Domínio do cidadão-contribuinte-eleitor
É impossível comparar a competência, a eficiência, a influência e como conseqüência a popularidade dos diversos Congressos em 118 anos de República. O sistema político implantado com a derrubada do Império foi bastante deficiente. E a representatividade teve falhas gritantes.
A República foi uma traição ao imperador e ao povo, e portanto não podia ser o que tanto se esperava. Saldanha Marinho, uma das grandes figuras da época, durante 29 anos diretor do jornal diário "A República", ao ser preso, em 3 de novembro de 1891, deixou a frase que era um lamento: "Esta realmente não é a República dos nossos sonhos". Naquele dia 3, Deodoro fechava o Congresso, prendia centenas de pessoas, não tinha o menor compromisso com a República.
Aristides Lobo, grande jornalista, ministro da Justiça e republicano desde os grandes momentos de luta, afirmou para o Jornal do Commercio (então o maior jornal brasileiro), logo no dia 16: "O povo não soube de nada, a República chegou ao Poder sem povo e sem voto".
Como ditador, Deodoro só durou 20 dias. No dia 23 de novembro ainda de 1891, foi derrubado por Floriano. Este reabriu o Congresso, mas violou e violentou a Constituição. Teria que convocar eleições em 30 dias, ficou os 4 anos, i-n-c-o-n-s-t-i-t-u-c-i-o-n-a-l-m-e-n-t-e. E como Rui Barbosa anunciasse que iria pedir ao Supremo que tirasse Floriano do Poder, este mandou prendê-lo. Rui se exilou, Floriano governou com o Congresso aberto, mas foi um ditador.
Consolidada a República pela intuição e clarividência de Prudente de Moraes, vieram as eleições, mas inteiramente falsificadas. Todos, com exceção do presidente da República, precisavam ser RATIFICADOS por uma comissão designada pelo Executivo. Em diversos estados existiam 2 governadores, um que ganhara a eleição, outro RATIFICADO pelos que dominavam o Poder.
Em 1896 aconteceu o máximo em matéria de indignidade eleitoral. Eleito senador, Rui Barbosa não foi RATIFICADO por causa da influência de J.J. Seabra e de Manuel Vitorino (vice de Prudente), que tinham medo de Rui. Este só tomou posse por causa da bravura e do espírito público do governador Luiz Viana (o pai, o pai). Este gritou que não podiam cassar o maior brasileiro vivo, acabou vencendo.
O Congresso funcionou, mas não representava ninguém nem coisa alguma, desculpem o lugar-comum, era "uma colcha de retalhos". Os eleitos não tomavam posse, os que legislavam eram os RATIFICADOS e subservientes.
Não quero contar a verdadeira História do Brasil (devia), e sim mostrar como o Congresso pode e deve se reabilitar. Para isso tem que ficar aberto, mas sendo verdadeiramente a representatividade popular. Para isso precisam se aproximar do povo com uma eleição autêntica que surja da vontade popular. Têm que fazer, NÃO FARÃO, a reforma política que o Brasil espera.
Com alguns itens indispensáveis.
1 - Voto distrital.
2 - Número menor de deputados. Somos 513 numa população de 180 milhões. No outro grande presidencialismo, nos EUA, são 425 para 280 milhões de habitantes.
3 - Mandato menor, de 2 anos, o que aproxima o eleito do eleitor.
4 - Implantado o voto distrital, acaba esse indecente cociente eleitoral que elege candidatos com 20 mil votos e derrota outros com 100 mil ou mais.
5 - No Senado, mandatos de 6 anos, como estava na Constituição de 1946. 6 - Apenas 2 por estado, idem, idem na mesma Constituição.
7 - Fim do suplente, que só existe no Brasil. O modelo dos EUA é o que mais se aproxima da democracia.
8 - Introdução das convenções verdadeiras, e não reuniões tipo "convescote", nas quais se decide sem urna, sem voto, sem povo.
9 - Os Quércias, os Temer, os Jereissatis, os Azeredos e muitos outros decidem discricionariamente.
10 - Jogar para bem longe essa imoralidade maior que é a chamada "LISTA FECHADA".
11 - A cúpula sem representatividade faz a lista, coloca os nomes preferidos, e o povo nem sabe em quem está votando.
12 - É a nova versão para os "biônicos", criados por Vargas em 1933/1934, e repetida pelo também ditador Ernesto Geisel, em 1977, para a eleição de 1978.
13 - É uma violentação contra o cidadão-contribuinte-eleitor, que escolheria sem saber quem estaria escolhendo.
PS - É evidente que o que apelidam de REFORMA POLÍTICA-ELEITORAL é um farsa, uma fraude, total mistificação. O povo será iludido mais uma vez, a representatividade, cada vez mais FALSA e mais FALSIFICADA.
PS 2 - Estes pontos são capazes de moralizar e autenticar as eleições. Mas não mudarão nada. Quem está disposto a abrir mão de seus benefícios? Se os partidos não existem, como aumentar o PODER de todos eles? E desprezar totalmente o eleitor, que votará no nada?
José Sarney
Conheço o ex-presidente desde 1956. Chegou ao Rio como suplente da UDN em 1954, assumiu 2 anos depois. Mas jamais esteve tão arrasado quanto agora.
Há 6 meses revelei aqui: há um grande dossiê circulando no eixo Manaus-Brasília. Deixa Eduardo Braga muito mal. Completando: o dossiê cresceu tanto que ameaça tirar o governador da política. Tem de tudo nesse dossiê. No início pouca gente acreditava, por um motivo: Eduardo Braga é simpático, foi eleito e reeeleito. Já tinha como certa uma das duas vagas no Senado. Vai desistir.
A revista "Brasília em Dia", do Marconi Formiga, colocou na capa Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, com o título "Irmãos Metralha".
Cometeram injustiça com Eike Batista, não colocando seu nome entre os "irmãos". Deve ter sido esquecimento.
Mas um homem que dá entrevista a jornal e televisão, dizendo que tem 16 BILHÕES e 500 MILHÕES, não pode ficar fora de qualquer coisa.
Segundo informes e até informações, Daniel Dantas chegou ao fim. No Opportunity não existe mais nada, retiraram tudo. E das 153 empresas "interligadas" com o Opportunity, todas estão falidas.
Os maiores especialistas concluem duas vezes.
1 - Como é que Daniel Dantas conseguiu enganar tanta gente, aqui no Brasil, nos EUA e na Itália? As 153 empresas não valem mais nada.
2 - Quem autorizou um homem promíscuo, notório e trambiqueiro desde moço a ser sócio do Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica e outros fundos poderosos e estatais?
Mas não são esses reveses que tiram o sono de Daniel Dantas. O problema maior: a indenização de 500 milhões de dólares que terá que pagar ao Citibanque. (Assim) Podem pedir sua extradição.
Curiosidade: Daniel Dantas e o Citibanque já foram sócios, ganharam muito dinheiro juntos. Por que brigaram? Daniel Dantas é a reprodução da "historinha" do escorpião que foi salvo e mordeu seu salvador, morrendo abraçados. É da índole dele.
José Sarney está completamente sumido, ninguém o encontra, não vai nem aos gabinetes no Senado. (São três). Quando vai, tem dois seguranças secretários com celulares de números diferentes. E Sarney raramente atende.
O ex-presidente sofre terrível depressão, não pela idade (77 anos), mas pelo pavor da morte. Quando um amigo desaparece, sofre terrivelmente. O penúltimo foi José Aparecido.
O último, Dona Ruth Cardoso, que ele nem conhecia. É a morte que o influencia, o deixa desesperado, não pode fazer nada. O "ministro" Lobão está satisfeito, não recebe mais ordens de quem o nomeou.
Antonio Candido é o maior intelectual vivo do Brasil. Grande crítico, jamais quis pertencer à Academia. Não por desprezo ou desinteresse, apenas a Academia não entrava no seu projeto de vida.
Agora ganhou o "Juca Pato", o maior prêmio literário do Brasil. Receberá dia 22 em São Paulo. Um grupo grande de acadêmicos (incluindo o presidente Cicero Sandroni) vai homenageá-lo.
E fazer um apelo para que aceite concorrer à vaga de Zelia Gattai. Se aceitar, satisfação geral, preenchimento unânime de uma vaga.
O desembargador Bernardo Garcez neto, das melhores figuras do TJ-RJ, foi condenado injustamente a pagar 50 mil reais de indenização. Recorreu. Ontem, a Câmara presidida por Raul Lins e Silva anulou a indenização. Justiça com letra maiúscula.
Segundo informes (e não informações), a Cedae colocaria ações na bolsa, abrindo o capital. Só maluco compraria ações da Cedae. É o mesmo que colocar dinheiro em empresas do senhor Eike Batista.
É péssima a situação financeira da Rede Othon de Hotéis. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, excluiu o Othon do programa de Recuperação Fiscal (Refis). O programa permite o parcelamento das dívidas em 80 meses, mas o mês tem que ser mantido em dia.
Em artigo publicado no "Valor Econômico", o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, acusa o governo FHC de permitir que a AES devesse 1 bilhão de dólares ao BNDES. (Já está em 1 bilhão e 500 milhões).
Com isso, diz Lessa, compraram a EDF (estatal francesa, que ficou com a Light brasileira) e não pagaram ao BNDES. Também "tomaram" 500 milhões para comprar 33 por cento da Cemig.
Esta segunda operação foi anulada pelo governador Itamar Franco e refeita depois. Carlos Lessa, quando presidiu o BNDES, denunciou tudo isso ao presidente Lula, com números.
Foi criada então a Brasiliana, que está dando lucro. Lula, que não tomou providências nas acusações de Lessa, quer vender a Brasiliana.
XXX
Pagam royalties da frase a muita gente, mas ela pertence ao boêmio boa-praça e ministro da Justiça, Abelardo Jurema. Alguém atacou Jurema, dizendo "o senhor freqüenta muito bar". E Jurema, em cima da pergunta: "O senhor conhece alguma grande amizade que nasceu numa leiteria?".
XXX
Capa de uma revista semanal sem muita credibilidade, mas sempre de caixa alta: "O tropeço de Eike Batista". E diz que ele perdeu 10 BILHÕES. Exagero e desinformação. Se o próprio Eike declarou publicamente que tinha 16 BILHÕES de reais, como pode ter perdido 10 BILHÕES? Ha! Ha! Ha!
XXX
O advogado Marcio André Mendes Costa (que é membro do TRE, presidido pelo desembargador Roberto Wider, que há anos não registra candidatos comprometidos) tem feito uma série de palestras a respeito do voto secreto. Sem citar nomes, claro, se dirige aos eleitores das favelas dominadas por milícias e traficantes. Explica que não há jeito de identificar os votantes e seus votos.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Empate técnico, autodefesa das pesquisas (Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa)
Com grande freqüência as empresas que realizam pesquisas de intenção de voto recorrem à figura do empate técnico desejando com isso estabelecer um equilíbrio entre candidatos cujos percentuais se aproximam. É um sofisma. É também um instrumento de autodefesa dos institutos para justificar eventuais diferenças entre seus prognósticos e a verdade que surgir das urnas.
Inclusive porque as pesquisas eleitorais, como sempre destacava meu saudoso amigo Paulo Montenegro, um dos pioneiros do Ibope, quando surgiu em 1942, são as únicas que podem ser comprovadas na prática à luz de todos. Sim, porque se alguém disser que o Redoxon vende mais que o Cebion, aceita-se a informação, mas não há possibilidade de se conferir. Nas eleições, sim. É só confrontar o que os levantamentos previram e o número de votos apurados. O risco dos institutos, portanto, é muito maior. Por isso, também, é que as pesquisas eleitorais são capazes de fornecer mais credibilidade ao trabalho dos que são responsáveis por sua execução.
Os erros verificados ao longo do tempo são mínimos. Quanto ao Ibope, que sempre acompanhei desde a época em que trabalhei no antigo "Correio da Manhã" e fui um dos primeiros jornalistas a acreditar em seus números, não me lembro de mais de meia dúzia de projeções não confirmadas em 66 anos. Mas acontecem. As pesquisas não são infalíveis.
Em 92, por exemplo, o instituto falhou ao não incluir Cesar Maia no segundo turno das eleições para prefeito. Achou que o turno final seria entre Benedita da Silva e Cidinha Campos. Errou também em 85, quando FHC perdeu a prefeitura de SP para Jânio. Mas os desacertos não passaram de 0,2 por cento. Dois em mil projeções exatas. Talvez nem isso. Mas esta é outra questão. A ela estou me referindo para melhor enfocar o tema empate técnico.
Salvo estritas exceções, empate técnico não existe. Basta analisar os números. Agora mesmo o Datafolha, ao publicar na FSP de sexta-feira uma pesquisa de intenção de voto para prefeito do Rio, apontou Marcelo Crivela na frente com 24 por cento, seguido de Jandira Feghali com 16 e Eduardo Paes com 13 pontos. Daí concluiu que se registrou um empate técnico entre Jandira e Paes, já que os números de uma pesquisa podem oscilar três pontos para mais ou menos.
Isso tem que ser melhor visto. Pode ocorrer e é aceitável que tal oscilação aconteça, mas envolvendo todo o levantamento, não a posição de um candidato para outro. Por que isso? Simplesmente porque foram relacionados, além de Crivela, Jandira, Eduardo Paes, Fernando Gabeira com 7, Solange Amaral com 5, Chico Alencar com 3, Molon com 2 e Paulo Ramos também 2. São, portanto, oito os nomes. Se fosse válida uma diferença de três degraus de um em relação a outro, para mais ou para menos, teríamos 6 por cento de dúvida multiplicados por oito candidaturas.
Aceitar tal hipótese significa tacitamente imaginar como possível um potencial de erros da ordem de 48 por cento. Quase metade da própria pesquisa. Não pode ser. Mas vamos reduzir a dimensão do absurdo à metade, ou seja, 3 pontos para cada um. Nesta perspectiva, a margem de erro poderia ser de 24 pontos. Nenhuma pesquisa eleitoral, ou mercadológica, setor em que Homero Icaza Sanches sempre foi um mestre, seria válida com tal margem se não de equívoco, pelo menos de controvérsias. Não é nada disso. Em minha opinião, não existe empate técnico algum entre Jandira e Eduardo Paes. Se a primeira alcança 16 e o segundo 13 pontos, a diferença é de praticamente 20 por cento entre eles.
Onde está o empate? Empate só pode ser considerado na hipótese de diferenças mínimas. Com base no mesmo levantamento do Datafolha, pode estar ocorrendo em Salvador, onde ACM Neto está com 27 pontos e Antonio Imbassahy registra 25 por cento. Em nenhuma outra cidade das pesquisas pela empresa da "Folha de S. Paulo" se verifica algo igual. Em Belo Horizonte, por exemplo, a candidata do PC do B, Jô Moraes, surpreende com 20 por cento contra 9 de Leonardo Quintão, vindo longe em terceiro o candidato do governador Aécio Neves e do prefeito Fernando Pimentel, Marcio Lacerda, somente com 6 pontos.
Inclusive tem que se considerar as diferenças registradas entre um candidato e outro projetando-as na soma geral das intenções de voto, que assinalam as preferências de momento. Podem mudar. Mas este é outro caso. Uma diferença de 14 pontos num universo de definição, digamos de 60 por cento (no caso de 40 por cento não terem ainda sabido expressar sua vontade), em termos relativos a distância é muito maior.
Seis por cento na largada, de outro lado, é muito pouco para um candidato, ex-secretário municipal, apoiado por dois políticos extremamente bem avaliados pela população de Belo Horizonte, como é o caso de Aécio e Fernando Pimentel. A explicação só pode ser encontrada na falta de apelo maior pelo próprio candidato. Este aspecto é fundamental. Em síntese, empate técnico é uma expressão destinada a resguardar a empresa que realizou a pesquisa de uma possibilidade de erro. Por isso, só seria válida na reta de chegada, não no início da campanha.
Além disso, há uma outra questão, esta explicada pela matemática. Trata-se da lei dos grandes números. Se tendências percentualmente definidas surgem num universo pequeno, elas vão se manter no global. Lembro-me que, por sorte, evitei um equívoco no "Jornal do Brasil" nas eleições de 89. Com base nos índices de abstenção e de votos brancos e nulos por região do País, o mesmo Homero Icaza disse a Marcos Sá Correa, então editor geral, que Brizola deveria ser o segundo no primeiro turno e não Lula.
Eu disse que não. E Lula terminou com 16 pontos, superando Brizola por 1 ponto. Mesmo que o raciocínio de Homero tivesse certa lógica, o fato é que o universo de votos brancos e nulos e javascript:void(0)as abstenções por região já eram fatores absorvidos pela lei dos grandes números. Mesma coisa que pesquisa para encontrar o grau de analfabetismo. Os erros que ocorrem - é natural - se compensam entre si. Prevalece a tendência geral. É sempre assim. Se a matemática tem mistérios, este é um deles.
Inclusive porque as pesquisas eleitorais, como sempre destacava meu saudoso amigo Paulo Montenegro, um dos pioneiros do Ibope, quando surgiu em 1942, são as únicas que podem ser comprovadas na prática à luz de todos. Sim, porque se alguém disser que o Redoxon vende mais que o Cebion, aceita-se a informação, mas não há possibilidade de se conferir. Nas eleições, sim. É só confrontar o que os levantamentos previram e o número de votos apurados. O risco dos institutos, portanto, é muito maior. Por isso, também, é que as pesquisas eleitorais são capazes de fornecer mais credibilidade ao trabalho dos que são responsáveis por sua execução.
Os erros verificados ao longo do tempo são mínimos. Quanto ao Ibope, que sempre acompanhei desde a época em que trabalhei no antigo "Correio da Manhã" e fui um dos primeiros jornalistas a acreditar em seus números, não me lembro de mais de meia dúzia de projeções não confirmadas em 66 anos. Mas acontecem. As pesquisas não são infalíveis.
Em 92, por exemplo, o instituto falhou ao não incluir Cesar Maia no segundo turno das eleições para prefeito. Achou que o turno final seria entre Benedita da Silva e Cidinha Campos. Errou também em 85, quando FHC perdeu a prefeitura de SP para Jânio. Mas os desacertos não passaram de 0,2 por cento. Dois em mil projeções exatas. Talvez nem isso. Mas esta é outra questão. A ela estou me referindo para melhor enfocar o tema empate técnico.
Salvo estritas exceções, empate técnico não existe. Basta analisar os números. Agora mesmo o Datafolha, ao publicar na FSP de sexta-feira uma pesquisa de intenção de voto para prefeito do Rio, apontou Marcelo Crivela na frente com 24 por cento, seguido de Jandira Feghali com 16 e Eduardo Paes com 13 pontos. Daí concluiu que se registrou um empate técnico entre Jandira e Paes, já que os números de uma pesquisa podem oscilar três pontos para mais ou menos.
Isso tem que ser melhor visto. Pode ocorrer e é aceitável que tal oscilação aconteça, mas envolvendo todo o levantamento, não a posição de um candidato para outro. Por que isso? Simplesmente porque foram relacionados, além de Crivela, Jandira, Eduardo Paes, Fernando Gabeira com 7, Solange Amaral com 5, Chico Alencar com 3, Molon com 2 e Paulo Ramos também 2. São, portanto, oito os nomes. Se fosse válida uma diferença de três degraus de um em relação a outro, para mais ou para menos, teríamos 6 por cento de dúvida multiplicados por oito candidaturas.
Aceitar tal hipótese significa tacitamente imaginar como possível um potencial de erros da ordem de 48 por cento. Quase metade da própria pesquisa. Não pode ser. Mas vamos reduzir a dimensão do absurdo à metade, ou seja, 3 pontos para cada um. Nesta perspectiva, a margem de erro poderia ser de 24 pontos. Nenhuma pesquisa eleitoral, ou mercadológica, setor em que Homero Icaza Sanches sempre foi um mestre, seria válida com tal margem se não de equívoco, pelo menos de controvérsias. Não é nada disso. Em minha opinião, não existe empate técnico algum entre Jandira e Eduardo Paes. Se a primeira alcança 16 e o segundo 13 pontos, a diferença é de praticamente 20 por cento entre eles.
Onde está o empate? Empate só pode ser considerado na hipótese de diferenças mínimas. Com base no mesmo levantamento do Datafolha, pode estar ocorrendo em Salvador, onde ACM Neto está com 27 pontos e Antonio Imbassahy registra 25 por cento. Em nenhuma outra cidade das pesquisas pela empresa da "Folha de S. Paulo" se verifica algo igual. Em Belo Horizonte, por exemplo, a candidata do PC do B, Jô Moraes, surpreende com 20 por cento contra 9 de Leonardo Quintão, vindo longe em terceiro o candidato do governador Aécio Neves e do prefeito Fernando Pimentel, Marcio Lacerda, somente com 6 pontos.
Inclusive tem que se considerar as diferenças registradas entre um candidato e outro projetando-as na soma geral das intenções de voto, que assinalam as preferências de momento. Podem mudar. Mas este é outro caso. Uma diferença de 14 pontos num universo de definição, digamos de 60 por cento (no caso de 40 por cento não terem ainda sabido expressar sua vontade), em termos relativos a distância é muito maior.
Seis por cento na largada, de outro lado, é muito pouco para um candidato, ex-secretário municipal, apoiado por dois políticos extremamente bem avaliados pela população de Belo Horizonte, como é o caso de Aécio e Fernando Pimentel. A explicação só pode ser encontrada na falta de apelo maior pelo próprio candidato. Este aspecto é fundamental. Em síntese, empate técnico é uma expressão destinada a resguardar a empresa que realizou a pesquisa de uma possibilidade de erro. Por isso, só seria válida na reta de chegada, não no início da campanha.
Além disso, há uma outra questão, esta explicada pela matemática. Trata-se da lei dos grandes números. Se tendências percentualmente definidas surgem num universo pequeno, elas vão se manter no global. Lembro-me que, por sorte, evitei um equívoco no "Jornal do Brasil" nas eleições de 89. Com base nos índices de abstenção e de votos brancos e nulos por região do País, o mesmo Homero Icaza disse a Marcos Sá Correa, então editor geral, que Brizola deveria ser o segundo no primeiro turno e não Lula.
Eu disse que não. E Lula terminou com 16 pontos, superando Brizola por 1 ponto. Mesmo que o raciocínio de Homero tivesse certa lógica, o fato é que o universo de votos brancos e nulos e javascript:void(0)as abstenções por região já eram fatores absorvidos pela lei dos grandes números. Mesma coisa que pesquisa para encontrar o grau de analfabetismo. Os erros que ocorrem - é natural - se compensam entre si. Prevalece a tendência geral. É sempre assim. Se a matemática tem mistérios, este é um deles.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Poderosos do mundo querem a Amazônia - Brasileiros se omitem (Tribuna da Imprensa há 40 anos)
Grupo dos 100, que se julgam donos do mundo: "Só a internacionalização pode salvar a Amazônia". Deputados e senadores da Itália, pátria da "corrupção endêmica" de que falou outro corrupto, o presidente Clinton: "A destruição da Amazônia será a destruição do mundo".
Ecologistas da Alemanha, reunidos em Congresso: "A única salvação para a Amazônia brasileira é a sua internacionalização".
Mikhail Gorbachov, traidor do seu próprio país, a União Soviética, que entregou de mãos beijadas aos piores interesses multinacionais: "O Brasil deve ceder parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes".
François Mitterrand, quando acabava de obter o segundo mandato de presidente da França, com pequeníssima margem de diferença, no segundo turno: "O Brasil precisa aceitar uma soberania sobre a Amazônia. Mesmo que seja uma soberania relativa".
Ecologistas reunidos nos EUA: "Dois terços do oxigênio do mundo vêm da Amazônia do Brasil. Eles não podem ser o pulmão do mundo, pois não têm competência para isso".
Warren Cristopher, secretário de Estado dos EUA, da mesma linha de John Foster Dulles, Kissinger e outros: "Temos que aproveitar a liderança dos EUA para impor nos países da Amazônia, principalmente o Brasil, a diplomacia da força. E com isso ficarmos com a Amazônia do Brasil".
