ascendência complicada, negro num país ainda fortemente racista, se transformou numa das esperanças do mundo.
Não apenas dos Estados Unidos, mas de todos os países. Não somente dos 280 milhões de americanos, mas dos 6 bilhões de habitantes do planeta. Estamos torcendo para que ele dê certo, perdão, isso não basta, tem que dar CERTÍSSIMO.
PS - Ele foi eleito e tomará posse dentro de 67 dias, na mais terrível crise de jogatina que já se conheceu. Obama tem que criar (inventar) um mecanismo que impeça as bolsas de se transformarem em cassinos. Sem esquecer dos "derivativos", trilhões por dia.
PS 2 - Se as coisas se agravarem e as soluções ficarem dificultadas, duas providências.
1 - Fechar as bolsas.
2 - Deixar que quem jogar assuma os prejuízos ou fique com os lucros sem favorecimento dos governos.
Amanhã
Parque Lage: TOMBADO legalmente. DESTOMBADO ilegalmente. DESAPROPRIADO constitucionalmente. Roberto Marinho GANHOU 150 MILHÕES.
Mino Carta
Numa entrevista ao excelente Jornal da ABI, afirmou: "Eu jamais quis ser jornalista". Coerência é isso.
A riqueza faz milagres. Ricardo Teixeira que mal sabe ler e escrever assinou artigo em O Globo. É lógico que com a fortuna sonegada, desviada para o exterior (e considerando que é legítima, pois agora tem residência na Suíça) pode pagar quem escreve para ele. E no artigo, com paixão e veemência, defende entusiasmadamente a ÉTICA. Que não praticava antes da CPI que o MASSACROU, e que continua sem praticar depois.
Curiosidade que não consegui satisfazer: quem teria escrito para o presidente da CBF? Entre os seus íntimos, não conheço ninguém que tenha capacidade ou credibilidade para escrever 10% do que saiu.
(O jornalão pede desculpas, era para sair "informe publicitário", esqueceram).
Quinta-feira é feriado nacional, homenagem a Zumbi dos Palmares. Ele merece toda consideração, mas não feriado. Conclusão: os governadores Serra e Aécio decretaram "ponto facultativo" na sexta.
Sérgio Cabral, que não gosta de trabalho, copiou Serra e Aécio de São Paulo e de Minas, fez o mesmo no Estado do Rio. Que República.
Apoiando contraditoriamente Eduardo Paes, Vladimir Palmeira esperava uma secretaria, como os outros estão ganhando.
Não ganhou nada, já rompeu com o prefeito eleito (?), virou "oposicionista". Impressionante o retrocesso da carreira do grande líder quando tinha 20 anos. Parece FHC no governo, pelo menos FHC chegou lá.
Como "justificativa", diz: "Vou apoiar Lindemberg Farias para governador em 2010". Ha! Ha! Ha! Ninguém sabe como ficará 2010. Poderá haver reeeleição? Se puder, Cabral não perde no cargo.
Anderson Adauto, ex-deputado, prefeito de Uberaba (uma potência), candidato à reeeleição, recebeu declaração do ministro Jobim apoiando seu nome. Todos na campanha foram contra a aceitação.
Mas Adauto conseguiu uma comunicação do próprio Lula referendando seu nome, resolveu juntar também a de Jobim.
Assim mesmo ganhou. Responde a inquéritos, com o voto de Jobim, que treve que se aposentar "expulsoriamente", que palavra, e venceu.
Comentário obrigatório e final: pra que eleição, se a "representatividade" concedida pelo povo não "representa" coisa alguma?
Sérgio Cabral procura copiar o presidente Lula em tudo. Por exemplo: as viagens. O governador não pára aqui, imitando o presidente. Acontece que esse é o grande trunfo e triunfo de Lula.
Quanto a Cabral, vai e volta, não conhece ninguém, lógico, não é recebido em lugar algum. Lula é abraçado com respeito e demonstração de prestígio e importância pelas maiores personalidades.
O alcaide-factóide-debilóide, por onde anda? No início do ano disse na televisão: "A Cidade da Música será a minha glorificação. Vou sair de braços abertos, como o Cristo do Corcovado".
Para desgraça dos servos, submissos e subservientes, deu a essa Cidade da Música o nome de Roberto Marinho. Pois foi O Globo que liquidou a irrealidade. Denunciando que custou mais de 600 MILHÕES. Quem irá RESPONSABILIZÁ-LO?
Arminio Fraga, obrigatório reconhecer: é um gênio. Senão do conhecimento e cultura, pelo menos na capacidade de articulação e ultrapassar obstáculos. Trabalhava com o maior gangster financeiro do mundo (George Soros), veio ser presidente do Banco Central.
Ontem, na televisão, disse textualmente: "Os governos precisam ajudar o mercado e salvar os fundos". Ele é individualmente o maior controlador de fundos do Brasil. Notável discernimento.
Não param de me escrever sobre o major Passarinho, que passou para a reserva como coronel. É um dos grandes farsantes da História do Brtasil. De extrema direita confessado (e precisava?), se fingia de democrata. Suas contradições, famosas nos quartéis.
Defensor da tortura e fazendo qualquer coisa para aparecer, deu entrevista e escreveu artigo defendendo o coronel Brilhante (?) Ustra. Exibicionista, não tinha nada a fazer ou dizer.
Foi sempre contraditório mas não conseguia iludir ninguém. Na reunião da manhã de 13 de dezembro no Laranjeiras (o AI-5 sairia à noite), incentivou o "presidente" Costa e Silva a assinar o ATO.
Como Costa e Silva resistia (passou a noite e a madrugada de 12 para 13 sem receber ninguém, vendo "faroestes" com amigos), Passarinho resolveu incentivá-lo, com a frase: "Presidente, às favas com a consciência".
Golbery, que tinha sido afastado do SNI, lógico, deixou lá muitos amigos. Gravaram a sessão inteira, Golbery deu cópia ao jornalista Elio Gaspari, que publicou na Veja, onde trabalhava na época.
Até hoje Passarinho tem ódio do Gaspari. Do que adianta?
XXX
Venus Williams conquistou a Copa do Mundo de Tênis, vencendo as melhores jogadoras do mundo. E ganhou sempre com extrema facilidade.
XXX
A Copa do Mundo de Xangai foi de Djokovic, por simples coincidências e circunstâncias eventuais.
Como Nadal não pôde jogar nem a Davis (contra a Argentina, dentro de uma semana) e Federer teve crise estomacal, que o eliminou mas comprovou seu espírito esportivo (entrando em quadra sabendo que perderira), o sérvio, número 3, ficou praticamente absoluto.
Mas como é um tremendo exibicionista, quase ia jogando o título fora. Ganhou de um Davydenko descuidado (foi o melhor jogador da fase não eliminatória), na final nem parecia o mesmo. De qualquer maneira, Djokovic só chegará a número 1 do mundo quando Federer e Nadal pararem.
O escocês Andy Murray "mascarou" muito cedo, vai fazer 22 anos. Tem enormes qualidades, mas, quando está por baixo, descontrola inteiramente. Tirando a Davis, 2008 acabou para o tênis. Nadal número 1, Federer 2, e Djokovic 3, que é, por enquanto, sua posição no ranking.
Por que Chicago é tão amplo na citação da História dos EUA? A partir de 1860, travou-se a mais sangrenta guerra civil de todos os tempos. Começou contra a ESCRAVIDÃO, transformou-se em luta SEPARATISTA. A Confederação só continuou existindo por causa do presidente da República, que chegou a dar a impressão de que mudava de posição e de convicção.
Esse presidente, Abraham Lincoln, um dos primeiros grandes líderes americanos contra a SEGREGAÇÃO, chegou a propor aos negros que formasem um país independente na Ilha de Granada. Lincoln garantiria a eles um orçamento que cobrisse todas as despesas deles nos próximos 50 anos.
Os líderes negros não aceitaram. Lincoln, entre a SEGREGAÇÃO e o SEPARATISMO, ficou integralmente pela integração da Confederação. Chegou a ser criticado por favorecer os negros. Na verdade defendia a eternidade do país. Lincoln, presidente, veio de Chicago.
Em 1920, foi aprovada a emenda constitucional número 19, que criava a famigerada Lei Seca. Os Estados Unidos inteiro, 60 anos depois do início da mais terrível guerra civil de todos os tempos (até mesmo a de 1917/18, que terminaria com a implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, acabando com 300 anos dos Romanov), passaram a beber desesperada e aloucadamente.
Bebiam dia e noite. Pobres, classe média, ricos e riquíssimos se entregaram à bebida, em massa e de forma inacreditável. Mas o apogeu dessa bebedeira tresloucada foi Chicago, criando o gangsterismo, que dominou o país inteiro. Mas nada como aconteceu em Chicago. Na capital do Estado de Illinois, ninguém ligava para o banditismo, queriam mesmo era beber. Parecia não ter fim.
Mas assumindo o governo em 1933, com os EUA em plena DEPRESSÃO, Roosevelt criou o "New Deal", que salvou o país da crise econômica e em 2 anos diminuiu os 16 milhões de desempregados.
Roosevelt tinha visão geral e global, e já tomou posse preocupado com o gangsterismo e com a Lei Seca. Mandou então para o Congresso a Emenda Número 20, acabando com essa Lei Seca. (Criada em 1920 como Emenda 19, veio essa, a primeira aprovada em 14 anos). Subitamente o país parou de beber, como se dissessem: "É só entrar num bar, pedir uma bebida e só parar quando caísse", não havia mais prazer ou satisfação.
Num relâmpago o crime que dominava Chicago, liquidado. E seu chefe intocável, Al Capone, preso e nunca mais solto. Preso por sonegação de impostos, ninguém imaginava isso. Assim, com uma simples EMENDA CONSTITUCIONAL, desaparecia a bebedeira nacional, liquidavam os gangsters que se matavam em batalhas diárias, o mais famoso e mais poderoso de todos, Al Capone, não resitia a um coletor de impostos.
Agora, de Chicago (lógico não a cidade onde nasceu, mas onde vive há anos, se casou, se elegeu senador, teve filhos e surpreendentemente se candidatou a presidente), surge um outro personagem que já fez história, antes mesmo de assumir. Aos 47 anos, com uma ascendência complicada, negro num país ainda fortemente racista, se transformou numa das esperanças do mundo.
Não apenas dos Estados Unidos, mas de todos os países. Não somente dos 280 milhões de americanos, mas dos 6 bilhões de habitantes do planeta. Estamos torcendo para que ele dê certo, perdão, isso não basta, tem que dar CERTÍSSIMO.
PS - Ele foi eleito e tomará posse dentro de 67 dias, na mais terrível crise de jogatina que já se conheceu. Obama tem que criar (inventar) um mecanismo que impeça as bolsas de se transformarem em cassinos. Sem esquecer dos "derivativos", trilhões por dia.
PS 2 - Se as coisas se agravarem e as soluções ficarem dificultadas, duas providências.
1 - Fechar as bolsas.
2 - Deixar que quem jogar assuma os prejuízos ou fique com os lucros sem favorecimento dos governos.
Amanhã
Parque Lage: TOMBADO legalmente. DESTOMBADO ilegalmente. DESAPROPRIADO constitucionalmente. Roberto Marinho GANHOU 150 MILHÕES.
Mino Carta
Numa entrevista ao excelente Jornal da ABI, afirmou: "Eu jamais quis ser jornalista". Coerência é isso.
A riqueza faz milagres. Ricardo Teixeira que mal sabe ler e escrever assinou artigo em O Globo. É lógico que com a fortuna sonegada, desviada para o exterior (e considerando que é legítima, pois agora tem residência na Suíça) pode pagar quem escreve para ele. E no artigo, com paixão e veemência, defende entusiasmadamente a ÉTICA. Que não praticava antes da CPI que o MASSACROU, e que continua sem praticar depois.
Curiosidade que não consegui satisfazer: quem teria escrito para o presidente da CBF? Entre os seus íntimos, não conheço ninguém que tenha capacidade ou credibilidade para escrever 10% do que saiu.
(O jornalão pede desculpas, era para sair "informe publicitário", esqueceram).
Quinta-feira é feriado nacional, homenagem a Zumbi dos Palmares. Ele merece toda consideração, mas não feriado. Conclusão: os governadores Serra e Aécio decretaram "ponto facultativo" na sexta.
Sérgio Cabral, que não gosta de trabalho, copiou Serra e Aécio de São Paulo e de Minas, fez o mesmo no Estado do Rio. Que República.
Apoiando contraditoriamente Eduardo Paes, Vladimir Palmeira esperava uma secretaria, como os outros estão ganhando.
Não ganhou nada, já rompeu com o prefeito eleito (?), virou "oposicionista". Impressionante o retrocesso da carreira do grande líder quando tinha 20 anos. Parece FHC no governo, pelo menos FHC chegou lá.
Como "justificativa", diz: "Vou apoiar Lindemberg Farias para governador em 2010". Ha! Ha! Ha! Ninguém sabe como ficará 2010. Poderá haver reeeleição? Se puder, Cabral não perde no cargo.
Anderson Adauto, ex-deputado, prefeito de Uberaba (uma potência), candidato à reeeleição, recebeu declaração do ministro Jobim apoiando seu nome. Todos na campanha foram contra a aceitação.
Mas Adauto conseguiu uma comunicação do próprio Lula referendando seu nome, resolveu juntar também a de Jobim.
Assim mesmo ganhou. Responde a inquéritos, com o voto de Jobim, que treve que se aposentar "expulsoriamente", que palavra, e venceu.
Comentário obrigatório e final: pra que eleição, se a "representatividade" concedida pelo povo não "representa" coisa alguma?
Sérgio Cabral procura copiar o presidente Lula em tudo. Por exemplo: as viagens. O governador não pára aqui, imitando o presidente. Acontece que esse é o grande trunfo e triunfo de Lula.
Quanto a Cabral, vai e volta, não conhece ninguém, lógico, não é recebido em lugar algum. Lula é abraçado com respeito e demonstração de prestígio e importância pelas maiores personalidades.
O alcaide-factóide-debilóide, por onde anda? No início do ano disse na televisão: "A Cidade da Música será a minha glorificação. Vou sair de braços abertos, como o Cristo do Corcovado".
Para desgraça dos servos, submissos e subservientes, deu a essa Cidade da Música o nome de Roberto Marinho. Pois foi O Globo que liquidou a irrealidade. Denunciando que custou mais de 600 MILHÕES. Quem irá RESPONSABILIZÁ-LO?
Arminio Fraga, obrigatório reconhecer: é um gênio. Senão do conhecimento e cultura, pelo menos na capacidade de articulação e ultrapassar obstáculos. Trabalhava com o maior gangster financeiro do mundo (George Soros), veio ser presidente do Banco Central.
Ontem, na televisão, disse textualmente: "Os governos precisam ajudar o mercado e salvar os fundos". Ele é individualmente o maior controlador de fundos do Brasil. Notável discernimento.
Não param de me escrever sobre o major Passarinho, que passou para a reserva como coronel. É um dos grandes farsantes da História do Brtasil. De extrema direita confessado (e precisava?), se fingia de democrata. Suas contradições, famosas nos quartéis.
Defensor da tortura e fazendo qualquer coisa para aparecer, deu entrevista e escreveu artigo defendendo o coronel Brilhante (?) Ustra. Exibicionista, não tinha nada a fazer ou dizer.
Foi sempre contraditório mas não conseguia iludir ninguém. Na reunião da manhã de 13 de dezembro no Laranjeiras (o AI-5 sairia à noite), incentivou o "presidente" Costa e Silva a assinar o ATO.
Como Costa e Silva resistia (passou a noite e a madrugada de 12 para 13 sem receber ninguém, vendo "faroestes" com amigos), Passarinho resolveu incentivá-lo, com a frase: "Presidente, às favas com a consciência".
Golbery, que tinha sido afastado do SNI, lógico, deixou lá muitos amigos. Gravaram a sessão inteira, Golbery deu cópia ao jornalista Elio Gaspari, que publicou na Veja, onde trabalhava na época.
Até hoje Passarinho tem ódio do Gaspari. Do que adianta?
XXX
Venus Williams conquistou a Copa do Mundo de Tênis, vencendo as melhores jogadoras do mundo. E ganhou sempre com extrema facilidade.
XXX
A Copa do Mundo de Xangai foi de Djokovic, por simples coincidências e circunstâncias eventuais.
Como Nadal não pôde jogar nem a Davis (contra a Argentina, dentro de uma semana) e Federer teve crise estomacal, que o eliminou mas comprovou seu espírito esportivo (entrando em quadra sabendo que perderira), o sérvio, número 3, ficou praticamente absoluto.
Mas como é um tremendo exibicionista, quase ia jogando o título fora. Ganhou de um Davydenko descuidado (foi o melhor jogador da fase não eliminatória), na final nem parecia o mesmo. De qualquer maneira, Djokovic só chegará a número 1 do mundo quando Federer e Nadal pararem.
O escocês Andy Murray "mascarou" muito cedo, vai fazer 22 anos. Tem enormes qualidades, mas, quando está por baixo, descontrola inteiramente. Tirando a Davis, 2008 acabou para o tênis. Nadal número 1, Federer 2, e Djokovic 3, que é, por enquanto, sua posição no ranking.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Pau neles! (Carlos Chagas)
BRASÍLIA - Parece não ter fim a sucessão de crimes bárbaros acontecidos no País, sejam ou não classificados como hediondos pela lei. Muitos dirão tratar-se de coisa antiga, desde tempos imemoriais, mas a verdade é que com o avanço das telecomunicações a sociedade toma conhecimento dos crimes logo depois deles acontecerem.
Tivesse o Congresso coragem bastante e nossas leis penais já teriam sido modificadas de forma a condenar severamente os autores desse horror permanente. Falando claro: que tal um plebiscito para saber se a população aprova a pena de morte para crimes abomináveis, como ainda agora o estupro e o assassinato de meninas de oito anos? Ou para o gesto de um animal que há pouco atirou na cabeça de duas jovens reféns, uma delas morta?
O que dizer do casal que matou a própria filha ou dos animais que no alto das favelas julgam e condenam seus próprios companheiros a ser queimados vivos? Ninguém se iluda. O resultado desse plebiscito seria favorável à pena de morte. E mesmo se por razões humanitárias fosse afastada a hipótese, a prisão perpétua encabeçaria a relação.
O que não dá é para ficar alegando que só com a melhoria do sistema de educação o país se livrará da sombra de haver-se tornado um dos mais violentos do planeta. Parece claro que muito da criminalidade desapareceria, mas educação ampliada resolveria a questão apenas a médio e longo prazos. E lembrando que sem emprego o cidadão melhor educado apenas se conscientizará mais rápido da impossibilidade de continuar passivamente aceitando o inferno à sua volta.
Muita gente critica, e com razão, o tempo cada vez maior que telejornais, radiojornais e diários impressos dedicam ao crime, à violência e à desgraça do semelhante. Sem dúvida, isso acontece por conta da disputa pela audiência e a circulação, mas basta subir um degrau para a conclusão: cresce o número de telespectadores, ouvintes e leitores atraídos pela animalidade exposta nas telinhas, microfones e folhas. A maioria por indignação, alguns para constarem a existência de agruras maiores do que as suas.
A hora seria, pelo menos, de aproveitar essa tendência para correções fundamentais no combate ao crime. Menos para estimular Bopes e sucedâneos a subir morros atirando e matando, mais para aprimorar o arcabouço legal destinado tanto a reparar o passado quanto a prevenir o futuro. Em matéria de criminosos de todos os tipos que se vem multiplicando, só haverá que enfrentá-los aplicando o mote popular: pau neles! Claro que também investindo pesado na educação.
Não soube perder
Dona Marta faz o dia seguinte ficar pior do que a véspera. Perdeu feia a disputa pela prefeitura paulistana, deveria tirar lições da derrota, como a de que não se faz campanha com base na presunção. Pois não é que em vez de ficar quieta, curtindo a experiência para aplicá-la em outras eleições, a candidata acaba de entrar na Justiça pedindo a cassação da vitória de Gilberto Kassab?
