segunda-feira, 28 de julho de 2008

Derrota dos Poderes municipal, estadual e federal (Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa)

Crivela na sacristia, Jandira na prefeitura

A eleição para prefeito do Rio, que parecia a mais complicada, se transformou na mais fácil e previsível. Desde o início se falava em muitos candidatos, todos desgastados pelos acordos que fizeram, pela falta de prestígio da legenda e até pela supervalorização do que valia pouco, quase nada.

Chegaram a 9 ou 10 candidatos, apenas 2 resistiram. O ex-bispo Crivela, desarvorado, desenganado e desperdiçando mais uma oportunidade (perdeu em 2004), e Jandira Feghali, fortalecida por atividade positiva de mais de 20 anos, e agora favorecida até pelos ataques de adversários desesperados.

Também não é correta a apreciação de que o ex-bispo Crivela vem em primeiro nas pesquisas com Jandira Feghali em segundo. O contrário é muito mais correto. Mas mesmo que acertassem nos números e Crivela estivesse em primeiro, ele não tem para onde crescer, além de ter sido abafado pelo "cimento social".

Jandira Feghali tem tudo para disparar no segundo turno, pois, com uma exceção ou outra, juntará quase todos os candidatos. Crivela terá o "apoio total e absoluto da Record, que ninguém vê no Rio". E entre o apoio dos católicos e dos evangélicos, não existe a menor dúvida. Além do mais, a última eleição de Jandira (para o Senado) foi impressionante demonstração de força.

A estratégia traçada por César Maia para a candidata Solange Amaral (DEM) é polarizar a campanha com Jandira Feghali (PCdoB). No primeiro tempo, Solange tentou provocar Jandira com a questão do aborto e foi nocauteada, porque se transformou em "candidata da dengue". Vamos aguardar a segunda "rodada de Doha".

Em seus pronunciamentos, Jandira tem poupado Chico Alencar e Alessandro Molon, mas ataca Gabeira, sem citar o nome. Faz questão de lembrar que o candidato do PV só circula na Zona Oeste acompanhado de dois policiais militares portando rifles AR-15.

Gabeira podia ter até alguma chance concorrendo sozinho. Mas se aliar logo ao PSDB, que no Rio não tem votos, prestígio ou respeitabilidade? A bandeira de Gabeira: "Transparência e dignidade". Mas com o PSDB? É de chorar de desespero. Gabeira está entre o quarto e o quinto lugar, não passa disso. Diz que vai abandonar a política depois da derrota. Duas decepções. Para ele e os que o admiram.

Dona Solange Maia, perdão, Amaral, não tem voto, penetração ou legenda. Perdeu uma vez, perderá a segunda, mas é possível que se fortaleça para a reeeleição para a Câmara Federal em 2010. O alcaide-factóide-debilóide, derrotadíssimo, diz que é candidato a senador. São 6 os candidatos para duas vagas, uma delas não será dele.

Eduardo Paes, que se destacou na CPI do mensalão, não foi para o segundo turno de governador, não vai para o segundo de prefeito. E mesmo que fosse, não ganharia. Mudou de camisa, a de agora, desbotada e amarelada, impede que o leitor entenda alguma coisa.

Alessandro Molon, deputado com os votos de Chico Alencar, ficou contra o amigo, prejudicou a candidatura dele e não consolidou a própria. Vai brigar, encarniçadamente, que palavra, pelo último lugar. Falta alguém em Nuremberg? Não, está completo.

Jandira Feghali, atuante e militante, garante e destrói adversários: "Não pedi proteção de guarda armada à polícia nem ando com seguranças. Vou continuar entrando assim nas comunidades pobres, em respeito aos moradores. Temos mais de 2 milhões de pessoas morando em favelas e bairros proletários que precisam de apoio do Poder público".

E cresce cada vez mais nas pesquisas e no conceito do cidadão-contribuinte-eleitor. Facilita a vida de todos: entre ela e Crivela, não há nem como hesitar.

PS - Tudo caminha, no Rio, para o que sempre chamei de RENOVOLUÇÃO. Sérgio Cabral, Picciani, César Maia, Marcelo Alencar, os Poderes municipal, estadual e federal serão derrotados. Como acontecerá em São Paulo capital e BH. Irei passeando por essas e outras capitais.

Carlos Lacerda
Que vida, que luta, que história. Combateu sempre, não importavam as armas. Acreditava na luta, uma história impressionante.

Ana Leticia, neta de Carlos Lacerda, fala na realização de um filme sobre o avô. Grande idéia, falta concretizá-la. É a única forma de contar a história de um período que vai de 1945 a 1965. 20 anos de lutas, de resistência, de participação em duas ditaduras. Em 1945, Lacerda fez uma entrevista com José Americo, publicada no Correio da Manhã. Que acabava com a censura prévia e logo depois com o próprio regime autoritário.

1965, quando Lacerda se desligava do golpe de 1964, lançava o que se chamou de "Frente Ampla", assinada por ele, Jango e Juscelino.
O livro poderia "esticar" até 1968, com o famigerado AI-5, quando Lacerda foi preso e cassado. Então, viajou para a Europa, onde ficou alguns anos. Voltou, se dedicou à Nova Fronteira, morreu inesperadamente. Que filme.