Outro grupo de verdes da França, ditos democráticos, mas na verdade mantidos por multinacionais exploradoras: "A Amazônia, principalmente a do Brasil, tem que ser intocável, pois é o verdadeiro banco de reservas florestais da humanidade".
Margaret Thatcher, baronesa da privatização mundial, 13 anos no poder na Inglaterra e hoje no mais completo ostracismo: "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam seus territórios, suas riquezas, suas fábricas, suas reservas". (O "conselho-intimação-intimidação" de Dona Thatcher está sendo seguido fielmente pelo governo FHC).
Conselho Mundial de Igrejas Cristãs: "A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse dessa área colossal pelo Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador não pode ser permanente".
Grupos multinacionais, reunidos nos EUA, a pretexto de defender o direito dos índios ianomâmis a terras que correspondem ao território de 27 Bélgicas: "É preciso ratificar e defender o direito dos índios ianomâmis a territórios que pertencem a eles, na fronteira com a Venezuela".
PS - Isso é o que alguns grupos multinacionais e seus testas-de-ferro dizem da Amazônia. E o que poderíamos dizer deles? Pois fiquem sabendo que defenderemos a Amazônia como os chineses defenderam Porto Artur em 1905 da invasão estrangeira: com a própria vida.
José Olimpio (JO)
Ganhou o livro que merecia. A literatura brasileira, a referência indispensável. Nunca foi feito nada parecido com isso.
O presidente Bush, deixando o governo, impopularíssimo, tenta "agradar" a grupos que podem recompensá-lo com "agrados" futuros. Mandou projeto ao Congresso, destinando 300 bilhões de dólares para "ressarcir" bancos que perderam dinheiro em negócios imobiliários. Nenhuma dúvida, o "empréstimo" foi aprovado, Bush vai sancioná-lo.
Na verdade, Democratas e Republicanos são diferentes apenas no nome. No resto, são rigorosamente iguais.
Pergunta ingênua, inócua, inútil: existe consenso nos EUA que a Guerra do Petróleo, quer dizer, do Iraque, consumiu 3 TRILHÕES até agora. Os Democratas estavam aonde?
A Bovespa, segundo rádios, jornais e televisões, em matéria de investimento, era "a oitava maravilha do mundo". Tudo farsa, fancaria, fraude. Agora confessam: "A Bovespa está no menor nível desde janeiro". E continuam a desinformar sem que nada aconteça?
O "Fantástico" republicou anteontem um "Jornal nacional" de 1983, que equipe, todos jornalistas. E a notícia principal, há 25 anos: "Os EUA, em crise, numa completa depressão econômica, assustados".
Em 2004, no dia da eleição para prefeito de SP, a Folha saiu assim, em manchete: "Marta 40, Serra 40". Na véspera e até bem antes eu havia dito que Serra ganharia fácil no segundo turno, que foi o que aconteceu.
Agora a Folha comete o mesmo equívoco também em manchete: "Marta e Alckmin polarizam disputa". Como não polarizar se são apenas dois candidatos? Desinformação. No segundo turno, Alckmin dispara.
É o que acontecerá também no Rio. Jandira Feghali tem apenas que garantir o segundo lugar, para então vencer o ex-bispo Crivela, candidato "paralelo" e com espantosa rejeição. Crivela perdeu em 2004, por que venceria agora, apenas 4 anos passados? É a Marta do Rio.
Mantega passou recibo na própria falta de prestígio, ao dizer: "A alta dos juros foi exagerada e surpreendente". O ministro da Fazenda não sabia de nada, não tiveram o cuidado de informá-lo.
E não termina aí o flagelo de Mantega. Completou a afirmação: "O perigo é que o BC mantenha essa dosagem altíssima e continue aumentando os juros indefinidamente". Mantega acertou.
Em 2006, a mulher do ministro Paulo Bernardo queria ser governadora do Paraná. Não aparecia nas pesquisas, trocou para senador, pior ainda. Agora quer a Prefeitura de Curitiba, desconhecida da pesquisa, desistirá.
O "ministro" Lobão tem provado que não tem nada de bobo. Nomeou o irmão presidente da Brasilcap, quase que imediatamente a empresa apareceu com lucro fabuloso. A Sul América disse que não tinha nada com a empresa, "menas" verdade.
Usando as palavras do próprio Lobão, a coisa mais fácil é dizer que o "ministro" fez um "esforço bestial" para empregar o irmão.
Em Porto Alegre, Fogaça, ex-senador que faz uma boa administração e disputa a reeeleição, corre enorme perigo no segundo turno. Praticamente todos (principalmente as mulheres) se juntam contra ele.
Os analistas que dizem que Fernando Gabeira perdeu votos para Eduardo Paes não sabem de nada. Paes ganhou votos por causa da máquina. Gabeira perdeu votos para ele mesmo, pela incoerência.
Lançou campanha com "base na transparência" e faz acordo logo com o PSDB? Este partido, além de não ter votos no Rio, não tem a menor credibilidade. Há 10 anos está fora do Poder.
Geralmente grupos estrangeiros vendem ações, "aplicam" no jogo especulativo, remetem cada vez mais e sempre sem pagar nada.
Pela quarta vez seguida, a Bovespa fecha em queda. Embora seja o paraíso do lucro destruidor do povo, é sempre contra o Brasil.
Hoje, a partir de 6 e meia, sete horas, a época de ouro da literatura brasileira estará documentada no livro de José Mario Pereira (Editor da TopBooks) sobre o mais famoso editor brasileiro, José Olimpio (JO). Contratado pelos netos, Tomás e Marcos.
Há 15 dias estou acompanhando os trabalhos de José Mario, Marcos, Tomás e toda a equipe da TopBooks. Ontem às 9 horas da manhã eu tinha a satisfação de ver o livro impresso, vibrando na minha mão, consumando maravilhosamente o que eu havia visto sumariamente.
A foto da capa inicial e da contracapa, com a figura inconfundível e impressionante de José Olimpio, dão idéia do livro-álbum de referência-história-literatura-humana que estará sendo entregue na também histórica Biblioteca Nacional.
Não é apenas o livro-álbum, intitulado "José Olimpio, o editor e sua casa". Quem for amanhã ou durante a exposição que vai durar mais de 1 mês, poderá conhecer o JO, verificar o que ele fez e o que os editores de agora fizeram de maneira inesquecível.
XXX
"O Globo", genial, conseguir descobrir emoção no jogo Botafogo-Flamengo. 0 a 0, e chatice do princípio ao fim. O Botafogo perdeu 2 gols certos, o Flamengo nem isso. O caso do Flamengo é estranho e inexplicável. O técnico Caio Junior ia muito bem, o Flamengo disparado como líder. Aí o treinador recebeu a famosa proposta "irrecusável". Apesar de falido por Marcio Braga, o Flamengo cobriu.
A partir daí, o Flamengo jogou 4 vezes, não ganhou nenhuma, duas derrotas e dois empates. Em 12 pontos possíveis, somou apenas 2. O que houve?
XXX
O treino da seleção quase olímpica valeu pouco, apesar dos 3 a 0. A cidade-estado Cingapura é apenas potência financeira, em futebol está além dos 100 piores. Valeu apenas pela constatação de que não será tão difícil a recuperação do Ronaldinho. Quem gostou da experiência foi o Milan.
XXX
O Vasco perdeu para o Santos por 5 a 2, com três gols de pênalti. Mas todos legítimos, nenhuma reclamação. Em duas, gols certos. Em outra, o goleiro expulso.
Ecologistas da Alemanha, reunidos em Congresso: "A única salvação para a Amazônia brasileira é a sua internacionalização".
Mikhail Gorbachov, traidor do seu próprio país, a União Soviética, que entregou de mãos beijadas aos piores interesses multinacionais: "O Brasil deve ceder parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes".
François Mitterrand, quando acabava de obter o segundo mandato de presidente da França, com pequeníssima margem de diferença, no segundo turno: "O Brasil precisa aceitar uma soberania sobre a Amazônia. Mesmo que seja uma soberania relativa".
Ecologistas reunidos nos EUA: "Dois terços do oxigênio do mundo vêm da Amazônia do Brasil. Eles não podem ser o pulmão do mundo, pois não têm competência para isso".
Warren Cristopher, secretário de Estado dos EUA, da mesma linha de John Foster Dulles, Kissinger e outros: "Temos que aproveitar a liderança dos EUA para impor nos países da Amazônia, principalmente o Brasil, a diplomacia da força. E com isso ficarmos com a Amazônia do Brasil".
Outro grupo de verdes da França, ditos democráticos, mas na verdade mantidos por multinacionais exploradoras: "A Amazônia, principalmente a do Brasil, tem que ser intocável, pois é o verdadeiro banco de reservas florestais da humanidade".
Margaret Thatcher, baronesa da privatização mundial, 13 anos no poder na Inglaterra e hoje no mais completo ostracismo: "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam seus territórios, suas riquezas, suas fábricas, suas reservas". (O "conselho-intimação-intimidação" de Dona Thatcher está sendo seguido fielmente pelo governo FHC).
Conselho Mundial de Igrejas Cristãs: "A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse dessa área colossal pelo Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador não pode ser permanente".
Grupos multinacionais, reunidos nos EUA, a pretexto de defender o direito dos índios ianomâmis a terras que correspondem ao território de 27 Bélgicas: "É preciso ratificar e defender o direito dos índios ianomâmis a territórios que pertencem a eles, na fronteira com a Venezuela".
PS - Isso é o que alguns grupos multinacionais e seus testas-de-ferro dizem da Amazônia. E o que poderíamos dizer deles? Pois fiquem sabendo que defenderemos a Amazônia como os chineses defenderam Porto Artur em 1905 da invasão estrangeira: com a própria vida.
José Olimpio (JO)
Ganhou o livro que merecia. A literatura brasileira, a referência indispensável. Nunca foi feito nada parecido com isso.
O presidente Bush, deixando o governo, impopularíssimo, tenta "agradar" a grupos que podem recompensá-lo com "agrados" futuros. Mandou projeto ao Congresso, destinando 300 bilhões de dólares para "ressarcir" bancos que perderam dinheiro em negócios imobiliários. Nenhuma dúvida, o "empréstimo" foi aprovado, Bush vai sancioná-lo.
Na verdade, Democratas e Republicanos são diferentes apenas no nome. No resto, são rigorosamente iguais.
Pergunta ingênua, inócua, inútil: existe consenso nos EUA que a Guerra do Petróleo, quer dizer, do Iraque, consumiu 3 TRILHÕES até agora. Os Democratas estavam aonde?
A Bovespa, segundo rádios, jornais e televisões, em matéria de investimento, era "a oitava maravilha do mundo". Tudo farsa, fancaria, fraude. Agora confessam: "A Bovespa está no menor nível desde janeiro". E continuam a desinformar sem que nada aconteça?
O "Fantástico" republicou anteontem um "Jornal nacional" de 1983, que equipe, todos jornalistas. E a notícia principal, há 25 anos: "Os EUA, em crise, numa completa depressão econômica, assustados".
Em 2004, no dia da eleição para prefeito de SP, a Folha saiu assim, em manchete: "Marta 40, Serra 40". Na véspera e até bem antes eu havia dito que Serra ganharia fácil no segundo turno, que foi o que aconteceu.
Agora a Folha comete o mesmo equívoco também em manchete: "Marta e Alckmin polarizam disputa". Como não polarizar se são apenas dois candidatos? Desinformação. No segundo turno, Alckmin dispara.
É o que acontecerá também no Rio. Jandira Feghali tem apenas que garantir o segundo lugar, para então vencer o ex-bispo Crivela, candidato "paralelo" e com espantosa rejeição. Crivela perdeu em 2004, por que venceria agora, apenas 4 anos passados? É a Marta do Rio.
Mantega passou recibo na própria falta de prestígio, ao dizer: "A alta dos juros foi exagerada e surpreendente". O ministro da Fazenda não sabia de nada, não tiveram o cuidado de informá-lo.
E não termina aí o flagelo de Mantega. Completou a afirmação: "O perigo é que o BC mantenha essa dosagem altíssima e continue aumentando os juros indefinidamente". Mantega acertou.
Em 2006, a mulher do ministro Paulo Bernardo queria ser governadora do Paraná. Não aparecia nas pesquisas, trocou para senador, pior ainda. Agora quer a Prefeitura de Curitiba, desconhecida da pesquisa, desistirá.
O "ministro" Lobão tem provado que não tem nada de bobo. Nomeou o irmão presidente da Brasilcap, quase que imediatamente a empresa apareceu com lucro fabuloso. A Sul América disse que não tinha nada com a empresa, "menas" verdade.
Usando as palavras do próprio Lobão, a coisa mais fácil é dizer que o "ministro" fez um "esforço bestial" para empregar o irmão.
Em Porto Alegre, Fogaça, ex-senador que faz uma boa administração e disputa a reeeleição, corre enorme perigo no segundo turno. Praticamente todos (principalmente as mulheres) se juntam contra ele.
Os analistas que dizem que Fernando Gabeira perdeu votos para Eduardo Paes não sabem de nada. Paes ganhou votos por causa da máquina. Gabeira perdeu votos para ele mesmo, pela incoerência.
Lançou campanha com "base na transparência" e faz acordo logo com o PSDB? Este partido, além de não ter votos no Rio, não tem a menor credibilidade. Há 10 anos está fora do Poder.
Geralmente grupos estrangeiros vendem ações, "aplicam" no jogo especulativo, remetem cada vez mais e sempre sem pagar nada.
Pela quarta vez seguida, a Bovespa fecha em queda. Embora seja o paraíso do lucro destruidor do povo, é sempre contra o Brasil.
Hoje, a partir de 6 e meia, sete horas, a época de ouro da literatura brasileira estará documentada no livro de José Mario Pereira (Editor da TopBooks) sobre o mais famoso editor brasileiro, José Olimpio (JO). Contratado pelos netos, Tomás e Marcos.
Há 15 dias estou acompanhando os trabalhos de José Mario, Marcos, Tomás e toda a equipe da TopBooks. Ontem às 9 horas da manhã eu tinha a satisfação de ver o livro impresso, vibrando na minha mão, consumando maravilhosamente o que eu havia visto sumariamente.
A foto da capa inicial e da contracapa, com a figura inconfundível e impressionante de José Olimpio, dão idéia do livro-álbum de referência-história-literatura-humana que estará sendo entregue na também histórica Biblioteca Nacional.
Não é apenas o livro-álbum, intitulado "José Olimpio, o editor e sua casa". Quem for amanhã ou durante a exposição que vai durar mais de 1 mês, poderá conhecer o JO, verificar o que ele fez e o que os editores de agora fizeram de maneira inesquecível.
XXX
"O Globo", genial, conseguir descobrir emoção no jogo Botafogo-Flamengo. 0 a 0, e chatice do princípio ao fim. O Botafogo perdeu 2 gols certos, o Flamengo nem isso. O caso do Flamengo é estranho e inexplicável. O técnico Caio Junior ia muito bem, o Flamengo disparado como líder. Aí o treinador recebeu a famosa proposta "irrecusável". Apesar de falido por Marcio Braga, o Flamengo cobriu.
A partir daí, o Flamengo jogou 4 vezes, não ganhou nenhuma, duas derrotas e dois empates. Em 12 pontos possíveis, somou apenas 2. O que houve?
XXX
O treino da seleção quase olímpica valeu pouco, apesar dos 3 a 0. A cidade-estado Cingapura é apenas potência financeira, em futebol está além dos 100 piores. Valeu apenas pela constatação de que não será tão difícil a recuperação do Ronaldinho. Quem gostou da experiência foi o Milan.
XXX
O Vasco perdeu para o Santos por 5 a 2, com três gols de pênalti. Mas todos legítimos, nenhuma reclamação. Em duas, gols certos. Em outra, o goleiro expulso.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Derrota dos Poderes municipal, estadual e federal (Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa)
Crivela na sacristia, Jandira na prefeitura
A eleição para prefeito do Rio, que parecia a mais complicada, se transformou na mais fácil e previsível. Desde o início se falava em muitos candidatos, todos desgastados pelos acordos que fizeram, pela falta de prestígio da legenda e até pela supervalorização do que valia pouco, quase nada.
Chegaram a 9 ou 10 candidatos, apenas 2 resistiram. O ex-bispo Crivela, desarvorado, desenganado e desperdiçando mais uma oportunidade (perdeu em 2004), e Jandira Feghali, fortalecida por atividade positiva de mais de 20 anos, e agora favorecida até pelos ataques de adversários desesperados.
Também não é correta a apreciação de que o ex-bispo Crivela vem em primeiro nas pesquisas com Jandira Feghali em segundo. O contrário é muito mais correto. Mas mesmo que acertassem nos números e Crivela estivesse em primeiro, ele não tem para onde crescer, além de ter sido abafado pelo "cimento social".
Jandira Feghali tem tudo para disparar no segundo turno, pois, com uma exceção ou outra, juntará quase todos os candidatos. Crivela terá o "apoio total e absoluto da Record, que ninguém vê no Rio". E entre o apoio dos católicos e dos evangélicos, não existe a menor dúvida. Além do mais, a última eleição de Jandira (para o Senado) foi impressionante demonstração de força.
A estratégia traçada por César Maia para a candidata Solange Amaral (DEM) é polarizar a campanha com Jandira Feghali (PCdoB). No primeiro tempo, Solange tentou provocar Jandira com a questão do aborto e foi nocauteada, porque se transformou em "candidata da dengue". Vamos aguardar a segunda "rodada de Doha".
Em seus pronunciamentos, Jandira tem poupado Chico Alencar e Alessandro Molon, mas ataca Gabeira, sem citar o nome. Faz questão de lembrar que o candidato do PV só circula na Zona Oeste acompanhado de dois policiais militares portando rifles AR-15.
Gabeira podia ter até alguma chance concorrendo sozinho. Mas se aliar logo ao PSDB, que no Rio não tem votos, prestígio ou respeitabilidade? A bandeira de Gabeira: "Transparência e dignidade". Mas com o PSDB? É de chorar de desespero. Gabeira está entre o quarto e o quinto lugar, não passa disso. Diz que vai abandonar a política depois da derrota. Duas decepções. Para ele e os que o admiram.
Dona Solange Maia, perdão, Amaral, não tem voto, penetração ou legenda. Perdeu uma vez, perderá a segunda, mas é possível que se fortaleça para a reeeleição para a Câmara Federal em 2010. O alcaide-factóide-debilóide, derrotadíssimo, diz que é candidato a senador. São 6 os candidatos para duas vagas, uma delas não será dele.
Eduardo Paes, que se destacou na CPI do mensalão, não foi para o segundo turno de governador, não vai para o segundo de prefeito. E mesmo que fosse, não ganharia. Mudou de camisa, a de agora, desbotada e amarelada, impede que o leitor entenda alguma coisa.
Alessandro Molon, deputado com os votos de Chico Alencar, ficou contra o amigo, prejudicou a candidatura dele e não consolidou a própria. Vai brigar, encarniçadamente, que palavra, pelo último lugar. Falta alguém em Nuremberg? Não, está completo.
Jandira Feghali, atuante e militante, garante e destrói adversários: "Não pedi proteção de guarda armada à polícia nem ando com seguranças. Vou continuar entrando assim nas comunidades pobres, em respeito aos moradores. Temos mais de 2 milhões de pessoas morando em favelas e bairros proletários que precisam de apoio do Poder público".
E cresce cada vez mais nas pesquisas e no conceito do cidadão-contribuinte-eleitor. Facilita a vida de todos: entre ela e Crivela, não há nem como hesitar.
PS - Tudo caminha, no Rio, para o que sempre chamei de RENOVOLUÇÃO. Sérgio Cabral, Picciani, César Maia, Marcelo Alencar, os Poderes municipal, estadual e federal serão derrotados. Como acontecerá em São Paulo capital e BH. Irei passeando por essas e outras capitais.
Carlos Lacerda
Que vida, que luta, que história. Combateu sempre, não importavam as armas. Acreditava na luta, uma história impressionante.
Ana Leticia, neta de Carlos Lacerda, fala na realização de um filme sobre o avô. Grande idéia, falta concretizá-la. É a única forma de contar a história de um período que vai de 1945 a 1965. 20 anos de lutas, de resistência, de participação em duas ditaduras. Em 1945, Lacerda fez uma entrevista com José Americo, publicada no Correio da Manhã. Que acabava com a censura prévia e logo depois com o próprio regime autoritário.
1965, quando Lacerda se desligava do golpe de 1964, lançava o que se chamou de "Frente Ampla", assinada por ele, Jango e Juscelino.
O livro poderia "esticar" até 1968, com o famigerado AI-5, quando Lacerda foi preso e cassado. Então, viajou para a Europa, onde ficou alguns anos. Voltou, se dedicou à Nova Fronteira, morreu inesperadamente. Que filme.
Garibaldi Alves, que se destacou como presidente do Senado, respondendo a uma pergunta do repórter: "Sou candidato apenas à reeleição, meu mandato termina em 2010". Antes, pode continuar na presidência do Senado. Referência alimentada pela competência e trabalho.
Três ministros do Supremo foram à Amazônia em missão oficial. Sobrevoaram a região, vendo e anotando, o Supremo iria votar a questão.
Estava na pauta para o dia 21 de maio. Gilmar Mendes, antes de se transformar em nome nacional, confirmou a votação.
Mas a pressão foi tão grande que já se passaram mais de 2 meses e nada de votação. O Supremo iria referendar a faixa descontínua. Agora, ninguém sabe a data.
O advogado geral da União, José Antonio Toffoli, é publicamente candidato a ministro do Supremo, mesmo não havendo vaga. Agora que se fala no impeachment de Gilmar Mendes, está satisfeitíssimo.
Como revelei, Gilmar Mendes enviou suas liminares em habeas-corpus para o Conselho de Justiça, que ele mesmo preside. O Conselho acaba o recesso dia 29, o Supremo, dia 4 de agosto.
Generosamente alertei Fernando Gabeira: "Um homem como você não pode fazer acordo com o PSDB do Rio". Não acreditou.
Agora, Gabeira briga pelo quinto lugar. Pelo menos votará em Jandira Feghali no segundo turno. Disputa o quinto lugar com Solange Amaral.
Essa eleição para prefeito vai deixar muita gente desprestigiada e até desempregada. O que farão Picciani e César Maia? Têm acordo para disputar o Senado em 2010. Não ganham.
Uma coisa que estão falando feito papagaio: "É preciso respeitar as instâncias". Ora, liminar não é instância, é apenas a antecipação de uma parte do processo, que não precisa existir a prisão preventiva ou provisória.
Como o juiz que concedeu a prisão é federal, o recurso pode ser à própria instância federal, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), STF (Supremo Tribunal Federal).
A própria instância federal é o recurso natural para examinar o mérito. O STJ é o recurso a seguir. E, finalmente, "o último dos moicanos" é o Supremo. Liminares não são instâncias.
Há tempos, muito tempo, revelei aqui enormes falcatruas no Hemorio. A diretora-geral, Katia Machado da Motta, era ligadíssima ao então secretário Gilson Cantarino. Relacionamento interno e externo sólido.
Com as denúncias, foi afastada mas não demitida. Agora escapou. Cantarino foi preso, ela nem citada, procurada ou aborrecida. Morava num apartamento alugado, 2 quartos, pequeno, na Ilha do Governador.
Agora, comprou um luxuoso apartamento de 300 metros quadrados na Rua Almirante Guilhobem, quadra da praia. Curiosidade: a atração por essa rua. Conheço várias pessoas que enriqueceram inesperadamente (corrupção) e foram morar, suntuosamente, nessa rua. Por quê?
Hoje às 9 da manhã (aqui) a seleção olímpica estréia, com a liderança de Ronaldinho Gaúcho mesmo fora de forma. Mas convocam Tiago Neves e não colocam ele em campo? É quem joga melhor, hoje, em times brasileiros.
O Brasil foi tricampeão mundial de futebol de praia, dando espetáculo. E não foi no Brasil e sim em Marselha. No 3º tempo (12 minutos), ganhava por 5 a 0, facilitou, os italianos fizeram 3 gols. Bruno, o artilheiro.