A acusação é de que antes de iniciado o período eleitoral o prefeito apoiou a edição de uma revista exaltando suas obras na capital do estado. Coisa pueril, insignificante, destinada apenas a tomar o tempo de juízes eleitorais. Não soube perder, a companheira.
Munição para os defuntos
A ditadura passou, dela recorda-se apenas como forma de evitar por todos os meios que o passado se repita. Pois não é que o governo Lula vem fornecendo pretextos para alguns defuntos cultores do antigo regime argumentar como tudo eram melhores e diferentes?
Essa disputa entre a Polícia Federal e a Abin transcende as raias do ridículo, ouvindo-se aqui e ali que nos tempos do abominável SNI isso não acontecia. Omitem, é claro, ter sido o SNI um monstro, nas palavras de seu próprio criador. Não se recordam, também, que a Polícia Federal era mero apêndice do sistema então vigente encarregada de executar tarefas consideradas indignas pelos que vestiam farda.
Agora, aceitar passivamente que as duas instituições se digladiem, ofendendo-se e invadindo as atribuições, uma da outra, torna-se mais do que lamentável. Chega a ser perigoso, por demonstrar completa falta de autoridade por parte de quem deveria exercê-la. Um murro na mesa bastaria, mas não há quem se disponha a executá-lo. Possivelmente nem existe mesa.
Dia de compras
Terça-feira foi dia de compras para os seis ministros e seus acompanhantes e assessores que integram a comitiva do presidente Lula, em viagem a Roma. Como na véspera não houve programa para eles, e no dia seguinte, ontem, era facultativa sua presença na reunião com empresários italianos, a conclusão surge clara: o presidente Lula está financiando férias de luxo à parte do ministério. Espera-se que nem todos sigam hoje para Washington na companhia do chefe, que participará da nova reunião do G-20 sem direito a aspones nem a papagaios de pirata.
Tivesse o Congresso coragem bastante e nossas leis penais já teriam sido modificadas de forma a condenar severamente os autores desse horror permanente. Falando claro: que tal um plebiscito para saber se a população aprova a pena de morte para crimes abomináveis, como ainda agora o estupro e o assassinato de meninas de oito anos? Ou para o gesto de um animal que há pouco atirou na cabeça de duas jovens reféns, uma delas morta?
O que dizer do casal que matou a própria filha ou dos animais que no alto das favelas julgam e condenam seus próprios companheiros a ser queimados vivos? Ninguém se iluda. O resultado desse plebiscito seria favorável à pena de morte. E mesmo se por razões humanitárias fosse afastada a hipótese, a prisão perpétua encabeçaria a relação.
O que não dá é para ficar alegando que só com a melhoria do sistema de educação o país se livrará da sombra de haver-se tornado um dos mais violentos do planeta. Parece claro que muito da criminalidade desapareceria, mas educação ampliada resolveria a questão apenas a médio e longo prazos. E lembrando que sem emprego o cidadão melhor educado apenas se conscientizará mais rápido da impossibilidade de continuar passivamente aceitando o inferno à sua volta.
Muita gente critica, e com razão, o tempo cada vez maior que telejornais, radiojornais e diários impressos dedicam ao crime, à violência e à desgraça do semelhante. Sem dúvida, isso acontece por conta da disputa pela audiência e a circulação, mas basta subir um degrau para a conclusão: cresce o número de telespectadores, ouvintes e leitores atraídos pela animalidade exposta nas telinhas, microfones e folhas. A maioria por indignação, alguns para constarem a existência de agruras maiores do que as suas.
A hora seria, pelo menos, de aproveitar essa tendência para correções fundamentais no combate ao crime. Menos para estimular Bopes e sucedâneos a subir morros atirando e matando, mais para aprimorar o arcabouço legal destinado tanto a reparar o passado quanto a prevenir o futuro. Em matéria de criminosos de todos os tipos que se vem multiplicando, só haverá que enfrentá-los aplicando o mote popular: pau neles! Claro que também investindo pesado na educação.
Não soube perder
Dona Marta faz o dia seguinte ficar pior do que a véspera. Perdeu feia a disputa pela prefeitura paulistana, deveria tirar lições da derrota, como a de que não se faz campanha com base na presunção. Pois não é que em vez de ficar quieta, curtindo a experiência para aplicá-la em outras eleições, a candidata acaba de entrar na Justiça pedindo a cassação da vitória de Gilberto Kassab?
A acusação é de que antes de iniciado o período eleitoral o prefeito apoiou a edição de uma revista exaltando suas obras na capital do estado. Coisa pueril, insignificante, destinada apenas a tomar o tempo de juízes eleitorais. Não soube perder, a companheira.
Munição para os defuntos
A ditadura passou, dela recorda-se apenas como forma de evitar por todos os meios que o passado se repita. Pois não é que o governo Lula vem fornecendo pretextos para alguns defuntos cultores do antigo regime argumentar como tudo eram melhores e diferentes?
Essa disputa entre a Polícia Federal e a Abin transcende as raias do ridículo, ouvindo-se aqui e ali que nos tempos do abominável SNI isso não acontecia. Omitem, é claro, ter sido o SNI um monstro, nas palavras de seu próprio criador. Não se recordam, também, que a Polícia Federal era mero apêndice do sistema então vigente encarregada de executar tarefas consideradas indignas pelos que vestiam farda.
Agora, aceitar passivamente que as duas instituições se digladiem, ofendendo-se e invadindo as atribuições, uma da outra, torna-se mais do que lamentável. Chega a ser perigoso, por demonstrar completa falta de autoridade por parte de quem deveria exercê-la. Um murro na mesa bastaria, mas não há quem se disponha a executá-lo. Possivelmente nem existe mesa.
Dia de compras
Terça-feira foi dia de compras para os seis ministros e seus acompanhantes e assessores que integram a comitiva do presidente Lula, em viagem a Roma. Como na véspera não houve programa para eles, e no dia seguinte, ontem, era facultativa sua presença na reunião com empresários italianos, a conclusão surge clara: o presidente Lula está financiando férias de luxo à parte do ministério. Espera-se que nem todos sigam hoje para Washington na companhia do chefe, que participará da nova reunião do G-20 sem direito a aspones nem a papagaios de pirata.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
148 anos depois da guerra civil contra a escravidão Um negro é eleito presidente dos EUA (Helio Fernandes)
Em nenhum momento da campanha eleitoral que terminou esta madrugada tive qualquer dúvida sobre a vitória de Obama. Mas o que pode parecer contradição mas era apenas o conhecimento da realidade: em nenhum momento da campanha eleitoral, nem de longe tive a certeza de que Obama seria o vencedor. Meu receio é que tirassem a vitória de Obama, como em 2000 com a "vitória" de Bush.
Bush tirou a vitória de Al Gore. O vice de Clinton não representava o mínimo que fosse que Obama representa agora. Pelo menos em tese, em expectativa, em esperança, a partir de 20 de janeiro de 2009, quando ele chegar à Casa Branca, como presidente eleito.
Al Gore foi esbulhado (leiam: política e eleitoralmente roubado), mas se esse esbulho se repetisse, que foi sempre o meu temor, não seria apenas mais uma demonstração de preconceito, hipocrisia e puritanismo da classe média americana. Nesse conjunto estaria incluído o pior de todos os itens, a SUPREMACIA DO RACISMO SOBRE A RAZÃO PURA.
Obama ganhou a eleição na campanha eleitoral. O recorde de votantes num país onde votar não é obrigatório se deve ao carisma de Obama. Tirando os militares (e Washington, o primeiro presidente eleito em 1788, junto com a promulgação da Constituição), são quase sempre senadores ou governadores. Obama é senador, mas no início da campanha poucos acreditavam nele.
Só que à medida que a campanha ia se desenvolvendo, Obama foi crescendo, assumindo uma posição que poucos acreditavam que fosse dele. A ponto de aparecer em todas as pesquisas em primeiro lugar, bem na frente de McCain. Expectativa dos institutos que se confirmaram inteiramente.
Para satisfação dos EUA, da Europa, África, Américas e do mundo todo, Obama, que começou praticamente como desconhecido, terminou como estadista, antes mesmo de fazer qualquer coisa. Perdão, Obama passou a ser considerado não apenas carismático, mas um verdadeiro estadista, com o discurso da vitória pronunciado diante de mais de 1 milhão de pessoas, frente a frente, mais os milhões que viam e ouviam pela televisão.
De 1840 a 1860, apenas três países do mundo ocidental mantinham a escravidão: EUA, Cuba e Brasil. Com a mais terrível guerra civil de todos os tempos (1860-1864), os EUA não conseguiram acabar com o racismo mas colaboraram para assassinar um dos seus estadistas, o presidente Lincoln.
Desinformados, os jornalões dizem que "o racismo nos EUA acabou por iniciativa do presidente Lyndon Johnson". Nem a iniciativa, nem a conclusão foram dele. Quem pediu em 1962 à Corte Suprema o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL foi Kennedy. E quem concedeu em 1964 (com Kennedy já assassinado) foi a Corte Suprema. Revolução que levou 44 anos para produzir seu primeiro resultado emocionante e mais revolucionário ainda do que o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL, a eleição de um negro para a Casa Branca. E Obama não é um negro qualquer.
Um "negro qualquer" não faz aquele discurso quase inacreditável, provocando choro e emoção em pelo menos dois terços dos que o ouviam. Que discurso, que palavras, que pregação, que reafirmação da união, começando pela família e empolgando o país.
PS - O recorde no número de votantes foi que deu a vitória a Obama. E foi ele sozinho, não pela cor da pele, sim pela clareza do raciocínio, do comportamento e da esperança que provocava e consolidava, que levou mais de 130 milhões a votarem voluntariamente.
PS 2 - De agora até 20 de janeiro, toda a emoção e curiosidade se transformarão em aplauso à medida que forem surgindo os nomes dos que trabalharão com ele. E por que não esperar um New Deal com outro nome, 75 anos depois de Roosevelt?
Presidente Obama
Já apareceu aqui durante a campanha. Mas logicamente é a primeira como PRESIDENTE. Espero que por todo o mandato.
Vi e ouvi a primeira notícia sobre a vitória definitiva de Obama às 2,40 da madrugada já da quarta-feira, horário de Brasília. Foi na CNN. Às 2,55, 15 minutos depois, era a Fox News (do gangster Rupert Murdoch) que confirmava o fato. Tentei descobrir qualquer coisa na Globo ou nas suas estações a cabo, mas estavam todas em MANUTENÇÃO.
Com uma multidão de repórteres, correspondentes, analistas, enviados especiais (80 por cento do primeiro time), a Globo só foi "ter a honra" de informar os telespectadores às 6,40 da manhã, já com o sol brilhando mais forte por causa da vitória de Obama.
A notícia foi dada pelo "Bom dia, Brasil", que pretende ser, pela manhã, o que o "Jornal Nacional" acredita que representa à noite. E foi uma cobertura medíocre, monótona, repetitiva.
Tudo o que já havia sido publicado no "Jornal Nacional" da véspera (e nos canais a cabo) foi mostrado sem constrangimento e sem o mínimo de requentamento. Deram as filas enormes, além de dois resultados estaduais que já se conhecia de véspera, nada mais.
Em matéria de jornalismo, a Organização acumula o mais retumbante, que palavra, fracasso. Como é a única, poucos perceberam. Nos EUA, vários canais se revezavam a noite toda disputando a notícia.
Desinformação geral da mídia.
1 - Não foi semana passada que Orestes Quércia se atrelou a José Serra. Tem mais de 1 ano. E o próprio Quércia revelou a "convicção": apóia Serra e será apoiado para o Senado.
2 - Jarbas Vasconcellos não trabalha para que 40 por cento do PMDB apóiem Serra. O ex-governador trabalha para si mesmo. Em 2002 foi convidado pessoalmente por Serra para vice. Não pôde aceitar.
3 - Agora quer aparecer logo como vice, antes que qualquer outro aventureiro o faça. 4 - Muitos apostam que Aécio já desistiu da legenda do PSDB. Por que desistiria, se a legenda não tem certeza de nada?
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: Franklin Martins tem dito a amigos: "Estou na lista dos presidenciáveis da preferência do presidente Lula".
Como dizem que o impossível acontece, o vice do ex-jornalista seria Sérgio Cabral. Ha! Ha! Ha!
Eduardo Paes está nomeando todos que trabalharam com Cesar Maia. Quem sabe não arranja "um bico" para o próprio ex-ídolo?
Enquanto isso, Crivela, Vladimir Palmeira, Dona Jandira, Molon ficam sem nada depois de tanta dedicação? Paes não pode ser tão injusto.
O que é que adianta Dona Dilma abandonar o chocolate para emagrecer? Na campanha para ver qual o poste das preferências de Lula, ela levará um "chocolate" tão grande, ficará "magrinha".
Lula estava feliz com o fato de ter "recomendado Obama para presidente" e ele ter ganho mesmo. Muitos criticaram Lula por ter tomado partido. Os EUA sempre "massacraram" a América, por que o silêncio?
Foi Theodore Roosevelt, em 1903, como vice que assumiu a Casa Branca, que chamou os países da América de "banana republic". Eles podem intervir e explorar o Brasil, não podemos torcer por um presidente?
No Brasil a vitória de Obama não teve muito efeito na jogatina das bolsas. Abriu em baixa, quase às 2 da tarde continuava caindo. O Dow abriu em alta, pequena mas alta, acreditaram mais do que nós.
A propósito: o presidente Lula disse textualmente "que é preciso providências enérgicas para impedir que as bolsas continuem como cassino". Obrigado, Lula, escrevo isso há mais de 30 anos.
Há 6 meses revelei aqui: em dezembro não existirão as tradicionais promoções de generais-de-divisão a generais-de-exército. Quer dizer: de 3 Estrelas para 4 Estrelas, o último ponto da carreira.
Concluí: essas promoções não se realizariam em dezembro por falta de vagas. Mas seriam retomadas em março, quando existirão duas vagas. Uma delas será preenchida pelo brilhante e competente general Rui Monarca, atual comandante da Vila Militar.
Agora posso anunciar para os próximos dias duas movimentações de generais de 4 Estrelas (exército). O general José Elito Carvalho Siqueira será transferido para o Ministério da Defesa.
Comanda atualmente o Exército Militar do Sul, antigo III Exército. Para o seu lugar irá o general José Carlos de Nardi. O general Elito, muito amigo do ministro Nelson Jobim, ainda não tem cargo designado.
Os convites ainda não estão confeccionados, mas a passagem do comando será no dia 28 deste novembro, a última 6ª feira do mês.
O outro 4 Estrelas de março ainda não está decidido. Mas é possível que essas duas promoções possibilitem e permitam movimentação mais ampla.
XXX
O Diário Oficial de ontem publica na primeira página: o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, assinando contrato de financiamento, no valor de 40 milhões de reais. Com a Caixa Econômica Federal, para construção de uma nova sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. Justificativa, a de sempre: reunir toda a empresa e acabar com o pagamento espalhado de aluguéis.
Governador em exercício? Pois é. Mais uma vez, a vigésima que o Pezão assume. Hoje, não se sabe onde está o governador Sérgio Cabral. Como suas sucessivas viagens são menores do que 15 dias, ele não precisa, para cada uma, pedir licença à Alerj.
Vai em frente, vivendo seus momentos de turista à custa do tesouro público. Que República.
XXX
Muita gente me telefonando sobre o artigo que prometi para amanhã, da INCORPORAÇÃO e não FUSÃO ou VENDA do Itaú sobre o Unibanco.
Agora os amestrados já decidiram (ou "descobriram") que o Itaú mais a incorporação do Unibanco exercerão grande importância na América Latina. Ha! Ha! Ha! Só que ninguém informa desinteressadamente o que é que o cidadão-contribuinte-eleitor ganhará.
Minha grande preocupação: que Roberto Setubal, que não tem formação intelectual, feche a revista "Piauí".
(Amanhã, texto integral e verdadeiro, incorporação e não fusão.)
Bush tirou a vitória de Al Gore. O vice de Clinton não representava o mínimo que fosse que Obama representa agora. Pelo menos em tese, em expectativa, em esperança, a partir de 20 de janeiro de 2009, quando ele chegar à Casa Branca, como presidente eleito.
Al Gore foi esbulhado (leiam: política e eleitoralmente roubado), mas se esse esbulho se repetisse, que foi sempre o meu temor, não seria apenas mais uma demonstração de preconceito, hipocrisia e puritanismo da classe média americana. Nesse conjunto estaria incluído o pior de todos os itens, a SUPREMACIA DO RACISMO SOBRE A RAZÃO PURA.
Obama ganhou a eleição na campanha eleitoral. O recorde de votantes num país onde votar não é obrigatório se deve ao carisma de Obama. Tirando os militares (e Washington, o primeiro presidente eleito em 1788, junto com a promulgação da Constituição), são quase sempre senadores ou governadores. Obama é senador, mas no início da campanha poucos acreditavam nele.
Só que à medida que a campanha ia se desenvolvendo, Obama foi crescendo, assumindo uma posição que poucos acreditavam que fosse dele. A ponto de aparecer em todas as pesquisas em primeiro lugar, bem na frente de McCain. Expectativa dos institutos que se confirmaram inteiramente.
Para satisfação dos EUA, da Europa, África, Américas e do mundo todo, Obama, que começou praticamente como desconhecido, terminou como estadista, antes mesmo de fazer qualquer coisa. Perdão, Obama passou a ser considerado não apenas carismático, mas um verdadeiro estadista, com o discurso da vitória pronunciado diante de mais de 1 milhão de pessoas, frente a frente, mais os milhões que viam e ouviam pela televisão.
De 1840 a 1860, apenas três países do mundo ocidental mantinham a escravidão: EUA, Cuba e Brasil. Com a mais terrível guerra civil de todos os tempos (1860-1864), os EUA não conseguiram acabar com o racismo mas colaboraram para assassinar um dos seus estadistas, o presidente Lincoln.
Desinformados, os jornalões dizem que "o racismo nos EUA acabou por iniciativa do presidente Lyndon Johnson". Nem a iniciativa, nem a conclusão foram dele. Quem pediu em 1962 à Corte Suprema o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL foi Kennedy. E quem concedeu em 1964 (com Kennedy já assassinado) foi a Corte Suprema. Revolução que levou 44 anos para produzir seu primeiro resultado emocionante e mais revolucionário ainda do que o fim da SEGREGAÇÃO RACIAL, a eleição de um negro para a Casa Branca. E Obama não é um negro qualquer.
Um "negro qualquer" não faz aquele discurso quase inacreditável, provocando choro e emoção em pelo menos dois terços dos que o ouviam. Que discurso, que palavras, que pregação, que reafirmação da união, começando pela família e empolgando o país.
PS - O recorde no número de votantes foi que deu a vitória a Obama. E foi ele sozinho, não pela cor da pele, sim pela clareza do raciocínio, do comportamento e da esperança que provocava e consolidava, que levou mais de 130 milhões a votarem voluntariamente.
PS 2 - De agora até 20 de janeiro, toda a emoção e curiosidade se transformarão em aplauso à medida que forem surgindo os nomes dos que trabalharão com ele. E por que não esperar um New Deal com outro nome, 75 anos depois de Roosevelt?
Presidente Obama
Já apareceu aqui durante a campanha. Mas logicamente é a primeira como PRESIDENTE. Espero que por todo o mandato.
Vi e ouvi a primeira notícia sobre a vitória definitiva de Obama às 2,40 da madrugada já da quarta-feira, horário de Brasília. Foi na CNN. Às 2,55, 15 minutos depois, era a Fox News (do gangster Rupert Murdoch) que confirmava o fato. Tentei descobrir qualquer coisa na Globo ou nas suas estações a cabo, mas estavam todas em MANUTENÇÃO.
