Diariamente, ao se deparar com a realidade, o brasileiro enfrenta uma sensação de "déjà vu". O velho enredo com cenas de impunidade, onde autoridades saem ilesas após usarem e abusarem da verba coletiva, se repete e marca com o brasão da vergonha o cotidiano tupiniquim. Entra ano e sai ano, as únicas coisas que ficam são as reclamações e as promessas vazias dos governantes. Ontem, entretanto, um fato que quase assume traços de singularidade na história do País, mostra que a justiça pode e deve ser feita. Olho por olho, dente por dente. Agiu contra as regras, deve ser submetido ao rigor das leis. Sem dó.
A operação batizada de "Satiagraha" da Polícia Federal, cuja inspiração remete à expressão "firmeza na verdade", prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o empresário Naji Nahas, além de doleiros. Segundo a PF, os detidos encabeçam uma quadrilha que teria cometido crimes financeiros. Os presos na operação podem ser indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
Durante a apuração do caso, houve a identificação de pessoas e empresas beneficiadas pelo suposto esquema montado pelo empresário Marcos Valério, que já está sendo processado pelo mensalão.
Pior do que saber que a "brincadeira" com a montoeira de dinheiro já vem sendo praticada há muito tempo, e que, em contraste, as carências populares acabam sendo submetidas para quarto ou quinto plano, é o constante gosto amargo da impunidade. O dissabor de que, no Brasil, rico não encara as grades e que é mais fácil chover dinheiro do que ver autoridade pagando pelos erros. Bom seria se o episódio não terminasse por aí. As apurações devem ser profundas e ir até às últimas conseqüências, e em todos os casos semelhantes. Que não são poucos, diga-se. Só vendo para crer.
Compostura
O prefeito do Rio, Cesar Maia, perdeu mesmo a noção do cargo que ocupa. Com tantos problemas que não tiveram solução ao longo de tantos anos, ele ainda se dá ao desfrute de gastar as poucas semanas que lhe restam à frente da prefeitura para, literalmente, fazer fofocas e comentar sobre assunto banais.
Ataque
Ontem, em seus escritos virtuais, atacou Jandira Feghali (PC do B). "(...) a candidata traumatizada por seu penteado de 2004 (Atração Fatal) mudou para pior. O anterior era muito melhor. Escreva a este ex-Blog e diga com quem ela se parece agora!", disse. Falta do que fazer. Ou melhor, falta de vontade de fazer.
Obrigatório
A Câmara Municipal do Rio publicou na última segunda-feira, em seu "Diário Oficial", a tramitação do projeto de lei de autoria da vereadora Silvia Pontes (DEM), que obriga o acréscimo nos cardápios pelos restaurantes, bares, lanchonetes e similares do município do seguinte termo: "Álcool e direção não combinam. Vá de Táxi!".
Segurança
A medida determina também a inclusão de, no mínimo, três nomes de cooperativas de táxi, à escolha do estabelecimento, para atender aos clientes que consumirem bebidas alcoólicas. Pelo projeto, quem descumprir a norma será multado. "Nossa cultura está mudando e devemos cercar a população de todas as informações, e principalmente, facilidades, oferecendo transporte seguro", destacou a vereadora.
"Corrente do Goró"
Enquanto isso, uma galera segue na contramão da segurança. Como para quase tudo no Brasil existe o "jeitinho", com a Lei Seca não seria diferente. Jovens e freqüentadores de bares, casas noturnas, e afins, criaram a "Corrente do Goró" já instaladas no Paraná, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Rio e Distrito Federal, através da rede de relacionamentos do Orkut. E convocam outros estados a ingressarem.
Malandragem
Eles se comunicam quando alguém passa por uma blitz ou tem a informação prévia de onde a mesma será montada. O lema da comunidade é "Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças", parafraseando o naturalista inglês Charles Darwin. Assim, tentam burlar o estabelecido. É mole?
Parceria
No início desta semana, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) e o Ministério Público estadual oficializaram uma parceria. Na ocasião, o presidente da CPI, Marcelo Freixo (PSOL), entregou ao procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, dois ofícios solicitando o envio de informações já levantadas pelo MP sobre as milícias.
Experiência
Marfan reforçou a intenção do órgão de cooperar com o trabalho da CPI. "Temos aqui um trabalho forte de combate às milícias, desenvolvido fundamentalmente na Zona Oeste do Rio, com as promotorias regionais com larga experiência neste tema. E serão elas que, certamente, irão subsidiar, com documentos e informações, o trabalho da CPI", disse.
Frase do dia
"Há muitas e muitas famílias neste país de 190 milhões de habitantes que não consomem nem o essencial, e não podemos achatar o consumo de quem não consome". (Do presidente em exercício, José Alencar, ao voltar a condenar a política do Banco Central de elevação da taxa básica de juros)
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