Foi a semifinal mais inexpressiva e desconcertante da história dos Master Series. Murray, Kiefer, Gasquet, que não são de chegar, e Nadal. Este perdeu o primeiro set para Gasquet por 14 a 12, no tiebreak.
Depois, Nadal ganhou o título, sem graça, sem entusiasmo e até constrangimento. Venceu Nicolas Kiefer, que em 16 anos de profissionalismo chega pela primeira vez a uma final. Como perder?
Diziam que Nadal só ganhava no saibro, Federer chegou a dizer: "Acabou o saibro, chegou a minha Era". Estava errado e paga por isso.
XXX
Não se pode ganhar sempre, é um lugar-comum que se torna mais visível, é lógico, no esporte. Disputando a possibilidade do oitavo título, a seleção de vôlei perdeu para os EUA. Além do lugar-comum, o exame do resultado: 3 a 0 para os americanos, mas 25/23, 25/22, 26/24. São detalhes, não estamos chorando nem diminuindo o adversário.
A grande sensação da temporada foi a torcida que lotou duas vezes o Maracanãzinho. A primeira para ver a seleção ir à final. A segunda para comemorar o terceiro lugar, com a mesma paixão e entusiasmo, vibrando como se fosse o ouro olímpico.
Mesmo perdendo para a Rússia (de quem ganhara semana passada), ficando sem título, sem pódio e sem medalha, o Maracanãzinho aplaudiu de pé. Esse Maracanãzinho é maior do que o Maracanazão.
A Rússia, que eliminou o Brasil no Mundial de Vôlei, conquistou o título de campeã. Mas a Sérvia jogou melhor, perdeu por uma bola.
A eleição para prefeito do Rio, que parecia a mais complicada, se transformou na mais fácil e previsível. Desde o início se falava em muitos candidatos, todos desgastados pelos acordos que fizeram, pela falta de prestígio da legenda e até pela supervalorização do que valia pouco, quase nada.
Chegaram a 9 ou 10 candidatos, apenas 2 resistiram. O ex-bispo Crivela, desarvorado, desenganado e desperdiçando mais uma oportunidade (perdeu em 2004), e Jandira Feghali, fortalecida por atividade positiva de mais de 20 anos, e agora favorecida até pelos ataques de adversários desesperados.
Também não é correta a apreciação de que o ex-bispo Crivela vem em primeiro nas pesquisas com Jandira Feghali em segundo. O contrário é muito mais correto. Mas mesmo que acertassem nos números e Crivela estivesse em primeiro, ele não tem para onde crescer, além de ter sido abafado pelo "cimento social".
Jandira Feghali tem tudo para disparar no segundo turno, pois, com uma exceção ou outra, juntará quase todos os candidatos. Crivela terá o "apoio total e absoluto da Record, que ninguém vê no Rio". E entre o apoio dos católicos e dos evangélicos, não existe a menor dúvida. Além do mais, a última eleição de Jandira (para o Senado) foi impressionante demonstração de força.
A estratégia traçada por César Maia para a candidata Solange Amaral (DEM) é polarizar a campanha com Jandira Feghali (PCdoB). No primeiro tempo, Solange tentou provocar Jandira com a questão do aborto e foi nocauteada, porque se transformou em "candidata da dengue". Vamos aguardar a segunda "rodada de Doha".
Em seus pronunciamentos, Jandira tem poupado Chico Alencar e Alessandro Molon, mas ataca Gabeira, sem citar o nome. Faz questão de lembrar que o candidato do PV só circula na Zona Oeste acompanhado de dois policiais militares portando rifles AR-15.
Gabeira podia ter até alguma chance concorrendo sozinho. Mas se aliar logo ao PSDB, que no Rio não tem votos, prestígio ou respeitabilidade? A bandeira de Gabeira: "Transparência e dignidade". Mas com o PSDB? É de chorar de desespero. Gabeira está entre o quarto e o quinto lugar, não passa disso. Diz que vai abandonar a política depois da derrota. Duas decepções. Para ele e os que o admiram.
Dona Solange Maia, perdão, Amaral, não tem voto, penetração ou legenda. Perdeu uma vez, perderá a segunda, mas é possível que se fortaleça para a reeeleição para a Câmara Federal em 2010. O alcaide-factóide-debilóide, derrotadíssimo, diz que é candidato a senador. São 6 os candidatos para duas vagas, uma delas não será dele.
Eduardo Paes, que se destacou na CPI do mensalão, não foi para o segundo turno de governador, não vai para o segundo de prefeito. E mesmo que fosse, não ganharia. Mudou de camisa, a de agora, desbotada e amarelada, impede que o leitor entenda alguma coisa.
Alessandro Molon, deputado com os votos de Chico Alencar, ficou contra o amigo, prejudicou a candidatura dele e não consolidou a própria. Vai brigar, encarniçadamente, que palavra, pelo último lugar. Falta alguém em Nuremberg? Não, está completo.
Jandira Feghali, atuante e militante, garante e destrói adversários: "Não pedi proteção de guarda armada à polícia nem ando com seguranças. Vou continuar entrando assim nas comunidades pobres, em respeito aos moradores. Temos mais de 2 milhões de pessoas morando em favelas e bairros proletários que precisam de apoio do Poder público".
E cresce cada vez mais nas pesquisas e no conceito do cidadão-contribuinte-eleitor. Facilita a vida de todos: entre ela e Crivela, não há nem como hesitar.
PS - Tudo caminha, no Rio, para o que sempre chamei de RENOVOLUÇÃO. Sérgio Cabral, Picciani, César Maia, Marcelo Alencar, os Poderes municipal, estadual e federal serão derrotados. Como acontecerá em São Paulo capital e BH. Irei passeando por essas e outras capitais.
Carlos Lacerda
Que vida, que luta, que história. Combateu sempre, não importavam as armas. Acreditava na luta, uma história impressionante.
Ana Leticia, neta de Carlos Lacerda, fala na realização de um filme sobre o avô. Grande idéia, falta concretizá-la. É a única forma de contar a história de um período que vai de 1945 a 1965. 20 anos de lutas, de resistência, de participação em duas ditaduras. Em 1945, Lacerda fez uma entrevista com José Americo, publicada no Correio da Manhã. Que acabava com a censura prévia e logo depois com o próprio regime autoritário.
1965, quando Lacerda se desligava do golpe de 1964, lançava o que se chamou de "Frente Ampla", assinada por ele, Jango e Juscelino.
O livro poderia "esticar" até 1968, com o famigerado AI-5, quando Lacerda foi preso e cassado. Então, viajou para a Europa, onde ficou alguns anos. Voltou, se dedicou à Nova Fronteira, morreu inesperadamente. Que filme.
Garibaldi Alves, que se destacou como presidente do Senado, respondendo a uma pergunta do repórter: "Sou candidato apenas à reeleição, meu mandato termina em 2010". Antes, pode continuar na presidência do Senado. Referência alimentada pela competência e trabalho.
Três ministros do Supremo foram à Amazônia em missão oficial. Sobrevoaram a região, vendo e anotando, o Supremo iria votar a questão.
Estava na pauta para o dia 21 de maio. Gilmar Mendes, antes de se transformar em nome nacional, confirmou a votação.
Mas a pressão foi tão grande que já se passaram mais de 2 meses e nada de votação. O Supremo iria referendar a faixa descontínua. Agora, ninguém sabe a data.
O advogado geral da União, José Antonio Toffoli, é publicamente candidato a ministro do Supremo, mesmo não havendo vaga. Agora que se fala no impeachment de Gilmar Mendes, está satisfeitíssimo.
Como revelei, Gilmar Mendes enviou suas liminares em habeas-corpus para o Conselho de Justiça, que ele mesmo preside. O Conselho acaba o recesso dia 29, o Supremo, dia 4 de agosto.
Generosamente alertei Fernando Gabeira: "Um homem como você não pode fazer acordo com o PSDB do Rio". Não acreditou.
Agora, Gabeira briga pelo quinto lugar. Pelo menos votará em Jandira Feghali no segundo turno. Disputa o quinto lugar com Solange Amaral.
Essa eleição para prefeito vai deixar muita gente desprestigiada e até desempregada. O que farão Picciani e César Maia? Têm acordo para disputar o Senado em 2010. Não ganham.
Uma coisa que estão falando feito papagaio: "É preciso respeitar as instâncias". Ora, liminar não é instância, é apenas a antecipação de uma parte do processo, que não precisa existir a prisão preventiva ou provisória.
Como o juiz que concedeu a prisão é federal, o recurso pode ser à própria instância federal, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), STF (Supremo Tribunal Federal).
A própria instância federal é o recurso natural para examinar o mérito. O STJ é o recurso a seguir. E, finalmente, "o último dos moicanos" é o Supremo. Liminares não são instâncias.
Há tempos, muito tempo, revelei aqui enormes falcatruas no Hemorio. A diretora-geral, Katia Machado da Motta, era ligadíssima ao então secretário Gilson Cantarino. Relacionamento interno e externo sólido.
Com as denúncias, foi afastada mas não demitida. Agora escapou. Cantarino foi preso, ela nem citada, procurada ou aborrecida. Morava num apartamento alugado, 2 quartos, pequeno, na Ilha do Governador.
Agora, comprou um luxuoso apartamento de 300 metros quadrados na Rua Almirante Guilhobem, quadra da praia. Curiosidade: a atração por essa rua. Conheço várias pessoas que enriqueceram inesperadamente (corrupção) e foram morar, suntuosamente, nessa rua. Por quê?
Hoje às 9 da manhã (aqui) a seleção olímpica estréia, com a liderança de Ronaldinho Gaúcho mesmo fora de forma. Mas convocam Tiago Neves e não colocam ele em campo? É quem joga melhor, hoje, em times brasileiros.
O Brasil foi tricampeão mundial de futebol de praia, dando espetáculo. E não foi no Brasil e sim em Marselha. No 3º tempo (12 minutos), ganhava por 5 a 0, facilitou, os italianos fizeram 3 gols. Bruno, o artilheiro.
Foi a semifinal mais inexpressiva e desconcertante da história dos Master Series. Murray, Kiefer, Gasquet, que não são de chegar, e Nadal. Este perdeu o primeiro set para Gasquet por 14 a 12, no tiebreak.
Depois, Nadal ganhou o título, sem graça, sem entusiasmo e até constrangimento. Venceu Nicolas Kiefer, que em 16 anos de profissionalismo chega pela primeira vez a uma final. Como perder?
Diziam que Nadal só ganhava no saibro, Federer chegou a dizer: "Acabou o saibro, chegou a minha Era". Estava errado e paga por isso.
XXX
Não se pode ganhar sempre, é um lugar-comum que se torna mais visível, é lógico, no esporte. Disputando a possibilidade do oitavo título, a seleção de vôlei perdeu para os EUA. Além do lugar-comum, o exame do resultado: 3 a 0 para os americanos, mas 25/23, 25/22, 26/24. São detalhes, não estamos chorando nem diminuindo o adversário.
A grande sensação da temporada foi a torcida que lotou duas vezes o Maracanãzinho. A primeira para ver a seleção ir à final. A segunda para comemorar o terceiro lugar, com a mesma paixão e entusiasmo, vibrando como se fosse o ouro olímpico.
Mesmo perdendo para a Rússia (de quem ganhara semana passada), ficando sem título, sem pódio e sem medalha, o Maracanãzinho aplaudiu de pé. Esse Maracanãzinho é maior do que o Maracanazão.
A Rússia, que eliminou o Brasil no Mundial de Vôlei, conquistou o título de campeã. Mas a Sérvia jogou melhor, perdeu por uma bola.
sábado, 26 de julho de 2008
A cebola de Hitler (Sebastião Nery)
Manfredo tinha 40 anos, como eu. Era professor de latim, como fui. Sabia português, francês, italiano, espanhol, como eu. E ainda falava inglês como um lord de Sua Majestade e alemão como um filho orgulhoso da Baviera. Intelectual, professor, cidadão do mundo.
Tinha tudo para ser um homem sem preconceito. Mas quando insisti para que me levasse à cervejaria de Hitler, em Munique, desconversou, adiou e acabou jogando o argumento final:
- Não adianta. Não tem mais interesse nenhum. Hoje é apenas uma casa de bêbados tomando cerveja com steinhaeger e de putas. E não me levou. Fui sozinho. Era meu intérprete na longa viagem que fazia pela Alemanha, na primavera de 1973, a convite do SPD, o partido social-democrata do heróico primeiro-ministro Willy Brandt.
Manfredo
Manfredo não era contra os bêbados e as putas. Era contra o passado. Pouco valeram os anos vividos em Paris, o curso em Lisboa, as viagens pelo mundo. Em matéria de Hitler, Manfredo era um radical. Nasceu no ano em que Hitler chegava ao poder. Quando os campos de concentração engoliam gente como esgotos de gás, Manfredo tinha 10 anos e viu sua Munique, sua Baviera, sua Alemanha estuprando a humanidade. Para Manfredo, a sua geração tinha uma missão sagrada: fazer a Alemanha esquecer Hitler e fazer o mundo esquecer a Alemanha nazista.
Já em 73 a metade da população alemã era de gente como Manfredo, e mais jovens do que ele, que nenhum contato tiveram com o nazismo. A Alemanha se vê diante do passado nazista como depois de um sonho mau.
Passado
Os mais velhos são "lulistas". É como se não morassem ali, não tivessem sabido de nada: "Não sei, não vi, não tomei conhecimento". E no entanto mais de 80% apoiaram Hitler calorosamente, política e militarmente. O então prefeito de Frankfurt, eleito pela CDU (direita), Wilhem Fay, com seus cabelos brancos e rosto aberto, levou um susto e ficou todo encabulado e ainda mais vermelho quando lhe perguntei, no almoço que tão gentilmente me ofereceu, onde estava durante a guerra:
- Saí vivo, por isso estou aqui. Era presidente de um banco, a Marinha me mandou lutar na Grécia, nos Bálcãs, até a guerra acabar. Depois, me liguei aos ingleses. (A Marinha era a de Hitler.)
Gunter Grass
Há pouco, a Alemanha estremeceu, como em um terremoto, com o belo, audacioso e honrado livro de memórias de Gunter Grass ("Nas peles da cebola", Ed. Record), o consagrado prêmio Nobel de Literatura, autor de "O tambor", "Um campo vasto", "Meu século" e outras obras-primas.
Eu o conheci em outubro de 80, acompanhando as três últimas semanas da campanha eleitoral para escolher o novo governo, mais uma vez a convite do SPD social-democrata, já então liderado por Helmult Schmidt. Éramos uma comissão de representantes de partidos brasileiros: Ulysses Guimarães (PMDB), José Aparecido (PP), Jacó Bittar (PT) e eu (PDT). E mais o saudoso jornalista mineiro-paulista Miguel Bodea, tradutor.
Em um almoço, Gunter Grass nos deu seu depoimento sobre a guerra, sempre lembrando que era apenas um jovem entre 15 e 18 anos, convocado para treinar na Força Aérea. Entrava e logo pulava fora do assunto.
Nazismo
Agora, Gunter Grass cumpriu seu dever de intelectual. Contou tudo:
1 - "Me deixei seduzir pelo nazismo. Não é desculpa ou pretexto e sim uma explicação. A juventude hitlerista exercia uma atração tremenda e um poder de sedução impressionante. E nós nos deixamos fascinar sem fazer perguntas. Esta é a explicação que posso dar hoje".
2 - "Eu fui, sim, na condição de jovem hitlerista, um nazista jovem. Crente até o fim. Não exatamente um fanático da vanguarda, mas como olhar voltado para a bandeira, da qual se dizia que era `mais do que a morte'".
"Depois é antes"
3 - "O fuhrer no qual acreditávamos, não, no qual eu acreditei de um modo inquestionável e sem dúvidas, até que tudo, conforme a canção sabia de antemão, `caiu em cacos'. A fim de atenuar o que os jovens fizeram e, portanto, o que eu fiz, não pode nem mesmo ser dito: nós fomos seduzidos! Não, nós nos deixamos, eu me deixei seduzir".
4 - "Depois é sempre antes... Os moradores (acabada a guerra) faziam de conta que não existiam, como se jamais tivessem existido...
Sua grandeza (de Hitler), tantas vezes invocada e jamais posta em dúvida, se diluía... Ele (Hitler) havia desaparecido como se jamais tivesse existido, como se jamais tivesse sido real, de fato".
Amorim
Querem fazer de conta que Hitler nunca existiu, como fazem judeus fanatizados ou idiotas abestalhados. O passado não é bolha de sabão, que sopra e acaba. A história tem que ser lembrada, relembrada, revirada, cobrada.
Quiseram crucificar o ministro Celso Amorim porque citou Goebbels ("a mentira mil vezes repetida vira verdade"), como se isso ajudasse a ressuscitar Hitler. Se alguém no Brasil sempre teve autoridade para falar de nazismo foi o venerando Paulo Ronai, exilado de sua pátria pelo nazismo. E no seu "Dicionário universal de citações", cita não Goebbels, mas Hitler:
"As grandes massas do povo são mais facilmente vitimadas por uma mentira grande do que por uma mentira pequena" ("Minha luta, X").
Tinha tudo para ser um homem sem preconceito. Mas quando insisti para que me levasse à cervejaria de Hitler, em Munique, desconversou, adiou e acabou jogando o argumento final:
- Não adianta. Não tem mais interesse nenhum. Hoje é apenas uma casa de bêbados tomando cerveja com steinhaeger e de putas. E não me levou. Fui sozinho. Era meu intérprete na longa viagem que fazia pela Alemanha, na primavera de 1973, a convite do SPD, o partido social-democrata do heróico primeiro-ministro Willy Brandt.
Manfredo
Manfredo não era contra os bêbados e as putas. Era contra o passado. Pouco valeram os anos vividos em Paris, o curso em Lisboa, as viagens pelo mundo. Em matéria de Hitler, Manfredo era um radical. Nasceu no ano em que Hitler chegava ao poder. Quando os campos de concentração engoliam gente como esgotos de gás, Manfredo tinha 10 anos e viu sua Munique, sua Baviera, sua Alemanha estuprando a humanidade. Para Manfredo, a sua geração tinha uma missão sagrada: fazer a Alemanha esquecer Hitler e fazer o mundo esquecer a Alemanha nazista.
Já em 73 a metade da população alemã era de gente como Manfredo, e mais jovens do que ele, que nenhum contato tiveram com o nazismo. A Alemanha se vê diante do passado nazista como depois de um sonho mau.
Passado
Os mais velhos são "lulistas". É como se não morassem ali, não tivessem sabido de nada: "Não sei, não vi, não tomei conhecimento". E no entanto mais de 80% apoiaram Hitler calorosamente, política e militarmente. O então prefeito de Frankfurt, eleito pela CDU (direita), Wilhem Fay, com seus cabelos brancos e rosto aberto, levou um susto e ficou todo encabulado e ainda mais vermelho quando lhe perguntei, no almoço que tão gentilmente me ofereceu, onde estava durante a guerra:
- Saí vivo, por isso estou aqui. Era presidente de um banco, a Marinha me mandou lutar na Grécia, nos Bálcãs, até a guerra acabar. Depois, me liguei aos ingleses. (A Marinha era a de Hitler.)
Gunter Grass
Há pouco, a Alemanha estremeceu, como em um terremoto, com o belo, audacioso e honrado livro de memórias de Gunter Grass ("Nas peles da cebola", Ed. Record), o consagrado prêmio Nobel de Literatura, autor de "O tambor", "Um campo vasto", "Meu século" e outras obras-primas.
Eu o conheci em outubro de 80, acompanhando as três últimas semanas da campanha eleitoral para escolher o novo governo, mais uma vez a convite do SPD social-democrata, já então liderado por Helmult Schmidt. Éramos uma comissão de representantes de partidos brasileiros: Ulysses Guimarães (PMDB), José Aparecido (PP), Jacó Bittar (PT) e eu (PDT). E mais o saudoso jornalista mineiro-paulista Miguel Bodea, tradutor.
Em um almoço, Gunter Grass nos deu seu depoimento sobre a guerra, sempre lembrando que era apenas um jovem entre 15 e 18 anos, convocado para treinar na Força Aérea. Entrava e logo pulava fora do assunto.
Nazismo
Agora, Gunter Grass cumpriu seu dever de intelectual. Contou tudo:
1 - "Me deixei seduzir pelo nazismo. Não é desculpa ou pretexto e sim uma explicação. A juventude hitlerista exercia uma atração tremenda e um poder de sedução impressionante. E nós nos deixamos fascinar sem fazer perguntas. Esta é a explicação que posso dar hoje".
2 - "Eu fui, sim, na condição de jovem hitlerista, um nazista jovem. Crente até o fim. Não exatamente um fanático da vanguarda, mas como olhar voltado para a bandeira, da qual se dizia que era `mais do que a morte'".
"Depois é antes"
3 - "O fuhrer no qual acreditávamos, não, no qual eu acreditei de um modo inquestionável e sem dúvidas, até que tudo, conforme a canção sabia de antemão, `caiu em cacos'. A fim de atenuar o que os jovens fizeram e, portanto, o que eu fiz, não pode nem mesmo ser dito: nós fomos seduzidos! Não, nós nos deixamos, eu me deixei seduzir".
4 - "Depois é sempre antes... Os moradores (acabada a guerra) faziam de conta que não existiam, como se jamais tivessem existido...
Sua grandeza (de Hitler), tantas vezes invocada e jamais posta em dúvida, se diluía... Ele (Hitler) havia desaparecido como se jamais tivesse existido, como se jamais tivesse sido real, de fato".
Amorim
Querem fazer de conta que Hitler nunca existiu, como fazem judeus fanatizados ou idiotas abestalhados. O passado não é bolha de sabão, que sopra e acaba. A história tem que ser lembrada, relembrada, revirada, cobrada.
Quiseram crucificar o ministro Celso Amorim porque citou Goebbels ("a mentira mil vezes repetida vira verdade"), como se isso ajudasse a ressuscitar Hitler. Se alguém no Brasil sempre teve autoridade para falar de nazismo foi o venerando Paulo Ronai, exilado de sua pátria pelo nazismo. E no seu "Dicionário universal de citações", cita não Goebbels, mas Hitler:
"As grandes massas do povo são mais facilmente vitimadas por uma mentira grande do que por uma mentira pequena" ("Minha luta, X").
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A Política Nacional, o Golpe de 1964 e seus reflexos em Aquidauana - MS
(Publicado no Site da FM PAN de Aquidauana - MS, em 17-07-08
Apesar da ausência de nitidez ideológica, como vem ocorrendo na maioria dos municípios brasileiros, fruto da dissolução dos partidos, pelo governo ditatorial, é conveniente, para se compreender, mesmo hoje, a política aquidauanense, nos remontarmos ao cenário em que ela se desenvolvia no período anterior a 1964 e, o que ocorreu, posteriormente.
Até então, os campos políticos eram bem delimitados: três correntes políticas predominavam:
A UDN à direita (conservadora), o PSD ao centro (nem um, nem outro, antes pelo contrário, como diria um político mineiro) e o PTB à esquerda (reformista).
Como não poderia deixar de ser, este quadro se repetia em Aquidauana, seguindo a lógica da política federal e estadual.
O PSP (Partido Social Progressista) era, predominantemente, paulista, sem característica ideológica e personalista, pertencente ao ex-Interventor e ex-Governador de São Paulo, o médico Ademar de Barros, duas ou três vezes candidato a Presidência da República.
Entre outras correntes, destacamos o PSB, com clara definição socialista, o PRP, integralista, de Plínio Salgado e, o PL, do Deputado gaúcho Raul Pila, baluarte da pregação do regime parlamentarista, idéia que penetrava nos diversos partidos, tendo seu avanço detido e frustrado pela sua implantação, como casuísmo, para “castrar” o Governo de João Goulart, tendo vida efêmera, revogado por plebiscito. .
A UDN perdera a eleição presidencial de 1945, quando o Brigadeiro Eduardo Gomes foi derrotado pelo General Eurico Gaspar Dutra.
Nesta eleição concorreu também o candidato do Partido Comunista, Iedo Fiúza.