Com uma multidão de repórteres, correspondentes, analistas, enviados especiais (80 por cento do primeiro time), a Globo só foi "ter a honra" de informar os telespectadores às 6,40 da manhã, já com o sol brilhando mais forte por causa da vitória de Obama.
A notícia foi dada pelo "Bom dia, Brasil", que pretende ser, pela manhã, o que o "Jornal Nacional" acredita que representa à noite. E foi uma cobertura medíocre, monótona, repetitiva.
Tudo o que já havia sido publicado no "Jornal Nacional" da véspera (e nos canais a cabo) foi mostrado sem constrangimento e sem o mínimo de requentamento. Deram as filas enormes, além de dois resultados estaduais que já se conhecia de véspera, nada mais.
Em matéria de jornalismo, a Organização acumula o mais retumbante, que palavra, fracasso. Como é a única, poucos perceberam. Nos EUA, vários canais se revezavam a noite toda disputando a notícia.
Desinformação geral da mídia.
1 - Não foi semana passada que Orestes Quércia se atrelou a José Serra. Tem mais de 1 ano. E o próprio Quércia revelou a "convicção": apóia Serra e será apoiado para o Senado.
2 - Jarbas Vasconcellos não trabalha para que 40 por cento do PMDB apóiem Serra. O ex-governador trabalha para si mesmo. Em 2002 foi convidado pessoalmente por Serra para vice. Não pôde aceitar.
3 - Agora quer aparecer logo como vice, antes que qualquer outro aventureiro o faça. 4 - Muitos apostam que Aécio já desistiu da legenda do PSDB. Por que desistiria, se a legenda não tem certeza de nada?
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: Franklin Martins tem dito a amigos: "Estou na lista dos presidenciáveis da preferência do presidente Lula".
Como dizem que o impossível acontece, o vice do ex-jornalista seria Sérgio Cabral. Ha! Ha! Ha!
Eduardo Paes está nomeando todos que trabalharam com Cesar Maia. Quem sabe não arranja "um bico" para o próprio ex-ídolo?
Enquanto isso, Crivela, Vladimir Palmeira, Dona Jandira, Molon ficam sem nada depois de tanta dedicação? Paes não pode ser tão injusto.
O que é que adianta Dona Dilma abandonar o chocolate para emagrecer? Na campanha para ver qual o poste das preferências de Lula, ela levará um "chocolate" tão grande, ficará "magrinha".
Lula estava feliz com o fato de ter "recomendado Obama para presidente" e ele ter ganho mesmo. Muitos criticaram Lula por ter tomado partido. Os EUA sempre "massacraram" a América, por que o silêncio?
Foi Theodore Roosevelt, em 1903, como vice que assumiu a Casa Branca, que chamou os países da América de "banana republic". Eles podem intervir e explorar o Brasil, não podemos torcer por um presidente?
No Brasil a vitória de Obama não teve muito efeito na jogatina das bolsas. Abriu em baixa, quase às 2 da tarde continuava caindo. O Dow abriu em alta, pequena mas alta, acreditaram mais do que nós.
A propósito: o presidente Lula disse textualmente "que é preciso providências enérgicas para impedir que as bolsas continuem como cassino". Obrigado, Lula, escrevo isso há mais de 30 anos.
Há 6 meses revelei aqui: em dezembro não existirão as tradicionais promoções de generais-de-divisão a generais-de-exército. Quer dizer: de 3 Estrelas para 4 Estrelas, o último ponto da carreira.
Concluí: essas promoções não se realizariam em dezembro por falta de vagas. Mas seriam retomadas em março, quando existirão duas vagas. Uma delas será preenchida pelo brilhante e competente general Rui Monarca, atual comandante da Vila Militar.
Agora posso anunciar para os próximos dias duas movimentações de generais de 4 Estrelas (exército). O general José Elito Carvalho Siqueira será transferido para o Ministério da Defesa.
Comanda atualmente o Exército Militar do Sul, antigo III Exército. Para o seu lugar irá o general José Carlos de Nardi. O general Elito, muito amigo do ministro Nelson Jobim, ainda não tem cargo designado.
Os convites ainda não estão confeccionados, mas a passagem do comando será no dia 28 deste novembro, a última 6ª feira do mês.
O outro 4 Estrelas de março ainda não está decidido. Mas é possível que essas duas promoções possibilitem e permitam movimentação mais ampla.
XXX
O Diário Oficial de ontem publica na primeira página: o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Cedae, Wagner Victer, assinando contrato de financiamento, no valor de 40 milhões de reais. Com a Caixa Econômica Federal, para construção de uma nova sede da Cedae, na Avenida Presidente Vargas. Justificativa, a de sempre: reunir toda a empresa e acabar com o pagamento espalhado de aluguéis.
Governador em exercício? Pois é. Mais uma vez, a vigésima que o Pezão assume. Hoje, não se sabe onde está o governador Sérgio Cabral. Como suas sucessivas viagens são menores do que 15 dias, ele não precisa, para cada uma, pedir licença à Alerj.
Vai em frente, vivendo seus momentos de turista à custa do tesouro público. Que República.
XXX
Muita gente me telefonando sobre o artigo que prometi para amanhã, da INCORPORAÇÃO e não FUSÃO ou VENDA do Itaú sobre o Unibanco.
Agora os amestrados já decidiram (ou "descobriram") que o Itaú mais a incorporação do Unibanco exercerão grande importância na América Latina. Ha! Ha! Ha! Só que ninguém informa desinteressadamente o que é que o cidadão-contribuinte-eleitor ganhará.
Minha grande preocupação: que Roberto Setubal, que não tem formação intelectual, feche a revista "Piauí".
(Amanhã, texto integral e verdadeiro, incorporação e não fusão.)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
O PT poderá reagir (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Como regra, o PT costuma tomar decisões através de sua Executiva Nacional, em São Paulo. Quinze ou dezesseis pessoas, como rotina. Claro que quase sempre de comum acordo com o presidente Lula. Como está marcada para sexta-feira, em Brasília, reunião do Diretório Nacional do partido, com mais de cem companheiros, a pergunta que se faz é se anda acontecendo coisa grave ou, mesmo, explosiva, nos corredores petistas.
Divulga-se que no encontro será examinada e quem sabe decidida à questão das presidências da Câmara e do Senado. Porque o acordo anterior entre PT e PMDB era para a alternância nas presidências das casas do Congresso. Arlindo Chinaglia, do PT, seria sucedido por Michel Temer, do PMDB, na Câmara, enquanto no Senado Garibaldi Alves, do PMDB, cederia o lugar a Tião Viana, do PT.
Menos pela vitória nas eleições municipais, mais pela observação das preliminares da sucessão presidencial de 2010, senadores do PMDB decidiram-se fazer valer o regimento interno do Senado, estabelecendo a presidência para a maior bancada. O PMDB dispõe de vinte senadores, o PT de treze, mantida proporção parecida na Câmara.
Em pé-de-guerra, propriamente, o PT não está, mas as escaramuças começaram. Se os peemedebistas não cumprem o acordo no Senado, os petistas sentem-se desobrigados de cumpri-lo na Câmara. Em vez de votar no deputado Michel Temer, votariam no deputado Ciro Nogueira, avulso, ou em outro nome a aparecer. Seria a réplica pelo fato de o PMDB não escolher Tião Viana e lançar um dos seus, quem sabe até José Sarney.
No começo o presidente Lula procurou obter o compromisso dos peemedebistas, depois vacilou um pouco, não querendo briga com o partido fundamental para a preservação do poder em 2010. Parece que de segunda-feira para cá, o chefe do governo engrossou de novo, exigindo a alternância. Poderá oscilar outra vez, até sexta-feira, tudo dependendo da capacidade de resistência do PMDB, ao qual também não interessam entreveros com o palácio do Planalto. Afinal, o partido tem seis ministros e montes de dirigentes de estatais e sucedâneos.
A solução poderá estar na convocação do Diretório Nacional do PT, pretensamente quem dá a última palavra. Se foram apenas os dirigentes petistas a programá-la, sem participação do presidente Lula, será sinal de turbulências no relacionamento entre eles. Como o presidente não é ingênuo, quem sabe partiu dele a iniciativa, mesmo encoberta, de reunir o dito órgão máximo das decisões?
Um fechamento de questão pela alternância no Senado, tendo como reação o abandono do acordo na Câmara, levaria a iniciativa ao PMDB. Como reagiriam seus caciques? Mesmo sabendo que Lula não rasga dinheiro e não demitirá os ministros do maior partido nacional, um curto-circuito faria mal a todos. Estaria nessa pressão a chave para a vitória de Tião Viana?
O que nos leva à última consideração: os motivos para os senadores do PMDB reivindicarem a presidência da casa transcendem questões regimentais e até a idiossincrasia verificada entre Tião Viana e o ex-presidente Renan Calheiros. Atingem diretamente a sucessão presidencial de 2010. Dispondo das duas presidências do Congresso, o partido balizaria a disputa.
Primeiro, evitando manobras para a mudança nas regras do jogo, ou seja, impedindo a votação de emendas constitucionais capazes de gerar o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Como, também, obrigando o presidente a desistir da candidatura de Dilma Rousseff, se a chefe da Casa Civil não decolar.
Dirigindo os trabalhos na Câmara e no Senado, tudo favorecerá os interesses do PMDB. Só que esses formam um arco-íris: apoiar Dilma, se ela emplacar, indicando o candidato a vice-presidente; forçar o presidente Lula a aceitar Aécio Neves, se ele ingressar no partido, ou bandear-se para José Serra. São complicados os desígnios do PMDB...
Logo no estado natal de Lula
Divulgou-se esta semana a primeira pesquisa, mesmo restrita a Pernambuco, a respeito da sucessão presidencial. Senão um espectro das tendências nacionais, a consulta confirmou velhos números, conhecidos antes da campanha pelas eleições municipais. Deu José Serra na frente, seguido por Ciro Gomes, Aécio Neves e Heloísa Helena. Fechando a raia ficou Dilma Rousseff, com minguados 4%.
Com o maior respeito, fica evidente que Pernambuco não é o Brasil, mas se sinais idênticos começarem a ser colhidos em outros estados e outras regiões estará aceso o sinal amarelo no semáforo postado defronte ao palácio do Planalto. Contaria o presidente Lula com outras opções petistas? Dificilmente, pelo menos analisando o quadro com os fatores de hoje. Para ele, será insistir na chefe da Casa Civil através de mecanismos bem superiores aos adotados até agora ou...
Ou curvar-se ao abominável apelo que se faz sentir cada vez mais forte no PT e adjacências: o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Aliás, a esse respeito, é bom esclarecer que por falar de bruxas a gente tem que entrar no caldeirão. Pelo contrário, levantando com freqüência essa hipótese execrável porque golpista, estamos alertando, jamais estimulando. O esclarecimento vai para o leitor e ouvinte Ari Marques, de São Paulo, capital.
Alckmin não recua
Desabafo de Geraldo Alckmin, ouvido por quem esteve com ele faz pouco: "Eu sou feito o Zagalo. Vão ter que me engolir...".
O ex-governador e candidato derrotado à prefeitura paulistana mantêm duas disposições paralelas: não sair do PMDB e colocar-se como candidato à sucessão de José Serra.
Alckmin sabe não contar com a menor simpatia do atual governador, com quem, aliás, ainda não se encontrou desde o domingo 5 de outubro, quando da realização do primeiro turno das eleições municipais. Mas sabe, também, que um PSDB rachado em São Paulo não constituirá propriamente uma boa rampa de lançamento para a candidatura de Serra à presidência da República.
Divulga-se que no encontro será examinada e quem sabe decidida à questão das presidências da Câmara e do Senado. Porque o acordo anterior entre PT e PMDB era para a alternância nas presidências das casas do Congresso. Arlindo Chinaglia, do PT, seria sucedido por Michel Temer, do PMDB, na Câmara, enquanto no Senado Garibaldi Alves, do PMDB, cederia o lugar a Tião Viana, do PT.
Menos pela vitória nas eleições municipais, mais pela observação das preliminares da sucessão presidencial de 2010, senadores do PMDB decidiram-se fazer valer o regimento interno do Senado, estabelecendo a presidência para a maior bancada. O PMDB dispõe de vinte senadores, o PT de treze, mantida proporção parecida na Câmara.
Em pé-de-guerra, propriamente, o PT não está, mas as escaramuças começaram. Se os peemedebistas não cumprem o acordo no Senado, os petistas sentem-se desobrigados de cumpri-lo na Câmara. Em vez de votar no deputado Michel Temer, votariam no deputado Ciro Nogueira, avulso, ou em outro nome a aparecer. Seria a réplica pelo fato de o PMDB não escolher Tião Viana e lançar um dos seus, quem sabe até José Sarney.
No começo o presidente Lula procurou obter o compromisso dos peemedebistas, depois vacilou um pouco, não querendo briga com o partido fundamental para a preservação do poder em 2010. Parece que de segunda-feira para cá, o chefe do governo engrossou de novo, exigindo a alternância. Poderá oscilar outra vez, até sexta-feira, tudo dependendo da capacidade de resistência do PMDB, ao qual também não interessam entreveros com o palácio do Planalto. Afinal, o partido tem seis ministros e montes de dirigentes de estatais e sucedâneos.
A solução poderá estar na convocação do Diretório Nacional do PT, pretensamente quem dá a última palavra. Se foram apenas os dirigentes petistas a programá-la, sem participação do presidente Lula, será sinal de turbulências no relacionamento entre eles. Como o presidente não é ingênuo, quem sabe partiu dele a iniciativa, mesmo encoberta, de reunir o dito órgão máximo das decisões?
Um fechamento de questão pela alternância no Senado, tendo como reação o abandono do acordo na Câmara, levaria a iniciativa ao PMDB. Como reagiriam seus caciques? Mesmo sabendo que Lula não rasga dinheiro e não demitirá os ministros do maior partido nacional, um curto-circuito faria mal a todos. Estaria nessa pressão a chave para a vitória de Tião Viana?
O que nos leva à última consideração: os motivos para os senadores do PMDB reivindicarem a presidência da casa transcendem questões regimentais e até a idiossincrasia verificada entre Tião Viana e o ex-presidente Renan Calheiros. Atingem diretamente a sucessão presidencial de 2010. Dispondo das duas presidências do Congresso, o partido balizaria a disputa.
Primeiro, evitando manobras para a mudança nas regras do jogo, ou seja, impedindo a votação de emendas constitucionais capazes de gerar o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Como, também, obrigando o presidente a desistir da candidatura de Dilma Rousseff, se a chefe da Casa Civil não decolar.
Dirigindo os trabalhos na Câmara e no Senado, tudo favorecerá os interesses do PMDB. Só que esses formam um arco-íris: apoiar Dilma, se ela emplacar, indicando o candidato a vice-presidente; forçar o presidente Lula a aceitar Aécio Neves, se ele ingressar no partido, ou bandear-se para José Serra. São complicados os desígnios do PMDB...
Logo no estado natal de Lula
Divulgou-se esta semana a primeira pesquisa, mesmo restrita a Pernambuco, a respeito da sucessão presidencial. Senão um espectro das tendências nacionais, a consulta confirmou velhos números, conhecidos antes da campanha pelas eleições municipais. Deu José Serra na frente, seguido por Ciro Gomes, Aécio Neves e Heloísa Helena. Fechando a raia ficou Dilma Rousseff, com minguados 4%.
Com o maior respeito, fica evidente que Pernambuco não é o Brasil, mas se sinais idênticos começarem a ser colhidos em outros estados e outras regiões estará aceso o sinal amarelo no semáforo postado defronte ao palácio do Planalto. Contaria o presidente Lula com outras opções petistas? Dificilmente, pelo menos analisando o quadro com os fatores de hoje. Para ele, será insistir na chefe da Casa Civil através de mecanismos bem superiores aos adotados até agora ou...
Ou curvar-se ao abominável apelo que se faz sentir cada vez mais forte no PT e adjacências: o terceiro mandato ou a prorrogação por dois anos. Aliás, a esse respeito, é bom esclarecer que por falar de bruxas a gente tem que entrar no caldeirão. Pelo contrário, levantando com freqüência essa hipótese execrável porque golpista, estamos alertando, jamais estimulando. O esclarecimento vai para o leitor e ouvinte Ari Marques, de São Paulo, capital.
Alckmin não recua
Desabafo de Geraldo Alckmin, ouvido por quem esteve com ele faz pouco: "Eu sou feito o Zagalo. Vão ter que me engolir...".
O ex-governador e candidato derrotado à prefeitura paulistana mantêm duas disposições paralelas: não sair do PMDB e colocar-se como candidato à sucessão de José Serra.
Alckmin sabe não contar com a menor simpatia do atual governador, com quem, aliás, ainda não se encontrou desde o domingo 5 de outubro, quando da realização do primeiro turno das eleições municipais. Mas sabe, também, que um PSDB rachado em São Paulo não constituirá propriamente uma boa rampa de lançamento para a candidatura de Serra à presidência da República.
sábado, 1 de novembro de 2008
A Disney eleitoral (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)
Uma tarde de 1970, o governador do Paraná, Paulo Pimentel, conversou longamente com o deputado da Arena, Haroldo Leon Peres, no escritório da representação do Estado, na esquina da Rua da Assembléia com a Avenida Rio Branco, no Rio. Saiu Peres, Pimentel estava furioso:
- Nery, esse Haroldo é um idiota. Imagina que veio aqui me dizer que vai ser o próximo governador. Já está escolhido, mas gostaria de ter o meu apoio. Em troca, assegura para mim o Ministério da Agricultura. Mal conseguiu eleger-se deputado, não tem prestígio, eu não o quero, o Ney não o aceita, como é que ele vai ser governador e negociando ministério?
Uma semana depois, ao fim de um jantar, em Brasília, o general presidente Médici dizia à mulher do deputado Haroldo Leon Peres:
- A senhora está de parabéns. Amanhã, saberá.
Leon Peres
No dia seguinte o governador Paulo Pimentel e o senador Ney Braga foram chamados ao Palácio do Planalto pelo presidente Médici:
- Quero comunicar aos senhores que o próximo governador do Paraná vai ser o deputado Leopoldo Peres.
Ney, pálido, baixou os olhos e suou frio. Pimentel sorriu amarelo:
- Mas, presidente, o deputado Leopoldo Peres, secretário-geral da Arena, é do Amazonas. Não tem nada a ver com o Paraná.
- Não é esse não. É o outro, de Maringá, no Paraná, o Haroldo Peres. Paulo saiu do palácio para o aeroporto. Ney, para uma casa de saúde. Leon Peres foi nomeado. Um ano depois, foi demitido por corrupção demais.
Londrina
Cada país tem a Disney que merece. Os Estados Unidos têm duas: a Disneylândia, em Orange, na Califórnia, e a Disneyworld, em Orlando, na Flórida. A França tem a Eurodisney, perto de Paris. O Brasil tem a Justiça Eleitoral. É o maior parque de diversões do País. Uma terapia ocupacional:
1 - "O Tribunal Superior Eleitoral anulou a vitória de Antonio Belinati, do PP, no segundo turno, com 51,735% dos votos válidos. Teve a candidatura impugnada pela rejeição de suas contas no Tribunal de Contas da União em 1999 (há nove anos!), quando cumpria seu terceiro mandato".
2 - "Em 2000, Belinati teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Londrina, sob a acusação de desviar R$ 100 milhões dos cofres públicos e de usar indevidamente recursos públicos para sua promoção pessoal" (A Polícia Federal o indiciou, o Ministério Público Federal o denunciou, a Justiça o condenou e ele foi preso.) "Mesmo assim, Belinati conseguiu anular na Justiça Eleitoral a suspensão de seus direitos políticos e disputou a Prefeitura de Londrina em 2004" ("Folha").
Belinati
3 - "O Ministério Público pediu a impugnação da candidatura dele porque as contas da época em que foi prefeito, de 97 a 2000, foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. O Tribunal Regional Eleitoral atendeu ao pedido do Ministério Público, mas Belinati recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ganhou (sic) liminar do ministro Marcelo Ribeiro. Quarta, por 5 votos a 2, o TSE cassou a liminar e o registro" (Mas Belinati já havia disputado o primeiro turno e o segundo turno e sido eleito) ("O Globo").