Garibaldi Alves, que se destacou como presidente do Senado, respondendo a uma pergunta do repórter: "Sou candidato apenas à reeleição, meu mandato termina em 2010". Antes, pode continuar na presidência do Senado. Referência alimentada pela competência e trabalho.
Três ministros do Supremo foram à Amazônia em missão oficial. Sobrevoaram a região, vendo e anotando, o Supremo iria votar a questão.

Estava na pauta para o dia 21 de maio. Gilmar Mendes, antes de se transformar em nome nacional, confirmou a votação.
Mas a pressão foi tão grande que já se passaram mais de 2 meses e nada de votação. O Supremo iria referendar a faixa descontínua. Agora, ninguém sabe a data.

O advogado geral da União, José Antonio Toffoli, é publicamente candidato a ministro do Supremo, mesmo não havendo vaga. Agora que se fala no impeachment de Gilmar Mendes, está satisfeitíssimo.
Como revelei, Gilmar Mendes enviou suas liminares em habeas-corpus para o Conselho de Justiça, que ele mesmo preside. O Conselho acaba o recesso dia 29, o Supremo, dia 4 de agosto.

Generosamente alertei Fernando Gabeira: "Um homem como você não pode fazer acordo com o PSDB do Rio". Não acreditou.
Agora, Gabeira briga pelo quinto lugar. Pelo menos votará em Jandira Feghali no segundo turno. Disputa o quinto lugar com Solange Amaral.

Essa eleição para prefeito vai deixar muita gente desprestigiada e até desempregada. O que farão Picciani e César Maia? Têm acordo para disputar o Senado em 2010. Não ganham.
Uma coisa que estão falando feito papagaio: "É preciso respeitar as instâncias". Ora, liminar não é instância, é apenas a antecipação de uma parte do processo, que não precisa existir a prisão preventiva ou provisória.

Como o juiz que concedeu a prisão é federal, o recurso pode ser à própria instância federal, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), STF (Supremo Tribunal Federal).
A própria instância federal é o recurso natural para examinar o mérito. O STJ é o recurso a seguir. E, finalmente, "o último dos moicanos" é o Supremo. Liminares não são instâncias.

Há tempos, muito tempo, revelei aqui enormes falcatruas no Hemorio. A diretora-geral, Katia Machado da Motta, era ligadíssima ao então secretário Gilson Cantarino. Relacionamento interno e externo sólido.
Com as denúncias, foi afastada mas não demitida. Agora escapou. Cantarino foi preso, ela nem citada, procurada ou aborrecida. Morava num apartamento alugado, 2 quartos, pequeno, na Ilha do Governador.

Agora, comprou um luxuoso apartamento de 300 metros quadrados na Rua Almirante Guilhobem, quadra da praia. Curiosidade: a atração por essa rua. Conheço várias pessoas que enriqueceram inesperadamente (corrupção) e foram morar, suntuosamente, nessa rua. Por quê?
Hoje às 9 da manhã (aqui) a seleção olímpica estréia, com a liderança de Ronaldinho Gaúcho mesmo fora de forma. Mas convocam Tiago Neves e não colocam ele em campo? É quem joga melhor, hoje, em times brasileiros.

O Brasil foi tricampeão mundial de futebol de praia, dando espetáculo. E não foi no Brasil e sim em Marselha. No 3º tempo (12 minutos), ganhava por 5 a 0, facilitou, os italianos fizeram 3 gols. Bruno, o artilheiro.
Foi a semifinal mais inexpressiva e desconcertante da história dos Master Series. Murray, Kiefer, Gasquet, que não são de chegar, e Nadal. Este perdeu o primeiro set para Gasquet por 14 a 12, no tiebreak.

Depois, Nadal ganhou o título, sem graça, sem entusiasmo e até constrangimento. Venceu Nicolas Kiefer, que em 16 anos de profissionalismo chega pela primeira vez a uma final. Como perder?
Diziam que Nadal só ganhava no saibro, Federer chegou a dizer: "Acabou o saibro, chegou a minha Era". Estava errado e paga por isso.
XXX

Não se pode ganhar sempre, é um lugar-comum que se torna mais visível, é lógico, no esporte. Disputando a possibilidade do oitavo título, a seleção de vôlei perdeu para os EUA. Além do lugar-comum, o exame do resultado: 3 a 0 para os americanos, mas 25/23, 25/22, 26/24. São detalhes, não estamos chorando nem diminuindo o adversário.

A grande sensação da temporada foi a torcida que lotou duas vezes o Maracanãzinho. A primeira para ver a seleção ir à final. A segunda para comemorar o terceiro lugar, com a mesma paixão e entusiasmo, vibrando como se fosse o ouro olímpico.

Mesmo perdendo para a Rússia (de quem ganhara semana passada), ficando sem título, sem pódio e sem medalha, o Maracanãzinho aplaudiu de pé. Esse Maracanãzinho é maior do que o Maracanazão.

A Rússia, que eliminou o Brasil no Mundial de Vôlei, conquistou o título de campeã. Mas a Sérvia jogou melhor, perdeu por uma bola.

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