Em Aquidauana foi candidato a Deputado Estadual o Sr. José Alves Ribeiro (“Coronel” Zélito”), não se elegendo.
Em 1950, o mesmo Brigadeiro (UDN) perdeu a eleição para Getúlio Vargas.
0 PSD concorreu com Cristiano Machado que teve pequena votação, pois as bases pessedistas preferiram, gerando a palavra “cristianização”.
Descorçoada com os pleitos eleitorais a UDN começa apelar para o golpismo, desenvolvendo oposição sectária e “infernizando” o Governo Vargas.
O suicídio de Getúlio Vargas conduz ao poder o Vice-Presidente Café Filho, do PSP, eleito na chapa de Vargas, mas que se aproximara da UDN.
É nomeado o General João Baptista Dufles Teixeira Lott para Ministro da Guerra
O suicídio de Getúlio, em 24 de agosto de 1964, golpeia a UDN. Ele, morto aterroriza, muito mais, e faz mais estragos na UDN, do que quando vivo.
Juscelino Kubstcheck, do PSD, ex-Governador de Minas Gerais se candidata a Presidente da República, em 1955.
A UDN, já apelidada “vivandeira dos quartéis”, brada, através do jornalista Carlos Lacerda, seguido em coro pela chamada “banda de música da UDN, esbravejando: Juscelino não será eleito, se for eleito, não tomará posse, se tomar posse não terminará o mandato.
Pois bem, Juscelino é eleito, vencendo o candidato da UDN, General Juarez Távora, o qual pregava a “revolução pelo voto”.
Inicia-se ferrenha campanha udenista contra a posse de Juscelino Kubstcheck de Oliveira.
O mesmo Lott viria impedir o Presidente Café Filho, em 11 de novembro e, em 21 do mesmo mês, o Presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que o substituíra na Presidência da República, tudo isto, unicamente para assegurar a posse de Juscelino.
O Governo de Juscelino, com seu plano de metas, o slogam “Cinqüenta anos em cinco” a fundação de Brasília, a mudança da Capital para o Planalto, o desenvolvimento da indústria automobilística, entre outras causas, transformaram Juscelino no maior estadista da República, ombreando com Getúlio Vargas.
Em Aquidauana, existia um alto nível de partidarismo, de fidelidade partidária e de caciquismo e coronelismo político.
O eleitorado de cada partido era bem delimitado.
O candidato não tinha muita significação. Importante era a sigla a que pertencia e o cacique que a comandava.
Eu sou da UDN, eu do PSD, eu sou do PTB, eu sigo o Coronel Zelito, eu acompanho Ovídio Costa, eu sigo Antonio Trindade, eu acompanho o Bonifácio (Nunes da Cunha),
Eu estou com o Maneco (Manoel Paes de Barros), predecessor de Antonio Gonçalves, o Antoninho e, Manoel Souza Cruz, no comando do PTB.
Nas últimas eleições, incluindo a de 1962, o PSD e o PTB estiveram coligados.
O eleitor afirmava: Eu sou da coligação ou, eu sou udenista.
Fundado sob a inspiração de Getúlio Vargas, “entre 1945 e 1964 foi o PTB o partido que mais cresceu, tanto em número de votos, quanto em número de filiados: em 1946 o PTB tinha 22 deputados federais; em 1964 já tinha 104. Isto refletiu a crescente urbanização e industrialização que o Brasil experimentou naqueles anos. O PTB era, entre os grandes partidos de então, o mais à esquerda, e era constantemente acusado pelos opositores de ter políticas comunistas.”
Era assim. O golpe de 1964 mudou tudo. E agora?... (Edson Paim escreveu).
Apesar da ausência de nitidez ideológica, como vem ocorrendo na maioria dos municípios brasileiros, fruto da dissolução dos partidos, pelo governo ditatorial, é conveniente, para se compreender, mesmo hoje, a política aquidauanense, nos remontarmos ao cenário em que ela se desenvolvia no período anterior a 1964 e, o que ocorreu, posteriormente.
Até então, os campos políticos eram bem delimitados: três correntes políticas predominavam:
A UDN à direita (conservadora), o PSD ao centro (nem um, nem outro, antes pelo contrário, como diria um político mineiro) e o PTB à esquerda (reformista).
Como não poderia deixar de ser, este quadro se repetia em Aquidauana, seguindo a lógica da política federal e estadual.
O PSP (Partido Social Progressista) era, predominantemente, paulista, sem característica ideológica e personalista, pertencente ao ex-Interventor e ex-Governador de São Paulo, o médico Ademar de Barros, duas ou três vezes candidato a Presidência da República.
Entre outras correntes, destacamos o PSB, com clara definição socialista, o PRP, integralista, de Plínio Salgado e, o PL, do Deputado gaúcho Raul Pila, baluarte da pregação do regime parlamentarista, idéia que penetrava nos diversos partidos, tendo seu avanço detido e frustrado pela sua implantação, como casuísmo, para “castrar” o Governo de João Goulart, tendo vida efêmera, revogado por plebiscito. .
A UDN perdera a eleição presidencial de 1945, quando o Brigadeiro Eduardo Gomes foi derrotado pelo General Eurico Gaspar Dutra.
Nesta eleição concorreu também o candidato do Partido Comunista, Iedo Fiúza.
Em Aquidauana foi candidato a Deputado Estadual o Sr. José Alves Ribeiro (“Coronel” Zélito”), não se elegendo.
Em 1950, o mesmo Brigadeiro (UDN) perdeu a eleição para Getúlio Vargas.
0 PSD concorreu com Cristiano Machado que teve pequena votação, pois as bases pessedistas preferiram, gerando a palavra “cristianização”.
Descorçoada com os pleitos eleitorais a UDN começa apelar para o golpismo, desenvolvendo oposição sectária e “infernizando” o Governo Vargas.
O suicídio de Getúlio Vargas conduz ao poder o Vice-Presidente Café Filho, do PSP, eleito na chapa de Vargas, mas que se aproximara da UDN.
É nomeado o General João Baptista Dufles Teixeira Lott para Ministro da Guerra
O suicídio de Getúlio, em 24 de agosto de 1964, golpeia a UDN. Ele, morto aterroriza, muito mais, e faz mais estragos na UDN, do que quando vivo.
Juscelino Kubstcheck, do PSD, ex-Governador de Minas Gerais se candidata a Presidente da República, em 1955.
A UDN, já apelidada “vivandeira dos quartéis”, brada, através do jornalista Carlos Lacerda, seguido em coro pela chamada “banda de música da UDN, esbravejando: Juscelino não será eleito, se for eleito, não tomará posse, se tomar posse não terminará o mandato.
Pois bem, Juscelino é eleito, vencendo o candidato da UDN, General Juarez Távora, o qual pregava a “revolução pelo voto”.
Inicia-se ferrenha campanha udenista contra a posse de Juscelino Kubstcheck de Oliveira.
O mesmo Lott viria impedir o Presidente Café Filho, em 11 de novembro e, em 21 do mesmo mês, o Presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que o substituíra na Presidência da República, tudo isto, unicamente para assegurar a posse de Juscelino.
O Governo de Juscelino, com seu plano de metas, o slogam “Cinqüenta anos em cinco” a fundação de Brasília, a mudança da Capital para o Planalto, o desenvolvimento da indústria automobilística, entre outras causas, transformaram Juscelino no maior estadista da República, ombreando com Getúlio Vargas.
Em Aquidauana, existia um alto nível de partidarismo, de fidelidade partidária e de caciquismo e coronelismo político.
O eleitorado de cada partido era bem delimitado.
O candidato não tinha muita significação. Importante era a sigla a que pertencia e o cacique que a comandava.
Eu sou da UDN, eu do PSD, eu sou do PTB, eu sigo o Coronel Zelito, eu acompanho Ovídio Costa, eu sigo Antonio Trindade, eu acompanho o Bonifácio (Nunes da Cunha),
Eu estou com o Maneco (Manoel Paes de Barros), predecessor de Antonio Gonçalves, o Antoninho e, Manoel Souza Cruz, no comando do PTB.
Nas últimas eleições, incluindo a de 1962, o PSD e o PTB estiveram coligados.
O eleitor afirmava: Eu sou da coligação ou, eu sou udenista.
Fundado sob a inspiração de Getúlio Vargas, “entre 1945 e 1964 foi o PTB o partido que mais cresceu, tanto em número de votos, quanto em número de filiados: em 1946 o PTB tinha 22 deputados federais; em 1964 já tinha 104. Isto refletiu a crescente urbanização e industrialização que o Brasil experimentou naqueles anos. O PTB era, entre os grandes partidos de então, o mais à esquerda, e era constantemente acusado pelos opositores de ter políticas comunistas.”
Era assim. O golpe de 1964 mudou tudo. E agora?... (Edson Paim escreveu).
sábado, 19 de julho de 2008
As alavancas do nosso desenvolvimento Vale e Amazônia (Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa)
Durante mais de 2 anos escrevi uma centena de artigos defendendo a Vale, condenando sua "privatização", tentando impedir que entregassem uma das maiores riquezas do mundo e do Brasil. A Vale era e continua sendo a maior empresa de mineração do mundo e mais do que isso, uma Agência de Desenvolvimento. Tudo foi doado, não conseguiu salvar coisa alguma.
Esses artigos correram o Brasil todo, foram republicados em órgãos alternativos, enviados para milhões de pessoas através de faxes, xeroxes, cópias de todas as formas. Nada disso adiantou. Em todos os artigos eu deixava bem claro que as multinacionais queriam a própria Vale. Empresa poderosíssima, altamente lucrativa, com penetração em pelo menos 12 estados da Federação.
Dona de portos, navios, ferrovias, as mais ricas e cobiçadas minas dos mais raros e caros minérios, a Vale era o alvo e o objetivo de tudo. Apesar do esforço de um grupo bravo e com enorme credibilidade, não conseguimos impedir a doação-privatização dessa potência que se chama Vale.
Ministros do governo FHC, senadores, lobistas, testas-de-ferro de poderosos grupos estrangeiros, gente interessada em enriquecer cada vez mais com o empobrecimento do Brasil diziam sempre a mesma coisa.
O que é que repetiam tanto? Apenas isto: "Vamos vender a Vale para pagar a dívida interna, amortizar quase toda ela, e pagar menos juros". Tudo mentira, mistificação, malabarismo-corrupto. Recebemos uma miséria e cada vez devemos mais.
Outra coisa que fazíamos questão de ressaltar sempre era o seguinte, cada vez mais atual: por trás da doação da Vale estava e está sempre mais visível a gigantesca Amazônia. Os multinacionais e seus testas-de-ferro não podiam nem podem admitir que a Amazônia seja brasileira, pelo menos uma parte. Aproveitando o seminário sobre a Amazônia, promovido pelo IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), vamos reproduzir algumas opiniões de vendilhões do templo sobre a Amazônia brasileira.
Al Gore, vice-presidente dos EUA, e provável candidato à sucessão de Clinton, que não pode mais se candidatar: "Os brasileiros pensam que a Amazônia é deles. Estão muito enganados. A Amazônia é de todos nós".
Kissinger, lobista notório, ex-secretário de Estado dos EUA: "Os países industrializados do mundo, para sobreviverem, precisam dos recursos não renováveis do mundo. E entre esses recursos de que precisam o mais importante é a Amazônia do Brasil".
Agora que o Congresso está "trancado" pelas medidas provisórias. Que o Supremo está em recesso. E que a indústria dos habeas-corpus está paralisada para reposição do estoque, tratemos da Vale e da Amazônia, eternas e imprescindíveis ao nosso desenvolvimento.
PS - A Vale parece perdida para sempre. Mas a Amazônia cobiçada por todas as potências ainda pode ser salva. Minc poderia ser uma possibilidade, deslumbrou muito cedo.
PS 2 - Se os Três Poderes permanecerem desativados, continuarei amanhã. A Amazônia é eterna, vale a vida de dezenas de milhões de brasileiros.
José Gomes Graciosa
Quando presidiu o TCE, fez microfilmagem a peso de ouro. Mais de 4 milhões. Agora, com outro presidente, apenas 900 mil.
Fui o primeiro a descobrir e publicar os escândalos do TCE (Tribunal de Contas do Estado do Rio). Mas sei reconhecer: a Veja, que continua Sujíssima (principalmente depois de receber 150 milhões da África do Sul), foi mais longe do que eu. Só que se escondeu no anonimato, denunciou apenas 5 conselheiros, devia exaltar os outros dois, já que são 7. O clima é de pânico no TCE, falam até em suicídio.
Como é que o TCE pretende credibilidade quando aceitou que o filho do governador fosse nomeado conselheiro? Jamais trabalhou na vida, mas é dono de terras valorizadas, como comprou?
Controla Resende, Itatiaia, Nogueira e mais uma porção de localidades. Tem até uma hípica, mais importante do que a do Rio.
Ontem às 9 horas da manhã, um grupo de sindicalistas ligados à CUT protocolou pedido de impeachment do presidente do Supremo, Gilmar Mendes. O pedido está muito bem fundamentado.
Base do pedido: os dois habeas-corpus concedidos pelo presidente do Supremo, aproveitando que o tribunal está em recesso. Mas deveria ter sido pedido ao Senado, que pode votar o impeachment de Gilmar. O Supremo também pode.
Impressionante: Daniel Dantas, Eike Batista e Cacciola aparecem em todas as fotos e na televisão exibindo enorme bom humor. Riam o tempo todo. Furiosos só Naji Nahas e Celso Pitta.
A questão sensibilizou a própria Justiça, que mandou algemar Daniel Dantas. Tanto isso é verdadeiro, que Cacciola, que vinha preso para o Brasil, pediu para não ser ALGEMADO. E a Justiça atendeu o pedido.
Quando é que a ALGEMA é necessária, até insubstituível? Ou então significa fragilidade da polícia, que apesar de todo o aparato tem medo de "perder" o prisioneiro? Mas sobre um fato, nenhuma dúvida: os desesperançados da vida continuarão sendo ALGEMADOS.
Falam muito em grampo, como se fosse coisa do outro mundo. Meus telefones foram grampeados oficialmente durante 20 anos.
Conversando sobre o assunto com Antonio Galotti, então todo-poderoso do sistema, ele me disse calmamente: "Helio, a coisa mais fácil é grampear telefone. Basta um funcionário subir num poste perto da tua casa e pronto".
Dizer que o major Curió "lutou contra a guerrilha do Araguaia" é desinformação completa. Lutou pelo próprio enriquecimento, conseguiu, parecia um vitorioso. Chegou a se eleger prefeito da cidade de Curionópolis, lógico, derivado do seu próprio nome.
Ganhou fortuna explorando os garimpeiros, chegou a colocar cartazes: "A Serra Pelada é nossa", na verdade era dele. O TSE acabou com a festa, cassou o mandato dele. Excelente.
Além de responder a tantos processos quanto Daniel Dantas, e pelas mesmas motivações, Henrique Meirelles dá uma entrevista por dia.
A de ontem: "Se a China desacelerar o crescimento econômico, os preços cairão no mercado". E se alguém disser isso ao Brasil?
Um ano da morte de 199 pessoas que estavam no avião da TAM. Ninguém recebeu nada, nem em dinheiro nem em atenção. E as autoridades estaduais e federais? Não tomam providências, ficam esperando o quê?
Desde 1999, os passageiros da TAM estão na mesma situação. A única diferença: um acidente completa 1 ano, o outro já está chegando a 10 anos. As empresas só fazem "retardar" as ações.
Deputados e senadores protestam contra o "excesso de medidas provisórias". Os parlamentares esquecem: PSDB e PFL (hoje DEM) apoiaram integralmente FHC, que disse textualmente: "Sem medida provisória não há governabilidade". E inundou o Congresso com esse abuso.
Desesperado, desprestigiado, desastrado (royalties para Beltrame) Serginho Cabralzinho filhinho pediu à TV Globo que queria falar no RJ TV. Atacou a corporação, quase linchou os policiais, abriu uma crise visível entre o governo e a oficialidade, citada assim.
Textual do governador: "A situação do Rio é de calamidade". E perguntou: "Que cidade é essa em que policiais morrem nas ruas?"
Garantiu: "É preciso que os oficiais da PM se aproximem dos soldados, dos sargentos, de toda a tropa". Mostrou que há divisão.
Continuou, ninguém conseguia fazer que parasse: "É preciso MENOS gabinete e MAIS rua". Uma constatação: os policiais não estão nas ruas. Contradição: o governador diz que estão morrendo nas ruas.
O governador não falou, nem ia falar, das centenas de oficiais que estão "requisitados fora das ruas". Só na Alerj são mais de 300, dando segurança a deputados inseguros.
Não falou no PM que matou um estudante na boate Baronetti. Esqueceu que o assassinato ocorreu entre 5 e 6 horas da manhã. Quer dizer: o PM passou a noite na boate, a que horas trabalhou?
XXX
Quando eu era garoto, cerveja era BRAHMA, guaraná ANTÁRTICA, soda limonada, HANSEÁTICA, todas brasileiras. Hoje são todas multinacionais, anunciam vastamente. Naturalmente essa publicidade é para defender a Liberdade de Expressão. A "lei seca", quem sabe, pode prejudicar essa LIBERDADE que os cervejeiros defendem com tanta bravura.
XXX
Dos jornalões em manchete: "Braço direito de Daniel Dantas se entrega". E o braço esquerdo, não serve? Canhotos estão preparando manifesto defendendo essa condição.
XXX
Já se passaram 3 dias da licença de Gilberto Carvalho do Planalto. Faltam 12 dias de angústia para ele, de suspense para o Planalto. Voltará?
Quando o general McArtur, por ordem do presidente Roosevelt, deixou as Filipinas, retumbou: "Eu voltarei". E voltou mesmo.
XXX
O Deutsche Bank é o quinto a "desaconselhar" a compra de ações de empresas de Eike Batista. DESACONSELHAR? Ha! Ha! Ha!
Esses artigos correram o Brasil todo, foram republicados em órgãos alternativos, enviados para milhões de pessoas através de faxes, xeroxes, cópias de todas as formas. Nada disso adiantou. Em todos os artigos eu deixava bem claro que as multinacionais queriam a própria Vale. Empresa poderosíssima, altamente lucrativa, com penetração em pelo menos 12 estados da Federação.
Dona de portos, navios, ferrovias, as mais ricas e cobiçadas minas dos mais raros e caros minérios, a Vale era o alvo e o objetivo de tudo. Apesar do esforço de um grupo bravo e com enorme credibilidade, não conseguimos impedir a doação-privatização dessa potência que se chama Vale.
Ministros do governo FHC, senadores, lobistas, testas-de-ferro de poderosos grupos estrangeiros, gente interessada em enriquecer cada vez mais com o empobrecimento do Brasil diziam sempre a mesma coisa.
O que é que repetiam tanto? Apenas isto: "Vamos vender a Vale para pagar a dívida interna, amortizar quase toda ela, e pagar menos juros". Tudo mentira, mistificação, malabarismo-corrupto. Recebemos uma miséria e cada vez devemos mais.
Outra coisa que fazíamos questão de ressaltar sempre era o seguinte, cada vez mais atual: por trás da doação da Vale estava e está sempre mais visível a gigantesca Amazônia. Os multinacionais e seus testas-de-ferro não podiam nem podem admitir que a Amazônia seja brasileira, pelo menos uma parte. Aproveitando o seminário sobre a Amazônia, promovido pelo IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), vamos reproduzir algumas opiniões de vendilhões do templo sobre a Amazônia brasileira.
Al Gore, vice-presidente dos EUA, e provável candidato à sucessão de Clinton, que não pode mais se candidatar: "Os brasileiros pensam que a Amazônia é deles. Estão muito enganados. A Amazônia é de todos nós".
Kissinger, lobista notório, ex-secretário de Estado dos EUA: "Os países industrializados do mundo, para sobreviverem, precisam dos recursos não renováveis do mundo. E entre esses recursos de que precisam o mais importante é a Amazônia do Brasil".
Agora que o Congresso está "trancado" pelas medidas provisórias. Que o Supremo está em recesso. E que a indústria dos habeas-corpus está paralisada para reposição do estoque, tratemos da Vale e da Amazônia, eternas e imprescindíveis ao nosso desenvolvimento.
PS - A Vale parece perdida para sempre. Mas a Amazônia cobiçada por todas as potências ainda pode ser salva. Minc poderia ser uma possibilidade, deslumbrou muito cedo.
PS 2 - Se os Três Poderes permanecerem desativados, continuarei amanhã. A Amazônia é eterna, vale a vida de dezenas de milhões de brasileiros.
José Gomes Graciosa
Quando presidiu o TCE, fez microfilmagem a peso de ouro. Mais de 4 milhões. Agora, com outro presidente, apenas 900 mil.
Fui o primeiro a descobrir e publicar os escândalos do TCE (Tribunal de Contas do Estado do Rio). Mas sei reconhecer: a Veja, que continua Sujíssima (principalmente depois de receber 150 milhões da África do Sul), foi mais longe do que eu. Só que se escondeu no anonimato, denunciou apenas 5 conselheiros, devia exaltar os outros dois, já que são 7. O clima é de pânico no TCE, falam até em suicídio.
Como é que o TCE pretende credibilidade quando aceitou que o filho do governador fosse nomeado conselheiro? Jamais trabalhou na vida, mas é dono de terras valorizadas, como comprou?
Controla Resende, Itatiaia, Nogueira e mais uma porção de localidades. Tem até uma hípica, mais importante do que a do Rio.
Ontem às 9 horas da manhã, um grupo de sindicalistas ligados à CUT protocolou pedido de impeachment do presidente do Supremo, Gilmar Mendes. O pedido está muito bem fundamentado.
Base do pedido: os dois habeas-corpus concedidos pelo presidente do Supremo, aproveitando que o tribunal está em recesso. Mas deveria ter sido pedido ao Senado, que pode votar o impeachment de Gilmar. O Supremo também pode.
Impressionante: Daniel Dantas, Eike Batista e Cacciola aparecem em todas as fotos e na televisão exibindo enorme bom humor. Riam o tempo todo. Furiosos só Naji Nahas e Celso Pitta.
A questão sensibilizou a própria Justiça, que mandou algemar Daniel Dantas. Tanto isso é verdadeiro, que Cacciola, que vinha preso para o Brasil, pediu para não ser ALGEMADO. E a Justiça atendeu o pedido.
Quando é que a ALGEMA é necessária, até insubstituível? Ou então significa fragilidade da polícia, que apesar de todo o aparato tem medo de "perder" o prisioneiro? Mas sobre um fato, nenhuma dúvida: os desesperançados da vida continuarão sendo ALGEMADOS.
Falam muito em grampo, como se fosse coisa do outro mundo. Meus telefones foram grampeados oficialmente durante 20 anos.
Conversando sobre o assunto com Antonio Galotti, então todo-poderoso do sistema, ele me disse calmamente: "Helio, a coisa mais fácil é grampear telefone. Basta um funcionário subir num poste perto da tua casa e pronto".
Dizer que o major Curió "lutou contra a guerrilha do Araguaia" é desinformação completa. Lutou pelo próprio enriquecimento, conseguiu, parecia um vitorioso. Chegou a se eleger prefeito da cidade de Curionópolis, lógico, derivado do seu próprio nome.
Ganhou fortuna explorando os garimpeiros, chegou a colocar cartazes: "A Serra Pelada é nossa", na verdade era dele. O TSE acabou com a festa, cassou o mandato dele. Excelente.
Além de responder a tantos processos quanto Daniel Dantas, e pelas mesmas motivações, Henrique Meirelles dá uma entrevista por dia.
A de ontem: "Se a China desacelerar o crescimento econômico, os preços cairão no mercado". E se alguém disser isso ao Brasil?
Um ano da morte de 199 pessoas que estavam no avião da TAM. Ninguém recebeu nada, nem em dinheiro nem em atenção. E as autoridades estaduais e federais? Não tomam providências, ficam esperando o quê?
Desde 1999, os passageiros da TAM estão na mesma situação. A única diferença: um acidente completa 1 ano, o outro já está chegando a 10 anos. As empresas só fazem "retardar" as ações.
