terça-feira, 24 de julho de 2012

Sob influência dos médicos e da mulher, Lula limita participação em campanhas fora de SP (Josias de Souza)


De volta do repouso, Lula prioriza Haddad e limita participação em campanhas fora de São Paulo
Além dos médicos, também Marisa Letícia, mulher de Lula, aderiu ao esforço para limitar a participação dele nas campanhas municipais de 2012. Rendido às condições de saúde do seu líder máximo, o PT já não conta com a presença do puxador de votos fora de São Paulo, a não ser em peças publicitárias.
Um petista amigo de Lula conta que Marisa exerce sobre o marido “intensa vigilância”. Cuida para que ele não caia na “tentação” de negligenciar as recomendações de comedimento feitas pelos médicos. O PT adapta-se à nova realidade, ajustando seus planos.
Antes do câncer, o petismo previra para Lula um protagonismo semelhante ao que tivera na sucessão presidencial de 2010. Depois da fase mais dura do tratamento quimioterápico, a legenda esboçara um ‘Plano B’. Incluía viagens a municípios estratégicos. Entre eles Recife, Salvador e Fortaleza. Mais recentemente, acidionara-se Belo Horizonte à lista.
Agora, esboça-se o que o amigo de Lula chama de ‘Plano C’. Nessa versão, prevê-se a presença física do ex-soberano apenas na campanha de Fernando Haddad, em São Paulo. Ainda assim, longe da azáfama dos comícios. Planejam-se eventos fechados. “Se for possível”, um par de carreatas. Sem discursos.
Na semana passada, o PT divulgara uma foto de Lula e Dilma Rousseff para uso eleitoral. Afora essa foto, pretende-se produzir algo como oito dezenas de imagens menos impessoais. Nessas peças, Lula aparecerá ao lado dos candidatos. No mais, poucos petistas merecerão gravações personalizadas.
A maioria terá de se contentar com uma vinheta radiofônica e um vídeo genéricos, nos quais Lula exaltará o partido e pedirá votos para os seus candidatos, sem mencionar-lhes os nomes. Caberá aos comitês locais ajustar imagem e som às suas estratégias de marketing, promovendo as devidas associações.
Nesta segunda (23), de volta de um repouso de duas semanas, Lula voltou a despachar no instituto que leva seu nome, em São Paulo. Recebeu o pupilo Haddad e dirigentes do PT. Mostrou-se bem disposto. A garganta já não lhe dói quando engole alimentos. Mas a voz ainda soa miúda, por vezes claudicante.
É para conservar a boa disposição física e assegurar a recuperação da capacidade vocal que os médicos, agora ecoados por Marisa, prescrevem moderação. Lula, por ora, dá-lhes ouvidos. Fará novos exames em 6 de agosto. Trata São Paulo como exceção porque estão em jogo seu prestígio pessoal e o antagonismo com o eterno rival tucano José Serra.
Considerando-se o percentual que amealhou no último Datafolha, Haddad, com seus 7% de intenção de voto, revela-se necessitado de uma transfusão de prestígio. O amigo de Lula afirma que ele considera também a hipótese de se fazer presente à campanha de São Bernardo, onde mora. Ali, disputa a reeleição o petista Luiz Marinho, um frequentador da intimidade da família Silva.

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