4 - "Cabe agora à Justiça Eleitoral de Londrina decidir se haverá nova eleição, se será empossado o segundo colocado - Luiz Carlos Hauly, do PSDB - ou se haverá novo segundo turno entre o segundo e o terceiro colocados. A Justiça ainda não se manifestou" ("Folha").
Quando a Justiça Eleitoral de Londrina "se manifestar", haverá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Quando o Tribunal Regional Eleitoral decidir, haverá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral. Quando o Tribunal Superior Eleitoral decidir, haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal.
Justiça Eleitoral
Como se passaram 10 anos desde a cassação e prisão dele, no mínimo serão necessários mais dez anos para a decisão final da Justiça Eleitoral. Ninguém sabe se Belinati ainda estará vivo e sobretudo se a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral já terá morrido.
E Londrina, com 500 mil habitantes, a segunda maior cidade do Paraná, ficará mais 10 anos com seu prefeito corrupto "sub judice", sua prefeitura "sub judice", seu povo "sub judice" e os alegres ministros do Tribunal Superior Eleitoral "doando" liminares na Disney Eleitoral.
Diz "O Globo" que há "um mistério" nisso tudo. Por que o Tribunal Superior Eleitoral deixou para decidir só depois do segundo turno, se esta semana cassou a liminar, cassou o registro e cassou a eleição por 5 a 2%?
É a terapia ocupacional. É a Disney Eleitoral. Querem é se divertir.
Mídia da paz
Na internet, leio um texto primoroso de meu velho companheiro de Rádio Mundial, Paiva Neto, presidente da LBV (Legião da Boa Vontade), a única ONG brasileira que faz parte do Conselho de Assistência Social da ONU. Analisando a tragédia da jovem e bela Eloá de Santo André, ele cita o presidente do Conselho Nacional de Propaganda, Hiran Castello Branco:
"A mídia hoje se constitui no espaço público no qual a sociedade discute os seus problemas e tem uma grande influência na formação das crianças e dos jovens. E lamentavelmente a violência é talvez um dos produtos mais promovidos desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais. É possível obter grandes audiências construindo a cultura da paz".
- Nery, esse Haroldo é um idiota. Imagina que veio aqui me dizer que vai ser o próximo governador. Já está escolhido, mas gostaria de ter o meu apoio. Em troca, assegura para mim o Ministério da Agricultura. Mal conseguiu eleger-se deputado, não tem prestígio, eu não o quero, o Ney não o aceita, como é que ele vai ser governador e negociando ministério?
Uma semana depois, ao fim de um jantar, em Brasília, o general presidente Médici dizia à mulher do deputado Haroldo Leon Peres:
- A senhora está de parabéns. Amanhã, saberá.
Leon Peres
No dia seguinte o governador Paulo Pimentel e o senador Ney Braga foram chamados ao Palácio do Planalto pelo presidente Médici:
- Quero comunicar aos senhores que o próximo governador do Paraná vai ser o deputado Leopoldo Peres.
Ney, pálido, baixou os olhos e suou frio. Pimentel sorriu amarelo:
- Mas, presidente, o deputado Leopoldo Peres, secretário-geral da Arena, é do Amazonas. Não tem nada a ver com o Paraná.
- Não é esse não. É o outro, de Maringá, no Paraná, o Haroldo Peres. Paulo saiu do palácio para o aeroporto. Ney, para uma casa de saúde. Leon Peres foi nomeado. Um ano depois, foi demitido por corrupção demais.
Londrina
Cada país tem a Disney que merece. Os Estados Unidos têm duas: a Disneylândia, em Orange, na Califórnia, e a Disneyworld, em Orlando, na Flórida. A França tem a Eurodisney, perto de Paris. O Brasil tem a Justiça Eleitoral. É o maior parque de diversões do País. Uma terapia ocupacional:
1 - "O Tribunal Superior Eleitoral anulou a vitória de Antonio Belinati, do PP, no segundo turno, com 51,735% dos votos válidos. Teve a candidatura impugnada pela rejeição de suas contas no Tribunal de Contas da União em 1999 (há nove anos!), quando cumpria seu terceiro mandato".
2 - "Em 2000, Belinati teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Londrina, sob a acusação de desviar R$ 100 milhões dos cofres públicos e de usar indevidamente recursos públicos para sua promoção pessoal" (A Polícia Federal o indiciou, o Ministério Público Federal o denunciou, a Justiça o condenou e ele foi preso.) "Mesmo assim, Belinati conseguiu anular na Justiça Eleitoral a suspensão de seus direitos políticos e disputou a Prefeitura de Londrina em 2004" ("Folha").
Belinati
3 - "O Ministério Público pediu a impugnação da candidatura dele porque as contas da época em que foi prefeito, de 97 a 2000, foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. O Tribunal Regional Eleitoral atendeu ao pedido do Ministério Público, mas Belinati recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ganhou (sic) liminar do ministro Marcelo Ribeiro. Quarta, por 5 votos a 2, o TSE cassou a liminar e o registro" (Mas Belinati já havia disputado o primeiro turno e o segundo turno e sido eleito) ("O Globo").
4 - "Cabe agora à Justiça Eleitoral de Londrina decidir se haverá nova eleição, se será empossado o segundo colocado - Luiz Carlos Hauly, do PSDB - ou se haverá novo segundo turno entre o segundo e o terceiro colocados. A Justiça ainda não se manifestou" ("Folha").
Quando a Justiça Eleitoral de Londrina "se manifestar", haverá recurso para o Tribunal Regional Eleitoral. Quando o Tribunal Regional Eleitoral decidir, haverá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral. Quando o Tribunal Superior Eleitoral decidir, haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal.
Justiça Eleitoral
Como se passaram 10 anos desde a cassação e prisão dele, no mínimo serão necessários mais dez anos para a decisão final da Justiça Eleitoral. Ninguém sabe se Belinati ainda estará vivo e sobretudo se a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral já terá morrido.
E Londrina, com 500 mil habitantes, a segunda maior cidade do Paraná, ficará mais 10 anos com seu prefeito corrupto "sub judice", sua prefeitura "sub judice", seu povo "sub judice" e os alegres ministros do Tribunal Superior Eleitoral "doando" liminares na Disney Eleitoral.
Diz "O Globo" que há "um mistério" nisso tudo. Por que o Tribunal Superior Eleitoral deixou para decidir só depois do segundo turno, se esta semana cassou a liminar, cassou o registro e cassou a eleição por 5 a 2%?
É a terapia ocupacional. É a Disney Eleitoral. Querem é se divertir.
Mídia da paz
Na internet, leio um texto primoroso de meu velho companheiro de Rádio Mundial, Paiva Neto, presidente da LBV (Legião da Boa Vontade), a única ONG brasileira que faz parte do Conselho de Assistência Social da ONU. Analisando a tragédia da jovem e bela Eloá de Santo André, ele cita o presidente do Conselho Nacional de Propaganda, Hiran Castello Branco:
"A mídia hoje se constitui no espaço público no qual a sociedade discute os seus problemas e tem uma grande influência na formação das crianças e dos jovens. E lamentavelmente a violência é talvez um dos produtos mais promovidos desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais. É possível obter grandes audiências construindo a cultura da paz".
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Precipitou-se Aécio Neves (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - No intrincado jogo de xadrez disputado pelos tucanos, Aécio Neves acaba de avançar uma casa. Sugeriu que no momento certo, daqui a um ano, o PSDB realize ampla prévia junto às suas bases para saber qual será o candidato presidencial do partido e, ao mesmo tempo, inicie entendimentos com forças afins.
O governador mineiro moveu sua rainha, mas acaba de colocar-se na linha de ação de uma das duas torres paulistas. Precisa sair logo para não sofrer xeque dos adversários. Porque uma prévia comandada pelos partidários de José Serra, que dominam a direção do PSDB, só acontecerá caso favoreça o governador de São Paulo. Valerá o que, nessa consulta? O número de tucanos somados, existentes em todo o País, ou a decisão isolada de cada unidade da federação, considerando-se escolhido aquele que dispuser de maior número de estados?
Serão os paulistas a decidir essa questão inicial, depois de fazerem suas contas. E mesmo que fiquem numericamente inferiorizados, valerá aquilo que Aécio denunciou como coisa do passado, ou seja, a decisão tomada por dois ou três figurões. Foi o que aconteceu em 2006, até fotografado num restaurante dos Jardins, será o que vai acontecer muito antes de 2010.
Tendo sugerido a prévia, o governador mineiro compromete-se antecipadamente a aceitar seus resultados, hipótese na qual José Serra, matreiramente, não embarcou ontem. Outra sugestão de Aécio, a ser devidamente surrupiada pelos tucanos de São Paulo, é a da preparação de um projeto político para o partido e para o candidato afinal indicado. Um engessamento onde prevalecerão os interesses do maior estado nacional.
Em suma, não parecia hora de o governador de Minas antecipar-se, em especial diante dos muitos peões adversários ainda dispostos no tabuleiro, como Aloísio Nunes Ferreira, prestes a ameaçar a rainha e levá-la no rumo da torre da direita. Seu nome? Fernando Henrique Cardoso.
A hora da vassalagem
Quarta-feira, antes de viajar para São Paulo e depois para El Salvador e Cuba, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto a vassalagem de dois aliados, os novos prefeitos do Rio e Belo Horizonte. Eduardo Paes e Márcio Lacerda esmeraram-se em juras de fidelidade. Desagradaram alas de seus respectivos partidos, o PMDB e o PSB. Porque, mesmo integrando a aliança governista, as duas legendas gostariam de estabelecer um pouco mais de pompa e circunstância na adesão. No mínimo, os dirigentes maiores esperavam acompanhar seus prefeitos.
Enquanto até agora nenhum dos seis prefeitos de capital eleitos pelo PT entrou no gabinete presidencial, precipitaram-se Paes e Lacerda, o primeiro estimulado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, o outro já descontentando o governador de Minas, Aécio Neves.
O presidente Lula cumprimentou protocolarmente os novos prefeitos, prometeu todo o tipo de ajuda federal, mas deve ter comentado, a bordo do Aerolula, como é enfadonha a política...
A falência da autoridade pública
Mesmo cheios de razão em suas reivindicações salariais, os policiais civis de São Paulo avançam perigosamente para contaminar seus colegas de outros estados. Até ontem as associações de policiais civis de oito estados anunciaram reuniões no final de semana, para aderirem ao movimento paulista. Vão entrar em greve, também. É provável que a iniciativa pegue feito sarampo no País inteiro.
Significa o que a paralisação das atividades daqueles que deveriam estar zelando pela segurança do cidadão comum? Nem se fala da euforia da bandidagem, certamente disposta a contribuir para o bom êxito da greve, suspendendo parte das atividades virulentas e ostensivas de seus subordinados, ao menos num primeiro momento. No que puderem os chefões do narcotráfico determinarão que seus bagrinhos evitem assaltos nas ruas e nas residências, bem como seqüestros-relâmpagos. Não querem chamar as atenções e a indignação da população.
Por quê? Porque enquanto durarem as greves estarão rindo da crise econômica, faturando com a venda de tóxicos o dobro do que faturam. Sem vigilância e fiscalização, aumentou e mais aumentará a peregrinação às bocas de fumo.
Jogar sobre quem a responsabilidade desse presumido avanço do crime organizado? Sobre os usuários de drogas, em primeiro lugar, porque sem eles e sem a facilidade de comprar papelotes inexistiria todo esse arcabouço ilegal. Sobre os governadores e as autoridades que fazem ouvidos de mercador diante das exigências de recomposição salarial dos policiais civis? Também.
Agora, não há como fugir da realidade: culpados são aqueles que abandonam as delegacias e suas funções de guardiões da lei e da segurança pública. Sem esquecer os políticos que, no Congresso, faz muito já deveriam ter regulamentado dispositivos constitucionais estabelecendo que certas profissões e atividades não possam cruzar os braços.
O Brasil é diferente
Dos Estados Unidos à China, da Coréia à Inglaterra, os bancos centrais esforçam-se por reduzir os juros, mesmo meio por cento, como forma de enfrentar a crise financeira. É o que determina a lógica, antes mesmo dos alfarrábios de economia. Menos juros, mais atividade econômica, ainda que prejudicando os bancos.
Faz muito que o vice-presidente José Alencar alerta, denuncia e protesta contra a mais alta taxa de juros do planeta estabelecida no Brasil, rebatendo a equipe econômica com o argumento de que só assim podemos captar mais capital especulativo dos países ricos. Pois agora colhem o que plantaram: os dólares fogem de nosso país como o capeta foge da cruz, seja para atender necessidades urgentes em seus países de origem, seja por desacreditar que estejamos imunes à crise. Preferem investir em títulos mais sólidos, ainda que recebendo juros menores.
Desde quarta-feira que José Alencar ocupa a presidência da República. É admirável seu sentido de lealdade para com o presidente Lula e sua política. Mas bem que poderia, uma vez apenas em dois governos, convocar o presidente do Banco Central e ordenar a redução, em vez de novos aumentos. Faria furor.
O governador mineiro moveu sua rainha, mas acaba de colocar-se na linha de ação de uma das duas torres paulistas. Precisa sair logo para não sofrer xeque dos adversários. Porque uma prévia comandada pelos partidários de José Serra, que dominam a direção do PSDB, só acontecerá caso favoreça o governador de São Paulo. Valerá o que, nessa consulta? O número de tucanos somados, existentes em todo o País, ou a decisão isolada de cada unidade da federação, considerando-se escolhido aquele que dispuser de maior número de estados?
Serão os paulistas a decidir essa questão inicial, depois de fazerem suas contas. E mesmo que fiquem numericamente inferiorizados, valerá aquilo que Aécio denunciou como coisa do passado, ou seja, a decisão tomada por dois ou três figurões. Foi o que aconteceu em 2006, até fotografado num restaurante dos Jardins, será o que vai acontecer muito antes de 2010.
Tendo sugerido a prévia, o governador mineiro compromete-se antecipadamente a aceitar seus resultados, hipótese na qual José Serra, matreiramente, não embarcou ontem. Outra sugestão de Aécio, a ser devidamente surrupiada pelos tucanos de São Paulo, é a da preparação de um projeto político para o partido e para o candidato afinal indicado. Um engessamento onde prevalecerão os interesses do maior estado nacional.
Em suma, não parecia hora de o governador de Minas antecipar-se, em especial diante dos muitos peões adversários ainda dispostos no tabuleiro, como Aloísio Nunes Ferreira, prestes a ameaçar a rainha e levá-la no rumo da torre da direita. Seu nome? Fernando Henrique Cardoso.
A hora da vassalagem
Quarta-feira, antes de viajar para São Paulo e depois para El Salvador e Cuba, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto a vassalagem de dois aliados, os novos prefeitos do Rio e Belo Horizonte. Eduardo Paes e Márcio Lacerda esmeraram-se em juras de fidelidade. Desagradaram alas de seus respectivos partidos, o PMDB e o PSB. Porque, mesmo integrando a aliança governista, as duas legendas gostariam de estabelecer um pouco mais de pompa e circunstância na adesão. No mínimo, os dirigentes maiores esperavam acompanhar seus prefeitos.
Enquanto até agora nenhum dos seis prefeitos de capital eleitos pelo PT entrou no gabinete presidencial, precipitaram-se Paes e Lacerda, o primeiro estimulado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, o outro já descontentando o governador de Minas, Aécio Neves.
O presidente Lula cumprimentou protocolarmente os novos prefeitos, prometeu todo o tipo de ajuda federal, mas deve ter comentado, a bordo do Aerolula, como é enfadonha a política...
A falência da autoridade pública
Mesmo cheios de razão em suas reivindicações salariais, os policiais civis de São Paulo avançam perigosamente para contaminar seus colegas de outros estados. Até ontem as associações de policiais civis de oito estados anunciaram reuniões no final de semana, para aderirem ao movimento paulista. Vão entrar em greve, também. É provável que a iniciativa pegue feito sarampo no País inteiro.
Significa o que a paralisação das atividades daqueles que deveriam estar zelando pela segurança do cidadão comum? Nem se fala da euforia da bandidagem, certamente disposta a contribuir para o bom êxito da greve, suspendendo parte das atividades virulentas e ostensivas de seus subordinados, ao menos num primeiro momento. No que puderem os chefões do narcotráfico determinarão que seus bagrinhos evitem assaltos nas ruas e nas residências, bem como seqüestros-relâmpagos. Não querem chamar as atenções e a indignação da população.
Por quê? Porque enquanto durarem as greves estarão rindo da crise econômica, faturando com a venda de tóxicos o dobro do que faturam. Sem vigilância e fiscalização, aumentou e mais aumentará a peregrinação às bocas de fumo.
Jogar sobre quem a responsabilidade desse presumido avanço do crime organizado? Sobre os usuários de drogas, em primeiro lugar, porque sem eles e sem a facilidade de comprar papelotes inexistiria todo esse arcabouço ilegal. Sobre os governadores e as autoridades que fazem ouvidos de mercador diante das exigências de recomposição salarial dos policiais civis? Também.
Agora, não há como fugir da realidade: culpados são aqueles que abandonam as delegacias e suas funções de guardiões da lei e da segurança pública. Sem esquecer os políticos que, no Congresso, faz muito já deveriam ter regulamentado dispositivos constitucionais estabelecendo que certas profissões e atividades não possam cruzar os braços.
O Brasil é diferente
Dos Estados Unidos à China, da Coréia à Inglaterra, os bancos centrais esforçam-se por reduzir os juros, mesmo meio por cento, como forma de enfrentar a crise financeira. É o que determina a lógica, antes mesmo dos alfarrábios de economia. Menos juros, mais atividade econômica, ainda que prejudicando os bancos.
Faz muito que o vice-presidente José Alencar alerta, denuncia e protesta contra a mais alta taxa de juros do planeta estabelecida no Brasil, rebatendo a equipe econômica com o argumento de que só assim podemos captar mais capital especulativo dos países ricos. Pois agora colhem o que plantaram: os dólares fogem de nosso país como o capeta foge da cruz, seja para atender necessidades urgentes em seus países de origem, seja por desacreditar que estejamos imunes à crise. Preferem investir em títulos mais sólidos, ainda que recebendo juros menores.
Desde quarta-feira que José Alencar ocupa a presidência da República. É admirável seu sentido de lealdade para com o presidente Lula e sua política. Mas bem que poderia, uma vez apenas em dois governos, convocar o presidente do Banco Central e ordenar a redução, em vez de novos aumentos. Faria furor.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
O grande derrotado (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)
Atrás de uma mesa quadrada e amarela, sentado numa cadeira com cara de trono, no Palácio Bandeirantes, em São Paulo, o governador Paulo Egidio (1975 a 1979) me apontou, bem à sua frente, o retrato de Rodrigues Alves, ex-governador e ex-presidente da República: "Está ali Rodrigues Alves. Esta cadeira não é a mesma, mas a mesa é". Ele dizia: "Quem tem força não sou eu. Quem tem força é esta cadeira".
Paulo Egidio estava no começo do mandato, nomeado pelo general Geisel. Contei-lhe que, da última vez em que tinha estado naquela sala, o então governador Abreu Sodré (1967-1971), nomeado pelo general Castelo Branco, e já no final do mandato, me disse: "Eu posso não fazer o sucessor que quero. Mas nesta cadeira não se senta quem eu não quiser".
Meses depois, estava sentado ali o governador Laudo Natel (1971 a 1975), adversário e inimigo pessoal de Sodré.