Deputados e senadores protestam contra o "excesso de medidas provisórias". Os parlamentares esquecem: PSDB e PFL (hoje DEM) apoiaram integralmente FHC, que disse textualmente: "Sem medida provisória não há governabilidade". E inundou o Congresso com esse abuso.
Desesperado, desprestigiado, desastrado (royalties para Beltrame) Serginho Cabralzinho filhinho pediu à TV Globo que queria falar no RJ TV. Atacou a corporação, quase linchou os policiais, abriu uma crise visível entre o governo e a oficialidade, citada assim.
Textual do governador: "A situação do Rio é de calamidade". E perguntou: "Que cidade é essa em que policiais morrem nas ruas?"
Garantiu: "É preciso que os oficiais da PM se aproximem dos soldados, dos sargentos, de toda a tropa". Mostrou que há divisão.
Continuou, ninguém conseguia fazer que parasse: "É preciso MENOS gabinete e MAIS rua". Uma constatação: os policiais não estão nas ruas. Contradição: o governador diz que estão morrendo nas ruas.
O governador não falou, nem ia falar, das centenas de oficiais que estão "requisitados fora das ruas". Só na Alerj são mais de 300, dando segurança a deputados inseguros.
Não falou no PM que matou um estudante na boate Baronetti. Esqueceu que o assassinato ocorreu entre 5 e 6 horas da manhã. Quer dizer: o PM passou a noite na boate, a que horas trabalhou?
XXX
Quando eu era garoto, cerveja era BRAHMA, guaraná ANTÁRTICA, soda limonada, HANSEÁTICA, todas brasileiras. Hoje são todas multinacionais, anunciam vastamente. Naturalmente essa publicidade é para defender a Liberdade de Expressão. A "lei seca", quem sabe, pode prejudicar essa LIBERDADE que os cervejeiros defendem com tanta bravura.
XXX
Dos jornalões em manchete: "Braço direito de Daniel Dantas se entrega". E o braço esquerdo, não serve? Canhotos estão preparando manifesto defendendo essa condição.
XXX
Já se passaram 3 dias da licença de Gilberto Carvalho do Planalto. Faltam 12 dias de angústia para ele, de suspense para o Planalto. Voltará?
Quando o general McArtur, por ordem do presidente Roosevelt, deixou as Filipinas, retumbou: "Eu voltarei". E voltou mesmo.
XXX
O Deutsche Bank é o quinto a "desaconselhar" a compra de ações de empresas de Eike Batista. DESACONSELHAR? Ha! Ha! Ha!
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Tão organizados como os narcotraficantes (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)
BRASÍLIA - Deve dar graças a Deus o delegado Protógenes Queiroz por haver sido afastado da operação envolvendo Daniel Dantas sob a alegação de precisar freqüentar em tempo integral um curso de aperfeiçoamento para policiais. Estivéssemos na Itália de tempos atrás e seria diferente: ao transitar por uma ponte qualquer, seu carro explodiria, com ele dentro.
Os métodos são diferentes, mas a Máfia é a mesma, lá e cá. Pode o ministro Tarso Genro comentar "mera coincidência" no afastamento do delegado, como pode o presidente Lula criticar o uso de algemas e a espetacularização das prisões, mas, na verdade, Protógenes Queiroz foi defenestrado porque incomodava. Pior ainda, porque seguiria em frente no inquérito, a um passo de comprovar a tentativa de suborno praticada por Daniel Dantas contra colegas seus. Quer dizer, de levar o cidadão para a cadeia, sem direito a habeas-corpus.
Alega-se uma decisão burocrática da cúpula da Polícia Federal, situação idêntica àquela que se conta para as crianças sobre o diálogo entre o lobo e o cordeiro. O crime de colarinho branco demonstra estar tão bem ou mais organizado do que o narcotráfico. Primeiro por plantar na imprensa uma sucessão de meias notícias visando denegrir o policial. Depois, porque nem o Palácio do Planalto constituiu-se em obstáculo para impedir a punição de um funcionário público que cumpria o seu dever. Ou precisamente por isso.
Daniel Dantas deve estar esfregando as mãos de satisfação e apregoando aos sete ventos que mexer com ele sempre será uma fria. Para onde vai o inquérito é pergunta ainda sem resposta, mas os delegados que sucederem Protógenes Queiroz estarão com as barbas de molho. Cada episódio, a partir de agora, precisará seguir minuciosa cadeia de cautela. Para botar uma equipe na rua os delegados consultarão até o contínuo que serve cafezinho nos gabinetes de seus incontáveis superiores.
E de lá para cima, passando pelo Ministério da Justiça, juízos de primeira instância, tribunais superiores e sucedâneos. Alguém duvida de que numa dessas fases, ou em várias delas, não estarão simpatizantes e assalariados de Daniel Dantas, sempre um lance adiante, preparados para alertar o banqueiro?
O segredo deixará de ser a alma do negócio, ou melhor, das investigações. Uma lição a mais passada pelos praticantes de crimes financeiros. Só falta mesmo ganhar o País o slogan de que "basta de intermediários, Daniel Dantas para presidente".
O Poder Moderador
Durante a semana ainda fluíam pelos corredores do Congresso agora posto em recesso comentários nada simpáticos à iniciativa do presidente Lula de reunir em seu gabinete o presidente do Supremo Tribunal Federal e o ministro da Justiça, visando pacificá-los. Tratou-se da repetição de uma figura singular em nossas instituições dos tempos do Império, a "chave de toda a organização política", ou seja, o renascimento do Poder Moderador.
Cabia ao imperador exercer esse poder, destinado a velar sobre "a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos". Estabeleciam-se situações que seriam cômicas se não fossem trágicas com quatro cadeiras e apenas três pessoas. Sempre que se verificava um impasse ou uma dissensão entre o Executivo e o Legislativo, ou o Executivo e o Judiciário, o imperador levantava-se da cadeira de chefe do Poder Executivo, que era, sentava-se na cadeira de chefe do Poder Moderador e dizia: "Agora vamos resolver a questão." Imagine-se como...
Fez coisa parecida o presidente Lula. Estava em choque o Judiciário, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o Executivo, pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Quem decidiu o conflito, até mesmo sem precisar deslocar-se da cadeira onde se posicionava em seu gabinete?
Tomara que não sejam seguidas as demais lições da Constituição de 1824, nesse capítulo, senão logo serão editadas medidas provisórias estabelecendo que "a pessoa do presidente é inviolável e sagrada: ele não está sujeito a responsabilidade alguma"...
Suco de uva em vez de vinho
Tudo tem limite, até essa polêmica Lei Seca, responsável pela diminuição do número de acidentes nas rodovias nacionais, mas em contrapartida, exprimindo uma lesão aos direitos individuais por proibir até mesmo a ingestão de um bombom de licor pelos motoristas.
Aconteceu pior na região de Ribeirão Preto. Um padre havia acabado de rezar missa em sua paróquia, mas deveria repetir a cerimônia num distrito próximo. Deslocou-se de carro e foi parado numa blitz da Polícia Rodoviária. Submetido ao bafômetro, viu-se reprovado. Havia tomado, no altar, o sagrado e histórico copo de vinho. A partir de agora, examina a hipótese de substituir o simbólico sangue de Cristo por um copo de suco de uva. Ainda bem que não se fabrica mais o "grapete", senão alguma multinacional logo arranjaria jeito para desencadear intensa campanha publicitária nas igrejas...
Convenhamos, nesse episódio o policial agiu com bom senso, era católico praticante e dispensou o prelado. Mas se, por hipótese, pertencesse à Igreja Universal ou outra evangélica qualquer, ou se fosse agnóstico, levaria ao pé da letra a aplicação da lei? Cassar a habilitação do padre e multá-lo em mais de 900 reais por haver celebrado missa?
Livra-se da Lei Seca quem pode dar-se ao luxo de dispor de motorista, ou, como derivativo, aqueles que utilizarem os serviços de táxi agora oferecidos pelos donos de bar. Mas o cidadão comum, aquele que não se embriaga, mas aprecia uma latinha de cerveja, um uísque ou uma taça de vinho, encontra-se nas garras do poder público, se sair dirigindo seu veículo. É o mal que nos assola desde o Descobrimento: o exagero.
Vai entrar para rachar
Do Palácio do Planalto chegam rumores de que o presidente Lula mostra-se disposto a não deixar acontecer, em outubro, o que aconteceu quatro anos atrás, quando Marta Suplicy perdeu no segundo turno a reeleição para a prefeitura de São Paulo. Em 2004, para José Serra, agora sob o risco de perder para Geraldo Alckmin, conforme as pesquisas, mesmo saindo vitoriosa na primeira votação.
Mesmo negando-se a subir na maioria dos palanques de seus companheiros e aliados, o presidente abrirá exceções, uma delas em São Paulo. Tanto por Marta, que se dispôs a deixar a tranqüilidade do Ministério do Turismo pela disputa nas ruas, quanto pelo fato de que, derrotado na maior cidade do País, o PT se enfraquecerá para a sucessão presidencial de 2010.
A pergunta que se faz é se votos se transferem. Pelo menos, não com facilidade. Assim, surge o reverso da medalha: e se Marta for derrotada, mesmo com o presidente Lula no palanque, o desgaste não será maior?
Os métodos são diferentes, mas a Máfia é a mesma, lá e cá. Pode o ministro Tarso Genro comentar "mera coincidência" no afastamento do delegado, como pode o presidente Lula criticar o uso de algemas e a espetacularização das prisões, mas, na verdade, Protógenes Queiroz foi defenestrado porque incomodava. Pior ainda, porque seguiria em frente no inquérito, a um passo de comprovar a tentativa de suborno praticada por Daniel Dantas contra colegas seus. Quer dizer, de levar o cidadão para a cadeia, sem direito a habeas-corpus.
Alega-se uma decisão burocrática da cúpula da Polícia Federal, situação idêntica àquela que se conta para as crianças sobre o diálogo entre o lobo e o cordeiro. O crime de colarinho branco demonstra estar tão bem ou mais organizado do que o narcotráfico. Primeiro por plantar na imprensa uma sucessão de meias notícias visando denegrir o policial. Depois, porque nem o Palácio do Planalto constituiu-se em obstáculo para impedir a punição de um funcionário público que cumpria o seu dever. Ou precisamente por isso.
Daniel Dantas deve estar esfregando as mãos de satisfação e apregoando aos sete ventos que mexer com ele sempre será uma fria. Para onde vai o inquérito é pergunta ainda sem resposta, mas os delegados que sucederem Protógenes Queiroz estarão com as barbas de molho. Cada episódio, a partir de agora, precisará seguir minuciosa cadeia de cautela. Para botar uma equipe na rua os delegados consultarão até o contínuo que serve cafezinho nos gabinetes de seus incontáveis superiores.
E de lá para cima, passando pelo Ministério da Justiça, juízos de primeira instância, tribunais superiores e sucedâneos. Alguém duvida de que numa dessas fases, ou em várias delas, não estarão simpatizantes e assalariados de Daniel Dantas, sempre um lance adiante, preparados para alertar o banqueiro?
O segredo deixará de ser a alma do negócio, ou melhor, das investigações. Uma lição a mais passada pelos praticantes de crimes financeiros. Só falta mesmo ganhar o País o slogan de que "basta de intermediários, Daniel Dantas para presidente".
O Poder Moderador
Durante a semana ainda fluíam pelos corredores do Congresso agora posto em recesso comentários nada simpáticos à iniciativa do presidente Lula de reunir em seu gabinete o presidente do Supremo Tribunal Federal e o ministro da Justiça, visando pacificá-los. Tratou-se da repetição de uma figura singular em nossas instituições dos tempos do Império, a "chave de toda a organização política", ou seja, o renascimento do Poder Moderador.
Cabia ao imperador exercer esse poder, destinado a velar sobre "a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos". Estabeleciam-se situações que seriam cômicas se não fossem trágicas com quatro cadeiras e apenas três pessoas. Sempre que se verificava um impasse ou uma dissensão entre o Executivo e o Legislativo, ou o Executivo e o Judiciário, o imperador levantava-se da cadeira de chefe do Poder Executivo, que era, sentava-se na cadeira de chefe do Poder Moderador e dizia: "Agora vamos resolver a questão." Imagine-se como...
Fez coisa parecida o presidente Lula. Estava em choque o Judiciário, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o Executivo, pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Quem decidiu o conflito, até mesmo sem precisar deslocar-se da cadeira onde se posicionava em seu gabinete?
Tomara que não sejam seguidas as demais lições da Constituição de 1824, nesse capítulo, senão logo serão editadas medidas provisórias estabelecendo que "a pessoa do presidente é inviolável e sagrada: ele não está sujeito a responsabilidade alguma"...
Suco de uva em vez de vinho
Tudo tem limite, até essa polêmica Lei Seca, responsável pela diminuição do número de acidentes nas rodovias nacionais, mas em contrapartida, exprimindo uma lesão aos direitos individuais por proibir até mesmo a ingestão de um bombom de licor pelos motoristas.
Aconteceu pior na região de Ribeirão Preto. Um padre havia acabado de rezar missa em sua paróquia, mas deveria repetir a cerimônia num distrito próximo. Deslocou-se de carro e foi parado numa blitz da Polícia Rodoviária. Submetido ao bafômetro, viu-se reprovado. Havia tomado, no altar, o sagrado e histórico copo de vinho. A partir de agora, examina a hipótese de substituir o simbólico sangue de Cristo por um copo de suco de uva. Ainda bem que não se fabrica mais o "grapete", senão alguma multinacional logo arranjaria jeito para desencadear intensa campanha publicitária nas igrejas...
Convenhamos, nesse episódio o policial agiu com bom senso, era católico praticante e dispensou o prelado. Mas se, por hipótese, pertencesse à Igreja Universal ou outra evangélica qualquer, ou se fosse agnóstico, levaria ao pé da letra a aplicação da lei? Cassar a habilitação do padre e multá-lo em mais de 900 reais por haver celebrado missa?
Livra-se da Lei Seca quem pode dar-se ao luxo de dispor de motorista, ou, como derivativo, aqueles que utilizarem os serviços de táxi agora oferecidos pelos donos de bar. Mas o cidadão comum, aquele que não se embriaga, mas aprecia uma latinha de cerveja, um uísque ou uma taça de vinho, encontra-se nas garras do poder público, se sair dirigindo seu veículo. É o mal que nos assola desde o Descobrimento: o exagero.
Vai entrar para rachar
Do Palácio do Planalto chegam rumores de que o presidente Lula mostra-se disposto a não deixar acontecer, em outubro, o que aconteceu quatro anos atrás, quando Marta Suplicy perdeu no segundo turno a reeleição para a prefeitura de São Paulo. Em 2004, para José Serra, agora sob o risco de perder para Geraldo Alckmin, conforme as pesquisas, mesmo saindo vitoriosa na primeira votação.
Mesmo negando-se a subir na maioria dos palanques de seus companheiros e aliados, o presidente abrirá exceções, uma delas em São Paulo. Tanto por Marta, que se dispôs a deixar a tranqüilidade do Ministério do Turismo pela disputa nas ruas, quanto pelo fato de que, derrotado na maior cidade do País, o PT se enfraquecerá para a sucessão presidencial de 2010.
A pergunta que se faz é se votos se transferem. Pelo menos, não com facilidade. Assim, surge o reverso da medalha: e se Marta for derrotada, mesmo com o presidente Lula no palanque, o desgaste não será maior?
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Voando de costas (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)
Simpático, elegante, boa conversa, boa gente, ele vivia nos bares, restaurantes, festas, nas chamadas "boas rodas" da sociedade paulista. Um dia, para surpresa dos amigos, cansou, sumiu completamente. Apareceu agricultor em Valinhos, a 60 quilômetros de São Paulo.
Tinha arranjado seis alqueires de terra, conseguiu financiamento agrícola no Banco do Brasil, plantou tudo que dava na região, uma beleza. De repente, chega a notícia: estava preso numa delegacia de São Paulo. José Paulo Freire, o Zé do Pé, fiel aos amigos 24 horas por dia, foi lá.
- O que é que aconteceu?
- Minha roça. Fui plantando, nos seis alqueires, tudo que dava por lá. Um dia, plantei outra coisa, deu azar. Maconha. Um alqueirizinho só.
- Como é que descobriram?
- O diabo dos passarinhos. Os passsarinhos comiam a sementinha, ficavam maluquinhos, num barato, e começavam a voar de costas. A vizinhança nunca tinha visto passarinho voar de costas. A polícia apareceu.
José Paulo Freire achava que a "Esquadrilha da Fumaça" nasceu ali.
Em pane
No mesmo dia em que o saudoso Zé do Pé me contou essa história, em almoço no Padock, em São Paulo, fui a uma assembléia do Sindicato Nacional dos Aeronautas. Saí assustado e escrevi esse texto, que publiquei aqui, em 26 de março de 1978. Título: "Aeroportos em pane".
Exatamente há 30 anos. Parece que foi ontem e que adivinhei.
1 - "O Brasil tem uma das maiores redes aéreas do mundo. Todos sabem. A aviação brasileira é uma das mais adiantadas do mundo. Todos sabem. O Brasil utiliza os mais modernos aviões do mundo. Todos sabem.
Mas não sei se vocês sabem que os aeroportos brasileiros são dos piores do mundo. Com alguns problemas graves. Tão graves que, a qualquer instante, podem transformar-se em gravíssimos. E vai ser tarde para chorar.
2 - Há uma regra mundial básica para aeroporto: jato só pode operar em aeroporto de mais de 2 mil metros. Mesmo jato menor, o Lear-Jet e o Boeing-737-200. Pois o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, encravado no coração da cidade imensa, tem exatamente 1.738 metros de pista. A segunda pista tem 1.300 metros.
Congonhas
3 - E no entanto em Congonhas estão descendo, todos os dias, até os novos Airbus, aviões enormes, alguns de mais de 200 passageiros, que exigem normalmente pistas mínimas de além de 2.200 metros.
Já nem cito o da Pampulha, em Belo Horizonte. Esse é hors-concours. Os pilotos sabem que é o pior do País. E continua funcionando, cada dia com mais aviões. (Foi o único realmente enxugado. Para Confins.)
4 - Não basta o Brasil comprar sempre novos aviões, reequipar suas empresas e aumentar dia a dia o padrão de seus serviços aéreos. Também não basta o aeronauta brasileiro, pilotos e comissários, ser considerado entre os mais preparados e eficientes da aviação mundial.
Avião não é passarinho, que voa do galho e desce na grama. E muito menos aterrissa de costas. Avião precisa de aeroporto. E os aeroportos brasileiros estão em pane. Precisam de socorro. Enquanto é tempo".
Jobim
Hoje (30 anos depois de escrever essa coluna), já faz um ano que o Airbus da TAM não freou e explodiu no minúsculo aeroporto de Congonhas, matando 199 pessoas. Não agiram enquanto era tempo.
E não querem agir agora. Anteontem, o ministro da Defesa Nelson Jobim deu inacreditáveis, levianas e irresponsáveis declarações:
"O aeroporto de Congonhas vive atualmente uma situação de segurança absoluta (sic). A situação de segurança em Congonhas é absoluta. Reduzimos de 48 para 34 os pousos e decolagens a cada hora: 30 para a aviação comercial e 4 para a aviação geral, que são os táxis aéreos. Houve uma redução importante no volume de passageiros com a transferência de vôos para Guarulhos" (TRIBUNA DA IMPRENSA).
Mas o problema principal, o tamanho da pista, continuou.
TAM
O diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, respondeu, afirmando ao "Estado de S. Paulo" que "os perigos e riscos para operações em Congonhas permanecem: Congonhas vive o contraste de operar aviões grandes em uma pista pequena, de 1.790 metros; a cada mil pousos de aviões grandes com problemas, um pode acabar em acidente".
Um ano após a tragédia com o avião da TAM, laudo da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (Direng) mostrou que "a maxtextura do asfalto do Aeroporto de Congonhas está abaixo do padrão mínimo de segurança: tem em média 0,35 milímetros, quando o mínimo estipulado pela norma IAC 4.302 do extinto DAC é de 0,5 milímetros" ("O Globo").
"Caos aéreo: em Congonhas, o aeroporto mais importante do País, a solução apresentada para diminuir o risco de acidentes era reduzir em 40% os pousos e as decolagens. A redução foi de apenas 20%. O aeroporto segue em seu ritmo frenético, com 36.500 usuários e quase 500 aviões de passageiros pousando e decolando todos os dias, cercado de prédios e casas por todos os lados. A reduzida extensão da pista acabou se agravando. Para criar uma área de escape, encolheu-se em 150 metros cada cabeceira" ("Veja"). E as chuvas não começaram. Quando vierem, pode vir nova tragédia.
Tinha arranjado seis alqueires de terra, conseguiu financiamento agrícola no Banco do Brasil, plantou tudo que dava na região, uma beleza. De repente, chega a notícia: estava preso numa delegacia de São Paulo. José Paulo Freire, o Zé do Pé, fiel aos amigos 24 horas por dia, foi lá.
- O que é que aconteceu?
- Minha roça. Fui plantando, nos seis alqueires, tudo que dava por lá. Um dia, plantei outra coisa, deu azar. Maconha. Um alqueirizinho só.
- Como é que descobriram?
- O diabo dos passarinhos. Os passsarinhos comiam a sementinha, ficavam maluquinhos, num barato, e começavam a voar de costas. A vizinhança nunca tinha visto passarinho voar de costas. A polícia apareceu.
José Paulo Freire achava que a "Esquadrilha da Fumaça" nasceu ali.
Em pane
No mesmo dia em que o saudoso Zé do Pé me contou essa história, em almoço no Padock, em São Paulo, fui a uma assembléia do Sindicato Nacional dos Aeronautas. Saí assustado e escrevi esse texto, que publiquei aqui, em 26 de março de 1978. Título: "Aeroportos em pane".
Exatamente há 30 anos. Parece que foi ontem e que adivinhei.
1 - "O Brasil tem uma das maiores redes aéreas do mundo. Todos sabem. A aviação brasileira é uma das mais adiantadas do mundo. Todos sabem. O Brasil utiliza os mais modernos aviões do mundo. Todos sabem.
Mas não sei se vocês sabem que os aeroportos brasileiros são dos piores do mundo. Com alguns problemas graves. Tão graves que, a qualquer instante, podem transformar-se em gravíssimos. E vai ser tarde para chorar.
2 - Há uma regra mundial básica para aeroporto: jato só pode operar em aeroporto de mais de 2 mil metros. Mesmo jato menor, o Lear-Jet e o Boeing-737-200. Pois o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, encravado no coração da cidade imensa, tem exatamente 1.738 metros de pista. A segunda pista tem 1.300 metros.
Congonhas
3 - E no entanto em Congonhas estão descendo, todos os dias, até os novos Airbus, aviões enormes, alguns de mais de 200 passageiros, que exigem normalmente pistas mínimas de além de 2.200 metros.
Já nem cito o da Pampulha, em Belo Horizonte. Esse é hors-concours. Os pilotos sabem que é o pior do País. E continua funcionando, cada dia com mais aviões. (Foi o único realmente enxugado. Para Confins.)
4 - Não basta o Brasil comprar sempre novos aviões, reequipar suas empresas e aumentar dia a dia o padrão de seus serviços aéreos. Também não basta o aeronauta brasileiro, pilotos e comissários, ser considerado entre os mais preparados e eficientes da aviação mundial.
Avião não é passarinho, que voa do galho e desce na grama. E muito menos aterrissa de costas. Avião precisa de aeroporto. E os aeroportos brasileiros estão em pane. Precisam de socorro. Enquanto é tempo".
Jobim
Hoje (30 anos depois de escrever essa coluna), já faz um ano que o Airbus da TAM não freou e explodiu no minúsculo aeroporto de Congonhas, matando 199 pessoas. Não agiram enquanto era tempo.
