O apoio de Floriano (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)
Sandoval Caju, alto, cabeleira cheia, paraibano de talento, depois de uma temporada no Rio, voltou para João Pessoa impressionando a província com um diáfano cartão de linho: Sandoval Caju, locutor da Rádio Relógio do Distrito Federal. A Rádio Relógio só dava as horas. Mas ele se tornou o maior radialista do Nordeste, na Rádio Tabajara da Paraíba.
Um dia, mudou-se para uma rádio de Alagoas, fez o primeiro grande programa de auditório lá e logo se candidatou a prefeito de Maceió. Ia para as praças todo vestido de branco e, de cima de um caminhão, começava:
- Vim de branco para ser claro!
Sandoval Caju
E tanto foi de branco e tanto foi claro que acabou ganhando as eleições e se elegendo prefeito de Maceió, inclusive com o apoio do alagoano marechal Floriano Peixoto, que já tinha morrido em 1895.
Marcou um comício em frente à estátua de Floriano Peixoto, em Maceió. A praça cheia, começou a falar e de repente abriu os braços largos: - Marechal Floriano, vós que sois o patrono da terra das Alagoas, dizei a este povo se estais ou não estais apoiando a candidatura de Sandoval Caju à prefeitura de Maceió.
A praça em silêncio, esperando. Sandoval, braços ao vento, insistia: - Respondei, marechal! Respondei!
Depois, a voz embargada, os olhos marejados de gratidão, gritou: - Obrigado, marechal! Muito obrigado! Quem cala, consente!
Ganhou a eleição.
Lula
Lula é o marechal Floriano do PT. Gravou um pronunciamento eleitoral, que mandou para todos os candidatos do partido. O mesmo para todos. Não diz nada e diz tudo. Diz que a vitória de um candidato do PT facilitará o entrosamento do prefeito do PT com o governo federal do PT.
No horário eleitoral na TV, dá um resultado patético. Lula entra no ar, não fala nada sobre o candidato, nem o nome, mas deixa a deixa no ar. E cada um vai aproveitando como quer e como pode. Um apoio psicodélico, porque é a mesma coisa que, fora da TV, Lula diz aos candidatos aliados.
No Rio, o candidato do PT, um rapaz sério, íntegro, o jovem Molon, órfão abandonado pelas pesquisas, pelo partido e pelas esquerdas, põe no ar a mensagem marciana de Lula e, quando Lula termina, diz comovido: - Obrigado presidente Lula pelo seu apoio!
Exatamente como Sandoval Caju agradecendo o apoio do marechal Floriano. Deviam todos pagar direitos autorais ao talento de Sandoval Caju.
Crivela
Desde o começo, avisei aqui. O senador Crivela, o "bispo" que nem padre foi, com seu ar desvalido de agente funerário, é apenas uma peça do projeto político do tio, patrono e financiador Edir Macedo. Será sempre candidato a qualquer coisa, para ir emboçando o "cimento social" da futura candidatura presidencial do proprietário da Igreja Universal.
Quem duvidava não pode duvidar mais. O audacioso Edir Macedo, governando seu fabuloso e dizimal império financeiro lá de Miami, lançou há algum tempo sua "biografia", que "vendeu" um milhão de exemplares.
Agora, acaba de apresentar em livro o programa de sua candidatura à presidência da Republica (não se sabe se já agora em 2010 ou em 2014): "Plano de Poder - Deus, os cristãos e a política".
Edir
No livro-programa, diz Edir, o faturoso camelô de Jesus Cristo:
1 - "Tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. Nunca, em nenhum tempo da história do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional".
2 - Ele "estima em 40 milhões a comunidade de evangélicos no País": "A potencialidade dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo quanto no Executivo, em qualquer escalão, municipal, estadual ou federal" (Tatiana Farah, "O Globo"). Quem conhece a história sabe. O fascismo sempre surge dessa forma.
Dantas
O Brasil sempre foi assim, mas agora ficou inigualável: nunca os poderosos puderam tanto. A Polícia Federal fez uma profunda e até agora indesmentível investigação sobre os misteriosos negócios de Daniel Dantas, que alguns dizem mandar no Executivo, Legislativo e Judiciário.
E o que aconteceu? Daniel Dantas passou 72 horas preso. Depois, explodiu uma bomba atômica no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. O presidente da Abin, o respeitado e inatacável Paulo Lacerda, caiu. O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Correa, de íntegra biografia, não sai mais da CPI dos Grampos, tentando explicar o inexplicável.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi monitorado, grampeado e obrigado a bater boca na porta do Supremo. O senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, foi flagrado com o presidente do Supremo numa ligação que, graças aos céus, era tão inocente como conversa de freiras. Imaginem se não fosse. O País balançava.
E nova manchete na "Folha": "PF não consegue abrir arquivos de Dantas - Criptografado, o conteúdo dos computadores apreendidos no apartamento do banqueiro no Rio não é acessado pela polícia".
Esse Dantas ou é filho de Mãe Menininha ou tem parte com satanás
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