Paulo Egidio
Paulo Egidio balançou o rosto gordo, num gesto muito seu, e sorriu: "Por isso é que não vou repetir os erros deles. Não vou querer continuar governador nos quatro anos seguintes. São Paulo acabou com o ademarismo, o janismo, o sodresismo, o laudismo, os `ismos' todos que andavam por aí. Não tenho candidato a governador e não terei. A Arena de São Paulo é um partido ecumênico. Meu governo é um governo ecumênico, tem representantes das várias lideranças. Tenho os números todos no computador. Hoje ninguém tem maioria na convenção da Arena para ser candidato a governador. Delfim é um candidato forte. Nada tenho contra ele e pode ser o meu candidato. É meu amigo há 25 anos. Em determinado instante disputamos uma mesma posição e eu fui o governador. Mas não seria isso que iria abalar uma amizade de tanto tempo. Delfim é dinâmico e muito capaz. Se for o candidato, terá todo o meu apoio".
O indicado pelo general Figueiredo foi Laudo Natel. E o escolhido, rebeldemente, pela convenção da Arena, foi Paulo Maluf. Duas sucessões descadeiradas.
Lula
Aliados, assessores, puxa-sacos e vassalos, cada um vai arranjar uma teoria para tentar escamotear a derrota de Lula. Mas a verdade histórica é esta: o grande derrotado de domingo foi Lula. Como já tinha sido no primeiro turno. De todos os que fazia questão de eleger, elegeu um só: Luiz Marinho, de São Bernardo. Um postezinho de segunda categoria.
1 - Perdeu São Paulo, a maior cidade do País, com sua candidata, Marta botoqueira, dostoievskianamente humilhada e ofendida na maior derrota da história das eleições paulistas e paulistanas: 60% a 39%.
2 - No Rio, o candidato do PT de Lula teve 4% no primeiro turno. No segundo, ele teve que engolir o candidato do governador Sergio Cabral, seu aliado do PMDB (dividido em três, no Rio), que só ganhou por 1% dos votos com o também peemedebista Eduardo Paes, que chamou Lula de "chefe da quadrilha" e denunciou os negócios dos filhos do presidente.
Aécio
Em Belo Horizonte, Lula também teve que deglutir Marcio Lacerda, do PSB, o candidato de Aécio Neves, do PSDB, eleito de virada: 59% a 40%. O PT de Lula e do prefeito Fernando Pimentel mal conseguiu pôr a cara de fora na campanha. E Pimentel definiu a derrota de Lula e do PT: "Onde fomos de cara limpa, perdemos" (Ilimar Franco, "O Globo").
Conclusão oficial do PT: o PT só ganha "de cara suja". Em Salvador, quarto colégio eleitoral do País, onde o PT apareceu "de cara limpa", com o deputado Walter Pinheiro, Lula e o governador Jaques Wagner perderam de 58% a 41% para João Henrique, do PMDB.
Em Porto Alegre, quinto colégio eleitoral, também "de cara limpa" com a petista Maria do Rosário, Fogaça derrotou Lula e o PT: 59% a 41%.
2 de 6
Dos seis maiores colégios eleitorais do País, Lula e o PT venceram só no quinto e no sexto: em Recife, com João Costa, e em Fortaleza, com Lusianne, de quem Lula não gosta, vetou em 2004, e ela também não gosta.
Os dois já tinham as prefeituras e os apoios dos dois governadores, Eduardo Campos e Cid Gomes, do PSB, bem avaliados, foram fundamentais.
O que sobrou para o PT pelo resto das 27 capitais? Vitória (Espírito Santo), com João Coser, apoiado pelo governador Paulo Hartung, PMDB; Rio Branco (Acre), com Raimundo Angelim; Porto Velho (Rondônia), com Roberto Sobrinho; Palmas (Tocantins), com Raul Filho.
Escorraçado
Ricardo Noblat, no seu excelente blog, foi até generoso com Lula:
"Lula saiu da eleição menor do que entrou. Entrou como um Midas, capaz de transformar em ouro tudo que tocasse. Não desempatou a eleição em favor de ninguém". (Só ganhou onde já estava ganha.) "Como a seleção brasileira na Copa de 2006, Lula, condenado a ganhar, não ganhou". Em menos de 30 anos, o PT envelheceu, esclerosou, começa a morrer. O que ainda o sustenta é Lula no governo. Só mais dois anos.
O PT nasceu em quatro cidades: São Paulo, Porto Alegre, Santos e Santo André. (Em São Bernardo nasceram o sindicalismo de Lula e a CUT.) O PT já teve suas quatro cidades-maternidade. Hoje, mais nenhuma. Foi escorraçado de São Paulo, Porto Alegre, Santos, Santo André. (Continua 5ª).
Paulo Egidio estava no começo do mandato, nomeado pelo general Geisel. Contei-lhe que, da última vez em que tinha estado naquela sala, o então governador Abreu Sodré (1967-1971), nomeado pelo general Castelo Branco, e já no final do mandato, me disse: "Eu posso não fazer o sucessor que quero. Mas nesta cadeira não se senta quem eu não quiser".
Meses depois, estava sentado ali o governador Laudo Natel (1971 a 1975), adversário e inimigo pessoal de Sodré.
Paulo Egidio
Paulo Egidio balançou o rosto gordo, num gesto muito seu, e sorriu: "Por isso é que não vou repetir os erros deles. Não vou querer continuar governador nos quatro anos seguintes. São Paulo acabou com o ademarismo, o janismo, o sodresismo, o laudismo, os `ismos' todos que andavam por aí. Não tenho candidato a governador e não terei. A Arena de São Paulo é um partido ecumênico. Meu governo é um governo ecumênico, tem representantes das várias lideranças. Tenho os números todos no computador. Hoje ninguém tem maioria na convenção da Arena para ser candidato a governador. Delfim é um candidato forte. Nada tenho contra ele e pode ser o meu candidato. É meu amigo há 25 anos. Em determinado instante disputamos uma mesma posição e eu fui o governador. Mas não seria isso que iria abalar uma amizade de tanto tempo. Delfim é dinâmico e muito capaz. Se for o candidato, terá todo o meu apoio".
O indicado pelo general Figueiredo foi Laudo Natel. E o escolhido, rebeldemente, pela convenção da Arena, foi Paulo Maluf. Duas sucessões descadeiradas.
Lula
Aliados, assessores, puxa-sacos e vassalos, cada um vai arranjar uma teoria para tentar escamotear a derrota de Lula. Mas a verdade histórica é esta: o grande derrotado de domingo foi Lula. Como já tinha sido no primeiro turno. De todos os que fazia questão de eleger, elegeu um só: Luiz Marinho, de São Bernardo. Um postezinho de segunda categoria.
1 - Perdeu São Paulo, a maior cidade do País, com sua candidata, Marta botoqueira, dostoievskianamente humilhada e ofendida na maior derrota da história das eleições paulistas e paulistanas: 60% a 39%.
2 - No Rio, o candidato do PT de Lula teve 4% no primeiro turno. No segundo, ele teve que engolir o candidato do governador Sergio Cabral, seu aliado do PMDB (dividido em três, no Rio), que só ganhou por 1% dos votos com o também peemedebista Eduardo Paes, que chamou Lula de "chefe da quadrilha" e denunciou os negócios dos filhos do presidente.
Aécio
Em Belo Horizonte, Lula também teve que deglutir Marcio Lacerda, do PSB, o candidato de Aécio Neves, do PSDB, eleito de virada: 59% a 40%. O PT de Lula e do prefeito Fernando Pimentel mal conseguiu pôr a cara de fora na campanha. E Pimentel definiu a derrota de Lula e do PT: "Onde fomos de cara limpa, perdemos" (Ilimar Franco, "O Globo").
Conclusão oficial do PT: o PT só ganha "de cara suja". Em Salvador, quarto colégio eleitoral do País, onde o PT apareceu "de cara limpa", com o deputado Walter Pinheiro, Lula e o governador Jaques Wagner perderam de 58% a 41% para João Henrique, do PMDB.
Em Porto Alegre, quinto colégio eleitoral, também "de cara limpa" com a petista Maria do Rosário, Fogaça derrotou Lula e o PT: 59% a 41%.
2 de 6
Dos seis maiores colégios eleitorais do País, Lula e o PT venceram só no quinto e no sexto: em Recife, com João Costa, e em Fortaleza, com Lusianne, de quem Lula não gosta, vetou em 2004, e ela também não gosta.
Os dois já tinham as prefeituras e os apoios dos dois governadores, Eduardo Campos e Cid Gomes, do PSB, bem avaliados, foram fundamentais.
O que sobrou para o PT pelo resto das 27 capitais? Vitória (Espírito Santo), com João Coser, apoiado pelo governador Paulo Hartung, PMDB; Rio Branco (Acre), com Raimundo Angelim; Porto Velho (Rondônia), com Roberto Sobrinho; Palmas (Tocantins), com Raul Filho.
Escorraçado
Ricardo Noblat, no seu excelente blog, foi até generoso com Lula:
"Lula saiu da eleição menor do que entrou. Entrou como um Midas, capaz de transformar em ouro tudo que tocasse. Não desempatou a eleição em favor de ninguém". (Só ganhou onde já estava ganha.) "Como a seleção brasileira na Copa de 2006, Lula, condenado a ganhar, não ganhou". Em menos de 30 anos, o PT envelheceu, esclerosou, começa a morrer. O que ainda o sustenta é Lula no governo. Só mais dois anos.
O PT nasceu em quatro cidades: São Paulo, Porto Alegre, Santos e Santo André. (Em São Bernardo nasceram o sindicalismo de Lula e a CUT.) O PT já teve suas quatro cidades-maternidade. Hoje, mais nenhuma. Foi escorraçado de São Paulo, Porto Alegre, Santos, Santo André. (Continua 5ª).
domingo, 26 de outubro de 2008
Histórias de eleições (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa
Na manhã da convenção da UDN para lançar a candidatura de Jânio Quadros à presidência da República (8 de novembro de 1959), contra Juracy Magalhães, até há pouco presidente do partido, conta Carlos Lacerda em suas memórias, Jânio chamou Lacerda à suíte do Hotel Glória, no Rio, onde estava hospedado, já lançado candidato pelo PL, PDC e PTN:
- Carlos, não agüento essa sua UDN. Não agüento mais o que vem me dizer o Afonso Arinos, as condições que querem me impor.
- Jânio, não é bem assim. Você vai ganhar a convenção.
- Não, não e não!
Afonso Arinos, que estava com outros dirigentes da UDN na sala da suíte, empurrou a porta:
- Governador, nós já vamos à convenção para começar os trabalhos e daqui a pouco uma comissão virá buscá-lo.
- É engano seu, senador. Não sou mais candidato. Quero lhe pedir o obséquio de ser o meu porta-voz, porque não quero comprometer o Carlos, que já se comprometeu demais, coitado, com a minha candidatura.
Jânio
Afonso Arinos quase teve um treco:
- E agora?
Lacerda entendeu o golpe:
- Ô Jânio, parece-me que você não quer se atrelar só a uma candidatura udenista à vice-presidência. Não é isso? (Havia Leandro Maciel, da UDN, e Fernando Ferrari, do MTR.)
- Talvez. Não é só isso. Mas talvez seja também isso.
- Bem, Jânio, não tenho condições de libertá-lo de compromissos. Mas, se vou aceitar sua candidatura pela UDN, PL, PDC, PTN, PR e não sei mais o que, você realmente não depende de ninguém.
- Está bem. Faço o sacrifício. Foi para a convenção e teve 205 votos, contra 85 de Juracy. Já estava treinando para a renúncia.
Rio Grande
Padre Giordani, vereador do PDC e coordenador da campanha de Jânio em Caxias, no Rio Grande do Sul, preparou um comício para a noite, na praça da cidade, e convidou a população para saudar o candidato nas ruas, às seis da tarde, logo depois da chegada dele ao aeroporto.
No aeroporto, um carro aberto esperava o candidato para a entrada triunfal na cidade. Jânio ficou irado:
- Nada disso, senhor padre! Quero um carro pequeno e fechado. Vou direto daqui para o hotel, por ruas ínvias, onde ninguém me veja, sem passar pelo centro. Tu-do mui-to rá-pi-do.
- E o povo, presidente?
- O povo? Quem conhece o povo sou eu, senhor padre. Nas faces e na alma. O povo quer mais me ver do que me ouvir. Pois, se quer me ver, que vá também me ouvir, no comício, à noite. Ver-me-á e ouvir-me-á. Oito da noite, Caxias estava toda na praça. Vendo e ouvindo Jânio.
Paraíba
Aluísio Campos, advogado, economista, fazendeiro, empresário muito rico na Paraíba, foi do Banco do Nordeste, da Sudene e duas vezes deputado estadual pelo Partido Socialista. Duas vezes candidato a senador pela Arena, perdeu as duas vezes para Rui Carneiro, do MDB. Depois, elegeu-se duas vezes deputado federal pelo PMDB.
Em 66, João Agripino, governador, encarregou os arenistas Ivan Machado e Osvaldo Trigueiro do Vale de coordenarem em João Pessoa a campanha ao Senado de Aluísio, que era de Campina Grande. Já perto das eleições, planejaram uma grande concentração popular no bairro da Torre, onde ele faria o pronunciamento final. Ivan e Osvaldo se desdobraram.
João Agripino
No dia do comício, nove da noite, o governador João Agripino e Aluísio foram para o bairro da Torre. Uma decepção. Palanque, luzes, escola de samba, tudo lá. Mas, povo, quase nenhum. Aluísio chamou Osvaldo:
- Tudo bem, Osvaldo?
- Tudo bem, senador. Tudo arrumado, como o senhor mandou.
- Mas, e o povo, Osvaldo?
- Ora, doutor, eu armei o palanque, providenciei a iluminação, consegui a escola de samba, fiz os convites aos oradores. Agora, se, além de tudo isso, ainda tivesse de trazer o povo, o candidato era eu.
Não houve comício. Nem eleição de Aluísio.
Pará
José João Botelho, deputado federal do Pará no Rio (46 a 51), passou muito tempo sem ir a Belém. Voltou candidato a prefeito da capital. Um dia inteiro anunciou o primeiro comício, à noite, na Praça Brasil. Chegou lá, não havia ninguém. Imaginou um engano, perguntou ao assessor.
- Não houve engano nenhum, deputado. A praça é esta mesma. Botelho foi ao bar mais próximo, pediu dois caixotes de madeira, pôs no centro da praça, subiu e passou a gritar, como um alucinado:
- Socooooooorrro! Socoooooorrrrro!
Correu gente de todo lado para ver o que era. Com a platéia, ele começou:
- Socorro para um candidato...
E fez o comício. Não se elegeu, mas fez o comício.
- Carlos, não agüento essa sua UDN. Não agüento mais o que vem me dizer o Afonso Arinos, as condições que querem me impor.
- Jânio, não é bem assim. Você vai ganhar a convenção.
- Não, não e não!
Afonso Arinos, que estava com outros dirigentes da UDN na sala da suíte, empurrou a porta:
- Governador, nós já vamos à convenção para começar os trabalhos e daqui a pouco uma comissão virá buscá-lo.
- É engano seu, senador. Não sou mais candidato. Quero lhe pedir o obséquio de ser o meu porta-voz, porque não quero comprometer o Carlos, que já se comprometeu demais, coitado, com a minha candidatura.
Jânio
Afonso Arinos quase teve um treco:
- E agora?
Lacerda entendeu o golpe:
- Ô Jânio, parece-me que você não quer se atrelar só a uma candidatura udenista à vice-presidência. Não é isso? (Havia Leandro Maciel, da UDN, e Fernando Ferrari, do MTR.)
- Talvez. Não é só isso. Mas talvez seja também isso.
- Bem, Jânio, não tenho condições de libertá-lo de compromissos. Mas, se vou aceitar sua candidatura pela UDN, PL, PDC, PTN, PR e não sei mais o que, você realmente não depende de ninguém.
- Está bem. Faço o sacrifício. Foi para a convenção e teve 205 votos, contra 85 de Juracy. Já estava treinando para a renúncia.
Rio Grande
Padre Giordani, vereador do PDC e coordenador da campanha de Jânio em Caxias, no Rio Grande do Sul, preparou um comício para a noite, na praça da cidade, e convidou a população para saudar o candidato nas ruas, às seis da tarde, logo depois da chegada dele ao aeroporto.
No aeroporto, um carro aberto esperava o candidato para a entrada triunfal na cidade. Jânio ficou irado:
- Nada disso, senhor padre! Quero um carro pequeno e fechado. Vou direto daqui para o hotel, por ruas ínvias, onde ninguém me veja, sem passar pelo centro. Tu-do mui-to rá-pi-do.
- E o povo, presidente?
- O povo? Quem conhece o povo sou eu, senhor padre. Nas faces e na alma. O povo quer mais me ver do que me ouvir. Pois, se quer me ver, que vá também me ouvir, no comício, à noite. Ver-me-á e ouvir-me-á. Oito da noite, Caxias estava toda na praça. Vendo e ouvindo Jânio.
Paraíba
Aluísio Campos, advogado, economista, fazendeiro, empresário muito rico na Paraíba, foi do Banco do Nordeste, da Sudene e duas vezes deputado estadual pelo Partido Socialista. Duas vezes candidato a senador pela Arena, perdeu as duas vezes para Rui Carneiro, do MDB. Depois, elegeu-se duas vezes deputado federal pelo PMDB.
Em 66, João Agripino, governador, encarregou os arenistas Ivan Machado e Osvaldo Trigueiro do Vale de coordenarem em João Pessoa a campanha ao Senado de Aluísio, que era de Campina Grande. Já perto das eleições, planejaram uma grande concentração popular no bairro da Torre, onde ele faria o pronunciamento final. Ivan e Osvaldo se desdobraram.
João Agripino
No dia do comício, nove da noite, o governador João Agripino e Aluísio foram para o bairro da Torre. Uma decepção. Palanque, luzes, escola de samba, tudo lá. Mas, povo, quase nenhum. Aluísio chamou Osvaldo:
- Tudo bem, Osvaldo?
- Tudo bem, senador. Tudo arrumado, como o senhor mandou.
- Mas, e o povo, Osvaldo?
- Ora, doutor, eu armei o palanque, providenciei a iluminação, consegui a escola de samba, fiz os convites aos oradores. Agora, se, além de tudo isso, ainda tivesse de trazer o povo, o candidato era eu.
Não houve comício. Nem eleição de Aluísio.
Pará
José João Botelho, deputado federal do Pará no Rio (46 a 51), passou muito tempo sem ir a Belém. Voltou candidato a prefeito da capital. Um dia inteiro anunciou o primeiro comício, à noite, na Praça Brasil. Chegou lá, não havia ninguém. Imaginou um engano, perguntou ao assessor.
- Não houve engano nenhum, deputado. A praça é esta mesma. Botelho foi ao bar mais próximo, pediu dois caixotes de madeira, pôs no centro da praça, subiu e passou a gritar, como um alucinado:
- Socooooooorrro! Socoooooorrrrro!
Correu gente de todo lado para ver o que era. Com a platéia, ele começou:
- Socorro para um candidato...
E fez o comício. Não se elegeu, mas fez o comício.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Lula vice de Alencar presidente? (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Uma das regras básicas do jornalismo é a de o jornalista não brigar com a notícia. Evitar que sua opinião pessoal influa na informação a ser divulgada, se acorde com os princípios de precisão e veracidade.
Pois a notícia, hoje, começa num vôo da Força Aérea Brasileira, de Brasília para Manaus, poucos meses atrás. Como passageiro principal ia o vice-presidente José Alencar no desempenho de áspera missão. Representava o presidente Lula nos funerais do senador Jefferson Peres, falecido na véspera.
Um interlocutor daqueles de rara percepção política, sentado à frente do vice, trocava idéias com ele a respeito do futuro. Em dado momento, analisando a sucessão de 2010, surpreendeu José Alencar ao sugerir singular montagem para a preservação do poder pelos que o detêm na hipótese de Dilma Rousseff não decolar como candidata. Vale reproduzir a parte fundamental do diálogo:
"Por que não uma chapa com o senhor para presidente e o Lula para vice?" "Mas pode?" "Pode". Não há nada que impeça, na Constituição, pois não se trata de reeleição para o mesmo cargo, pela segunda vez. Desde que se desincompatibilizem seis meses antes. À mesa encontrava-se o senador Pedro Simon, que comentou: "Poder, pode sim."