E não querem agir agora. Anteontem, o ministro da Defesa Nelson Jobim deu inacreditáveis, levianas e irresponsáveis declarações:
"O aeroporto de Congonhas vive atualmente uma situação de segurança absoluta (sic). A situação de segurança em Congonhas é absoluta. Reduzimos de 48 para 34 os pousos e decolagens a cada hora: 30 para a aviação comercial e 4 para a aviação geral, que são os táxis aéreos. Houve uma redução importante no volume de passageiros com a transferência de vôos para Guarulhos" (TRIBUNA DA IMPRENSA).
Mas o problema principal, o tamanho da pista, continuou.
TAM
O diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, respondeu, afirmando ao "Estado de S. Paulo" que "os perigos e riscos para operações em Congonhas permanecem: Congonhas vive o contraste de operar aviões grandes em uma pista pequena, de 1.790 metros; a cada mil pousos de aviões grandes com problemas, um pode acabar em acidente".
Um ano após a tragédia com o avião da TAM, laudo da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica (Direng) mostrou que "a maxtextura do asfalto do Aeroporto de Congonhas está abaixo do padrão mínimo de segurança: tem em média 0,35 milímetros, quando o mínimo estipulado pela norma IAC 4.302 do extinto DAC é de 0,5 milímetros" ("O Globo").
"Caos aéreo: em Congonhas, o aeroporto mais importante do País, a solução apresentada para diminuir o risco de acidentes era reduzir em 40% os pousos e as decolagens. A redução foi de apenas 20%. O aeroporto segue em seu ritmo frenético, com 36.500 usuários e quase 500 aviões de passageiros pousando e decolando todos os dias, cercado de prédios e casas por todos os lados. A reduzida extensão da pista acabou se agravando. Para criar uma área de escape, encolheu-se em 150 metros cada cabeceira" ("Veja"). E as chuvas não começaram. Quando vierem, pode vir nova tragédia.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Nunca houve um ministro como Gilmar Mendes (Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa)
Foram absolutamente desastradas, despropositadas, de uma grosseria incrível, as declarações do ministro Gilmar Mendes contra o ministro Tarso Genro, apenas porque este defendeu a ação da Polícia Federal contra o banqueiro Daniel Dantas e sustentou que será muito difícil o controlador do Opportunity provar sua inocência. Tarso Genro não se referiu ao presidente do Supremo Tribunal Federal.
Mas surpreendentemente suas palavras incomodaram tanto que Gilmar Mendes, em resposta inusitada ao que não lhe foi imputado, disse que o titular da Justiça não tem competência para decidir inquéritos, muito menos prisão preventiva. Não cabe ao ministro da Justiça julgar, acrescentou Mendes.
Francamente, em toda a história do Supremo Tribunal Federal nunca houve um juiz como Gilmar Mendes. Ele desfocou totalmente a questão colocada por Tarso Genro. Este não quis julgar ninguém, tampouco decretar prisão preventiva alguma. Quis somente defender a ação da Polícia Federal. Não entrou no mérito da prisão preventiva. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, Gilmar Mendes não tem razão em dizer que Tarso Genro não tem competência para decidir inquéritos. Tem sim. Tanto tem que a Polícia Federal lhe é diretamente subordinada. Em caso de dúvida, terá que decidir. Um presidente do Supremo não pode desconhecer matéria tão primária. Em segundo lugar, Tarso Genro não se referiu à prisão preventiva de Daniel Dantas.
Referiu-se ao julgamento final da questão. Por que isso teria irritado tanto Gilmar Mendes? Não se compreende. Gilmar Mendes concedeu dois habeas corpus a Dantas. Não julgou o processo contra ele. É claro. Não o absolveu. Não entrou no mérito do problema. Nem poderia. Ele unicamente achou inadequadas as prisões preventivas estabelecidas pelo juiz Fausto de Sanctis.
A impressão que dá é de que Gilmar Mendes caiu numa cilada armada por Tarso Genro. Neste caso, nesta hipótese, seu comportamento foi infantil demais. Tomado de fúria, não guardou a isenção e a serenidade, muito menos a distância que um ministro do STF deve manter, não só em relação ao caso Dantas-Naji Nahas-Celso Pita, mas em relação a tudo. Não levou em conta a majestade do cargo que ocupa. Enquanto isso, em São Paulo, na segunda-feira, juízes, promotores e procuradores reuniram-se em torno do juiz Fausto de Sanctis, para prestigiar suas decisões e, com isso, diretamente, manifestarem-se contra Gilmar Mendes.
Criou-se no País uma atmosfera efetivamente contrária ao presidente do Supremo. A impressão deixada por Mendes junto à opinião pública, sem a qual ninguém consegue exercer nada de positivo, é a de que ele, Mendes, considera antecipadamente Daniel Dantas inocente. Isso porque ao defender a liberdade do banqueiro não fez qualquer ressalva quanto ao julgamento definitivo que inevitavelmente terá que ocorrer.
Daniel Dantas, inclusive, como todos tomaram conhecimento, é acusado também de tentativa de suborno do delegado Protógenes Queiroz. Só parte para tentativa de suborno quem, tacitamente, se considera culpado. Agravando o panorama para o ministro Gilmar Mendes, seu ataque a Tarso Genro foi publicado no mesmo dia em que a imprensa revelou que o homem de confiança de Dantas, Humberto Braz, que se encontrava oculto, decidiu entregar-se à Polícia Federal. Há um filme gravado sobre sua atuação na proposta de suborno. Daniel
Dantas está profundamente complicado em toda a trama. Gilmar Mendes, na minha impressão, deixou-se levar pela emoção demasiada e foi tragado por um redemoinho de contradições. Não desempenhou um papel público à altura do posto que ocupa e exerce. Afinal de contas, ele é o atual presidente da Corte Suprema. Deverá afastar-se, até em benefício próprio, pois, enquanto permanecer, estará alimentando uma polêmica que tende a se aprofundar e acirrar cada vez mais.
Na terça-feira também, em artigo na "Folha de S. Paulo", Carlos Heitor Cony focalizou uma denúncia do jurista Dalmo Dallari. O Supremo Tribunal Federal não deve ser presidido por um juiz como Gilmar Mendes. Não demonstrou a devida serenidade para a missão de julgar. Antecipou-se ao processo. O foro de Daniel Dantas não é sequer privilegiado. Tanto não é que a ação contra ele encontra-se nas mãos do juiz Fausto de Sanctis, de primeira instância. Se fosse privilegiado, seus advogados já teriam desqualificado a decisão original de prisão preventiva no Tribunal Regional Federal de São Paulo, não havendo necessidade de recorrer ao STF.
O caso Daniel Dantas é extremamente complicado. Tão complicado que o jornal "Valor" publica, em sua edição também de 15 de julho, que a Comissão de Valores Mobiliários decidiu restringir a atuação de sociedades anônimas brasileiras que têm sedes em paraísos fiscais e operam na Bolsa de Valores de São Paulo. Tais empresas caracterizam-se como internacionais, porém seus ativos são na realidade brasileiros.
Na falsa qualidade, beneficiam-se dos incentivos financeiros existentes para aplicações no mercado acionário. Qual mercado acionário? O de Nova York? O de Londres? Não. O mercado brasileiro, que gira na Bovespa. Pela decisão da CVM, pode-se avaliar a torrente de questionamentos que vem por aí. Vem tarde. Mas antes tarde do que nunca.
Mas surpreendentemente suas palavras incomodaram tanto que Gilmar Mendes, em resposta inusitada ao que não lhe foi imputado, disse que o titular da Justiça não tem competência para decidir inquéritos, muito menos prisão preventiva. Não cabe ao ministro da Justiça julgar, acrescentou Mendes.
Francamente, em toda a história do Supremo Tribunal Federal nunca houve um juiz como Gilmar Mendes. Ele desfocou totalmente a questão colocada por Tarso Genro. Este não quis julgar ninguém, tampouco decretar prisão preventiva alguma. Quis somente defender a ação da Polícia Federal. Não entrou no mérito da prisão preventiva. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, Gilmar Mendes não tem razão em dizer que Tarso Genro não tem competência para decidir inquéritos. Tem sim. Tanto tem que a Polícia Federal lhe é diretamente subordinada. Em caso de dúvida, terá que decidir. Um presidente do Supremo não pode desconhecer matéria tão primária. Em segundo lugar, Tarso Genro não se referiu à prisão preventiva de Daniel Dantas.
Referiu-se ao julgamento final da questão. Por que isso teria irritado tanto Gilmar Mendes? Não se compreende. Gilmar Mendes concedeu dois habeas corpus a Dantas. Não julgou o processo contra ele. É claro. Não o absolveu. Não entrou no mérito do problema. Nem poderia. Ele unicamente achou inadequadas as prisões preventivas estabelecidas pelo juiz Fausto de Sanctis.
A impressão que dá é de que Gilmar Mendes caiu numa cilada armada por Tarso Genro. Neste caso, nesta hipótese, seu comportamento foi infantil demais. Tomado de fúria, não guardou a isenção e a serenidade, muito menos a distância que um ministro do STF deve manter, não só em relação ao caso Dantas-Naji Nahas-Celso Pita, mas em relação a tudo. Não levou em conta a majestade do cargo que ocupa. Enquanto isso, em São Paulo, na segunda-feira, juízes, promotores e procuradores reuniram-se em torno do juiz Fausto de Sanctis, para prestigiar suas decisões e, com isso, diretamente, manifestarem-se contra Gilmar Mendes.
Criou-se no País uma atmosfera efetivamente contrária ao presidente do Supremo. A impressão deixada por Mendes junto à opinião pública, sem a qual ninguém consegue exercer nada de positivo, é a de que ele, Mendes, considera antecipadamente Daniel Dantas inocente. Isso porque ao defender a liberdade do banqueiro não fez qualquer ressalva quanto ao julgamento definitivo que inevitavelmente terá que ocorrer.
Daniel Dantas, inclusive, como todos tomaram conhecimento, é acusado também de tentativa de suborno do delegado Protógenes Queiroz. Só parte para tentativa de suborno quem, tacitamente, se considera culpado. Agravando o panorama para o ministro Gilmar Mendes, seu ataque a Tarso Genro foi publicado no mesmo dia em que a imprensa revelou que o homem de confiança de Dantas, Humberto Braz, que se encontrava oculto, decidiu entregar-se à Polícia Federal. Há um filme gravado sobre sua atuação na proposta de suborno. Daniel
Dantas está profundamente complicado em toda a trama. Gilmar Mendes, na minha impressão, deixou-se levar pela emoção demasiada e foi tragado por um redemoinho de contradições. Não desempenhou um papel público à altura do posto que ocupa e exerce. Afinal de contas, ele é o atual presidente da Corte Suprema. Deverá afastar-se, até em benefício próprio, pois, enquanto permanecer, estará alimentando uma polêmica que tende a se aprofundar e acirrar cada vez mais.
Na terça-feira também, em artigo na "Folha de S. Paulo", Carlos Heitor Cony focalizou uma denúncia do jurista Dalmo Dallari. O Supremo Tribunal Federal não deve ser presidido por um juiz como Gilmar Mendes. Não demonstrou a devida serenidade para a missão de julgar. Antecipou-se ao processo. O foro de Daniel Dantas não é sequer privilegiado. Tanto não é que a ação contra ele encontra-se nas mãos do juiz Fausto de Sanctis, de primeira instância. Se fosse privilegiado, seus advogados já teriam desqualificado a decisão original de prisão preventiva no Tribunal Regional Federal de São Paulo, não havendo necessidade de recorrer ao STF.
O caso Daniel Dantas é extremamente complicado. Tão complicado que o jornal "Valor" publica, em sua edição também de 15 de julho, que a Comissão de Valores Mobiliários decidiu restringir a atuação de sociedades anônimas brasileiras que têm sedes em paraísos fiscais e operam na Bolsa de Valores de São Paulo. Tais empresas caracterizam-se como internacionais, porém seus ativos são na realidade brasileiros.
Na falsa qualidade, beneficiam-se dos incentivos financeiros existentes para aplicações no mercado acionário. Qual mercado acionário? O de Nova York? O de Londres? Não. O mercado brasileiro, que gira na Bovespa. Pela decisão da CVM, pode-se avaliar a torrente de questionamentos que vem por aí. Vem tarde. Mas antes tarde do que nunca.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Aos 80 anos, a inflação reaviva a ambição de Delfim (Helio Fernandes)
Ministro em 3 "governos", embaixador em outro, não foi governador ou presidente
Delfim Netto, 12 anos e meio senhor da economia brasileira (com os "presidentes" Costa e Silva, Medici e João Figueiredo), não tendo mais acesso fácil a Lula, manda recado a ele pelo jornal.
Cita e transcreve Paul Volker, um dos seus ídolos na economia dos Estados Unidos. Principalmente nos tempos de inflação interna, quando o país tinha que usar o dólar verdadeiro, consagrado em 1944 em Bretton Woods, com a ajuda generosa (para os dois lados) do economista inglês, John Maynard Keynes.
O ex-poderoso ministro quer aparecer como campeão do combate à inflação. Não só porque essa seria uma glória da qual está precisando, mas também porque se vingaria dos empresários de São Paulo. Ninguém ajudou mais os empresários paulistas, principalmente banqueiros e "trabalhadores financeiros", do que Delfim Netto, sempre que era ministro. O único "presidente" que tinha horror a ele, Ernesto Geisel, não queria que fizesse parte do seu governo.
Mas um acidente de percurso, provocado por esses mesmos empresários, obrigou Ernesto Geisel a fazer de Delfim Netto embaixador na França. Motivo: o "governador" de SP, escolhido e nomeado por Geisel, se queixou a ele: "Presidente, não posso governar com Delfim em SP. Nas reuniões da Fiesp, ninguém fala comigo, todos ficam girando em volta de Delfim". Pragmático, sem fé e sem convicção, Geisel perguntou, "o que você quer que eu faça?". O "governador", rapidíssimo: "Por favor, mande ele para o exterior". E Delfim foi feito embaixador na França.
De 1986 em diante, Delfim foi feito deputado votadíssimo para a Câmara Federal. Só foi derrotado, a primeira vez na vida, 20 anos depois, em 2006. Mudou de partido, foi para o PMDB, os empresários se vingaram, não queriam que entrasse nesse partido, não mandaram votar nele. Eis Delfim Netto sem mandato.
Delfim esconde muita coisa que fez na vida, incluindo o financiamento colossal para a Ponte Rio-Niterói. Mas não pode esconder a frase genial de Medici (ditada para ele pelo brilhante então coronel Otavio Costa): "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Medici nunca percebeu o que estava dizendo, mas também jamais alguém lhe "soprou" nada mais importante.
(Quase a mesma coisa dita pelo general-presidente Eisenhower ao deixar o governo em 1960: "O mundo é dominado pelo complexo industrial militar". Também genial, inspiração do seu "vice timoneiro" de 8 anos, Richard Nixon, que acabou injustiçado).
Delfim cita o que sabe que não atinge pessoalmente o presidente Lula, coloca bem no alto o que pode criar problemas para Mantega e Meirelles. Apesar de toda a ambição, Delfim, que chegou muito mais longe do que devia, jamais será presidente. Mas fazer parte da equipe econômica num dos lugares chaves (apenas dois) tem certeza de que não é absurdo.
Diz que "a inflação nos EUA chegou a incríveis 14% ao ano, com os juros em 21%". Não dá uma palavra sobre o Japão, com juro ZERO e nenhuma inflação. Não fala do governo Juscelino, "pai e mãe da inflação moderna", com a maluquice de construir uma capital com todos os materiais (até água) transportados de avião.
Não faz a menor referência aos juros de FHC, que chegaram a espantosos 48 por cento ao ano. Mas aí por um fator pouco conhecido: os economistas que trabalhavam no Real estavam perdidos, eles mesmos não sabiam nada do que acontecia. Diante das dificuldades, do medo de "vazamento", do crescimento da inflação e dos juros, a saída foi "comprar mais 4 anos de mandato". Delfim conhece o fato, quem sabe não esteja insinuando a Lula "que com inflação e para combatê-la, o melhor seria o TERCEIRO MANDATO, igual ao SEGUNDO de FHC?".
PS - Delfim Netto é resistente e insistente. Em plena ditadura, o adido do Exército na França redigiu e mandou para o Alto Comando o que se chamou de "Relatório Saraiva", que publiquei com exclusividade.
PS 2 - Depois de muitas reuniões, apesar do estarrecimento com as denúncias provadas e comprovadas, o Exército tinha que decidir entre um coronel brilhante e um civil ambicioso. Salvou Delfim, que ficou cada vez mais poderoso. E voltaria novamente ao Ministério da Fazenda. Que República. Mas os crimes financeiros praticados por Delfim, não P-R-E-S-C-R-E-V-E-M.
Celio Borja
Brilhante jurista da Souza Cruz, artífice da prorrogação do mandato de Castelo Branco. Faz 80 anos, acontece.
Tasso Jereissati, numa declaração que "esqueceu" de fazer, quando substituiu o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, envolvido em escândalos colossais de desvio de dinheiros públicos: "Corremos o risco de sermos mal interpretados pela imprensa, de parecermos estar defendendo tubarões". A frase não tem que estar na condicional, senador, é efetiva e realista. O que faz um senador defender um falcatrueiro acusado há 20 anos?
Não há suspeita, dúvida ou informe. É apenas informação: todo o dinheiro enviado por Dantas ou pelo Opportunity representa crime financeiro. E lógico, com o rótulo "lavagem de dinheiro".
Antigamente, para enviar dinheiro para o exterior, havia complicadíssima operação. Agora, com o avanço da tecnologia, basta apertar um botão. E tudo está programado, o dinheiro fica um dia em cada paraíso fiscal, de acordo com o estabelecido.
E uma parte desse dinheiro "volta" como investimento de estrangeiros, pessoa física ou de multinacionais. Facílimo.
Os 97 que seriam nomeados sem concurso para cargos de 10 mil por mês serão fulminados pelo plenário do Senado. Alguns já eram até conhecidos, esperavam o 1º de agosto. Que não existirá.
O advogado milionário do cliente bilionário (Daniel Dantas) é chamado para defender "causas volumosas, sempre com desvio de dinheiro público, lavagem, formação de quadrilha". Tem vasta experiência.
E o "quadrilheiro" Daniel Dantas provoca enormes gargalhadas ao dizer: "Estou sendo preso por perseguição política". Se isso fosse verdade, como justificar tanto tempo em liberdade?
Naji Nahas e Celso Pitta não esperavam ser soltos, o prestígio deles não é tão grande quanto o de Daniel Dantas. Foram favorecidos por um ato de REPRESÁLIA do ministro Gilmar Mendes.
Celio Borja, diretor da Souza Cruz, faz hoje 80 anos, não é o seu grande momento. Esse foi quando votou a favor da PRORROGAÇÃO do mandato de Castelo Branco. Ficou empatado. Era a liquidação de Carlos Lacerda, que tanto ajudou sua carreira.
Há muito tempo venho alertando sobre a COMPRA de terras no Brasil. Fiz a advertência: durante muitos anos acreditamos que a Amazônia seria invadida por tropas, logicamente estrangeiras, para o domínio.
Com a licença e a licenciosidade para a aquisição de terras, mudei o tom. Teremos que responder a tribunais de vários países, pelo fato do Brasil ter VENDIDO terras, recebido o dinheiro e não ter "honrado" o compromisso. Que República.
Se é verdade que o "prefeito" Kassab disse que "eleição só começa depois do horário da novela", está mais perdido do que se imaginava. Ele está em terceiro, porque só existem três candidatos.
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: em Salvador, 4 candidatos têm chance de irem para o segundo turno. ACM-neto, Walter Pinheiro, Antonio Imbassahy e João Henrique estão no mesmo patamar.
No governo, ninguém consegue descobrir as atividades do ministro Miguel Jorge. Vindo do setor automobilístico, parece que lá era mais eficiente.
A campanha pela eleição de Luiz Paulo Horta na vaga de Zelia Gattai está seguindo em alta velocidade. Fabio Lucas, paulista, já perdeu os votos de Ligia Fagundes Telles e João de Scatimburgo, paulistas como ele.
Alberto Costa e Silva não votará mais em Fabio Lucas, o que libera o voto de Murilo de Carvalho. Garantiram a próxima vaga para Cleonice Barardinelli, e ganhar o voto de Afonsinho Arinos e mais um outro.
O medo: que no terceiro escritínio despejem votos em Ziraldo ou Antonio Torres, não elegendo ninguém. Pode ser.
A greve dos carteiros atingiu hoje quatorze dias sem que o governo conseguisse solucionar o problema. Causa: como em tantas outras greves, está na falta de uma política salarial e trabalhista no País.
As relações entre capital e trabalho foram explodidas pelos ares pelo ex-presidente FHC, e seus alicerces ainda não foram reconstruídos por Lula. Resultado: paralisações de serviços essenciais que prejudicam a todos e a economia do País. O Procon limitou-se a aconselhar os habitantes do Rio a tomarem a iniciativa de buscar suas contas.
Absurdo total. No Rio, existem 1 milhão e 300 mil domicílios. As contas são de luz, telefone, gás, aluguel, condomínio, IPTU, assinatura de TV a cabo. O movimento diário é enorme.
Ia esquecendo os planos de saúde. O resultado é que, quando a greve terminar, todas as contas virão com juros e ameaças de cortes.
Não tem sentido. Os contribuintes é que vão pagar as diferenças. O caso dos planos de saúde exige mais atenção. Porque eles estão doidos para se livrarem de seus associados mais velhos.
Podem encontrar pretexto para cancelar planos pagos há mais de 30 anos. Vale a pena pedir a atenção da Agência Nacional de Saúde.
XXX
Ainda não cumprido um terço do brasileirão, Flamengo e Vasco botaram 64 mil pagantes no Maracanã. Jogo razoável. O novo presidente, Roberto Dinamite, que deu clima de democracia ao Vasco, convidou o ídolo adversário, Zico, para assistir ao jogo ao seu lado, Zico aceitou, lógico.
Marcio Braga soube, chegou cedo, sentou ao lado do presidente do Vasco, que ficou em visível constrangimento. Marcio Braga não foi jogador, não é ídolo, nem convidado. Que República, até no futebol.
XXX
O novo técnico do Botafogo, Ney Franco, assumiu e foi logo dizendo: "Vamos para a Libertadores". Vencia fácil por 2 a 0, perdeu gols "impossíveis", o Santos empatou e quase vencia. O Cuca saído do Botafogo e depois de 8 jogos sem vitória retumba: "Vamos para o título e para a Libertadores".
XXX
O Brasil que já se julga superpotência (devia ser há 100 anos), no futebol não percebeu. Caio Junior assumiu no Flamengo, já recebeu "proposta irrecusável" do Qatar. Se é irrecusável, tem que aceitar. Com que dinheiro?
Delfim Netto, 12 anos e meio senhor da economia brasileira (com os "presidentes" Costa e Silva, Medici e João Figueiredo), não tendo mais acesso fácil a Lula, manda recado a ele pelo jornal.
Cita e transcreve Paul Volker, um dos seus ídolos na economia dos Estados Unidos. Principalmente nos tempos de inflação interna, quando o país tinha que usar o dólar verdadeiro, consagrado em 1944 em Bretton Woods, com a ajuda generosa (para os dois lados) do economista inglês, John Maynard Keynes.
O ex-poderoso ministro quer aparecer como campeão do combate à inflação. Não só porque essa seria uma glória da qual está precisando, mas também porque se vingaria dos empresários de São Paulo. Ninguém ajudou mais os empresários paulistas, principalmente banqueiros e "trabalhadores financeiros", do que Delfim Netto, sempre que era ministro. O único "presidente" que tinha horror a ele, Ernesto Geisel, não queria que fizesse parte do seu governo.
Mas um acidente de percurso, provocado por esses mesmos empresários, obrigou Ernesto Geisel a fazer de Delfim Netto embaixador na França. Motivo: o "governador" de SP, escolhido e nomeado por Geisel, se queixou a ele: "Presidente, não posso governar com Delfim em SP. Nas reuniões da Fiesp, ninguém fala comigo, todos ficam girando em volta de Delfim". Pragmático, sem fé e sem convicção, Geisel perguntou, "o que você quer que eu faça?". O "governador", rapidíssimo: "Por favor, mande ele para o exterior". E Delfim foi feito embaixador na França.