Eis aí um fato novo, daqueles surrealistas, mas factíveis, havendo vontade política e, reconheçamos, um pouco de desfaçatez. A chapa seria imbatível na medida em que se valeria da popularidade do presidente Lula, um futuro vice capaz de desempenhar boa parte das funções que desempenha na chefia do governo, por delegação do novo presidente.
Ignora-se quando José Alencar levou a especulação ao presidente Lula, mas levou. E até com um derivativo: caso Dilma Rousseff permaneça mesmo sem chances aparentes, estaria o presidente Lula disposto a concorrer como vice da sua candidata? Vitória garantida, sem dúvida. Quatro anos depois, Lula poderia disputar outra vez o Palácio do Planalto, com direito à reeleição.
Estaríamos no mundo da lua? Uma armação desse tipo beiraria as raias da loucura? No reverso da medalha, para manter o poder vale tudo? É bom botar na geladeira essas duas projeções, para posterior conferência. Mas que pode, pode...
Aloprados, segundo tempo
A ala dissidente do PT do Rio de Janeiro tomou a iniciativa de denunciar e protestar: os dirigentes do partido pagaram um dinheirão para imprimir três milhões de panfletos, que começaram a distribuir, denegrindo a imagem de Fernando Gabeira.
Uma baixaria no mesmo nível daquela de 2006, em São Paulo, quando também a peso de ouro o PT comprou um dossiê mentiroso contra José Serra. Os companheiros paulistas foram chamados de aloprados, pelo presidente Lula, sendo que a manobra saiu pela culatra, pois Serra elegeu-se governador.
Os panfletos cariocas dão nojo e certamente contribuiriam para vitória tranqüila de Gabeira, se tivessem sido totalmente distribuídos. Acusam o candidato de haver apresentado na Câmara projetos que favoreceriam a corrupção, a prostituição, o tráfico de mulheres e até a exploração sexual de menores.
É claro que as propostas de Gabeira, todas por sinal dormindo em alguma comissão técnica, não exprimiam nada disso. Apenas, tentavam minorar as agruras de quantas se dedicam a mais antiga profissão do mundo. O material felizmente apreendido pela Justiça Eleitoral é um lixo, daqueles dignos da lavra não apenas de aloprados, mas de depravados. Aguardam-se iniciativas processuais penais contra os responsáveis pela solerte ação de desespero.
Para demonstrar que além das eleições, nem tudo está perdido para o PT, no Rio, e em São Paulo, importa lembrar o gesto ético do senador Eduardo Suplicy. Procurado por uma doida recalcada que oferecia material ligando Eduardo Kassab ao ex-marido Celso Pitta, o senador não vacilou. Pediu que dona Nicéia se retirasse de sua presença e da tentativa de conspurcar a campanha de Marta. Esta, pelo que se sabe, apoiou a iniciativa do também ex-marido.
Entrosamento
A tentação é grande. No caso, de juntar os temas das duas notas acima. Ambas exprimem que para manter ou conquistar o poder, os companheiros não tem limite. O Brasil ofereceria ao mundo imenso ridículo, imitando a Rússia e batizando o Lula de Wladimir Putin, aquele que passou de presidente a primeiro-ministro e continua mandando. Ao mesmo tempo, se para ganhar uma eleição de prefeito vale editar panfletos indecentes, o que se deverá esperar do PT diante de uma eleição presidencial? Será tudo hipócrita, manobra da imprensa?
Pois a notícia, hoje, começa num vôo da Força Aérea Brasileira, de Brasília para Manaus, poucos meses atrás. Como passageiro principal ia o vice-presidente José Alencar no desempenho de áspera missão. Representava o presidente Lula nos funerais do senador Jefferson Peres, falecido na véspera.
Um interlocutor daqueles de rara percepção política, sentado à frente do vice, trocava idéias com ele a respeito do futuro. Em dado momento, analisando a sucessão de 2010, surpreendeu José Alencar ao sugerir singular montagem para a preservação do poder pelos que o detêm na hipótese de Dilma Rousseff não decolar como candidata. Vale reproduzir a parte fundamental do diálogo:
"Por que não uma chapa com o senhor para presidente e o Lula para vice?" "Mas pode?" "Pode". Não há nada que impeça, na Constituição, pois não se trata de reeleição para o mesmo cargo, pela segunda vez. Desde que se desincompatibilizem seis meses antes. À mesa encontrava-se o senador Pedro Simon, que comentou: "Poder, pode sim."
Eis aí um fato novo, daqueles surrealistas, mas factíveis, havendo vontade política e, reconheçamos, um pouco de desfaçatez. A chapa seria imbatível na medida em que se valeria da popularidade do presidente Lula, um futuro vice capaz de desempenhar boa parte das funções que desempenha na chefia do governo, por delegação do novo presidente.
Ignora-se quando José Alencar levou a especulação ao presidente Lula, mas levou. E até com um derivativo: caso Dilma Rousseff permaneça mesmo sem chances aparentes, estaria o presidente Lula disposto a concorrer como vice da sua candidata? Vitória garantida, sem dúvida. Quatro anos depois, Lula poderia disputar outra vez o Palácio do Planalto, com direito à reeleição.
Estaríamos no mundo da lua? Uma armação desse tipo beiraria as raias da loucura? No reverso da medalha, para manter o poder vale tudo? É bom botar na geladeira essas duas projeções, para posterior conferência. Mas que pode, pode...
Aloprados, segundo tempo
A ala dissidente do PT do Rio de Janeiro tomou a iniciativa de denunciar e protestar: os dirigentes do partido pagaram um dinheirão para imprimir três milhões de panfletos, que começaram a distribuir, denegrindo a imagem de Fernando Gabeira.
Uma baixaria no mesmo nível daquela de 2006, em São Paulo, quando também a peso de ouro o PT comprou um dossiê mentiroso contra José Serra. Os companheiros paulistas foram chamados de aloprados, pelo presidente Lula, sendo que a manobra saiu pela culatra, pois Serra elegeu-se governador.
Os panfletos cariocas dão nojo e certamente contribuiriam para vitória tranqüila de Gabeira, se tivessem sido totalmente distribuídos. Acusam o candidato de haver apresentado na Câmara projetos que favoreceriam a corrupção, a prostituição, o tráfico de mulheres e até a exploração sexual de menores.
É claro que as propostas de Gabeira, todas por sinal dormindo em alguma comissão técnica, não exprimiam nada disso. Apenas, tentavam minorar as agruras de quantas se dedicam a mais antiga profissão do mundo. O material felizmente apreendido pela Justiça Eleitoral é um lixo, daqueles dignos da lavra não apenas de aloprados, mas de depravados. Aguardam-se iniciativas processuais penais contra os responsáveis pela solerte ação de desespero.
Para demonstrar que além das eleições, nem tudo está perdido para o PT, no Rio, e em São Paulo, importa lembrar o gesto ético do senador Eduardo Suplicy. Procurado por uma doida recalcada que oferecia material ligando Eduardo Kassab ao ex-marido Celso Pitta, o senador não vacilou. Pediu que dona Nicéia se retirasse de sua presença e da tentativa de conspurcar a campanha de Marta. Esta, pelo que se sabe, apoiou a iniciativa do também ex-marido.
Entrosamento
A tentação é grande. No caso, de juntar os temas das duas notas acima. Ambas exprimem que para manter ou conquistar o poder, os companheiros não tem limite. O Brasil ofereceria ao mundo imenso ridículo, imitando a Rússia e batizando o Lula de Wladimir Putin, aquele que passou de presidente a primeiro-ministro e continua mandando. Ao mesmo tempo, se para ganhar uma eleição de prefeito vale editar panfletos indecentes, o que se deverá esperar do PT diante de uma eleição presidencial? Será tudo hipócrita, manobra da imprensa?
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Agora, é cuidar de 2010 (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Depois das incursões obrigatórias e meio constrangedoras de sábado, em São Paulo, e domingo em São Bernardo, recolhe-se o presidente Lula em Brasília às questões administrativas e econômicas, que não são poucas. Fez o dever de casa, mesmo arriscado a não passar de ano, em especial no caso de Marta Suplicy.
Mais do que nunca, as eleições municipais em sua reta final demonstram que votos não se transferem, mesmo diante dos apelos do cidadão, mas popular do país. Pelo contrário, podem evaporar.
A grande preocupação do presidente, fora a crise econômica, desdobra-se até 2010. Terá sido a melhor estratégica haver lançado prematuramente Dilma Rousseff como a herdeira do trono? Muita gente começa a duvidar, em especial no PT. Porque perder o poder por antecipação não figura nos planos dos companheiros.
Para não imitar o Joãozinho, aquele menino que só pensava naquilo, vamos deixar para outro dia referências ao terceiro mandato, solução miraculosas mas golpistas para as forças políticas governistas permanecerem onde estão.
Vale inverter a equação e tentar iluminar o outro lado. Conseguirá o governador José Serra manter-se na pole-position para as próximas eleições presidências? Por enquanto, é o que revelam as pesquisas, mas as pesquisas, convenhamos, andam na baixa. Mais um vexame, domingo, igual aos vários verificados no primeiro turno, e mesmo injustamente em alguns casos os institutos sairão todos pelo ralo.
José Serra, por coincidência ou paranóia, anda sob fogo batido. Não se fala apenas do conflito entre as polícias civil e militar d São Paulo, ou da lambança que levou a polícia militar a perder preciosos segundos na tentativa de derrubar uma porta, ensejando ao animal de Santo André alvejar suas duas reféns.
Essas coisas prejudicam a imagem do responsável maior pela segurança pública paulista, mas parecem longe de ser únicos fatores de desgaste do governador. É preciso notar que sua administração, até agora, não revelou aquilo que, certo ou errado, faz a popularidade dos administradores: qual o programa, a obra, a realização capaz de destacar Serra? O feijão com arroz é servido com regularidade pela cozinha do palácio dos Bandeirantes, mas aquele algo mais tão a gosto do apetite do eleitor ainda não apareceu.
Em contrapartida, permanece nas preliminares da sucessão presidencial aquela pimenta picante e incômoda de que todas as decisões, faz tempo, tomam-se em São Paulo. Ressente-se o restante do Brasil de participação maior, porque tucanos, companheiros e até peemedebistas, os caciques são todos paulistas. Nada contra o maior estado da federação, o mais rico, o mais desenvolvido e o mais atuante, mas não há que ignorar a federação.
A sorte de Serra é que o governador de Minas anda na baixa. Perdeu ao apoiar Geraldo Alckimin para a prefeitura paulistana e perde mais ainda com a derrota anunciada de Márcio Lacerda para a prefeitura de Belo Horizonte. Mesmo assim, seria bom que o PSDB ampliasse o plano de vôo de seus tucanos para fora dos limites de São Paulo, quando nada para efeito pirotécnico. Bairrismo funciona para um lado e para outro.
O próximo ano será crucial para a candidatura José Serra, primeiro para demonstrar não haver trabalhado em silêncio, depois para verificar que se a locomotiva continua a pleno vapor, nem por isso os demais estados podem considerar-se vagões vazios...
A origem do dinheiro
Não demora muito e a equipe econômica terá liberado 100 bilhões de reais para não deixar falir o sistema financeiro. Ajuda aos bancos compra de dólares, injeções de recursos para manter o crédito, tratamento privilegiado aos exportadores. Tudo bem, parece não existir outra solução, aliás, adotada no mundo inteiro.
Só que tem um problema: qual a fonte desses recursos, responsáveis pelo Brasil haver amelhado perto de 200 bilhões de dólares em reservas lá fora e agora utilizados?
A resposta é uma só: o dinheiro é do contribuinte, do cidadão comum que paga impostos e trabalha sacrificado por baixos salários e vencimentos incompatíveis com a riqueza acumulada pela cautela e pela avidez do governo.
Se for para evitar o caos, mesmo beneficiando os especuladores de sempre, paciência, mas se para os bancos e grandes empresas fluem centenas de milhões, não estaria na hora de cuidar do indivíduo isolado, aquele que no fim do mês não conseguiu saldar suas contas, cortou refeições, individou-se cada vez mais e precisou vender o carro velho e tirar o filho da escola para fazê-lo trabalhar.
Afinal, o dinheiro agora despejado pelo Banco Central é tanto dele, ou mais, do que do diretor do banco que especulou mal e agora recebe ajuda direta, sem precisar preocupar-se com a vida milionária que continua levando.
Embolou o meio campo
O PT mandou avisar: caso a maioria do PMDB vete Tião Viana para presidente do Senado, ninguém precisa contar com o voto dos companheiros para eleger Michel Temer presidente da Câmara. Por conta disso Ciro Nogueira amplia sua campanha entre os deputados, ao tempo em que os adeptos de José Sarney, no Senado, aferram-se ao conceito de que o ex-presidente está acima dos partidos, não se constituindo propriamente numa opção do PMDB. Não dá para acreditar muito, talvez por isso Sarney resista à hipótese, mas a maioria de seus companheiros espera convencê-lo ainda a tempo.
Mais do que nunca, as eleições municipais em sua reta final demonstram que votos não se transferem, mesmo diante dos apelos do cidadão, mas popular do país. Pelo contrário, podem evaporar.
A grande preocupação do presidente, fora a crise econômica, desdobra-se até 2010. Terá sido a melhor estratégica haver lançado prematuramente Dilma Rousseff como a herdeira do trono? Muita gente começa a duvidar, em especial no PT. Porque perder o poder por antecipação não figura nos planos dos companheiros.
Para não imitar o Joãozinho, aquele menino que só pensava naquilo, vamos deixar para outro dia referências ao terceiro mandato, solução miraculosas mas golpistas para as forças políticas governistas permanecerem onde estão.
Vale inverter a equação e tentar iluminar o outro lado. Conseguirá o governador José Serra manter-se na pole-position para as próximas eleições presidências? Por enquanto, é o que revelam as pesquisas, mas as pesquisas, convenhamos, andam na baixa. Mais um vexame, domingo, igual aos vários verificados no primeiro turno, e mesmo injustamente em alguns casos os institutos sairão todos pelo ralo.
José Serra, por coincidência ou paranóia, anda sob fogo batido. Não se fala apenas do conflito entre as polícias civil e militar d São Paulo, ou da lambança que levou a polícia militar a perder preciosos segundos na tentativa de derrubar uma porta, ensejando ao animal de Santo André alvejar suas duas reféns.
Essas coisas prejudicam a imagem do responsável maior pela segurança pública paulista, mas parecem longe de ser únicos fatores de desgaste do governador. É preciso notar que sua administração, até agora, não revelou aquilo que, certo ou errado, faz a popularidade dos administradores: qual o programa, a obra, a realização capaz de destacar Serra? O feijão com arroz é servido com regularidade pela cozinha do palácio dos Bandeirantes, mas aquele algo mais tão a gosto do apetite do eleitor ainda não apareceu.
Em contrapartida, permanece nas preliminares da sucessão presidencial aquela pimenta picante e incômoda de que todas as decisões, faz tempo, tomam-se em São Paulo. Ressente-se o restante do Brasil de participação maior, porque tucanos, companheiros e até peemedebistas, os caciques são todos paulistas. Nada contra o maior estado da federação, o mais rico, o mais desenvolvido e o mais atuante, mas não há que ignorar a federação.
A sorte de Serra é que o governador de Minas anda na baixa. Perdeu ao apoiar Geraldo Alckimin para a prefeitura paulistana e perde mais ainda com a derrota anunciada de Márcio Lacerda para a prefeitura de Belo Horizonte. Mesmo assim, seria bom que o PSDB ampliasse o plano de vôo de seus tucanos para fora dos limites de São Paulo, quando nada para efeito pirotécnico. Bairrismo funciona para um lado e para outro.
O próximo ano será crucial para a candidatura José Serra, primeiro para demonstrar não haver trabalhado em silêncio, depois para verificar que se a locomotiva continua a pleno vapor, nem por isso os demais estados podem considerar-se vagões vazios...
A origem do dinheiro
Não demora muito e a equipe econômica terá liberado 100 bilhões de reais para não deixar falir o sistema financeiro. Ajuda aos bancos compra de dólares, injeções de recursos para manter o crédito, tratamento privilegiado aos exportadores. Tudo bem, parece não existir outra solução, aliás, adotada no mundo inteiro.
Só que tem um problema: qual a fonte desses recursos, responsáveis pelo Brasil haver amelhado perto de 200 bilhões de dólares em reservas lá fora e agora utilizados?
A resposta é uma só: o dinheiro é do contribuinte, do cidadão comum que paga impostos e trabalha sacrificado por baixos salários e vencimentos incompatíveis com a riqueza acumulada pela cautela e pela avidez do governo.
Se for para evitar o caos, mesmo beneficiando os especuladores de sempre, paciência, mas se para os bancos e grandes empresas fluem centenas de milhões, não estaria na hora de cuidar do indivíduo isolado, aquele que no fim do mês não conseguiu saldar suas contas, cortou refeições, individou-se cada vez mais e precisou vender o carro velho e tirar o filho da escola para fazê-lo trabalhar.
Afinal, o dinheiro agora despejado pelo Banco Central é tanto dele, ou mais, do que do diretor do banco que especulou mal e agora recebe ajuda direta, sem precisar preocupar-se com a vida milionária que continua levando.
Embolou o meio campo
O PT mandou avisar: caso a maioria do PMDB vete Tião Viana para presidente do Senado, ninguém precisa contar com o voto dos companheiros para eleger Michel Temer presidente da Câmara. Por conta disso Ciro Nogueira amplia sua campanha entre os deputados, ao tempo em que os adeptos de José Sarney, no Senado, aferram-se ao conceito de que o ex-presidente está acima dos partidos, não se constituindo propriamente numa opção do PMDB. Não dá para acreditar muito, talvez por isso Sarney resista à hipótese, mas a maioria de seus companheiros espera convencê-lo ainda a tempo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Sergio Cabral acentua fraqueza de Paes (Pedro do Coutto)
Forçando demais a mão junto ao presidente Lula e conduzindo seu candidato para que fosse fotografado ao lado dele, em São Paulo, o governador Sergio Cabral na realidade passou um atestado púbico da fraqueza de Eduardo Paes na disputa pela Prefeitura do Rio. É flagrante isso. Não pode haver outra interpretação e certamente as próximas pesquisas do Ibope e Datafolha vão revelar. Fernando Gabeira está em ascensão.
Sente-se nas ruas. E se Sergio Cabral precisou ir buscar o apoio aparente de Luis Inácio da Silva é porque reconhece que, sozinho, seu candidato não tem condições de enfrentar o da coligação PV-PSDB-PPS. Precisa proteção além daquela que a máquina estatal no RJ pode proporcionar. O presidente Lula estava na véspera da viagem à Espanha. Cabral ficou mal no episódio. Eduardo Paes pior ainda. Pois caiu numa contradição total. Vejam só.
De um lado, como "O Globo" publicou sábado em matéria assinada por Flávio Tabak e Maia Menezes, pediu desculpas a Lula pelas acusações que desfechou contra ele na CPI dos Correios e do Mensalão. Mas de outro afirmou que não se arrepende de nada. Como? Impossível entender a dualidade. Das duas uma. Ou se arrepende e se desculpa, ou não se arrepende e portanto não há motivo para se desculpar. Muito menos através de carta. Como Sérgio Cabral não percebeu isso? A situação ficou marcada por absoluto ridículo.
O apoio de Lula fortalece Paes? Não creio. Não está fortalecendo Marta Suplicy em São Paulo. Além do mais, como dizia o presidente Juscelino, apoio não se pede. Recebe-se. Na política e na vida: ninguém pode sair correndo atrás de um favor. No campo eleitoral, forçar a barra não adianta nada.
Os eleitores sentem o processo oculto na sombra da atitude e não se deixam levar. Não se iludem com aparências. Além disso, como digo sempre, transferir votos é algo raríssimo em política. De 1945 até hoje, os exemplos contam-se nos dedos da mão. E olhem que se trata de um espaço de tempo de 63 anos. Naquele 2 de dezembro que sucedeu apenas cinco semanas a derrubada da ditadura, Vargas de fato transferiu votos e assegurou a eleição do general Dutra.
A passagem foi total. Porém, dois anos depois, Getúlio foi a São Paulo apoiar Hugo Borghi contra Ademar de Barros na disputa pelo governo estadual e perdeu. Nas eleições de 50, quando Vargas retornou ao Palácio do Catete, onde morreria em 54, Ademar de Barros transferiu votos para ele e paralelamente garantiu a vitória de Lucas Nogueira para sucedê-lo no governo do estado.
Um terceiro exemplo de transferência foi de Lacerda, em 58, garantindo a eleição de Afonso Arinos de Melo Franco para senador pelo Rio, então Distrito Federal. É verdade, deve-se lembrar que enfrentou um adversário fraco: Lutero Vargas, filho de Getúlio, mas destituído de vocação política. Em 58, também, Jânio assegurou a eleição de Carvalho Pinto para sucedê-lo no governo de São Paulo, derrotando Ademar. Mas neste caso entrou também a máquina administrativa estadual.
O governo Jânio era bem avaliado. Ademar era arquiinimigo de Jânio. Mais quatro exemplos de transferência de votos. Brizola elegeu no Rio Aurélio Viana senador em 63, Saturnino prefeito em 85, Marcelo Alencar, também para a prefeitura em 88. Nem sempre a transferência de votos conduz à vitória. Em 65, Lacerda no governo da Guanabara passou integralmente todos os votos que comandava para Flexa Ribeiro e ele perdeu para Negrão de Lima por 51 a 38 pontos.
Negrão saiu do governo sob intensa consagração. Mas em 74 apoiou Gama Filho para o Senado contra Danton Jobim e este venceu atingindo 54 por cento dos votos. JK, aclamado em 60, apoiou Tancredo para governador de Minas e Magalhães Pinto venceu a eleição.
Os exemplos param por aí. Falo de mais de seis décadas. Não é pouco tempo. É dificílimo efetuar-se a transferência de prestígio em matéria de voto na urna. Inclusive porque o êxito do apoio não depende apenas de quem o destina, mas, sobretudo de quem o recebe. Um enigma. E se apoios oficiais garantissem a vitória de candidatos, o poder não perderia eleição no mundo. Na grande maioria dos casos - esta é a verdade - acontece o contrário. Graças a Deus é assim. Não fosse isso, seríamos todos escravos das máquinas ou da corrupção eleitoral. Ou das duas coisas combinadas.
E se não se pode processar a cidade, como no famoso filme italiano de Alberto Latuada, tampouco se pode comprá-la, adquirindo votos como se os eleitores estivessem num mercado da ilusão e da fantasia. Eduardo Paes é um candidato fraco. Não depende de si. Depende dos outros. Ele, inclusive, aceita tacitamente condicionar seu destino a forças a seu redor. Não tem vôo próprio.
Enquanto isso, Fernando Gabeira afirma-se por si. Não se empenha em obter apoio de ninguém. Isso de um lado. De outro, é alguém de nível muito superior ao de Paes. Hoje, creio que ampliou sua vantagem na reta de chegada. Vamos ver o que dizem o Datafolha e o Ibope.
Sente-se nas ruas. E se Sergio Cabral precisou ir buscar o apoio aparente de Luis Inácio da Silva é porque reconhece que, sozinho, seu candidato não tem condições de enfrentar o da coligação PV-PSDB-PPS. Precisa proteção além daquela que a máquina estatal no RJ pode proporcionar. O presidente Lula estava na véspera da viagem à Espanha. Cabral ficou mal no episódio. Eduardo Paes pior ainda. Pois caiu numa contradição total. Vejam só.
De um lado, como "O Globo" publicou sábado em matéria assinada por Flávio Tabak e Maia Menezes, pediu desculpas a Lula pelas acusações que desfechou contra ele na CPI dos Correios e do Mensalão. Mas de outro afirmou que não se arrepende de nada. Como? Impossível entender a dualidade. Das duas uma. Ou se arrepende e se desculpa, ou não se arrepende e portanto não há motivo para se desculpar. Muito menos através de carta. Como Sérgio Cabral não percebeu isso? A situação ficou marcada por absoluto ridículo.
O apoio de Lula fortalece Paes? Não creio. Não está fortalecendo Marta Suplicy em São Paulo. Além do mais, como dizia o presidente Juscelino, apoio não se pede. Recebe-se. Na política e na vida: ninguém pode sair correndo atrás de um favor. No campo eleitoral, forçar a barra não adianta nada.
Os eleitores sentem o processo oculto na sombra da atitude e não se deixam levar. Não se iludem com aparências. Além disso, como digo sempre, transferir votos é algo raríssimo em política. De 1945 até hoje, os exemplos contam-se nos dedos da mão. E olhem que se trata de um espaço de tempo de 63 anos. Naquele 2 de dezembro que sucedeu apenas cinco semanas a derrubada da ditadura, Vargas de fato transferiu votos e assegurou a eleição do general Dutra.
A passagem foi total. Porém, dois anos depois, Getúlio foi a São Paulo apoiar Hugo Borghi contra Ademar de Barros na disputa pelo governo estadual e perdeu. Nas eleições de 50, quando Vargas retornou ao Palácio do Catete, onde morreria em 54, Ademar de Barros transferiu votos para ele e paralelamente garantiu a vitória de Lucas Nogueira para sucedê-lo no governo do estado.
Um terceiro exemplo de transferência foi de Lacerda, em 58, garantindo a eleição de Afonso Arinos de Melo Franco para senador pelo Rio, então Distrito Federal. É verdade, deve-se lembrar que enfrentou um adversário fraco: Lutero Vargas, filho de Getúlio, mas destituído de vocação política. Em 58, também, Jânio assegurou a eleição de Carvalho Pinto para sucedê-lo no governo de São Paulo, derrotando Ademar. Mas neste caso entrou também a máquina administrativa estadual.
O governo Jânio era bem avaliado. Ademar era arquiinimigo de Jânio. Mais quatro exemplos de transferência de votos. Brizola elegeu no Rio Aurélio Viana senador em 63, Saturnino prefeito em 85, Marcelo Alencar, também para a prefeitura em 88. Nem sempre a transferência de votos conduz à vitória. Em 65, Lacerda no governo da Guanabara passou integralmente todos os votos que comandava para Flexa Ribeiro e ele perdeu para Negrão de Lima por 51 a 38 pontos.
Negrão saiu do governo sob intensa consagração. Mas em 74 apoiou Gama Filho para o Senado contra Danton Jobim e este venceu atingindo 54 por cento dos votos. JK, aclamado em 60, apoiou Tancredo para governador de Minas e Magalhães Pinto venceu a eleição.
Os exemplos param por aí. Falo de mais de seis décadas. Não é pouco tempo. É dificílimo efetuar-se a transferência de prestígio em matéria de voto na urna. Inclusive porque o êxito do apoio não depende apenas de quem o destina, mas, sobretudo de quem o recebe. Um enigma. E se apoios oficiais garantissem a vitória de candidatos, o poder não perderia eleição no mundo. Na grande maioria dos casos - esta é a verdade - acontece o contrário. Graças a Deus é assim. Não fosse isso, seríamos todos escravos das máquinas ou da corrupção eleitoral. Ou das duas coisas combinadas.
E se não se pode processar a cidade, como no famoso filme italiano de Alberto Latuada, tampouco se pode comprá-la, adquirindo votos como se os eleitores estivessem num mercado da ilusão e da fantasia. Eduardo Paes é um candidato fraco. Não depende de si. Depende dos outros. Ele, inclusive, aceita tacitamente condicionar seu destino a forças a seu redor. Não tem vôo próprio.
Enquanto isso, Fernando Gabeira afirma-se por si. Não se empenha em obter apoio de ninguém. Isso de um lado. De outro, é alguém de nível muito superior ao de Paes. Hoje, creio que ampliou sua vantagem na reta de chegada. Vamos ver o que dizem o Datafolha e o Ibope.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
A crise financeira já é crise econômica (Helio Fernandes)
O dinheiro do contribuinte é usado para "salvar" o contribuinte
A crise financeira se agrava e já penetra no que se define como crise econômica. E alguns economistas chamam de RECESSÃO ou DEPRESSÃO. As definições são várias, muitas, dispersas, mas quem sofre mesmo é o trabalhador e a classe média. Existem vários limites para enquadrar o que é classe média, mas qualquer que seja a forma de colocá-la se chega a quem trabalha.
Por que na Europa e nos Estados Unidos estão GARANTINDO os depósitos dos clientes? Alguns países em 50 mil euros, outros em 50 mil libras, 50 mil dólares. São totais diferentes, mas nenhuma generosidade. Os governos estão com medo de quebradeira total, de queda de consumo e portanto da produção. Isso chegaria a tudo e a todos.
A falta de crédito atingiria setores INIMAGINÁVEIS e SURPREENDENTES. Um só exemplo: o ENGARRAFAMENTO do trânsito no Brasil, de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras. Como isso acontece? Em SP estão sendo jogados no trânsito, diariamente, 800 carros. No Rio, a metade. Por quê? Elementar.
As fábricas de automóveis (montadoras) descobriram que financiar carros é tão lucrativo quanto produzi-los. Então se transformaram em BANCOS, diretos ou indiretamente. Hoje ninguém mais COMPRA carro à vista nem as concessionárias se interessam em VENDER. O cidadão chega numa concessionária para adquirir um carro em algumas prestações (antigamente eram 12, no máximo), é imediatamente CONVIDADO ou INDUZIDO a comprar em 60 ou 72 vezes.
Todos precisam de carro, para se locomover ou trabalhar. Olham as prestações, concluem: "Posso pagar". Esquece ou nem pensa que ficará 5 ou 6 anos pagando, o carro envelhece, o cidadão também, mas tem que continuar pagando. As empresas passam a ganhar duas vezes, com a produção e o juro. Este é ao mesmo tempo a maldição e a felicidade do capitalismo. Isso acontece em outros setores.
Só que essas transações são feitas em tempos normais, sem crise. Quando tudo é transformado em cassino, os governos são obrigados a usar terminologia falsa e dizer: estamos ESTATIZANDO ou NACIONALIZANDO tudo. "Menas" verdade.
Ontem, a jogatina começou fulgurante. Com 5 minutos de pregão, lá na matriz e aqui na filial, o dólar bem alto, as bolsas bem baixas.
Dólar a 2,45, mais 6%. Bovespa menos 3,66, na casa dos 38 mil. O Dow já em queda de quase 3%, querendo descer dos 9 mil.
Com meia hora de jogatina, o pano verde mostrava a Bovespa com queda de 5,68, já abaixo de 38 mil. O Dow melhorava, caía 2%.
Ao meio-dia, o Banco Central já havia feito "intervenção direta" no mercado de dólar, por três vezes seguidas. O que é isso? Simples.
O BC vendeu dólares papel e não como antes, dólar "swap", ou empréstimo. Agora o BC participou da jogatina com DÓLAR DA RESERVA, IMPORTANTE.
Também vai comprar créditos de bancos pequenos, o que é medida acertada, mas agora, depois de não fiscalizar o FUNCIONAMENTO DOS CASSINOS.
13,44: o BC já colocara 2 BILHÕES de dólares papel de verdade. E não o dólar emprestado para ser devolvido a prazo certo. A Bovespa melhorou um pouco. Da queda de 5,68% na abertura, passara para menos 3,55%. Às 15,38 o dólar, que abrira com mais 6% em 2,45, vinha para 2,24, em menos 0,3%. Conclusão: o BC VENDEU dólares a 5 e 6 reais, a moeda estava quase inalterada. Valeu o prejuízo ou a venda? Às 16 horas, o Dow, que chegara a cair 3%, subia 1,20%, mas já subira 2%. A Bovespa passava de 40 mil pontos.
PS - O mercado é de OFERTA e de PROCURA. VENDEM, cai. COMPRAM, sobe. Precisa fiscalização, é muito dinheiro em dólar e ações. Nos últimos 30 minutos, o cassino abriu outra vez, reviravolta. O Dow, que subia 2%, fechou com queda de 2,20%. O dólar voltou a ficar acima de 2,30. A Bovespa caiu para 39 mil. JOGO, tudo é JOGO.
Alcaide-debilóide-factóide
Disse que apoiará o Gabeira. Não devia ter falado nada. Pelo menos, que não apareça perto dele.
Muitos prefeitos, principalmente os reeeleitos, já se lançam ou são lançados para governador em 2010. É o caso de Porto Alegre, com José Fogaça. Senador importante, foi prefeito, agora praticamente reeeleito. Pedro Simon e Germano Rigoto já articulam para que isso aconteça. Ganhar de Dona Crusius, facílimo. Rigoto ficará com uma das vagas para o Senado, Pedro Simon é senador por mais 6 anos. Para felicidade geral do Rio Grande do Sul.
Edson Lobão ficou assombrado, ao receber a informação: "A hidrelétrica de Belo Monte pode ficar pronta 4 meses mais cedo".
O assombro não foi com o tempo mas com o preço: 7 BILHÕES. Tudo na mão dele. E do "Edinho 30", filho querido e serpente, perdão, suplente.
Ontem, o presidente Lula jantou com muitos senadores do PMDB. Não convidou Edson Lobão. Se o jantar fosse em janeiro ou fevereiro poderia convidá-lo. Seu prestígio caiu no Senado e no Planalto.
Heloisa Helena disputará um cargo em 2010. Foi vereadora para não ficar 2 anos sem mandato. Pode ser presidente da Câmara Municipal. Aconteceu com Suplicy em 1996. Perdeu para governador em 1994, foi vereador 2 anos depois. E presidente da Câmara, mesmo minoritário.
Paulo Ramos do PDT, que foi candidato a prefeito, fez discurso na Alerj, duríssimo, dizendo, "a eleição devia ser anulada". Agora, o PDT apóia Eduardo Paes, Paulo Ramos mais para Gabeira.
Ele tem mais votos do que o partido, com a exclusão de Cidinha Campos e Wagner Montes. Cidinha quase foi prefeita, Wagner não quis ser candidato.
Jarbas Vasconcellos, que pretendia ser governador, foi derrotadíssimo. Ainda é senador até 2014, espera Serra convidá-lo para vice.
A "família" Tasso (Ciro, Arruda, Patricia Saboya, Cid governador) preocupadíssima com Luizianne: querem lançá-la ao governo.
Assim que Beto Richa foi reeeleito com 77% dos votos, o repórter, cumprindo sua obrigação, perguntou: "O senhor é candidato a governador em 2010 ou ficará o mandato inteiro na prefeitura?".
Beto Richa desconversou, não podia afirmar nada. Ele precisa conversar com Alvaro Dias do seu PSDB, senador até 2014. E com o irmão dele, Osmar, senador até 2010. Complicado, como resolver?
Na verdade o mandato de prefeito, principalmente o segundo, agora é apenas de 15 meses. O de José Serra foi de 15 meses, logo no primeiro. O problema de Beto Richa não é eleitoral, é político.
Dona Jandira está em posição complicadíssima. O PC do B quer apoiar Eduardo Paes. É lógico que aqui o PC do B é ela. Tendo vida política e eleitoral enorme, sabe que resolverá. Mas como?
Luiz Carlos Barreto está procurando alguém para fazer o presidente Lula num filme sobre o presidente Lula. Poderia deixar de perder tempo, e dentro de 2 anos teria o "protagonista" ideal. Estaria sem fazer nada, morando em São Bernardo. Aceitaria, sucesso garantido.
Dizer que a Constituição de 1988 é ruim por ser "estatista, nacionalista e protecionista" é burrice e principalmente contradição.
A Constituição de 1988 sobreviveu por ser estatista, nacionalista e protecionalista. Estaria completíssima se fosse parlamentarista.
Aécio não ficará nem um pouco aborrecido se Leonardo Quintão for prefeito de BH. Ele fez campanha, dizendo, "votarei Aécio para presidente". Quem disse isso de Serra? Nem o prefeito Kassab.
Ontem, num compreensível erro de digitação, saiu aqui: o sábio e santo Agostinho, no Século X, combateu os milagres. Antes que me bombardeiem (com toda a razão), a retificação: foi no Século V.
Mais um debate inútil, monótono, cansativo e nada decisivo, entre Obama e McCain. Lógico, é eleitoreiro, precisam agradar os que votarão em 4 de novembro. Só que os analistas, perguntadores, comentaristas, mais desastrados. Foi o debate (?) com menor audiência.
Terminado, já na madrugada de quarta, todos queriam saber quem foi o "vencedor". Deviam avaliar quem apresentou propostas mais consistentes e construtivas para a coletividade.
Isso não aconteceu, podiam cancelar o último, dia 15. Perda de tempo. Nem Obama nem McCain perceberam que os EUA já não dominam o mundo, deram uma aula de geografia e não de esperança.
Não adianta contar números se os eleitores, perplexos e confusos, ainda não decidiram, não sabem o que fazer.
Colocar diante de cidadãos puritanos, preconceituosos e racistas um negro e um conservador sem nada a dizer, exercício de inutilidade. Nenhuma pesquisa vai apresentar resultados antes de 4 de novembro. E o depois pode estar na História americana.
XXX
Nos subterrâneos de um hotel em Copacabana, Nuzman foi eleito (?) para completar 17 anos como presidente do COB. Tudo "legítimo", foi apoiado por esportes de prestígio e grande repercussão.
1 - Tênis de Mesa
2 - Canoagem
3 - Tiro Esportivo
4 - Vela e Motor. (Não tem presidente e sim interventor, nomeado pelo próprio Nuzman).
5 - Atletismo. (O presidente, viajando, não sabia nem de eleição, respondeu "voto no Nuzman").
Ficar contra Nuzman é falta de esportividade, mas Ricardo Teixeira impoluto (que rima com corrupto) ficou. A CBF não se fez representar e quer anular a escolha de Nuzman para mais 4 anos.
Ricardo Teixeira, no ano passado, PRORROGOU seu mandato que terminava em 2012 para 2015. Não parou em 2011 nem para reabastecimento. E criou agora uma comissão para "dirigir" a Copa do Mundo de 2014, só com família e apaniguados.
Teixeira está pedindo (mas não na Justiça, tem horror de se aproximar dela) a anulação do novo "mandato" de Nuzman. O seu, "de mais 8 anos", garantidíssimo.
A crise financeira se agrava e já penetra no que se define como crise econômica. E alguns economistas chamam de RECESSÃO ou DEPRESSÃO. As definições são várias, muitas, dispersas, mas quem sofre mesmo é o trabalhador e a classe média. Existem vários limites para enquadrar o que é classe média, mas qualquer que seja a forma de colocá-la se chega a quem trabalha.
Por que na Europa e nos Estados Unidos estão GARANTINDO os depósitos dos clientes? Alguns países em 50 mil euros, outros em 50 mil libras, 50 mil dólares. São totais diferentes, mas nenhuma generosidade. Os governos estão com medo de quebradeira total, de queda de consumo e portanto da produção. Isso chegaria a tudo e a todos.
A falta de crédito atingiria setores INIMAGINÁVEIS e SURPREENDENTES. Um só exemplo: o ENGARRAFAMENTO do trânsito no Brasil, de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras. Como isso acontece? Em SP estão sendo jogados no trânsito, diariamente, 800 carros. No Rio, a metade. Por quê? Elementar.
As fábricas de automóveis (montadoras) descobriram que financiar carros é tão lucrativo quanto produzi-los. Então se transformaram em BANCOS, diretos ou indiretamente. Hoje ninguém mais COMPRA carro à vista nem as concessionárias se interessam em VENDER. O cidadão chega numa concessionária para adquirir um carro em algumas prestações (antigamente eram 12, no máximo), é imediatamente CONVIDADO ou INDUZIDO a comprar em 60 ou 72 vezes.