De 1986 em diante, Delfim foi feito deputado votadíssimo para a Câmara Federal. Só foi derrotado, a primeira vez na vida, 20 anos depois, em 2006. Mudou de partido, foi para o PMDB, os empresários se vingaram, não queriam que entrasse nesse partido, não mandaram votar nele. Eis Delfim Netto sem mandato.
Delfim esconde muita coisa que fez na vida, incluindo o financiamento colossal para a Ponte Rio-Niterói. Mas não pode esconder a frase genial de Medici (ditada para ele pelo brilhante então coronel Otavio Costa): "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Medici nunca percebeu o que estava dizendo, mas também jamais alguém lhe "soprou" nada mais importante.
(Quase a mesma coisa dita pelo general-presidente Eisenhower ao deixar o governo em 1960: "O mundo é dominado pelo complexo industrial militar". Também genial, inspiração do seu "vice timoneiro" de 8 anos, Richard Nixon, que acabou injustiçado).
Delfim cita o que sabe que não atinge pessoalmente o presidente Lula, coloca bem no alto o que pode criar problemas para Mantega e Meirelles. Apesar de toda a ambição, Delfim, que chegou muito mais longe do que devia, jamais será presidente. Mas fazer parte da equipe econômica num dos lugares chaves (apenas dois) tem certeza de que não é absurdo.
Diz que "a inflação nos EUA chegou a incríveis 14% ao ano, com os juros em 21%". Não dá uma palavra sobre o Japão, com juro ZERO e nenhuma inflação. Não fala do governo Juscelino, "pai e mãe da inflação moderna", com a maluquice de construir uma capital com todos os materiais (até água) transportados de avião.
Não faz a menor referência aos juros de FHC, que chegaram a espantosos 48 por cento ao ano. Mas aí por um fator pouco conhecido: os economistas que trabalhavam no Real estavam perdidos, eles mesmos não sabiam nada do que acontecia. Diante das dificuldades, do medo de "vazamento", do crescimento da inflação e dos juros, a saída foi "comprar mais 4 anos de mandato". Delfim conhece o fato, quem sabe não esteja insinuando a Lula "que com inflação e para combatê-la, o melhor seria o TERCEIRO MANDATO, igual ao SEGUNDO de FHC?".
PS - Delfim Netto é resistente e insistente. Em plena ditadura, o adido do Exército na França redigiu e mandou para o Alto Comando o que se chamou de "Relatório Saraiva", que publiquei com exclusividade.
PS 2 - Depois de muitas reuniões, apesar do estarrecimento com as denúncias provadas e comprovadas, o Exército tinha que decidir entre um coronel brilhante e um civil ambicioso. Salvou Delfim, que ficou cada vez mais poderoso. E voltaria novamente ao Ministério da Fazenda. Que República. Mas os crimes financeiros praticados por Delfim, não P-R-E-S-C-R-E-V-E-M.
Celio Borja
Brilhante jurista da Souza Cruz, artífice da prorrogação do mandato de Castelo Branco. Faz 80 anos, acontece.
Tasso Jereissati, numa declaração que "esqueceu" de fazer, quando substituiu o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, envolvido em escândalos colossais de desvio de dinheiros públicos: "Corremos o risco de sermos mal interpretados pela imprensa, de parecermos estar defendendo tubarões". A frase não tem que estar na condicional, senador, é efetiva e realista. O que faz um senador defender um falcatrueiro acusado há 20 anos?
Não há suspeita, dúvida ou informe. É apenas informação: todo o dinheiro enviado por Dantas ou pelo Opportunity representa crime financeiro. E lógico, com o rótulo "lavagem de dinheiro".
Antigamente, para enviar dinheiro para o exterior, havia complicadíssima operação. Agora, com o avanço da tecnologia, basta apertar um botão. E tudo está programado, o dinheiro fica um dia em cada paraíso fiscal, de acordo com o estabelecido.
E uma parte desse dinheiro "volta" como investimento de estrangeiros, pessoa física ou de multinacionais. Facílimo.
Os 97 que seriam nomeados sem concurso para cargos de 10 mil por mês serão fulminados pelo plenário do Senado. Alguns já eram até conhecidos, esperavam o 1º de agosto. Que não existirá.
O advogado milionário do cliente bilionário (Daniel Dantas) é chamado para defender "causas volumosas, sempre com desvio de dinheiro público, lavagem, formação de quadrilha". Tem vasta experiência.
E o "quadrilheiro" Daniel Dantas provoca enormes gargalhadas ao dizer: "Estou sendo preso por perseguição política". Se isso fosse verdade, como justificar tanto tempo em liberdade?
Naji Nahas e Celso Pitta não esperavam ser soltos, o prestígio deles não é tão grande quanto o de Daniel Dantas. Foram favorecidos por um ato de REPRESÁLIA do ministro Gilmar Mendes.
Celio Borja, diretor da Souza Cruz, faz hoje 80 anos, não é o seu grande momento. Esse foi quando votou a favor da PRORROGAÇÃO do mandato de Castelo Branco. Ficou empatado. Era a liquidação de Carlos Lacerda, que tanto ajudou sua carreira.
Há muito tempo venho alertando sobre a COMPRA de terras no Brasil. Fiz a advertência: durante muitos anos acreditamos que a Amazônia seria invadida por tropas, logicamente estrangeiras, para o domínio.
Com a licença e a licenciosidade para a aquisição de terras, mudei o tom. Teremos que responder a tribunais de vários países, pelo fato do Brasil ter VENDIDO terras, recebido o dinheiro e não ter "honrado" o compromisso. Que República.
Se é verdade que o "prefeito" Kassab disse que "eleição só começa depois do horário da novela", está mais perdido do que se imaginava. Ele está em terceiro, porque só existem três candidatos.
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: em Salvador, 4 candidatos têm chance de irem para o segundo turno. ACM-neto, Walter Pinheiro, Antonio Imbassahy e João Henrique estão no mesmo patamar.
No governo, ninguém consegue descobrir as atividades do ministro Miguel Jorge. Vindo do setor automobilístico, parece que lá era mais eficiente.
A campanha pela eleição de Luiz Paulo Horta na vaga de Zelia Gattai está seguindo em alta velocidade. Fabio Lucas, paulista, já perdeu os votos de Ligia Fagundes Telles e João de Scatimburgo, paulistas como ele.
Alberto Costa e Silva não votará mais em Fabio Lucas, o que libera o voto de Murilo de Carvalho. Garantiram a próxima vaga para Cleonice Barardinelli, e ganhar o voto de Afonsinho Arinos e mais um outro.
O medo: que no terceiro escritínio despejem votos em Ziraldo ou Antonio Torres, não elegendo ninguém. Pode ser.
A greve dos carteiros atingiu hoje quatorze dias sem que o governo conseguisse solucionar o problema. Causa: como em tantas outras greves, está na falta de uma política salarial e trabalhista no País.
As relações entre capital e trabalho foram explodidas pelos ares pelo ex-presidente FHC, e seus alicerces ainda não foram reconstruídos por Lula. Resultado: paralisações de serviços essenciais que prejudicam a todos e a economia do País. O Procon limitou-se a aconselhar os habitantes do Rio a tomarem a iniciativa de buscar suas contas.
Absurdo total. No Rio, existem 1 milhão e 300 mil domicílios. As contas são de luz, telefone, gás, aluguel, condomínio, IPTU, assinatura de TV a cabo. O movimento diário é enorme.
Ia esquecendo os planos de saúde. O resultado é que, quando a greve terminar, todas as contas virão com juros e ameaças de cortes.
Não tem sentido. Os contribuintes é que vão pagar as diferenças. O caso dos planos de saúde exige mais atenção. Porque eles estão doidos para se livrarem de seus associados mais velhos.
Podem encontrar pretexto para cancelar planos pagos há mais de 30 anos. Vale a pena pedir a atenção da Agência Nacional de Saúde.
XXX
Ainda não cumprido um terço do brasileirão, Flamengo e Vasco botaram 64 mil pagantes no Maracanã. Jogo razoável. O novo presidente, Roberto Dinamite, que deu clima de democracia ao Vasco, convidou o ídolo adversário, Zico, para assistir ao jogo ao seu lado, Zico aceitou, lógico.
Marcio Braga soube, chegou cedo, sentou ao lado do presidente do Vasco, que ficou em visível constrangimento. Marcio Braga não foi jogador, não é ídolo, nem convidado. Que República, até no futebol.
XXX
O novo técnico do Botafogo, Ney Franco, assumiu e foi logo dizendo: "Vamos para a Libertadores". Vencia fácil por 2 a 0, perdeu gols "impossíveis", o Santos empatou e quase vencia. O Cuca saído do Botafogo e depois de 8 jogos sem vitória retumba: "Vamos para o título e para a Libertadores".
XXX
O Brasil que já se julga superpotência (devia ser há 100 anos), no futebol não percebeu. Caio Junior assumiu no Flamengo, já recebeu "proposta irrecusável" do Qatar. Se é irrecusável, tem que aceitar. Com que dinheiro?
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Gilmar Mendes: "O Supremo sou eu" (Tribuna da Imprensa)
Pode libertar Daniel ou esperar a prisão de Eike Batista
É possível que depois da novela Daniel Dantas surja a novela Eike Batista. Este, que modestamente se declarou "o homem mais rico do Brasil e no futuro o mais rico do mundo", teve a casa e o escritório vasculhados pela polícia com ordem judicial. Ele é acusado de uma porção de crimes financeiros. E será muito difícil justificar o patrimônio de 16 BILHÕES e 500 MILHÕES, alardeado, que palavra, por ele mesmo.
Como é muito esperto e bilionário, estando no exterior, já teria contratado o advogado milionário. E fez um pedido que até o advogado milionário teria achado estranho: "Se eu tiver que ser preso, quero que isso aconteça imediatamente até 31 de julho".
Como o advogado não tivesse entendido, Eike explicou: "Até 31 de julho a liminar será despachada exclusivamente pelo presidente Gilmar Mendes. A partir de 1º de agosto voltam os sorteios para escolher os relatores".
E diante do espanto pela reflexão veloz, concluiu: "Aí pode ir para um ministro que não tenha tanta obsessão por habeas-corpus e eu fique preso indefinidamente".
O presidente Gilmar Mendes disse várias vezes: "Querem confrontar e desmoralizar o Supremo". Ora, o Supremo está em recesso, Gilmar Mendes é presidente por rodízio, e responde eventual e circunstancialmente pelas liminares. Nada mais.
Liminares que podem ser derrubadas pelo plenário a partir de 1º de agosto. E como disse o próprio Daniel Dantas, "muita coisa irá acontecer". Até ser preso outra vez, com o habeas-corpus já redigido e garantido por Gilmar Mendes.
Este, se quisesse, poderia citar em francês, que conhece em profundidade: "O Estado (Supremo) sou eu".
Em todo esse tortuoso episódio da prisão e libertação de Daniel Dantas, minha surpresa total vai para o advogado milionário. Como conseguiu ficar famoso e cheio de clientes com o primarismo exibido?
Falar em nazismo, referendar a afirmação de "perseguição política", assinar um texto que não seria aprovado em escola primária? Seu cliente é criminoso financeiro há mais de 20 anos, quem desconhece?
Há 20 anos Daniel Dantas, apesar da concorrência, é o maior falcatrueiro de plantão. Mas surpreendentemente tem "espaço cativo" entre famosos colunistas e até em arrogantes jornalões. Não se passa um dia sem que surjam notícias plantadas por ele.
Agora, cotistas do Opportunity sacaram 1 bilhão, Daniel Dantas ficou em situação financeira dificílima. Os jornalões deram notinhas sobre o fato, esconderam o mais que puderam.
Não importa o montante dos ativos de uma instituição e sim a sua liquidez. Perder 1 bilhão e poder recompor (quem irá investir ou manter investimentos no Opportunity?) será praticamente impossível para um "banqueiro criminoso?".
Daniel Dantas acredita que pode recorrer ao Banco Central, sob a alegação de que muita gente perderia dinheiro. Dantas é um novo Cacciola e ganhará um novo Proer?
Desculpem, estou escrevendo no domingo, às 7 horas da noite. Não sei se Daniel Dantas está preso ou solto. O ministro Gilmar Mendes bravamente espera no gabinete. Reprovado pela Associação dos Juízes Federais e do Ministério Público, se julga um vencedor.
Espera o julgamento do Conselho de Justiça, presidido isenta e heroicamente por ele mesmo. Esse Conselho irá julgar mesmo o quê? Ninguém sabe.
PS - Às 7 da noite, pressionado pela redação e pela oficina, tenho que terminar. Dantas continua em liberdade, Gilmar tem que rasgar o habeas-corpus já redigido para o caso de nova prisão. A esperança de Gilmar, agora, se volta para Eike Batista. O auto-apregoado homem mais rico do Brasil pode ser solto por Gilmar.
Ingrid Betancourt
Saiu da prisão, chamou logo Uribe de herói, com direito ao terceiro mandato. Viu que era burrice, chamou-o de vilão.
Em maio noticiei aqui: o ministro Ayres Brito, relator no Supremo da regulamentação ou demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol em áreas contínuas, terminara o exame da questão. Era 4 de maio, entregou ao presidente Gilmar Mendes pedindo pauta. Ficou mais ou menos garantido que seria votada em 21 ou 22 de maio. Com a publicação, que não podia ser desmentida, começou a pressão para a não votação.
Como os interesses são colossais, começou a pressão, dispersão e contrapressão. Em cima do próprio presidente da República e do Supremo. Resultado: não tenho a menor certeza sobre o julgamento.
Não sobre o mérito. A vantagem dos que defendem a demarcação em áreas descontínuas é muito grande. Todos sabem disso. Assim, a pressão é simplesmente para não votar, impedir a derrota.
A televisão mostrou a polícia apreendendo documentos na casa de Eike Batista. Ficou visível que ele está construindo, I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E, OUTRA CASA em cima da casa. Como ali é "zona unifamiliar", a obra deveria ser embargada. Quem faria?
O advogado milionário do cliente bilionário também está territorialmente irregular. Na rua onde mora, os cidadãos não podem passar, sua genialidade tomou conta dos espaços. Os nazistas foram tomando a Europa da mesma maneira.
"O Globo" é o jornal de maior peso do Brasil. No sábado tinha 180 páginas. Mas a influência não corresponde ao peso. Em 1963, na Primeira, publicou o editorial: "João Goulart, um estadista".
Mas logo depois, em 1964, ajudava a derrubar o mesmo presidente estadista. Também, como desistir? Estava acompanhado pelo embaixador Lincoln Gordon, comandante em chefe (apesar de civil) da operação "Brother Sam".
Ricardo Teixeira, lúcido e corrupto, ficou apavorado com a prisão de Celso Pitta, Naji Nahas e principalmente Daniel Dantas. Andou fazendo muitas perguntas, Daniel Dantas era seu ídolo.
Dantas esteve preso (menos de 3 dias) e Ricardo Teixeira livre, acusados pelos mesmos crimes financeiros. 1 - Lavagem de dinheiro. 2 - Sonegação. 3 - Envio ilegal para o exterior. 4 - Fraudes financeiras. 5 - Formação de quadrilha. Tudo isso apurado em CPI, de enorme repercussão.
Daniel Dantas é tão mau caráter que há alguns anos chamou vários jornalistas para fazerem um portal na internet. Nome do portal: O (de Opportunity).ponto.com.br
Mas não pagou a ninguém, a partir do primeiro mês. Lógico, pararam tudo. Interessante: a redação desse portal ficava ao lado da Academia. O que é surpreendente, Dantas tem horror a livro.
No início da campanha, os três únicos candidatos a prefeito de SP estão no limiar da "infidelidade". Dona Marta apareceu com o ex-marido. Kassab, com o governador, adversário e de outro partido. E Alckmin, sozinho, torpedeado pelo governador da sua legenda.
Cesar Maia mandou autuar todos os postos com gasolina adulterada. Corre o risco de ser atingido por causa das "promessas adulteradas". E ter gasto mais de 500 milhões com a inútil "Cidade da Música".
Quem mais trabalha hoje, no Senado, é Tião Viana. Quer dizer: trabalha para ele mesmo, quer ser presidente do Senado. Não será.
Quase 2 anos depois do desastre do avião da Gol, que matou 155 pessoas, ninguém recebeu ainda nem dinheiro nem atenção da empresa.
Os parentes das vítimas podem ficar certos, não receberão nada. Acontecerá exatamente o que acontece com os parentes dos passageiros da TAM mortos no desastre de 1999. Vão se completar 10 anos e nada. Isso devia ser prioridade do governo e da Justiça.
Engraçadíssima a nota oficial da TV Globo: "Dar e levar furos é coisa normal no jornalismo. Desmerecer furos alheios é coisa que bons jornalistas deveriam evitar". Ha! Ha! Ha!
Na prisão surpreendente de Paulo Maluf e o filho, num espetacular furo de jornalismo, Ha! Ha! Ha!, a TV Globo estava no lugar onde o ex-prefeito foi preso, e no local para onde ele foi levado com o filho. Não é furo e sim adivinhação.
No caso da prisão de Daniel Dantas, novamente a TV Globo foi iluminada pelo Poder da adivinhação. Ouviu vozes do alto, descobriu onde ia ser preso e para onde seria levado preso.
Na segunda prisão de Daniel Dantas, sabia até mais do que o advogado milionário do cliente bilionário. Estava dando entrevista coletiva, recebeu recado da Globo, largou tudo.
Quanto à questão da corrupção ativa, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, desvio de dinheiro público, ninguém conhece mais do que ele. Os exemplos estão em casa.
XXX
O jornal da Globonews "Em cima da hora" é uma repetição descuidada. Na sexta-feira, 14 horas, disseram: "Nelson Jobim, ministro da Justiça". Novamente o mesmo equívoco às 15 horas, às 16, aí não vi mais. A essa hora da tarde não tem ninguém acordado?
Esse programa é uma cópia do que eu fazia quando fui diretor da Rádio Mauá. Criei o "Noticioso Mauá", que era feito exclusivamente por mim e lido pelo saudoso Sargentelli. A estação ficava no ar 24 horas, e sempre era diferente, mantendo, às vezes, notícias que deviam ser repetidas. De 11 da noite às 7 da manhã, eram jornais diferentes, que eu e o Sargentelli gravávamos.
XXX
Quando eu era garoto, minha avó dizia: "Banana prende, mamão solta". Depois virou peça de Maria Clara Machado, com esse título. E minha avó nem sabia o que era Judiciário.
XXX
Com a sorte (e não competência) que teve contra o Goiás e o Vitória, o Fluminense pode até chegar à Sul-Americana.
XXX
E o Ney Franco, que garantiu "iremos à Libertadores"?
É possível que depois da novela Daniel Dantas surja a novela Eike Batista. Este, que modestamente se declarou "o homem mais rico do Brasil e no futuro o mais rico do mundo", teve a casa e o escritório vasculhados pela polícia com ordem judicial. Ele é acusado de uma porção de crimes financeiros. E será muito difícil justificar o patrimônio de 16 BILHÕES e 500 MILHÕES, alardeado, que palavra, por ele mesmo.
Como é muito esperto e bilionário, estando no exterior, já teria contratado o advogado milionário. E fez um pedido que até o advogado milionário teria achado estranho: "Se eu tiver que ser preso, quero que isso aconteça imediatamente até 31 de julho".
Como o advogado não tivesse entendido, Eike explicou: "Até 31 de julho a liminar será despachada exclusivamente pelo presidente Gilmar Mendes. A partir de 1º de agosto voltam os sorteios para escolher os relatores".
E diante do espanto pela reflexão veloz, concluiu: "Aí pode ir para um ministro que não tenha tanta obsessão por habeas-corpus e eu fique preso indefinidamente".
O presidente Gilmar Mendes disse várias vezes: "Querem confrontar e desmoralizar o Supremo". Ora, o Supremo está em recesso, Gilmar Mendes é presidente por rodízio, e responde eventual e circunstancialmente pelas liminares. Nada mais.
Liminares que podem ser derrubadas pelo plenário a partir de 1º de agosto. E como disse o próprio Daniel Dantas, "muita coisa irá acontecer". Até ser preso outra vez, com o habeas-corpus já redigido e garantido por Gilmar Mendes.
Este, se quisesse, poderia citar em francês, que conhece em profundidade: "O Estado (Supremo) sou eu".
Em todo esse tortuoso episódio da prisão e libertação de Daniel Dantas, minha surpresa total vai para o advogado milionário. Como conseguiu ficar famoso e cheio de clientes com o primarismo exibido?
Falar em nazismo, referendar a afirmação de "perseguição política", assinar um texto que não seria aprovado em escola primária? Seu cliente é criminoso financeiro há mais de 20 anos, quem desconhece?
Há 20 anos Daniel Dantas, apesar da concorrência, é o maior falcatrueiro de plantão. Mas surpreendentemente tem "espaço cativo" entre famosos colunistas e até em arrogantes jornalões. Não se passa um dia sem que surjam notícias plantadas por ele.
Agora, cotistas do Opportunity sacaram 1 bilhão, Daniel Dantas ficou em situação financeira dificílima. Os jornalões deram notinhas sobre o fato, esconderam o mais que puderam.
Não importa o montante dos ativos de uma instituição e sim a sua liquidez. Perder 1 bilhão e poder recompor (quem irá investir ou manter investimentos no Opportunity?) será praticamente impossível para um "banqueiro criminoso?".
Daniel Dantas acredita que pode recorrer ao Banco Central, sob a alegação de que muita gente perderia dinheiro. Dantas é um novo Cacciola e ganhará um novo Proer?
Desculpem, estou escrevendo no domingo, às 7 horas da noite. Não sei se Daniel Dantas está preso ou solto. O ministro Gilmar Mendes bravamente espera no gabinete. Reprovado pela Associação dos Juízes Federais e do Ministério Público, se julga um vencedor.
Espera o julgamento do Conselho de Justiça, presidido isenta e heroicamente por ele mesmo. Esse Conselho irá julgar mesmo o quê? Ninguém sabe.
PS - Às 7 da noite, pressionado pela redação e pela oficina, tenho que terminar. Dantas continua em liberdade, Gilmar tem que rasgar o habeas-corpus já redigido para o caso de nova prisão. A esperança de Gilmar, agora, se volta para Eike Batista. O auto-apregoado homem mais rico do Brasil pode ser solto por Gilmar.
Ingrid Betancourt
Saiu da prisão, chamou logo Uribe de herói, com direito ao terceiro mandato. Viu que era burrice, chamou-o de vilão.
Em maio noticiei aqui: o ministro Ayres Brito, relator no Supremo da regulamentação ou demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol em áreas contínuas, terminara o exame da questão. Era 4 de maio, entregou ao presidente Gilmar Mendes pedindo pauta. Ficou mais ou menos garantido que seria votada em 21 ou 22 de maio. Com a publicação, que não podia ser desmentida, começou a pressão para a não votação.
Como os interesses são colossais, começou a pressão, dispersão e contrapressão. Em cima do próprio presidente da República e do Supremo. Resultado: não tenho a menor certeza sobre o julgamento.
Não sobre o mérito. A vantagem dos que defendem a demarcação em áreas descontínuas é muito grande. Todos sabem disso. Assim, a pressão é simplesmente para não votar, impedir a derrota.
A televisão mostrou a polícia apreendendo documentos na casa de Eike Batista. Ficou visível que ele está construindo, I-L-E-G-A-L-M-E-N-T-E, OUTRA CASA em cima da casa. Como ali é "zona unifamiliar", a obra deveria ser embargada. Quem faria?
O advogado milionário do cliente bilionário também está territorialmente irregular. Na rua onde mora, os cidadãos não podem passar, sua genialidade tomou conta dos espaços. Os nazistas foram tomando a Europa da mesma maneira.
"O Globo" é o jornal de maior peso do Brasil. No sábado tinha 180 páginas. Mas a influência não corresponde ao peso. Em 1963, na Primeira, publicou o editorial: "João Goulart, um estadista".