Todos precisam de carro, para se locomover ou trabalhar. Olham as prestações, concluem: "Posso pagar". Esquece ou nem pensa que ficará 5 ou 6 anos pagando, o carro envelhece, o cidadão também, mas tem que continuar pagando. As empresas passam a ganhar duas vezes, com a produção e o juro. Este é ao mesmo tempo a maldição e a felicidade do capitalismo. Isso acontece em outros setores.
Só que essas transações são feitas em tempos normais, sem crise. Quando tudo é transformado em cassino, os governos são obrigados a usar terminologia falsa e dizer: estamos ESTATIZANDO ou NACIONALIZANDO tudo. "Menas" verdade.
Ontem, a jogatina começou fulgurante. Com 5 minutos de pregão, lá na matriz e aqui na filial, o dólar bem alto, as bolsas bem baixas.
Dólar a 2,45, mais 6%. Bovespa menos 3,66, na casa dos 38 mil. O Dow já em queda de quase 3%, querendo descer dos 9 mil.
Com meia hora de jogatina, o pano verde mostrava a Bovespa com queda de 5,68, já abaixo de 38 mil. O Dow melhorava, caía 2%.
Ao meio-dia, o Banco Central já havia feito "intervenção direta" no mercado de dólar, por três vezes seguidas. O que é isso? Simples.
O BC vendeu dólares papel e não como antes, dólar "swap", ou empréstimo. Agora o BC participou da jogatina com DÓLAR DA RESERVA, IMPORTANTE.
Também vai comprar créditos de bancos pequenos, o que é medida acertada, mas agora, depois de não fiscalizar o FUNCIONAMENTO DOS CASSINOS.
13,44: o BC já colocara 2 BILHÕES de dólares papel de verdade. E não o dólar emprestado para ser devolvido a prazo certo. A Bovespa melhorou um pouco. Da queda de 5,68% na abertura, passara para menos 3,55%. Às 15,38 o dólar, que abrira com mais 6% em 2,45, vinha para 2,24, em menos 0,3%. Conclusão: o BC VENDEU dólares a 5 e 6 reais, a moeda estava quase inalterada. Valeu o prejuízo ou a venda? Às 16 horas, o Dow, que chegara a cair 3%, subia 1,20%, mas já subira 2%. A Bovespa passava de 40 mil pontos.
PS - O mercado é de OFERTA e de PROCURA. VENDEM, cai. COMPRAM, sobe. Precisa fiscalização, é muito dinheiro em dólar e ações. Nos últimos 30 minutos, o cassino abriu outra vez, reviravolta. O Dow, que subia 2%, fechou com queda de 2,20%. O dólar voltou a ficar acima de 2,30. A Bovespa caiu para 39 mil. JOGO, tudo é JOGO.
Alcaide-debilóide-factóide
Disse que apoiará o Gabeira. Não devia ter falado nada. Pelo menos, que não apareça perto dele.
Muitos prefeitos, principalmente os reeeleitos, já se lançam ou são lançados para governador em 2010. É o caso de Porto Alegre, com José Fogaça. Senador importante, foi prefeito, agora praticamente reeeleito. Pedro Simon e Germano Rigoto já articulam para que isso aconteça. Ganhar de Dona Crusius, facílimo. Rigoto ficará com uma das vagas para o Senado, Pedro Simon é senador por mais 6 anos. Para felicidade geral do Rio Grande do Sul.
Edson Lobão ficou assombrado, ao receber a informação: "A hidrelétrica de Belo Monte pode ficar pronta 4 meses mais cedo".
O assombro não foi com o tempo mas com o preço: 7 BILHÕES. Tudo na mão dele. E do "Edinho 30", filho querido e serpente, perdão, suplente.
Ontem, o presidente Lula jantou com muitos senadores do PMDB. Não convidou Edson Lobão. Se o jantar fosse em janeiro ou fevereiro poderia convidá-lo. Seu prestígio caiu no Senado e no Planalto.
Heloisa Helena disputará um cargo em 2010. Foi vereadora para não ficar 2 anos sem mandato. Pode ser presidente da Câmara Municipal. Aconteceu com Suplicy em 1996. Perdeu para governador em 1994, foi vereador 2 anos depois. E presidente da Câmara, mesmo minoritário.
Paulo Ramos do PDT, que foi candidato a prefeito, fez discurso na Alerj, duríssimo, dizendo, "a eleição devia ser anulada". Agora, o PDT apóia Eduardo Paes, Paulo Ramos mais para Gabeira.
Ele tem mais votos do que o partido, com a exclusão de Cidinha Campos e Wagner Montes. Cidinha quase foi prefeita, Wagner não quis ser candidato.
Jarbas Vasconcellos, que pretendia ser governador, foi derrotadíssimo. Ainda é senador até 2014, espera Serra convidá-lo para vice.
A "família" Tasso (Ciro, Arruda, Patricia Saboya, Cid governador) preocupadíssima com Luizianne: querem lançá-la ao governo.
Assim que Beto Richa foi reeeleito com 77% dos votos, o repórter, cumprindo sua obrigação, perguntou: "O senhor é candidato a governador em 2010 ou ficará o mandato inteiro na prefeitura?".
Beto Richa desconversou, não podia afirmar nada. Ele precisa conversar com Alvaro Dias do seu PSDB, senador até 2014. E com o irmão dele, Osmar, senador até 2010. Complicado, como resolver?
Na verdade o mandato de prefeito, principalmente o segundo, agora é apenas de 15 meses. O de José Serra foi de 15 meses, logo no primeiro. O problema de Beto Richa não é eleitoral, é político.
Dona Jandira está em posição complicadíssima. O PC do B quer apoiar Eduardo Paes. É lógico que aqui o PC do B é ela. Tendo vida política e eleitoral enorme, sabe que resolverá. Mas como?
Luiz Carlos Barreto está procurando alguém para fazer o presidente Lula num filme sobre o presidente Lula. Poderia deixar de perder tempo, e dentro de 2 anos teria o "protagonista" ideal. Estaria sem fazer nada, morando em São Bernardo. Aceitaria, sucesso garantido.
Dizer que a Constituição de 1988 é ruim por ser "estatista, nacionalista e protecionista" é burrice e principalmente contradição.
A Constituição de 1988 sobreviveu por ser estatista, nacionalista e protecionalista. Estaria completíssima se fosse parlamentarista.
Aécio não ficará nem um pouco aborrecido se Leonardo Quintão for prefeito de BH. Ele fez campanha, dizendo, "votarei Aécio para presidente". Quem disse isso de Serra? Nem o prefeito Kassab.
Ontem, num compreensível erro de digitação, saiu aqui: o sábio e santo Agostinho, no Século X, combateu os milagres. Antes que me bombardeiem (com toda a razão), a retificação: foi no Século V.
Mais um debate inútil, monótono, cansativo e nada decisivo, entre Obama e McCain. Lógico, é eleitoreiro, precisam agradar os que votarão em 4 de novembro. Só que os analistas, perguntadores, comentaristas, mais desastrados. Foi o debate (?) com menor audiência.
Terminado, já na madrugada de quarta, todos queriam saber quem foi o "vencedor". Deviam avaliar quem apresentou propostas mais consistentes e construtivas para a coletividade.
Isso não aconteceu, podiam cancelar o último, dia 15. Perda de tempo. Nem Obama nem McCain perceberam que os EUA já não dominam o mundo, deram uma aula de geografia e não de esperança.
Não adianta contar números se os eleitores, perplexos e confusos, ainda não decidiram, não sabem o que fazer.
Colocar diante de cidadãos puritanos, preconceituosos e racistas um negro e um conservador sem nada a dizer, exercício de inutilidade. Nenhuma pesquisa vai apresentar resultados antes de 4 de novembro. E o depois pode estar na História americana.
XXX
Nos subterrâneos de um hotel em Copacabana, Nuzman foi eleito (?) para completar 17 anos como presidente do COB. Tudo "legítimo", foi apoiado por esportes de prestígio e grande repercussão.
1 - Tênis de Mesa
2 - Canoagem
3 - Tiro Esportivo
4 - Vela e Motor. (Não tem presidente e sim interventor, nomeado pelo próprio Nuzman).
5 - Atletismo. (O presidente, viajando, não sabia nem de eleição, respondeu "voto no Nuzman").
Ficar contra Nuzman é falta de esportividade, mas Ricardo Teixeira impoluto (que rima com corrupto) ficou. A CBF não se fez representar e quer anular a escolha de Nuzman para mais 4 anos.
Ricardo Teixeira, no ano passado, PRORROGOU seu mandato que terminava em 2012 para 2015. Não parou em 2011 nem para reabastecimento. E criou agora uma comissão para "dirigir" a Copa do Mundo de 2014, só com família e apaniguados.
Teixeira está pedindo (mas não na Justiça, tem horror de se aproximar dela) a anulação do novo "mandato" de Nuzman. O seu, "de mais 8 anos", garantidíssimo.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Lembrai-vos do JK-65... (Carlos Chagas)
BRASÍLIA - É bom esperar pelo segundo turno, em especial porque nada foi decidido em capitais importantes como Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e outras. De qualquer forma, com o pronunciamento de 130 milhões de eleitores, foi dada a partida oficial para a sucessão de 2010.
Lula, de um lado, e José Serra, de outro, vão desdobrar-se nas próximas três semanas para consolidar nas capitais e grandes cidades a vitória de seus candidatos no primeiro turno ou, com maior preocupação, tentar virar o jogo da votação incompleta de domingo. Um terceiro personagem também não perderá tempo. No caso, Aécio Neves.
O problema é que a eleição presidencial não se realizará entre o presidente da República e os governadores de São Paulo e de Minas. Do lado do Palácio do Planalto, contra Serra ou Aécio, ou contra os dois, tudo indica estará a ministra Dilma Rousseff. As eleições de anteontem demonstraram a dificuldade de transferência de votos, apesar da imensa popularidade do presidente da República. Fosse ele o candidato e conquistaria facilmente o terceiro mandato, mas indicada a sua chefe da Casa Civil ou outro companheiro qualquer, o processo muda de figura.
Alguns números ainda estão em aberto, como saber o número exato de prefeituras conquistadas pelos partidos, em 5.563 eleições. Até agora o PMDB liderava, dada sua força nos grotões. Detém 1.059 prefeituras, contra 790 do DEM, 620 do PSDB, 620, também, do Partido Socialista, 551 do PP, 436 do PR, 427 do PTB e 411 do PT. É claro que os resultados se invertem quando calculados os votos dados a cada legenda em função do eleitorado muito maior de grandes capitais e cidades maiores.
De qualquer forma, para a sucessão de 2010 voltam-se as atenções, com todas as variáveis imaginadas ou desconhecidas. Se por hipótese chegarmos ao final do primeiro semestre do ano que vem sem que Dilma Rousseff tenha decolado, estariam os atuais detentores do poder dispostos a, com todo o respeito, entregar o ouro ao bandido? Buscariam outro candidato, mesmo fora dos quadros do PT?
Os companheiros aceitariam? Ou colocariam na rua a procissão continuísta que o presidente Lula rejeita, mas contra a qual carecerá de forças para enfrentar? Soa como bobagem essa história de dizer que ele se prepara para daqui a dois anos ser sucedido por um adversário, visando voltar em 2014. No Brasil, já são precários os planos formulados para daqui a quinze minutos, quanto mais para daqui seis anos. Lembrai-vos do imbatível "JK-65"...
À hora do soco
Nem só de eleições vive um governo. A hora do soco na mesa já passou, ignorando-se tenha ou não sido dado em Manaus, dias atrás, quando o presidente Lula recepcionou o presidente do Equador, Rafael Correa. A oportunidade era para o Brasil deixar claro não haver gostado das bravatas do nosso hermano ao ocupar com força militar uma empresa privada brasileira, em seu território e mandando prender quatro de seus diretores. Tudo poderia ter sido resolvido pacificamente, mas Correa enfrentava crise interna e necessitava criar um inimigo externo para vencer um plebiscito.
Pois não é que fez mais, o histriônico aprendiz de Evo Morales? Ameaçou, no fim de semana, expulsar também a Petrobras, que para ele custa a cumprir acordos referentes a investimentos brasileiros em seu país. Exasperado, afirmou que o Equador não está pedindo esmolas.
Permanecerá o presidente Lula de braços cruzados e garganta fechada, como de vezes anteriores? Afinal, agora, não se trata de uma empresa privada, mas da Petrobras. Nossos vizinhos continuam abusando, o Paraguai e a Bolívia já começaram a invadir propriedades de brasileiros em seus territórios. Acusam-nos de imperialistas, mas a verdade é que permitiram que nossos agricultores e pecuaristas se instalassem lá, produzindo e pagando impostos. Se o gigante continuar dormindo em berço esplêndido, logo pagará o preço da desmoralização frente aos anões...
Razão ele teve, mas...
O presidente Lula até teve razão quando lavou as mãos e criticou empresas brasileiras que enfrentaram prejuízos de mais de um bilhão de reais com a recente crise gerada nos Estados Unidos. Conforme suas declarações, a Aracruz e a Sadia especularam contra o real, por ganância, devendo agora resolver seus problemas.
Só que não foi bem assim. A uma dessas empresas o Banco do Brasil, em setembro, liberou 900 milhões de reais a juros subsidiados.
Quanto à crise, o Lula também falou demais. Disse que o tsunami americano está chegando ao Brasil "como uma marolinha". Será? O dólar ultrapassou dois reais, a Bovespa despencou mais do que a Bolsa de Nova York e a equipe econômica vem injetando centenas de milhões no crédito para empresas exportadoras. Mesmo assim, as exportações continuam caindo e as importações tornando-se cada dia mais dispendiosas. Marolinha safada, essa, que já ultrapassou o litoral e aproxima-se de Brasília.
Mudaram os algozes
Duro mas monumental diagnóstico foi feito por mestre Saulo Ramos em artigo referente às perdas e aos ganhos da Constituição de 88. Para ele, aquilo que se via na ditadura, com militares instalados em funções civis, acontece agora com ex-sindicalistas, falsos líderes de comunidades urbanas e invasores de áreas rurais, "desde que assegurem dividendos eleitorais". São origens diferentes, mas iguais no despreparo técnico e na arrogância.
Saulo Ramos lembra que o Executivo voltou a dominar o Congresso exatamente como no tempo da ditadura. Não se utiliza da força ou da cassação de mandatos, mas obtém o mesmo efeito através de persuasões inconfessáveis como mensalão, cargos, diretorias de estatais, criação de ministérios com um número imensurável de empregos e sinecuras.
Lula, de um lado, e José Serra, de outro, vão desdobrar-se nas próximas três semanas para consolidar nas capitais e grandes cidades a vitória de seus candidatos no primeiro turno ou, com maior preocupação, tentar virar o jogo da votação incompleta de domingo. Um terceiro personagem também não perderá tempo. No caso, Aécio Neves.
O problema é que a eleição presidencial não se realizará entre o presidente da República e os governadores de São Paulo e de Minas. Do lado do Palácio do Planalto, contra Serra ou Aécio, ou contra os dois, tudo indica estará a ministra Dilma Rousseff. As eleições de anteontem demonstraram a dificuldade de transferência de votos, apesar da imensa popularidade do presidente da República. Fosse ele o candidato e conquistaria facilmente o terceiro mandato, mas indicada a sua chefe da Casa Civil ou outro companheiro qualquer, o processo muda de figura.
Alguns números ainda estão em aberto, como saber o número exato de prefeituras conquistadas pelos partidos, em 5.563 eleições. Até agora o PMDB liderava, dada sua força nos grotões. Detém 1.059 prefeituras, contra 790 do DEM, 620 do PSDB, 620, também, do Partido Socialista, 551 do PP, 436 do PR, 427 do PTB e 411 do PT. É claro que os resultados se invertem quando calculados os votos dados a cada legenda em função do eleitorado muito maior de grandes capitais e cidades maiores.
De qualquer forma, para a sucessão de 2010 voltam-se as atenções, com todas as variáveis imaginadas ou desconhecidas. Se por hipótese chegarmos ao final do primeiro semestre do ano que vem sem que Dilma Rousseff tenha decolado, estariam os atuais detentores do poder dispostos a, com todo o respeito, entregar o ouro ao bandido? Buscariam outro candidato, mesmo fora dos quadros do PT?
Os companheiros aceitariam? Ou colocariam na rua a procissão continuísta que o presidente Lula rejeita, mas contra a qual carecerá de forças para enfrentar? Soa como bobagem essa história de dizer que ele se prepara para daqui a dois anos ser sucedido por um adversário, visando voltar em 2014. No Brasil, já são precários os planos formulados para daqui a quinze minutos, quanto mais para daqui seis anos. Lembrai-vos do imbatível "JK-65"...
À hora do soco
Nem só de eleições vive um governo. A hora do soco na mesa já passou, ignorando-se tenha ou não sido dado em Manaus, dias atrás, quando o presidente Lula recepcionou o presidente do Equador, Rafael Correa. A oportunidade era para o Brasil deixar claro não haver gostado das bravatas do nosso hermano ao ocupar com força militar uma empresa privada brasileira, em seu território e mandando prender quatro de seus diretores. Tudo poderia ter sido resolvido pacificamente, mas Correa enfrentava crise interna e necessitava criar um inimigo externo para vencer um plebiscito.
Pois não é que fez mais, o histriônico aprendiz de Evo Morales? Ameaçou, no fim de semana, expulsar também a Petrobras, que para ele custa a cumprir acordos referentes a investimentos brasileiros em seu país. Exasperado, afirmou que o Equador não está pedindo esmolas.
Permanecerá o presidente Lula de braços cruzados e garganta fechada, como de vezes anteriores? Afinal, agora, não se trata de uma empresa privada, mas da Petrobras. Nossos vizinhos continuam abusando, o Paraguai e a Bolívia já começaram a invadir propriedades de brasileiros em seus territórios. Acusam-nos de imperialistas, mas a verdade é que permitiram que nossos agricultores e pecuaristas se instalassem lá, produzindo e pagando impostos. Se o gigante continuar dormindo em berço esplêndido, logo pagará o preço da desmoralização frente aos anões...
Razão ele teve, mas...
O presidente Lula até teve razão quando lavou as mãos e criticou empresas brasileiras que enfrentaram prejuízos de mais de um bilhão de reais com a recente crise gerada nos Estados Unidos. Conforme suas declarações, a Aracruz e a Sadia especularam contra o real, por ganância, devendo agora resolver seus problemas.
Só que não foi bem assim. A uma dessas empresas o Banco do Brasil, em setembro, liberou 900 milhões de reais a juros subsidiados.
Quanto à crise, o Lula também falou demais. Disse que o tsunami americano está chegando ao Brasil "como uma marolinha". Será? O dólar ultrapassou dois reais, a Bovespa despencou mais do que a Bolsa de Nova York e a equipe econômica vem injetando centenas de milhões no crédito para empresas exportadoras. Mesmo assim, as exportações continuam caindo e as importações tornando-se cada dia mais dispendiosas. Marolinha safada, essa, que já ultrapassou o litoral e aproxima-se de Brasília.
Mudaram os algozes
Duro mas monumental diagnóstico foi feito por mestre Saulo Ramos em artigo referente às perdas e aos ganhos da Constituição de 88. Para ele, aquilo que se via na ditadura, com militares instalados em funções civis, acontece agora com ex-sindicalistas, falsos líderes de comunidades urbanas e invasores de áreas rurais, "desde que assegurem dividendos eleitorais". São origens diferentes, mas iguais no despreparo técnico e na arrogância.
Saulo Ramos lembra que o Executivo voltou a dominar o Congresso exatamente como no tempo da ditadura. Não se utiliza da força ou da cassação de mandatos, mas obtém o mesmo efeito através de persuasões inconfessáveis como mensalão, cargos, diretorias de estatais, criação de ministérios com um número imensurável de empregos e sinecuras.
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