Mas logo depois, em 1964, ajudava a derrubar o mesmo presidente estadista. Também, como desistir? Estava acompanhado pelo embaixador Lincoln Gordon, comandante em chefe (apesar de civil) da operação "Brother Sam".
Ricardo Teixeira, lúcido e corrupto, ficou apavorado com a prisão de Celso Pitta, Naji Nahas e principalmente Daniel Dantas. Andou fazendo muitas perguntas, Daniel Dantas era seu ídolo.
Dantas esteve preso (menos de 3 dias) e Ricardo Teixeira livre, acusados pelos mesmos crimes financeiros. 1 - Lavagem de dinheiro. 2 - Sonegação. 3 - Envio ilegal para o exterior. 4 - Fraudes financeiras. 5 - Formação de quadrilha. Tudo isso apurado em CPI, de enorme repercussão.
Daniel Dantas é tão mau caráter que há alguns anos chamou vários jornalistas para fazerem um portal na internet. Nome do portal: O (de Opportunity).ponto.com.br
Mas não pagou a ninguém, a partir do primeiro mês. Lógico, pararam tudo. Interessante: a redação desse portal ficava ao lado da Academia. O que é surpreendente, Dantas tem horror a livro.
No início da campanha, os três únicos candidatos a prefeito de SP estão no limiar da "infidelidade". Dona Marta apareceu com o ex-marido. Kassab, com o governador, adversário e de outro partido. E Alckmin, sozinho, torpedeado pelo governador da sua legenda.
Cesar Maia mandou autuar todos os postos com gasolina adulterada. Corre o risco de ser atingido por causa das "promessas adulteradas". E ter gasto mais de 500 milhões com a inútil "Cidade da Música".
Quem mais trabalha hoje, no Senado, é Tião Viana. Quer dizer: trabalha para ele mesmo, quer ser presidente do Senado. Não será.
Quase 2 anos depois do desastre do avião da Gol, que matou 155 pessoas, ninguém recebeu ainda nem dinheiro nem atenção da empresa.
Os parentes das vítimas podem ficar certos, não receberão nada. Acontecerá exatamente o que acontece com os parentes dos passageiros da TAM mortos no desastre de 1999. Vão se completar 10 anos e nada. Isso devia ser prioridade do governo e da Justiça.
Engraçadíssima a nota oficial da TV Globo: "Dar e levar furos é coisa normal no jornalismo. Desmerecer furos alheios é coisa que bons jornalistas deveriam evitar". Ha! Ha! Ha!
Na prisão surpreendente de Paulo Maluf e o filho, num espetacular furo de jornalismo, Ha! Ha! Ha!, a TV Globo estava no lugar onde o ex-prefeito foi preso, e no local para onde ele foi levado com o filho. Não é furo e sim adivinhação.
No caso da prisão de Daniel Dantas, novamente a TV Globo foi iluminada pelo Poder da adivinhação. Ouviu vozes do alto, descobriu onde ia ser preso e para onde seria levado preso.
Na segunda prisão de Daniel Dantas, sabia até mais do que o advogado milionário do cliente bilionário. Estava dando entrevista coletiva, recebeu recado da Globo, largou tudo.
Quanto à questão da corrupção ativa, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, desvio de dinheiro público, ninguém conhece mais do que ele. Os exemplos estão em casa.
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O jornal da Globonews "Em cima da hora" é uma repetição descuidada. Na sexta-feira, 14 horas, disseram: "Nelson Jobim, ministro da Justiça". Novamente o mesmo equívoco às 15 horas, às 16, aí não vi mais. A essa hora da tarde não tem ninguém acordado?
Esse programa é uma cópia do que eu fazia quando fui diretor da Rádio Mauá. Criei o "Noticioso Mauá", que era feito exclusivamente por mim e lido pelo saudoso Sargentelli. A estação ficava no ar 24 horas, e sempre era diferente, mantendo, às vezes, notícias que deviam ser repetidas. De 11 da noite às 7 da manhã, eram jornais diferentes, que eu e o Sargentelli gravávamos.
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Quando eu era garoto, minha avó dizia: "Banana prende, mamão solta". Depois virou peça de Maria Clara Machado, com esse título. E minha avó nem sabia o que era Judiciário.
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Com a sorte (e não competência) que teve contra o Goiás e o Vitória, o Fluminense pode até chegar à Sul-Americana.
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E o Ney Franco, que garantiu "iremos à Libertadores"?
sábado, 12 de julho de 2008
Brizola e Lacerda jamais se falaram (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa)
O encontro do governador com João Goulart, ex-presidente
Helio
Inspirado em teu artigo, quero lembrar que o destino colocou Brizola e Lacerda lado a lado na história brasileira; só faltou serem íntimos. Vamos ver: José Brizola, pai de Brizola (que morreu degolado), foi capitão dos provisórios de Leonel Rocha, caudilho maragato, na Revolução Federalista de 1923, que em 1924 deu apoio a Prestes, com homens e armas. Terminada a revolução, já em 1928, os líderes maragatos, tendo à frente Assis Brasil, fundaram o Partido Libertador, e Maurício de Lacerda, pai de Lacerda, foi um dos fundadores. Maurício seguia o ideário maragato, pelo qual o pai de Brizola morreu lutando.
Brizola e Lacerda "terçaram armas" na Câmara de Deputados em 1954, quando eleitos deputados federais: Lacerda começava a jurar a Constituição, quando Brizola interrompeu dizendo que era um juramento falso, porque ele estava pregando o golpe de Estado lá fora. Brizola exibiu a Tribuna da Imprensa, em que Lacerda defendia um estado de emergência; houve estupefação geral (Moniz Bandeira).
Atenciosamente,
Antonio Santos Aquino - Rio de Janeiro
Comentário e revelações
Lembro muito bem esse episódio em 31 de janeiro de 1955. Brizola já havia feito o juramento, quando Lacerda ia fazer o seu foi interrompido de forma agressiva e inédita. Mas não tiveram mais oportunidade de se relacionarem. Brizola foi logo para o Sul, nesse mesmo 1955, em 3 de outubro se elegeu prefeito de Porto Alegre. Não terminou o mandato, em 3 de outubro de 1958 era eleito governador do Estado.
Curiosamente derrotando a UDN e o PSD, que se aliavam sempre contra ele, que disputava pelo PTB. UDN e PSD tinham a intuição ou a certeza de que o homem a derrotar, de qualquer maneira, era Leonel Brizola. E acabaram tendo razão.
Ele e Lacerda continuavam distantes, mais geográfica do que ideológica ou administrativamente. Brizola assumiu o governo em janeiro de 1959, Lacerda em dezembro de 60. Os dois foram excelentes governadores. Em 3 de outubro de 1962, ainda governador do Rio Grande do Sul, Brizola se elegeu deputado federal pela Guanabara, governada por Lacerda.
Deixou o governo em 31 de janeiro de 1963, no mesmo dia assumia na Câmara. A partir daí a História é visível, não precisa ser contada. O golpe de 64 (um contra, o outro a favor) acabaria por destruir os dois, impedindo que chegassem a presidente. Brizola tinha enorme capacidade de "fazer amigos e inimigos". Antes de 64, candidato a presidente com o slogan "cunhado não é parente, Brizola para presidente". Ainda em 1963, tentou um acordo com Jango, que o nomearia ministro da Fazenda e o marechal Lott, ministro da Guerra, com o direito de vigiá-lo no Ministério da Fazenda para "que não fizesse loucura".
João Goulart até que não ficou totalmente contra, pediu tempo. Mas conversou com Roberto Marinho, que acabava de publicar na primeira página de "O Globo" o editorial "João Goulart, um estadista". Com base nisso, estando na companhia do embaixador Lincoln Gordon, e sentado na cama do presidente, disse a ele: "Se você (intimidade total) nomear o Brizola ministro da Fazenda, não termina o mandato". Goulart recuou, não nomeou Brizola e não terminou o mandato. Era melhor ter nomeado, não sei o que aconteceria, mas o Brasil não seria o mesmo.
Quando Carlos Lacerda foi a Montevidéu, levar o "Manifesto da Frente Ampla" para o ex-presidente assinar, conversaram demoradamente. Em determinado momento, Carlos Lacerda disse a João Goulart: "Tenho que ir embora pois vou a Atlântida (onde Brizola estava confinado, por ter feito declarações sobre o golpe de 64 e os generais brasileiros pediram ao Uruguai que o mandassem para o interior, o que foi feito) ver se o governador Brizola quer assinar o Manifesto".
Na volta, Carlos Lacerda me contou, ainda surpreendido: "Quando falei isso, João Goulart empurrou o papel para mim e disse, se esse senhor assinar eu não assino". Perguntei o que ele fez. Resposta: "Disse, presidente, se o senhor não quiser não procuramos a assinatura dele". E assim foi feito.
PS - Aproveitando uma carta ótima, recordei e contei acontecimentos inteiramente desconhecidos, até hoje não revelados.
PS 2 - Eu ia a Montevidéu com Lacerda, não consegui autorização para viajar. Se despedindo, Lacerda me disse: "Puxa, não queria ir sozinho, não por causa do Jango, nós somos políticos, vamos nos entender. Mas se Dona Maria Teresa aparece e me pergunta o que estou fazendo na sua casa? Não sei o que responder". Felizmente (para o encontro) Dona Maria Teresa não apareceu.
Garibaldi Alves
Um grupo quer que continue como presidente do Senado, seu mandato foi curto. Na nomeação "dos 97", ficou ao lado do povo.
No momento em que escrevo, Daniel Dantas vai prestar o primeiro depoimento. Preso, solto, preso novamente, até agora foi beneficiado pelo que se chama de "batalha judiciária". O juiz que cumpriu seu dever e determinou as duas prisões de Daniel Dantas está sendo intimidado e ameaçado de ser investigado pelo Conselho de Justiça. Este Conselho é presidido pelo próprio Gilmar Mendes.
Seria absurdo que o juiz fosse atingido por ter tomado a corajosa decisão de enfrentar os poderosos. O Conselho de Justiça foi criado para punir exatamente o contrário: os juízes que se submetem aos poderosos, que têm dinheiro para suborno.
Só a ameaça ao juiz funciona como alerta para outros de primeira instância, que queiram cumprir responsavelmente suas obrigações. Por que o assassino Pimenta Neves está solto há anos? E o Conselho, não devia examinar o fato?
O advogado milionário do cliente bilionário tem todo o direito e até obrigação de usar de todos os recursos legais para tentar soltá-lo. Mas não pode iludir a opinião pública, falar em "tratamento nazista para Daniel Dantas".
O advogado parece desconhecer o sistema que sempre o favorece e diz: "Gilmar Mendes chegou a presidente do Supremo por merecimento". Pode até ter merecimento.
Mas os ministros chegam à presidência do Supremo por simples rodízio. Todos são presidentes a não ser que caiam antes na expulsória dos 70 anos.
Como essa questão irá longe, esperemos o desenvolvimento. Chegaram a admitir o fim do recesso deste julho para que Gilmar Mendes não ficasse sozinho. Recuaram por duas razões. Os ministros não aceitaram a sugestão, e Gilmar Mendes não seria RATIFICADO.
Completamente desmoralizado e desprestigiado, o Senado desafia a opinião pública. E cria 97 cargos desnecessários com salários altíssimos. Só o presidente Garibaldi foi contra.
Mas o plenário do Senado é cúmplice, conivente, no mínimo omisso. A Mesa (excluído seu presidente) não é soberana. O plenário, esse sim, soberano, deveria examinar e votar a questão.
Tomou posse ontem, como chefe do Estado Maior do Exército, o brilhante general Dark de Figueiredo. Há mais de 2 meses, revelei aqui que ele seria indicado e tomaria posse dia 11 de julho.
Continuo insistindo, com base em informações, documentos e tudo o que já escrevi no passado: quando começarem a investigar a ligação de Daniel Dantas com os fundos, principalmente estatais, Daniel Dantas não terá mais dificuldades.
Em vez de prisão provisória ou preventiva, Daniel Dantas terá direito a prisão perpétua. A inflação não o atingirá.
O general Augusto Heleno (como revelei ontem) já está internado. Será operado hoje ou amanhã. Vai tirar uma vértebra, substituída por titânio. Em dezembro ou janeiro, deixa o comando da Amazônia.
Coragem e mérito do presidente Lula: no Vietnã, elogiou a vitória do pequeno país contra os EUA. Quem faria isso criticando os EUA potência? Isso confirma o que tenho dito: lá fora, o sucesso do presidente brasileiro é total.
Daniel Dantas fez comentários amargos, principalmente quando na prisão conversava com Naji Nahas: "Ajudei tanta gente a chegar à Câmara e ao Senado, ninguém elevou a voz para me defender".
Os jornalões, arrogantes e nada insuspeitos, erram muito no exame do caso Daniel Dantas. Não tendo segurança, apelam para o imponderável. Dizem que o juiz de primeira instância desafiou o Supremo, falam em confronto de duas instâncias.
Por enquanto não existe desafio nem confronto. O juiz de primeira instância mandou prender Daniel Dantas. O presidente do Supremo concedeu a ordem para soltar o prisioneiro. Ambos cumprindo suas obrigações, nenhum confronto.
Em outro processo, o juiz mandou prender novamente Daniel Dantas, nem confronto nem desafio. Daniel Dantas tem uma vida financeira tão criminosa, que pode ser preso tantas vezes quantas forem necessárias para fazer justiça.
XXX
Depois de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta, o caso de Paulinho da Força devia ser arquivado. Não conheço o deputado sindicalista, mas a desproporção das acusações a ele e o que foi provado dos outros três, descomunal. Se Daniel Dantas for depor, a audiência da TV Senado voltará ao apogeu dos tempos de Jefferson e Dirceu. Este foi citado agora, Jefferson não.
O autor da proposta, que será recusada, é o deputado Gustavo Fruet. Por mais surpreendente que possa parecer, existem incautos e ingênuos que aplicavam dinheiro no Opportunity. Jamais ganharam um real. E agora perderão o resto do que sobrava.
Petistas dissidentes, que não pertencem ao PT-PT, dizem pedindo sigilo: "Bem que eu não votei em Greenhalgh quando candidato a presidente da Câmara". Adivinharam? Ou estão chutando?
Boatos e sussurros: Gilmar Mendes teria pedido segurança ao ministro da Justiça. Este desmentiu, disse que foi ele que ofereceu e Gilmar Mendes recusou.
Helio
Inspirado em teu artigo, quero lembrar que o destino colocou Brizola e Lacerda lado a lado na história brasileira; só faltou serem íntimos. Vamos ver: José Brizola, pai de Brizola (que morreu degolado), foi capitão dos provisórios de Leonel Rocha, caudilho maragato, na Revolução Federalista de 1923, que em 1924 deu apoio a Prestes, com homens e armas. Terminada a revolução, já em 1928, os líderes maragatos, tendo à frente Assis Brasil, fundaram o Partido Libertador, e Maurício de Lacerda, pai de Lacerda, foi um dos fundadores. Maurício seguia o ideário maragato, pelo qual o pai de Brizola morreu lutando.
Brizola e Lacerda "terçaram armas" na Câmara de Deputados em 1954, quando eleitos deputados federais: Lacerda começava a jurar a Constituição, quando Brizola interrompeu dizendo que era um juramento falso, porque ele estava pregando o golpe de Estado lá fora. Brizola exibiu a Tribuna da Imprensa, em que Lacerda defendia um estado de emergência; houve estupefação geral (Moniz Bandeira).
Atenciosamente,
Antonio Santos Aquino - Rio de Janeiro
Comentário e revelações
Lembro muito bem esse episódio em 31 de janeiro de 1955. Brizola já havia feito o juramento, quando Lacerda ia fazer o seu foi interrompido de forma agressiva e inédita. Mas não tiveram mais oportunidade de se relacionarem. Brizola foi logo para o Sul, nesse mesmo 1955, em 3 de outubro se elegeu prefeito de Porto Alegre. Não terminou o mandato, em 3 de outubro de 1958 era eleito governador do Estado.
Curiosamente derrotando a UDN e o PSD, que se aliavam sempre contra ele, que disputava pelo PTB. UDN e PSD tinham a intuição ou a certeza de que o homem a derrotar, de qualquer maneira, era Leonel Brizola. E acabaram tendo razão.
Ele e Lacerda continuavam distantes, mais geográfica do que ideológica ou administrativamente. Brizola assumiu o governo em janeiro de 1959, Lacerda em dezembro de 60. Os dois foram excelentes governadores. Em 3 de outubro de 1962, ainda governador do Rio Grande do Sul, Brizola se elegeu deputado federal pela Guanabara, governada por Lacerda.
Deixou o governo em 31 de janeiro de 1963, no mesmo dia assumia na Câmara. A partir daí a História é visível, não precisa ser contada. O golpe de 64 (um contra, o outro a favor) acabaria por destruir os dois, impedindo que chegassem a presidente. Brizola tinha enorme capacidade de "fazer amigos e inimigos". Antes de 64, candidato a presidente com o slogan "cunhado não é parente, Brizola para presidente". Ainda em 1963, tentou um acordo com Jango, que o nomearia ministro da Fazenda e o marechal Lott, ministro da Guerra, com o direito de vigiá-lo no Ministério da Fazenda para "que não fizesse loucura".
João Goulart até que não ficou totalmente contra, pediu tempo. Mas conversou com Roberto Marinho, que acabava de publicar na primeira página de "O Globo" o editorial "João Goulart, um estadista". Com base nisso, estando na companhia do embaixador Lincoln Gordon, e sentado na cama do presidente, disse a ele: "Se você (intimidade total) nomear o Brizola ministro da Fazenda, não termina o mandato". Goulart recuou, não nomeou Brizola e não terminou o mandato. Era melhor ter nomeado, não sei o que aconteceria, mas o Brasil não seria o mesmo.
Quando Carlos Lacerda foi a Montevidéu, levar o "Manifesto da Frente Ampla" para o ex-presidente assinar, conversaram demoradamente. Em determinado momento, Carlos Lacerda disse a João Goulart: "Tenho que ir embora pois vou a Atlântida (onde Brizola estava confinado, por ter feito declarações sobre o golpe de 64 e os generais brasileiros pediram ao Uruguai que o mandassem para o interior, o que foi feito) ver se o governador Brizola quer assinar o Manifesto".
Na volta, Carlos Lacerda me contou, ainda surpreendido: "Quando falei isso, João Goulart empurrou o papel para mim e disse, se esse senhor assinar eu não assino". Perguntei o que ele fez. Resposta: "Disse, presidente, se o senhor não quiser não procuramos a assinatura dele". E assim foi feito.
PS - Aproveitando uma carta ótima, recordei e contei acontecimentos inteiramente desconhecidos, até hoje não revelados.
PS 2 - Eu ia a Montevidéu com Lacerda, não consegui autorização para viajar. Se despedindo, Lacerda me disse: "Puxa, não queria ir sozinho, não por causa do Jango, nós somos políticos, vamos nos entender. Mas se Dona Maria Teresa aparece e me pergunta o que estou fazendo na sua casa? Não sei o que responder". Felizmente (para o encontro) Dona Maria Teresa não apareceu.
Garibaldi Alves
Um grupo quer que continue como presidente do Senado, seu mandato foi curto. Na nomeação "dos 97", ficou ao lado do povo.
No momento em que escrevo, Daniel Dantas vai prestar o primeiro depoimento. Preso, solto, preso novamente, até agora foi beneficiado pelo que se chama de "batalha judiciária". O juiz que cumpriu seu dever e determinou as duas prisões de Daniel Dantas está sendo intimidado e ameaçado de ser investigado pelo Conselho de Justiça. Este Conselho é presidido pelo próprio Gilmar Mendes.
Seria absurdo que o juiz fosse atingido por ter tomado a corajosa decisão de enfrentar os poderosos. O Conselho de Justiça foi criado para punir exatamente o contrário: os juízes que se submetem aos poderosos, que têm dinheiro para suborno.
Só a ameaça ao juiz funciona como alerta para outros de primeira instância, que queiram cumprir responsavelmente suas obrigações. Por que o assassino Pimenta Neves está solto há anos? E o Conselho, não devia examinar o fato?
O advogado milionário do cliente bilionário tem todo o direito e até obrigação de usar de todos os recursos legais para tentar soltá-lo. Mas não pode iludir a opinião pública, falar em "tratamento nazista para Daniel Dantas".
O advogado parece desconhecer o sistema que sempre o favorece e diz: "Gilmar Mendes chegou a presidente do Supremo por merecimento". Pode até ter merecimento.
Mas os ministros chegam à presidência do Supremo por simples rodízio. Todos são presidentes a não ser que caiam antes na expulsória dos 70 anos.
Como essa questão irá longe, esperemos o desenvolvimento. Chegaram a admitir o fim do recesso deste julho para que Gilmar Mendes não ficasse sozinho. Recuaram por duas razões. Os ministros não aceitaram a sugestão, e Gilmar Mendes não seria RATIFICADO.
Completamente desmoralizado e desprestigiado, o Senado desafia a opinião pública. E cria 97 cargos desnecessários com salários altíssimos. Só o presidente Garibaldi foi contra.
Mas o plenário do Senado é cúmplice, conivente, no mínimo omisso. A Mesa (excluído seu presidente) não é soberana. O plenário, esse sim, soberano, deveria examinar e votar a questão.
Tomou posse ontem, como chefe do Estado Maior do Exército, o brilhante general Dark de Figueiredo. Há mais de 2 meses, revelei aqui que ele seria indicado e tomaria posse dia 11 de julho.
Continuo insistindo, com base em informações, documentos e tudo o que já escrevi no passado: quando começarem a investigar a ligação de Daniel Dantas com os fundos, principalmente estatais, Daniel Dantas não terá mais dificuldades.
Em vez de prisão provisória ou preventiva, Daniel Dantas terá direito a prisão perpétua. A inflação não o atingirá.
O general Augusto Heleno (como revelei ontem) já está internado. Será operado hoje ou amanhã. Vai tirar uma vértebra, substituída por titânio. Em dezembro ou janeiro, deixa o comando da Amazônia.
Coragem e mérito do presidente Lula: no Vietnã, elogiou a vitória do pequeno país contra os EUA. Quem faria isso criticando os EUA potência? Isso confirma o que tenho dito: lá fora, o sucesso do presidente brasileiro é total.
Daniel Dantas fez comentários amargos, principalmente quando na prisão conversava com Naji Nahas: "Ajudei tanta gente a chegar à Câmara e ao Senado, ninguém elevou a voz para me defender".
Os jornalões, arrogantes e nada insuspeitos, erram muito no exame do caso Daniel Dantas. Não tendo segurança, apelam para o imponderável. Dizem que o juiz de primeira instância desafiou o Supremo, falam em confronto de duas instâncias.
Por enquanto não existe desafio nem confronto. O juiz de primeira instância mandou prender Daniel Dantas. O presidente do Supremo concedeu a ordem para soltar o prisioneiro. Ambos cumprindo suas obrigações, nenhum confronto.
Em outro processo, o juiz mandou prender novamente Daniel Dantas, nem confronto nem desafio. Daniel Dantas tem uma vida financeira tão criminosa, que pode ser preso tantas vezes quantas forem necessárias para fazer justiça.
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Depois de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta, o caso de Paulinho da Força devia ser arquivado. Não conheço o deputado sindicalista, mas a desproporção das acusações a ele e o que foi provado dos outros três, descomunal. Se Daniel Dantas for depor, a audiência da TV Senado voltará ao apogeu dos tempos de Jefferson e Dirceu. Este foi citado agora, Jefferson não.
O autor da proposta, que será recusada, é o deputado Gustavo Fruet. Por mais surpreendente que possa parecer, existem incautos e ingênuos que aplicavam dinheiro no Opportunity. Jamais ganharam um real. E agora perderão o resto do que sobrava.
Petistas dissidentes, que não pertencem ao PT-PT, dizem pedindo sigilo: "Bem que eu não votei em Greenhalgh quando candidato a presidente da Câmara". Adivinharam? Ou estão chutando?
Boatos e sussurros: Gilmar Mendes teria pedido segurança ao ministro da Justiça. Este desmentiu, disse que foi ele que ofereceu e Gilmar Mendes recusou.
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